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Arte & Cultura

Campinas

Centro Cultural Casarão será palco do Festival Arreuní! 2024

por Kleber Patrício

O Festival Arreuní! 2024 trará músicos, cantadores e compositores ao Centro Cultural Casarão, em Barão Geraldo, Campinas (SP) para uma série de apresentações a partir de 5 de maio (domingo), às 15h, com entrada gratuita. A proposta é divulgar as diferentes vertentes da música tradicional brasileira, reunindo artistas de culturas distintas para compartilhar a diversidade e […]

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Brumadinho: crianças expostas a poeira de mineração têm três vezes mais chance de desenvolver alergias respiratórias

Brumadinho, por Kleber Patricio

Comunidades ainda sentem efeitos na saúde do rompimento da barragem em Brumadinho (MG) em 2019. Foto: Ricardo Stuckert.

Mesmo cinco anos após a tragédia, completados em janeiro, o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em Minas Gerais, ainda impacta a saúde da população local. Crianças expostas à poeira de resíduos de mineração da região tiveram três vezes mais chance de desenvolver alergias respiratórias em comparação a crianças não expostas a esse ambiente. Os dados, coletados em 2021, são de estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicado na segunda (26) na revista científica “Cadernos de Saúde Pública”.

Os pesquisadores do Projeto Bruminha compararam 217 crianças, expostas e não expostas a poeira de mineração, com dados coletados em 2021, ou seja, dois anos após o rompimento da barragem em Brumadinho. As 119 crianças expostas pertenciam às comunidades do Córrego do Feijão, do Parque da Cachoeira e de Tejuco, e as 98 crianças não expostas eram da comunidade de Aranha. Por meio de um questionário, foram coletadas informações socioambientais e clínicas, abordando dificuldade para respirar, congestão nasal, pneumonia, bronquite e alergias respiratórias.

A equipe notou um aumento de aproximadamente 60% nas queixas relacionadas a problemas nas vias aéreas e sintomas respiratórios em crianças do grupo exposto. Além disso, houve quase duas vezes mais relatos de alergia respiratória neste grupo em comparação com o grupo não exposto. “Crianças menores de 5 anos de idade são mais sensíveis aos efeitos tóxicos das substâncias químicas quando comparadas aos adultos”, destaca o pesquisador e autor do estudo Renan Duarte, da UFRJ. Até mesmo as atividades de remediação do desastre de Brumadinho aumentaram a poeira suspensa, algo comum em ambientes afetados por rejeitos minerais. O tráfego de veículos e as faxinas nos domicílios também permitiram a dispersão dessa poeira.

O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, foi um dos maiores desastres ambientais do país, vitimando 270 pessoas e causando danos ambientais e sociais para a região. A evolução das condições de saúde das crianças afetadas pela tragédia é acompanhada pela equipe do Projeto Bruminha e pode gerar dados para orientar as tomadas de decisão direcionadas a essa população. “A produção de conhecimento sobre a exposição infantil a poeiras oriundas de áreas de mineração é fundamental para ações efetivas no âmbito da saúde pública, principalmente considerando esse grupo mais vulnerável”, comenta Duarte.

O pesquisador lembra que existem diversas comunidades que vivem em áreas próximas a atividades de mineração em todo o Brasil e que podem ser expostas a poeiras de resíduos. Neste sentido, ele espera que os resultados obtidos pelo estudo sobre as condições de saúde de crianças em contato com essas toxinas possam contribuir para estruturar serviços de assistência e vigilância em saúde nestas diferentes regiões.

(Fonte: Agência Bori – Pesquisa indexada no Scielo)

‘Ignorantes’ e ‘ineficientes’: instrução normativa do RS é influenciada por estereótipos negativos sobre pescadores artesanais

Rio Grande do Sul, por Kleber Patricio

Pescadores artesanais são retratados de forma negativa por documentos consultados por técnicos para elaboração da Instrução Normativa Conjunta 2004 sobre pesca no RS. Foto: Sevval Kaynak/Pexels.

