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Primeira galeria de arte a céu aberto em palafitas é criada em Cubatão

Cubatão, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

O Instituto Elos – organização de educação social que fortalece a capacidade das pessoas de transformar a realidade –, em parceria com a Compass Gás e Energia e com o apoio da Prefeitura de Cubatão, realizou neste mês a segunda vivência Oasis na Vila, uma experiência baseada na Metodologia Elos que reúne talentos e recursos locais para transformar lugares a partir de sonhos coletivos. Nesta edição, os participantes do projeto e os moradores sonharam e decidiram realizar um mutirão de revitalização das passarelas em palafitas da região e colorir todo o trajeto do Beco do Coqueiro, que dá acesso a uma área das casas em palafitas.

Nos dias 20 e 21 de maio de 2023 foi realizado um mutirão projetado pela própria comunidade e foi um grande sucesso. Em dois dias, foram construídos 85 metros lineares de passarela em palafitas e a instalação de iluminação no trajeto revitalizado. Além disso, foram feitas mais de 40 pinturas por artistas/grafiteiros convidados, que voluntariamente participaram desta ação.

A partir desse processo participativo de identificação das potencialidades (talentos e recursos) do território, foi desenvolvida por meio do mutirão uma relação autêntica e de confiança da comunidade com os parceiros externos, estimulando assim a expressão de sonhos coletivos e a criação de estratégias para realizá-los.

Acreditando que podem realizar ainda mais, as pessoas moradoras que participaram do mutirão querem construir mais 500 metros lineares de passarela, além de um deck para o lazer, principalmente para crianças. Ainda com materiais em mãos e muito engajados, os moradores continuaram o mutirão no final de semana seguinte de forma autônoma e construíram mais 30 metros lineares de passarela.

A frente das pinturas não parou, pois um grande movimento de artistas/grafiteiros continua a colorir o Beco do Coqueiro e as casas em palafitas da Vila dos Pescadores. Talvez a primeira galeria de arte a céu aberto em palafitas de Cubatão esteja nascendo.

A vivência Oásis é uma das iniciativas promovida pelo Instituto Elos em parceria com a Compass Gás e Energia e o apoio da Prefeitura de Cubatão que tem o objetivo de impulsionar o protagonismo comunitário e o protagonismo jovem na Vila dos Pescadores, região com aproximadamente 18 mil moradores, promovendo a cultura de abundância através do fortalecimento das relações de confiança e cooperação entre diversos stakeholders, orientados por uma visão de futuro compartilhada que estimule o empreendimento de diversas iniciativas de base comunitária.

O Instituto | Com quase 25 anos de atuação e reconhecido como uma das 100 Melhores ONGs do Brasil por três anos consecutivos, o Instituto Elos já formou mais de três mil lideranças, capacitou cerca de 600 multiplicadores, em uma atuação que se estende por mais de 50 países e com 500 mil pessoas impactadas. Na Baixada Santista, onde está sediado, realiza iniciativas em parceria com instituições dos setores público, privado e social, impulsionando o movimento de transformação social para um melhor mundo.

(Fonte: LNera Comunicação)

História dos direitos das mulheres pelo mundo ganha versão ‘graphic novel’ pelas mãos de ativistas contemporâneas

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

A luta feminina por igualdade é longa e já foi contata por diversos ângulos. Agora, a obra “Amazonas, Abolicionistas e Ativistas” relata esta história de maneira inovadora: em formato graphic novel. Lançamento da Editora Seoman e escrita pela ativista e crítica cultural negra Mikki Kendall, ela apresenta as principais figuras e acontecimentos que promoveram os direitos das mulheres ao longo do tempo.

Kendall, ao lado da ilustradora queer A. D’Amico, relata as proezas de mulheres notáveis ao longo da história – de rainhas e combatentes da liberdade a guerreiras e espiãs –, além de citar importantes passagens sobre os movimentos progressistas liderados por mulheres que moldaram a história; entre eles, a abolição, o movimento sufragista, a entrada da mulher no mercado de trabalho, os direitos civis, o movimento LGBTQ+, os direitos reprodutivos e muito mais.

