Estudo da UFMG analisou dados de quase 4 mil municípios brasileiros entre 2011 e 2019; melhoria nas UBS inclui sala de vacina, geladeira exclusiva e caixa térmica


Belo Horizonte
A São Paulo Companhia de Dança (SPCD) promove, desde 27 de março, uma ação que celebra uma das mais importantes iniciativas de preservação e divulgação da memória da dança do Brasil: a série ‘Figuras da Dança’, com ‘45 Histórias que Dançam, Gestos que Transformam o Mundo’. A iniciativa, que acontece em suas plataformas digitais, consiste na publicação de pequenos vídeos dos artistas homenageados pela série até o dia 28 de agosto, data em que será lançado seu 45º documentário, que apresentará a carreira do bailarino brasileiro internacionalmente reconhecido Marcelo Gomes.
Desde sua criação, em 2008, a série tem desempenhado um papel fundamental na documentação da história da dança no país homenageando grandes personalidades que ajudaram a moldar essa arte no cenário nacional e internacional. A cada quinta-feira são publicados nos perfis do Facebook e Instagram dois vídeos curtos com trechos dos documentários e imagens de arquivo que destacam as trajetórias de duas personalidades da série, com o intuito de que o público possa conhecer um pouco mais sobre cada uma delas e de incentivar o acesso aos vídeos completos, disponíveis gratuitamente no site e YouTube da São Paulo Companhia de Dança. É importante ressaltar que cada vídeo é acompanhado de um material complementar, que apresenta um texto biográfico do artista e uma cronologia com momentos importantes de sua carreira.
“Por meio da própria voz daqueles que viveram nossa história, fortalecemos o vínculo entre o passado e o presente, enriquecendo o cenário cultural com experiências e ensinamentos únicos. Os documentários e textos biográficos da série Figuras da Dança dialogam não apenas com a trajetória da dança no Brasil, mas também ressaltam o papel transformador que essa arte exerce em nossas vidas, servindo como ferramenta indispensável para estudantes, professores, pesquisadores e para o público em geral. A disseminação desses registros é essencial para continuarmos contando a história da dança e perpetuando o legado das personalidades que transformaram essa arte no Brasil”, pontua Inês Bogéa, diretora artística da São Paulo Companhia de Dança e idealizadora do projeto.
Além das próprias redes, os episódios são exibidos nos canais TV Cultura, Arte 1 e Curta! desde 2008, o que é de fundamental importância para ampliar o alcance da dança como uma forma de expressão que transcende as barreiras geográficas e sociais. A série também é distribuída em formato de DVD para instituições educativas e culturais, principalmente as que contam com biblioteca pública, além de universidades e ONGs.
PERSONALIDADES
Ao longo desses anos, Figuras da Dança apresentou a trajetória de artistas que se destacaram como intérpretes, ocupando o palco como protagonistas e sendo referência nacional e internacional em suas atuações; criadores, intérpretes-criadores e pesquisadores do corpo e do movimento que expandiram as linguagens contemporâneas e modernas da dança; figuras que desempenharam papel fundamental na formação e educação de bailarinos e coreógrafos, influenciando gerações e consolidando metodologias de ensino; artistas que integraram a dança à matrizes africanas, indígenas e populares ou mesclaram diferentes tradições culturais, destacando a pluralidade corporal brasileira; além de personalidades que dirigiram companhias, uniram a dança a outras linguagens cênicas ou construíram pontes entre a criação, a gestão e o desenvolvimento institucional da dança.
Em 2008, a série destacou a carreira de Ivonice Satie (1950–2008), diretora do Balé da Cidade de São Paulo e da Cia. de Dança do Amazonas; Ady Addor (1935–2018), a primeira bailarina brasileira a atuar em companhias de renome como Theatro Municipal do Rio de Janeiro e American Ballet Theatre, Ismael Guiser (1927–2008), professor e coreógrafo argentino, referência no balé clássico; Marilena Ansaldi (1934–2021), pioneira da dança-teatro; e Penha de Souza (1935–2020), bailarina e professora inovadora que integrou balé, TV e técnicas corporais.