Ideias preconceituosas sobre pesca e pescadores artesanais influenciaram ato administrativo do Ministério do Meio Ambiente sobre pesca artesanal no estado do Rio Grande do Sul. Constatado por estudo da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade de São Paulo (USP), o uso de estereótipos que retratam pescadores como ignorantes e adeptos de práticas predatórias danosas ao meio ambiente dificulta a criação de propostas eficazes e justas de regulamentação do setor. A análise está publicada em artigo científico da edição de sexta (23) da revista “Ambiente & Sociedade”.

Os pesquisadores investigaram estereótipos sobre pesca artesanal contidos em publicações científicas ligadas a técnicos que participaram da formulação da Instrução Normativa Conjunta de 2004 sobre a atividade de pesca no estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, implementada durante a gestão da ministra do meio ambiente Marina Silva, no governo Lula. Com um levantamento bibliográfico e entrevistas com seis profissionais que participaram da criação da política, eles identificaram 22 documentos científicos ligados aos técnicos participantes, como artigos científicos, teses e livros.

A imagem estereotipada que estes técnicos tinham sobre as comunidades pesqueiras influenciaram a construção da norma. A pesquisa identificou nove tipos de discursos negativos sobre os pescadores artesanais nestes documentos. Eles descrevem esses sujeitos como brancos, totalmente dedicados à pesca, ignorantes, avessos a mudanças, desordeiros, isolados, ineficientes, competitivos e adeptos de práticas predatórias danosas ao meio ambiente.

Para o pesquisador Gustavo Goulart Moreira Moura, da UFPA e autor do estudo, a criação desse perfil negativo sobre pescadores não é uma coincidência isolada e, muito menos, uma prática nova. “A construção de uma imagem depreciativa desses grupos sociais se inicia no século XIX, se consolida ao longo do século XX e continua a vigorar no século XXI, pois é parte de um projeto de destruição de territórios tradicionais, de conquista dos mares por meio da modernização capitalista da pesca”.

O trabalho enfatiza que utilizar discursos baseados em estereótipos negativos sobre a pesca artesanal para a formulação de normas pode levar à reprodução de discursos de ódio contra comunidades pesqueiras e, também, gerar ações que limitam seu acesso a territórios. “Esta lógica vai subsidiar políticas públicas feitas de forma autoritária, violenta e restritiva, porque os povos e comunidades tradicionais de pesca são vistos como ignorantes, marginais e destruidores do meio ambiente”, relata Moura.

De acordo com Moura, a reformulação da INC 2004 vem sendo discutida há algum tempo, mas ainda não foi efetivada. Um dos problemas da norma apontados pelo pesquisador é a sua falta de dinamismo, que não acompanha a rotina da pesca artesanal no estuário da Lagoa dos Patos. “As comunidades tradicionais têm um sistema de manejo da pesca com abertura e fechamento de safras flexível baseada nas condições ambientais e na localidade ano a ano, ao contrário do que propõe a norma”.

O trabalho destaca a importância de se levar em conta os conhecimentos tradicionais de pescadores na elaboração de leis e normas mais equitativas e eficientes. O esforço passa por quebrar estereótipos sobre estas comunidades, o que requer, segundo Moura, uma ação coordenada entre setores da sociedade. “Por exemplo, é preciso sensibilizar a grande mídia para não espalhar preconceitos contra esses grupos sociais e para ajudar a cobrar dos tomadores de decisão a elaboração de leis sejam feitas dentro do marco dos direitos humanos. Os tomadores de decisão deveriam escolher consultores que compartilhem valores compatíveis com o Estado Democrático e de Direito”, conclui.

(Fonte: Agência Bori – Pesquisa indexada no Scielo)

Instituto Anelo abre inscrições para audições do Combo Anelo

Campinas, por Kleber Patricio

Fotos: Edis Cruz.

O Instituto Anelo, associação sem fins lucrativos que há 23 anos oferece aulas gratuitas de música no distrito do Campo Grande, em Campinas (SP), abre inscrições para interessados em compor o Combo Anelo, formação destinada a estudantes de músicos que já possuem domínio intermediário ou avançado de instrumentos. As inscrições vão de 26 de fevereiro (segunda-feira), às 8h, a 8 de março (sexta-feira), às 23h59, e serão realizadas de forma online.