Capa.

Traduzida pela brasileira Denise de Carvalho Rocha, esta HQ trata, de forma contundente e ousada, de diversos temas que compõe a trajetória das mulheres rumos aos seus direitos, como: os direitos das mulheres na antiguidade; como era o poder de imperatrizes, rainhas e princesas; o papel da escravidão, do colonialismo e do imperialismo no processo de apagamento das mulheres; a luta feminina pela liberdade e a marcha pela igualdade. Passa ainda pela revolução sexual e pela crise da AIDS (entre 1960 e 1980) e pelos feminismos corporativo, inclusivo etc.

“Esta é uma obra dedicada àquelas que pavimentaram o caminho, para as que aprenderam a abrir caminho e para as outras que encaram caminhos ainda desconhecidos”, dizem a autora e a ilustradora na dedicatória.  Ao percorrerem a história da luta feminina, do começo ao fim, elas mostram figuras históricas e contemporâneas como Angela Davis, Malala, Janet Mock e Jowelle de Souza, além de muitas líderes no mercado de trabalho e na política, como Michele Bachelet e Ellen Johnson Sirleaf.  O leitor é transportado, junto com as personagens desta HQ (que representam a diversidade racial, estética e cultural), para uma viagem de resgate pelas origens e pelos progressos da luta pelos direitos de todas as mulheres.

Sobre as autoras:

Mikki Kendall é escritora, ativista, palestrante, blogueira e autora best-seller do New York Times. Formada pela Universidade de Illinois Urbana-Champaign e pela Universidade DePaul, seus trabalhos já foram apresentados no The Washington Post, The Boston Globe, The Guardian, Time, Salon, Ebony, Essence e outras publicações. Oradora talentosa, ela já discutiu sobre temas como raça, feminismo, violência, tecnologia, cultura pop e mídia social em Good Morning America; The Daily Show; Woman’s Hour, da BBC e outros. Mikki mora em Chicago com a família.

A. D’Amico é ilustradora, nascida em Ohio. Formou-se em 2016 no Columbus College of Art & Design com um bacharelado em Ilustração e, desde então, trabalha como freelancer em histórias em quadrinhos, aquarelas e ilustrações digitais.

Serviço:

Livro Amazonas, Abolicionistas e Ativistas

Autoras: Mikki Kendall e A. D’Amico

Editora: Seoman

Páginas: 208

Preço: R$99,00

Adquira em: https://www.grupopensamento.com.br/produto/amazonas-abolicionistas-e-ativistas-9080.

(Fonte: Aspas & Vírgulas)

Pesquisa sobre microplástico dispara no Brasil; tema se tornou um dos principais na área de Oceanos

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Soren Funk/Unsplash.

Em seis anos (2017 a 2022), o número de pesquisas no Brasil sobre “microplástico” aumentou 560%. O tema insere-se num universo de mais de oito mil artigos sobre oceanos publicados por instituições brasileiras no período. Os dados estão em relatório inédito lançado na segunda (5) pela editora científica Elsevier com a Bori. O documento inaugura a parceria entre Elsevier e Bori no sentido de analisar, periodicamente, dados da produção científica brasileira e disponibilizá-los a jornalistas.

A pesquisa faz um mapeamento da produção científica do Brasil sobre os oceanos de 2017 a 2022, com uso das ferramentas Scopus e SciVal – essa última desenvolvida pela Elsevier, que mapeia publicações científicas em documentos públicos utilizados em tomadas de decisão mundo afora. A ideia é entender o foco que a ciência brasileira dá ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS 14), “Vida abaixo da água”, da Organização das Nações Unidas (ONU), já que o Brasil tem uma das maiores zonas costeiras do mundo, com 8 mil quilômetros de extensão em linha contínua de costa.