Em 2009, foram homenageados Antonio Carlos Cardoso (1939), coreógrafo e diretor que ajudou a mudar a direção da dança brasileira ao assumir a direção do Corpo de Baile Municipal (atual Balé da Cidade de São Paulo); Hulda Bittencourt (1934–2021), fundadora da Cisne Negro e importante nome na educação e produção de espetáculos; Luis Arrieta (1951), criador e intérprete argentino com forte atuação na dança contemporânea; Ruth Rachou (1927–2022), uma das artistas fundamentais da dança moderna no Brasil e Tatiana Leskova (1922), russa radicada no Brasil que preservou balés clássicos, sempre em diálogo com o contexto brasileiro.
Em 2010, foram evidenciados Angel Vianna (1928–2024), que revolucionou a consciência corporal e um dos nomes mais importantes na pesquisa do movimento no Brasil; Carlos Moraes (1936–2015), um dos artistas fundamentais para a consolidação da dança na Bahia, tendo papel essencial na fusão da capoeira, dança afro e balé clássico; Décio Otero (1933), fundador do Ballet Stagium ao lado de Marika Gidali, que disseminou a dança como narrativa social e histórica; Márcia Haydée (1937), bailarina de renome mundial, conhecida como a ‘Callas da Dança’ por sua grande força interpretativa; e Sônia Mota (1948), bailarina, coreógrafa e diretora, que une teatro, dança e investigação corporal.
Em 2011, a série apresentou duas grandes personalidades: Ana Botafogo (1957), um dos maiores nomes da dança e símbolo do balé clássico no Brasil; e Célia Gouvêa (1949), referência na dança paulista, destacando-se na pesquisa do movimento e na experimentação corporal.
Em 2012, foram homenageados Edson Claro (1949–2013), criador e educador, idealizador do Método Dança-Educação Física, que articulou corpo e ensino; Ismael Ivo (1955–2021), bailarino e coreógrafo que fez da dança um ato político; Lia Robatto (1940), grande criadora de grupos e movimentos que contribuíram para o desenvolvimento da dança na Bahia e Marilene Martins (1935), criadora do grupo Trans-Forma Grupo Experimental de Dança, que mesclou dança e teatralidade, em Belo Horizonte.
Em 2013, a série abordou Cecília Kerche (1960), reconhecida por sua interpretação dos grandes clássicos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro; Eva Schul (1948), referência da dança contemporânea no Sul do Brasil; Hugo Travers (1932–2019), bailarino, coreógrafo e diretor com atuação entre Cuba e Brasil; J.C. Violla (1947–1947), ator, bailarino e pesquisador das linguagens populares e afro-brasileiras; e Janice Vieira (1940), estudiosa da dança popular e contemporânea.
Em 2014, foram homenageados Eliana Caminada (1947), bailarina, intérprete e pesquisadora dedicada à história da dança; Jair Moraes (1946–2016), coreógrafo e bailarino do Ballet Guaíra; Mara Borba (1951), reconhecida pela dramaticidade e fisicalidade na dança; e Paulo Pederneiras (1951), fundador do Grupo Corpo, que integrou cenografia, luz e movimento em suas criações.
Em 2015, foi a vez de Maria Pia Finócchio (1940), bailarina e gestora que promoveu pontes entre tradições europeias e brasileiras; e Nora Esteves (1948), bailarina que marcou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2016, o homenageado foi José Possi Neto (1947), diretor que uniu teatro e dança em suas produções. Em 2017, a série reconheceu mais sobre Aracy Evans (1931–2022), educadora que formou grandes nomes na Escola Municipal de Bailado de São Paulo. Em 2018, Tíndaro Silvano (1956) foi homenageado por sua atuação na formação de companhias como mestre e coreógrafo. Em 2020, os destaques foram Gisèle Santoro (1939), criadora do Seminário Internacional de Brasília; e Neyde Rossi (1938), bailarina e educadora na técnica clássica.