Os inscritos serão acionados, a partir de 10 de março, por e-mail para realização de agendamentos para audições. As audições terão a música ‘Alvorada’, de Cartola, como obra de avaliação, estando as partituras e guias de áudio da obra, disponíveis no link  https://bit.ly/ComboAnelo2024. O aluno pode tanto usar a partitura, quanto tirar a música de ouvido usando as guias de áudio.  A apresentação da obra escolhida (‘Alvorada’, de Cartola) é imprescindível para a realização da audição.

As inscrições abrangem todos os instrumentos presentes no Combo Anelo, que hoje é composto por artistas de diversos instrumentos, sendo: piano, guitarra/violão, cavaco, baixo elétrico, bateria, percussão, acordeom, flauta, violino, violoncelo, saxofone alto, saxofone tenor, trompete, trombone, voz masculina e voz feminina. No momento da inscrição, o candidato deverá subir o link de um vídeo em que esteja executando uma música de livre escolha.

Combo Anelo

O Combo Anelo é um dos grupos musicais de alunos ligados ao Instituto Anelo, associação sem fins lucrativos que oferece aulas gratuitas de música no distrito do Campo Grande, em Campinas (SP). Criado em 2021, o grupo faz parte do projeto Prática de Banda, que incentiva o fazer musical em grupo, sendo integrado por alguns dos melhores alunos da instituição sob a direção do saxofonista, flautista, clarinetista, arranjador e professor Vinícius Corilow.

Com foco na música de gafieira, o Combo Anelo trabalha os diferentes estilos presentes no gênero, tais como o samba, o samba-rock, o samba-choro instrumental e ritmos nordestinos, ao mesmo tempo que integra a improvisação e a sonoridade das big bands, criando assim uma verdadeira gafieira jazz. Fazem parte do repertório do grupo as composições “Alvorada”, de Cartola; “Feitiço da Vila”, de Noel Rosa e Vadico; “Palladium”, de Ed Lincoln; “Estatuto da Gafieira”, de Billy Blanco; “Viva o Samba”, de Altamiro Carrilho; e “Feitiço”, de Veca Avellar e Kico Zamarian, “Sambacolá” de Luccas Soares, entre outros.

Patrocínio | As atividades do Combo Anelo são realizadas através dos projetos Música e Cidadania e Anelo na Comunidade, que tem como patrocinadora master a CPFL Energia, por meio de parceria com o Instituto CPFL, e conta com o patrocínio do Instituto Omni, Unimed Campinas Agibank, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. O Instituto Anelo conta ainda com o apoio da Associação Beneficente Maria e Tsu Hung Sieh, do Instituto Alok e Buckman.

Serviço:

Inscrições – Combo Anelo

Link para Inscrição: Será disponibilizado no endereço bit.ly/comboanelo24

Período: 26 de fevereiro (segunda-feira), às 8h, a 8 de março (sexta-feira), às 23h59.

(Fonte: Instituto Anelo)

Concerto na Sala Acrísio de Camargo abre temporada 2024 da Camerata Filarmônica de Indaiatuba

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: Lillian Larangeira.

O primeiro concerto da Temporada 2024 da Camerata Filarmônica de Indaiatuba acontece neste sábado, 24 de fevereiro, a partir das 20 horas, na Sala Acrísio de Camargo e marca o início das celebrações pelos dez anos de atividades da Associação. A apresentação é gratuita e os ingressos podem ser reservados online.

A orquestra será regida por sua diretora artística e fundadora, Natália Larangeira, e serão executadas obras de dois compositores tchecos: a Sinfonia Nº 9, também conhecida como ‘Sinfonia do Novo Mundo’, de Antonín Dvorák, e ‘Moldavia’, do ciclo Má Vlast de Bedřich Smetana. Os compositores serão homenageados pelas suas efemérides: 200 anos de nascimento de Smetana e 124 anos do falecimento de Dvorák.

“As obras escolhidas são repletas de simbolismos e histórias de superação e servirão de trilha sonora para contarmos os desafios, lutas, aplausos, conquistas e vidas que foram transformadas nestes dez anos de Acafi – Associação Camerata Filarmônica de Indaiatuba”, destaca a maestra.