O documento mostra que, de 2012 a 2021, houve um crescimento de 12% ao ano nas publicações brasileiras sobre Oceanos. Além do tema “microplástico”, os temas “seashore” (costa marinha), “aquaculture” (aquicultura) e “Oreochromis Niloticus” (tilápia) compõem a lista de temas mais relevantes dos artigos produzidos por pesquisadores brasileiros relacionados ao ODS 14. Apesar de aparecerem em 2.000 (seashore), 1.230 (aquaculture) e 562 (Oreochromis Niloticus) artigos, a referência a esses temas diminuiu – principalmente a partir de 2021.

A possibilidade de relacionar o conteúdo de publicações científicas com Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) tem trazido informações importantes sobre os alvos de pesquisa em regiões ou instituições, segundo aponta Carlos Henrique de Brito Cruz, Vice-presidente Sênior de redes de Pesquisa da Elsevier. Ele observa que, no caso brasileiro, há um crescimento acima da média do país em estudos sobre o ODS 14. “Este crescimento mostra como a comunidade científica no país tem escolhido focalizar seus esforços em temas de grande relevância para o avanço do conhecimento e, ao mesmo tempo, para os objetivos de sustentabilidade planetária”.

Na 11ª posição mundial entre países que mais publicam estudos sobre oceanos, o Brasil tem uma pesquisa com importância internacional: cerca de 40% das publicações é fruto de colaborações com instituições de pesquisa estrangeiras. Além disso, elas alcançaram um impacto de citações 2% acima da média mundial de citações.

Esse é o caso do artigo “Studies of the effects of microplastics on aquatic organisms: What do we know and where should we focus our efforts in the future?, publicado em 2018 na revista “Science of the Total Environment”. Com colaboração brasileira, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e autoria de pesquisadores das universidades da Suécia, de Aveiro, em Portugal, e de Queensland, na Austrália, o trabalho é uma das cinco publicações mundiais mais citadas sobre microplástico. Seu impacto de citações normalizado é igual a 7,79, ou seja, 679% acima da média mundial de citações, que é 1. O impacto de citações é medido pela quantidade de vezes que um artigo científico é mencionado em outras publicações do mesmo tipo, disciplina e ano de publicação.

A Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e as universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), Santa Catarina (UFSC) e de Rio Grande (FURG) são as instituições que mais publicaram pesquisas sobre oceanos nos cinco anos analisados, reunindo mais de 3 mil publicações. Em seguida, aparecem as universidades federais do Paraná (UFPR), Fluminense (UFF), Pernambuco (UFPE) e Ceará (UFC). A maioria dos estudos é das áreas de agricultura (57%), ciências ambientais (42%) e ciências da terra (25%).

Os impactos da pesquisa em políticas públicas | Os dados dão, ainda, uma dimensão sobre o impacto da pesquisa brasileira sobre oceanos em políticas públicas: 4,8% dos 8 mil artigos foram citados e embasaram tomadas de decisão sobre proteção de oceanos. Grande parte das menções aos estudos foi feita pela FAO (Food and Agriculture Organization), União Europeia e United Nations Environment Programme.

(Fonte: Agência Bori)

Instituto Argonauta e Aquário de Ubatuba emitem 54ª edição do Boletim do Lixo do litoral Norte

Ubatuba, por Kleber Patricio

Lixo encontrado na praia Cocanha, em Caraguatatuba/SP, sendo pesado pela equipe do Instituto Argonauta. Fotos: divulgação/Instituto Argonauta.

No mês de abril deste ano, foram retirados das praias do litoral Norte de São Paulo 166,6 kg de lixo, de acordo com informações contidas na 54ª edição do Boletim do Lixo, emitida pelo Instituto Argonauta e Aquário de Ubatuba. A maior quantidade foi registrada na cidade de Caraguatatuba (96,5 kg), seguida de São Sebastião (24,3 kg), Ubatuba (23,1 kg) e Ilhabela (22,7 kg).