Em 2021, a homenageada foi Ilara Lopes (1947), bailarina, professora, coreógrafa e examinadora da Royal Academy of Dance. Em 2022, Esmeralda Gazal (1961), professora e coordenadora pedagógica na formação de jovens talentos, com forte articulação com escolas; e Hugo Bianchi (1926–2022), mestre em dança e teatro e referência na educação do Ceará foram os homenageados. Em 2023, a série celebrou Carlos Demitre (1952), bailarino carioca que se tornou o primeiro vencedor na categoria de melhor bailarino do prêmio concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1974.
Em 2024, os homenageados foram Clyde Morgan (1940), que transformou o cenário da dança no Brasil desde sua chegada ao país, em 1970, com a dança afro-americana e africana; Dudude Herrmann, referência em improvisação e dança contemporânea em diálogo com a natureza; e Inaicyra Falcão, destaque na dança e no canto ligados à tradição afro-brasileira e aos orixás. Em 2025, conheceremos a trajetória de Marcelo Gomes, bailarino brasileiro com extensa carreira no exterior.
Serviço:
Figuras da Dança – 45 Histórias que Dançam, Infinitos Gestos que Transformam o Mundo
Data: toda quinta-feira, entre 27 de março e 28 de agosto
Local: ação online, via redes sociais da SPCD (Facebook e Instagram).
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA
A São Paulo Companhia de Dança se destaca pela sua versatilidade e inovação, desde sua criação em 2008, pelo Governo do Estado de São Paulo. Gerida pela Associação Pró-Dança, é dirigida por Inês Bogéa. Reconhecida pela crítica como uma das mais prestigiadas companhias da América Latina, seu repertório abrange tanto criações exclusivas, quanto remontagens de grandes obras da dança mundial. Com apresentações que atravessam fronteiras, a Companhia leva sua arte a diversos públicos, tanto no Brasil, quanto no exterior. Já foi assistida por um público superior a 2 milhões de pessoas em 22 diferentes países, passando por cerca de 180 cidades em mais de 1.300 apresentações, acumulando mais de 50 prêmios e indicações nacionais e internacionais. Além disso, ações educativas e projetos voltados à preservação e difusão da memória da dança são parte essencial de sua missão, perpetuando esse legado cultural para as futuras gerações. São Paulo Companhia de Dança: excelência que inspira, movimento que transforma.
(Com Rafaela Eufrosino/Associação Pró-Dança)
Com mais de meio século de carreira e mais de 42 álbuns lançados, a dama do samba Alcione promete uma noite histórica na Farmasi Arena, no dia 10 de maio. Para celebrar sua trajetória com ainda mais brilho, a artista convida ao palco a cantora Iza e a Bateria da Mangueira, em um espetáculo que une gerações e exalta a força do samba e da música brasileira. O show será realizado na Barra Olímpica, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e os ingressos já estão à venda pelo Ticket360.
Com uma trajetória marcante na música brasileira, a ‘Marrom’ já se apresentou em mais de 38 países espalhados pelos cinco continentes. Também é detentora de inúmeras premiações internacionais, como o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Samba.
Conectada com a atualidade e com um trabalho atemporal, a intérprete maranhense conta com mais de 2,1 milhões de seguidores somente no Instagram e se mantém em destaque nas plataformas digitais, com mais de 5 milhões de ouvintes mensais.
Serviço:
Alcione e convidados
Data: 10 de maio de 2025
Local: Farmasi Arena
Endereço: Av. Embaixador Abelardo Bueno 3401, Barra Olímpica, Rio de Janeiro
Abertura dos portões: 19h
Início dos shows: 21h
Vendas: Ticket 360
Classificação Etária: 18 anos. Menores apenas acompanhados dos responsáveis legais. Sujeito a alteração, conforme decisão judicial.