Compositores e obras

Bedřich Smetana (1824–1884), nasceu em Litomyšl, Boêmia, perto da fronteira da Morávia, ambas províncias do Império Habsburgo, atual República Tcheca. Considerado o pai da música tcheca, Smetana foi pioneiro no desenvolvimento do estilo nacional, identificado com aspirações de independência de seu país.

Entre suas principais obras estão “A Noiva Vendida” (ópera) e “Má Vlast” (Minha Terra Natal), um ciclo de poemas sinfônicos que tem ‘O Moldávia’ como a peça mais conhecida.

A composição, que tem a forma de um rondó (A-B-A-C-Coda), descreve o curso do rio Moldávia desde suas nascentes, seguindo com sua passagem por Praga, castelos, camponeses e ninfas até sua junção com o rio Elba.

Antonín Dvořák nasceu em 8 de setembro de 1841 em Nelahozeves, onde viveu a sua juventude. A música o atraiu quando pequeno e tocou violão, piano e órgão. Graças ao seu tio, Dvořák pode ir à Praga para aperfeiçoar-se. Não gostava de viajar e por isso surpreendeu a todos quando, em 1892, aceitou o posto de diretor do conservatório de Nova Iorque. Escreveu a sua Nona Sinfonia – ‘Novosvětská’ (do Novo Mundo), relatando as emoções da sua estadia nos Estados Unidos.

Depois da sua volta à Praga dirigiu a Filarmônica Tcheca, recém-fundada, ensinou no conservatório e escreveu poemas sinfônicos e óperas. O seu sexagésimo aniversário em 1901 tornou-se um evento nacional. Nesta ocasião, o imperador Francisco José I concedeu-lhe um título de nobreza e nomeou-lhe membro da Assembleia de Nobres do Conselho do Império, em Viena. Dvořák chegou a quase 120 obras musicais, a maioria delas para grandes orquestras.

Fundação da Acafi

Sob regência da maestra Natália Larangeira, Camerata executará obras de dois compositores tchecos.

No ano de 2014, Natália Larangeira reuniu jovens músicos, amigos e familiares para fundar a Associação Camerata Filarmônica de Indaiatuba, que comanda a manutenção de diversos projetos educacionais, artísticos e de inclusão. São eles: Camerata Aprendiz, Orquestra Guarany, Orquestra Filarmônica Juvenil, Coro Cantares Infanto-juvenil, Coro Cantares Adulto, Quarteto Guarany, Quarteto de Bolsistas da ACAFI, Quarteto Lírius, FeCam, Camerata Comunidade e Camerata para Todos.

Hoje, a Acafi é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos declarada de utilidade pública pelo município de Indaiatuba pela Lei nº 7.054/2018 e utilidade pública pelo Governo do Estado de São Paulo pela Lei nº 691/2020. No total, oferece mais de 500 vagas nos projetos educacionais e realiza mais de 40 eventos que contam com um público de aproximadamente 30 mil pessoas por ano.

Os projetos possuem coordenação pedagógica de Sabrina Passarelli e empregam mais de 100 profissionais nas áreas de educação musical, produção geral, gestão de projetos, marketing, relações institucionais, captação de recursos e músicos.

Natália Larangeira

Maestra especialista em ópera, balé e repertório sinfônico, é vencedora dos prêmios Revista Concerto – Jovem Talento 2021; segundo lugar no III Concurso para Regentes da Opera de Baugè (França/2019) e finalista do processo seletivo para regente assistente da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (OFMG).

Entre 2016 e 2019 fez parte da classe de regência do maestro Cláudio Cruz junto à Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. Atualmente, participa do movimento Mulheres Regentes e é mestranda em Performance na Unicamp, onde pesquisa sobre a primeira ópera escrita por uma mulher: ‘La Liberazione’, de Francesca Caccini.

Atua como regente titular e diretora artística da Camerata Filarmônica de Indaiatuba e diretora musical assistente da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, no Teatro Colón (Argentina).

Entre as principais orquestras que já regeu estão a Orquestra Sinfônica da USP (Universidade de São Paulo), Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra do ISATC (Argentina), Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, Orquestra do Theatro São Pedro, Szolnok Symphonic Orchestra (Hungria), Orquestra da Opera de Baugè (França), Atlantic Coast Orchestra (Portugal), Orquestra Bohuslav Martinu (República Tcheca), Orquestra Filarmônica de Mendoza (Argentina), Orquestra Sinfônica de Piracicaba, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e Orquestra Sinfônica da Bahia, entre outras.