(Com Giovanni Mourão/Danthi Comunicação0
Fenômeno dos anos 1990 e 2000 e, na época, formado pelos oito irmãos Celinha, Celinho, Deise, Kátia, Sidney, Simone, Sueli e Suzete, o Fat Family conquistou o público com suas vozes potentes, gingado e um toque de referências ao gospel norte-americano. Em 2023, o grupo anunciou o retorno com uma nova turnê e formação — com Suzete, Katia e Simone —, numa celebração aos 25 anos de trajetória. Agora, como parte desta comemoração, o trio realizará um show especial em homenagem a Tim Maia, nos dias 19 e 20 de abril no palco do Sesc Pinheiros, em São Paulo. Os ingressos já estão esgotados.
A conexão entre o Fat Family e Tim Maia é antiga: as canções do cantor sempre permearam o repertório do grupo, ecoando não apenas nos palcos durante os shows, mas também na vida cotidiana de cada um dos integrantes. “Era como se o Tim fosse parte da nossa família. Nós ouvíamos as músicas dele dia e noite, repetidamente”, comenta Suzete. Para eles, Tim Maia era muito mais do que um ícone nacional, ele era uma fonte de inspiração que influenciou a arte e o estilo do Fat Family, ajudando a compor a identidade sonora do conjunto. “Ele representava o soul de verdade. Levar o repertório dele aos palcos hoje, com certeza, é reviver nossa infância”, finaliza Suzete.
Serviço:
Fat Family Canta Tim Maia
Dias: 19 e 20 de abril, sábado às 21h, e domingo às 18h
Duração: 90 minutos
Local: Teatro Paulo Autran
Classificação: A12
Ingressos: R$ 60 (inteira); R$ 30 (meia) e R$ 18 (credencial plena)
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h30; sábados das 10h às 21h; domingo e feriado, das 10h às 18h30.
(Com Gleice Nascimento/Assessoria de imprensa Sesc Pinheiros)
Neste último mês, ativistas liderados pela Animal Equality, organização global de proteção animal, intensificaram suas campanhas junto a redes hoteleiras como Bourbon e Blue Tree, pedindo uma política para eliminar a compra de ovos de galinhas confinadas em gaiolas das redes.
Durante o evento Turistech Summit 2025, que reuniu representantes de mais de 30 empresas para discutir sustentabilidade, a Animal Equality, junto a voluntários, realizou uma ação de conscientização. Diante da presença de um representante da rede Bourbon, a organização questionou se a política de sustentabilidade da empresa inclui os animais e quando a rede assumirá o compromisso de banir a compra de ovos de galinhas confinadas em gaiolas.
Com relação à rede Blue Tree, a fundadora e CEO da rede, Chieko Aoki, foi questionada em um evento na Universidade de São Paulo (USP) sobre a viabilidade de adotar uma política para banir gaiolas da rede de suprimentos dos hotéis. Em sua resposta, Chieko Aoki reconheceu a crescente pressão da campanha no setor: “Essa é uma questão que está circulando em todas as redes hoteleiras, que está sendo discutida em fóruns de hotelaria. Todos receberam o recado de vocês”, disse.
Na ocasião, a Animal Equality entregou à executiva mais de 80 mil assinaturas da campanha Brasil Sem Gaiolas, que pede o fim do confinamento de galinhas em gaiolas no país. Isadora Lemes, gerente de campanhas da organização, destacou: “Durante o evento, a senhora Chieko Aoki afirmou que a indústria da hospitalidade é a indústria da paz. Está na hora de o Blue Tree mostrar que isso se estende à sua cadeia de fornecimento. A Animal Equality seguirá trabalhando para que as redes hoteleiras adotem políticas que reduzam o sofrimento dos animais e eliminem as gaiolas de sua cadeia de suprimentos.”
Hóspedes questionam redes sobre origem dos ovos
Diversos hóspedes vêm manifestando suas preocupações sobre o tema. No site Reclame Aqui, há mais de 200 reclamações direcionadas às unidades das redes Bourbon Hospitalidade e Blue Tree questionando a falta de uma política cage-free. “Há duas semanas, recebi uma resposta do Blue Tree Hotels mencionando que estão ‘fiscalizando a [Editado pelo Reclame Aqui] de suprimentos’ e ‘avaliando a possibilidade de uma transição’ para ovos livres de gaiolas. No entanto, desde então, não houve qualquer atualização ou compromisso concreto sobre essa questão”, afirma uma das reclamações protocoladas no site.
Marina Andrade Araujo ilustra essa falta de transparência. Durante sua estadia em uma unidade do Blue Tree no interior de São Paulo, ela perguntou a funcionários sobre a política da rede em relação ao uso de ovos de galinhas confinadas em gaiolas, mas ninguém soube responder. “Fiquei surpresa ao perceber que ninguém na equipe conseguiu me informar sobre a origem dos ovos usados pelo hotel. Como consumidora, espero transparência e um compromisso claro com práticas mais éticas”, comentou Marina.
A demanda por maior compromisso ético das redes hoteleiras reflete uma mudança no perfil dos viajantes, que buscam hospedagens alinhadas aos seus valores. Segundo um relatório da Booking.com, 49% dos viajantes afirmam que acomodações com certificações sustentáveis são mais atraentes, reforçando a importância de políticas claras e responsáveis.
Problemas para os animais e riscos para a saúde pública
As galinhas confinadas em gaiolas vivem em espaços extremamente reduzidos que as impossibilitam de expressar comportamentos naturais, como esticar as asas e ciscar, gerando intenso sofrimento. De acordo com o Animal Welfare Footprint Project (AWFP), uma média de pelo menos 275 horas de dor incapacitante, 2.313 horas de dor intensa e 4.645 horas de dor incômoda são evitadas para cada galinha criada em um sistema livre de gaiolas.
Além disso, o estresse e a falta de mobilidade enfraquecem o sistema imunológico das aves, tornando-as mais vulneráveis a infecções, como por exemplo, a salmonelose. Para conter problemas de saúde nas aves, os produtores fazem uso excessivo de antibióticos, contribuindo para a resistência antimicrobiana, um problema de saúde global.
Grandes redes já assumiram compromisso
O setor hoteleiro já está se movendo nessa direção. Redes como Accor, Atlantica, Best Western, Choice, Club Med, Fasano, Unique, Hyatt, Intercity, InterContinental, Marriott, Minor, Palladium e Wyndham possuem políticas cage-free em suas operações no Brasil.
A Accor comprometeu-se a eliminar completamente os ovos de galinhas confinadas em gaiolas até 2025 em suas operações nas Américas. Hoje, 98% dos hotéis da rede nos Estados Unidos e Canadá já utilizam ovos de galinhas livres de gaiolas, assim como 87% na América Central e Caribe e 59% na América do Sul. A Fasano concluiu sua transição no fim de 2024, enquanto a Wyndham atingiu 70% de progresso global no último ano, com a meta de alcançar 100% cage-free até o final de 2025.
Essas iniciativas reforçam não apenas o compromisso com o bem-estar animal, mas também o alinhamento com a crescente preocupação dos consumidores. “A eliminação de ovos de gaiolas não é apenas uma mudança logística, mas um compromisso com a ética e a saúde pública. O setor hoteleiro não pode ignorar essa demanda”, afirma Julia Almeida, gerente de Relações Corporativas da Animal Equality.
(Com André Ferreira Lima/Animal Equality)
Mulheres com refeições baseadas em alimentos naturais e minimamente processados tiveram 28% menor chance de apresentar obesidade. Foto: Bermix Studio/Unsplash.