O concerto é uma realização da Acafi com apoio do Ministério da Cultura e Governo Federal e em parceria com a Prefeitura de Indaiatuba, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.

PROGRAMA DO CONCERTO

Bedřich Smetana – Moldavia, de Má Vlast

Antonín Dvořák – Sinfonia Nº 9, opus 95

1 – Adagio, Allegro Molto

2 – Largo

3 – Scherzo: Molto Vivace

4 – Allegro con Fuoco

Concerto de Abertura da Temporada 2024

Com: Camerata Filarmônica de Indaiatuba

Regência: Natália Larangeira

Data: 24 de fevereiro

Horário: 20 horas

Entrada gratuita

Reserva de ingressos

Local: Sala Acrísio de Camargo, no Centro Integrado de Apoio à Educação de Indaiatuba (Ciaei)

Endereço: Avenida Engenheiro Fábio Roberto Barnabé, 3665 – Jardim Regina

(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)

Exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak” chega ampliada ao CCBB RJ

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Fotos: Hiromi Nagakura.

No dia 28 de fevereiro de 2024, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro inaugura a exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, mostra idealizada pelo Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo. Com curadoria de Ailton Krenak e curadoria adjunta de Angela Pappiani, Eliza Otsuka e Priscyla Gomes, a exposição apresenta 160 fotografias inéditas no Brasil do premiado fotógrafo japonês Hiromi Nagakura realizadas em viagens com Krenak, principalmente pelo território amazônico, entre 1993 e 1998. A mostra, com entrada gratuita, chega ao CCBB RJ ampliada e com uma nova seleção de imagens, além de objetos dos povos visitados que não estiveram presentes na edição paulistana da exposição, em cartaz no ITO até o início deste ano.

Além disso, lideranças indígenas de diversas etnias participarão de conversas, realizadas em torno da exposição, junto com o fotógrafo e o curador.  No dia da abertura da exposição, às 17h, haverá a roda de conversa “Hiromi Nagakura e Ailton Krenak encontram os povos da floresta”, com a presença da dupla e também das lideranças indígenas Moisés Pyianko Ashaninka e Leopardo Huni Kuin, com a participação de Marize Guarani, presidente da Associação Indígena Aldeia Maracanã. No dia 29 de fevereiro, também às 17h, haverá mais uma roda de conversa, “Hiromi Nagakura e Ailton Krenak encontram os povos do cerrado”, com Krenak, Nagakura e as lideranças indígenas Marineuza Pryj Krikati, Maria Salete Krikati e Caimi Waiassé Xavante, com a participação de Carlos Tukano, presidente do Conselho Estadual de Direitos Indígenas do Rio de Janeiro. No dia 1º de março, às 17h, Ailton Krenak e as cinco lideranças indígenas da Amazônia convidadas farão palestra no CCBB RJ.

“Nagakura-san é um samurai. Sua espada é uma câmera que ele maneja com a segurança de quem já passou por campos de refugiados e esteve no centro das praças de guerra, por lugares como África do Sul, Palestina, El Salvador e Afeganistão. Depois desse mergulho no inferno global, quando sentiu de perto a loucura dos seres humanos, o samurai da câmera descobriu a floresta amazônica e seus povos nativos”, escreveu Ailton Krenak, curador da mostra, no texto que acompanha a exposição.

A exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A mostra segue para os CCBBs Brasília e Belo Horizonte após temporada no Rio de Janeiro.

Percurso da exposição

A exposição ocupará todas as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ e a rotunda, onde haverá uma instalação aérea inédita, em formato circular, pensada especialmente para o espaço, com imagens da exposição plotadas em tecido.

As salas seguirão a ordem cronológica das visitas da dupla à Amazônia, como se o público estivesse viajando junto com eles. Na primeira sala estarão fotografias dos povos Krikati e Gavião, localizadas em regiões impactadas por invasões, desmatamento e hidrelétricas na Amazônia.