Mulheres brasileiras que consomem mais alimentos ultraprocessados – como refrigerantes, biscoitos recheados e salgadinhos de pacote – e menos alimentos in natura e minimamente processados – que são mais saudáveis – têm maior chance de apresentarem doenças crônicas e uma percepção negativa da própria saúde. É o que aponta um estudo publicado na sexta (11) na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde por pesquisadores das universidades Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
A pesquisa analisou dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, coletados entre 2018 e 2021. Foram entrevistadas 102.057 mulheres, nas capitais dos estados e no Distrito Federal, que responderam sobre seus hábitos alimentares e doenças crônicas. Os pesquisadores, então, avaliaram se a alimentação das respondentes seguia a Regra de Ouro do Guia Alimentar para a População Brasileira. A publicação do Ministério da Saúde define que os alimentos in natura ou minimamente processados – e as preparações culinárias feitas com esses alimentos – devem ser a base de todas as refeições, enquanto produtos ultraprocessados devem ser evitados.
As mulheres com alta adesão à Regra de Ouro do Guia – ou seja, que têm uma alimentação mais saudável – mostraram 28% menor chance de apresentar obesidade, 15% menor chance de apresentar hipertensão, 31% menor chance de apresentar depressão e 45% menor chance de uma autoavaliação negativa de saúde quando comparadas às mulheres com baixa adesão – e que possuem, portanto, uma alimentação com maior participação de ultraprocessados. Já as mulheres com adesão moderada à Regra de Ouro do Guia mostraram 14% menor chance de apresentar obesidade e 28% menor chance de relatar uma percepção negativa da própria saúde em comparação com as mulheres com baixa adesão.
O trabalho também identificou diferenças socioeconômicas e demográficas entre os perfis alimentares. O grupo com alimentação menos saudável é composto, majoritariamente, por mulheres com menos de 35 anos, com nove a 11 anos de escolaridade, que autodeclararam cor da pele preta ou parda e sem presença de companheiro. Por outro lado, a maior adesão Regra de Ouro do Guia foi verificada em mulheres acima de 50 anos, com nível superior de escolaridade e com companheiro.
Taciana Maia de Sousa, professora da UERJ e uma das autoras do trabalho, ressalta a importância de pesquisas que olhem para a alimentação das mulheres. “Apesar de as mulheres serem frequentemente associadas a comportamentos mais saudáveis, as disparidades socioeconômicas de gênero impactam negativamente a sua capacidade de acessar alimentos mais saudáveis devido aos menores níveis de renda dessa população”, complementa. Sousa acrescenta que essa desigualdade agrava o risco de insegurança alimentar em famílias chefiadas por mulheres – que, hoje, representam mais da metade dos lares brasileiros.
Entre 2017 e 2021, o Brasil presenciou aumento na prevalência combinada de obesidade, diabetes e hipertensão entre mulheres, de 5,5% para 9,6%. “A redução do consumo de refeições tradicionais, incluindo o feijão, está diretamente ligada ao menor consumo de refeições em casa e ao aumento na ingestão de ultraprocessados e de refeições prontas”, exemplifica a autora. Segundo Sousa, a tendência está relacionada a mudanças no estilo de vida, como o aumento da carga de trabalho. Ela também cita a crise econômica enfrentada pelo país na última década, bem como a crise climática, que, combinadas, refletem no aumento do preço dos alimentos saudáveis, reduzindo o acesso a esses itens.
A fim de minimizar a presença de doenças crônicas em mulheres brasileiras, a professora defende ações que incentivem a adesão a uma alimentação mais saudável. “Políticas fiscais que reduzam impostos sobre alimentos in natura e minimamente processados, ao mesmo tempo em que aumentem a tributação sobre ultraprocessados e promovam a segurança alimentar são essenciais”, sugere. Sousa também destaca a importância de medidas mais amplas. “É necessário investir na infraestrutura urbana e nas condições de transporte, por exemplo, pois o longo tempo de deslocamento nas cidades reduz o tempo disponível para planejar e preparar refeições, favorecendo o consumo de ultraprocessados”, conclui.
(Fonte: Agência Bori)