Na sala seguinte, estarão fotografias dos povos Ashaninka, Yawanawá, Xavante e Kaxinawá. Nos cofres, estarão salas imersivas com sons da floresta e cantos indígenas, levando o público a uma verdadeira viagem por estes territórios e etnias. Além disso, haverá um vídeo com registros de viagens de Nagakura por todos os continentes. Haverá, ainda, uma grande sala inteiramente dedicada aos Yanomami.

Seguindo o percurso da exposição, chega-se à sala “Imagem e Cultura”, com fotografias totalmente inéditas e objetos dos povos visitados, que não estiveram na exposição em São Paulo. Este será um espaço multiétnico, com imagens que conversam entre si, agrupadas por temas, situações, cores ou paisagens, sem divisão por etnia, acolhendo todos os povos em um só lugar.

Na última sala estarão os núcleos “O Reencontro” – onde será exibido um vídeo com conversas de Ailton Krenak e Hiromi Nagakura com lideranças indígenas de todas as etnias visitadas na década de 1990, além de outro com a íntegra da conversa entre o fotógrafo e o curador registrada para o projeto “Conversa na Rede”, gravada na Casa Ateliê de Tomie Ohtake, em São Paulo – e “A Viagem”, com registros de bastidores, retratando Krenak e Nagakura durante a viagem, a cumplicidade deles e junto aos amigos das aldeias. Também neste espaço estará a obra “Território imemorial ou Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak” (2023), do artista Gustavo Caboco, feita especialmente para a mostra, que apresenta um mapa com os territórios visitados por Nagakura e Krenak.

Viagens ao longo de cinco anos

As viagens de Nagakura e Krenak abarcaram quase cinco anos, de 1993 a 1998, dezenas de horas, sempre na companhia da produtora e intérprete Eliza Otsuka. A exposição, acompanhada dos encontros, é o resultado de uma “união de esforços para fazer uma celebração em torno dessa amizade alimentada pelo sonho e beleza da obra do fotógrafo Hiromi Nagakura”, diz Ailton Krenak.

Segundo Krenak, a mostra traz algumas das belas imagens das viagens às aldeias e comunidades na Amazônia brasileira. “Momentos de intimidade e contentamento entre ‘amigos para sempre’ inspiraram esta mostra fotográfica, mediada por encontros com algumas das pessoas queridas que nos receberam em suas cozinhas e canoas, suas praias de rios e nas aldeias: Ashaninka, Xavante, Krikati, Gavião, Yawanawá, Huni Kuin e comunidades ribeirinhas no Rio Juruá e região do lavrado em Roraima”, destaca o curador. As viagens alcançaram os estados do Acre, Roraima, Mato Grosso, Maranhão, São Paulo e Amazonas.

A aproximação entre Krenak e Nagakura começou numa conversa, sentados em esteiras, na sede da Aliança dos Povos da Floresta, no bairro do Butantã, em São Paulo, onde se conheceram, quando Eliza Otsuka apresentou o plano de viagens de Nagakura. “Ela [Eliza] resumiu com estas palavras o conceito todo do projeto para alguns anos dali para frente: ele vai ser a sua sombra por onde você for, quando estiver dormindo e quando estiver acordado”, recorda-se Krenak. Esta história toda está reunida em um dos livros escrito em nihongo, publicado pela editora Tokuma (Tóquio, 1998), intitulado “Assim como os rios, assim como os pássaros: uma viagem com o filósofo da floresta, Ailton Krenak”, assumido por Krenak como a sua biografia feita por Hiromi Nagakura.

Sobre o artista | Hiromi Nagakura nasceu em 1952 na cidade de Kushiro, ao norte da ilha de Hokkaido, no Japão. Desde criança, amou gente e a natureza, interessado em pessoas e culturas de outros lugares do mundo. Sentia-se atraído pelo novo, pelo desconhecido. Viajou para destinos diversos, visitou as ilhas do Pacífico Sul, entrou em contato com povos nômades do Afeganistão. Foi então que sentiu a necessidade de documentar seus encontros e começou a praticar e se aperfeiçoar nas técnicas da fotografia. Para ele, desde o início, a fotografia sempre foi um instrumento para se relacionar com o mundo e a diversidade de culturas, paisagens e pensamentos. Formou-se em direito, mas seguiu a carreira de fotógrafo. Trabalhou na agência noticiosa Jiji Press porque admirava os fotógrafos reconhecidos por seus trabalhos de cobertura de guerras. Em 1979, com 27 anos, Nagakura decidiu tornar-se fotojornalista independente, caminho que acabou levando-o a conhecer a África do Sul, Zimbábue, União Soviética, Afeganistão, Turquia, Líbano, El Salvador, Bolívia, Peru, Brasil, Indonésia, México, Groenlândia e vários outros países, em todos os continentes. Realizou centenas de viagens e exposições, publicou dezenas de livros, foi personagem de inúmeros documentários, escreveu reportagens, ministrou oficinas e palestras, recebeu prêmios.

Sobre o curador

Ailton Alves Lacerda Krenak nasceu em 1953 no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, quando o povo Krenak vivia no exílio, expulso de seu território tradicional por invasores que ocuparam e depredaram as matas densas às margens do Watu, como o povo originário chama seu avô-rio. Depois, nos anos de ditadura, a antiga aldeia Krenak foi transformada em prisão indígena, testemunha da violência contra os povos que insistiam em desafiar a ordem imposta vivendo de um modo diferente.

Ailton viveu parte de sua vida em São Paulo, onde estudou e começou sua militância no movimento que começava a surgir no final dos anos 1970, reunindo indígenas de muitas etnias em torno de uma luta comum por direitos. Sua imagem pintando o rosto de preto no Congresso Nacional tornou-se símbolo da resistência indígena na Constituinte. Coordenou a União das Nações Indígenas, o Núcleo de Cultura Indígena, o Centro de Pesquisa Indígena, a Embaixada dos Povos da Floresta e a Aliança dos Povos da Floresta ao lado de seringueiros, extrativistas e ribeirinhos pela vida da (e com a) Floresta. Regressou nos anos 2000 a seu território, que ajudara a consolidar em 1999. Hoje vive às margens do Watu, ferido pela lama do rompimento da barragem de dejetos da Samarco em 2015. Ali o povo se fortalece, rememora a língua e os ritos, restabelece a vida.

Nos últimos anos, Ailton Krenak tem se dedicado à manifestação do pensamento através do som e do poder sagrado das palavras, refletindo sobre temas que afetam a todas e todos nós, seres vivos de todas as humanidades, companheiros da mesma canoa Terra que navega no firmamento. Suas palavras estão registradas em livros que nos aproximam da cosmologia dos povos originários e confrontam nossa vida cotidiana. Autor de “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), “A vida não é útil” (2020) e “Futuro ancestral” (2022). É comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República e doutor honoris causa pela Universidade de Brasília (UNB) e pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Em 2023, foi eleito como membro da Academia Brasileira de Letras e Academia Mineira de Letras.

Sobre o CCBB RJ | Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o CCBB está instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva. Marco da revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro, o Centro Cultural mantém uma programação plural, regular e acessível, nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e pensamento. Em 34 anos de atuação, foram mais de 2.500 projetos oferecidos aos mais de 50 milhões de visitantes. Desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking anual do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio de Janeiro entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. O prédio dispõe de 3 teatros, 2 salas de cinema, cerca de 2 mil metros quadrados de espaços expositivos, auditórios, salas multiuso e biblioteca com mais de 200 mil exemplares. Os visitantes contam ainda com restaurantes, cafeterias e loja, serviços com descontos exclusivos para clientes Banco do Brasil. O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de quarta a segunda, das 9h às 20h, e fecha às terças-feiras. Aos domingos, das 8h às 9h, o prédio e as exposições abrem em horário de atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes.

Serviço:

Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak

De 28 de fevereiro a 27 de maio de 2024

Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – 1º andar – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Informações: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

Funcionamento: de quarta a segunda, das 9h às 20h – Fechado às terças-feiras.

Classificação indicativa: livre

Entrada gratuita

Ingressos disponíveis na bilheteria física ou pelo site do CCBB – bb.com.br/cultura.

Ingressos para as rodas de conversa e palestras distribuídos na bilheteria física e virtual a partir das 9h do dia de cada atividade.

Para seguir o CCBB RJ nas redes sociais: x.com/ccbb_rj | facebook.com/ccbb.rj | @ccbbrj.

(Fonte: Midiarte Comunicação)