Ao todo, foram monitoradas 130 praias da região, sendo 56 em Ubatuba, 15 em Caraguatatuba, 31 em São Sebastião e 28 em Ilhabela. A equipe observa toda a faixa de areia, faz o registro fotográfico indicando a situação do local e classifica de acordo com a metodologia proposta, categorizando em quatro categorias: ausente, quando não há evidência de lixo; traço, predominantemente ausente, mas com a presença de alguns itens espalhados; inaceitável, amplamente distribuído com algumas acumulações de lixo, e caótico, pesadamente contaminado com várias acumulações de resíduos.

Ao longo do mês de abril, 84 praias do litoral norte (64,6%) continham alguma evidência de lixo e foram classificadas na categoria “traço”; seguido de “ausente” (33,8%) e “inaceitável” (1,5%). De acordo com a média mensal, nenhuma praia foi classificada como “caótica”.

Em Ubatuba foram realizados 1.733 registros, sendo que 95,1% foram classificados como “traço”, seguido do “ausente” (2,7%) e “inaceitável” (2,1%). Em Caraguatatuba, de 450 registros, 78,2% foram classificados como “traço”, seguido do “inaceitável” (18%), e “ausente” (3,8%). Em São Sebastião, de 930 registros, 65,4% foram classificados como “ausente”, seguido de “traço” (34,3%) e 0,3% “inaceitável”. Em Ilhabela, de 840 registros, 59,2% indicaram a categoria “ausente”, seguida de “traço” (40,8%). Situações classificadas como “caótico” não foram registradas no período.

O lixo marinho é uma preocupação do Instituto Argonauta, que desde 2016, somando esforços a outros projetos desenvolvidos pela instituição, coleta, tria (sistematicamente) e analisa diariamente os lixos que são encontrados nas praias da região do litoral norte paulista (Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião), por meio de técnicos e monitores.

Em 2018, inspirado no boletim da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) – balneabilidade das praias – e, com a necessidade de informar a toda a população quanto ao estado de contaminação por resíduos sólidos de origem antropogênica nas praias, surgiu a ideia de um boletim mensal sobre o lixo.

O resíduo mais encontrado nas praias é o plástico, correspondendo a 72% do total do lixo que é coletado, mas também são comuns bitucas e apetrechos de pesca, entre outros.  Uma das principais causas de mortalidade de animais marinhos no Litoral Norte é o plástico de origem humana, especialmente o plástico descartável.

O Aquário de Ubatuba, o Instituto Argonauta e o Projeto Tamar foram as primeiras instituições a trabalhar na problemática do lixo marinho no Brasil e na região do Litoral Norte. O Instituto Argonauta atua na região há 23 anos em parceria com o @aquariodeubatuba.oficial através da sensibilização e conscientização em relação a problemática dos resíduos sólidos no ambiente marinho.

O boletim do lixo pode ser acessado na íntegra pelo site da instituição: https://institutoargonauta.org/publicacoes/.

Sobre o Instituto Argonauta

O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba @aquariodeubatubaoficial_ e reconhecido em 2007 como Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, entre outras atividades. O Instituto Argonauta também é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Seja um Argonauta.

Venha conhecer o Museu da Vida Marinha @museudavidamarinha, na Avenida Governador Abreu Sodré, 1067 – Perequê-Açu, Ubatuba/SP, aberto diariamente.

Também é possível baixar gratuitamente o aplicativo Argonauta, disponível para os sistemas operacionais iOS (APP Store) e Android (Play Store). No aplicativo, o internauta pode informar ocorrências de animais marinhos debilitados ou mortos em sua região, bem como informar ainda problemas ambientais nas praias, para que a equipe do Argonauta encaminhe a denúncia para os órgãos competentes.

Conheça mais sobre esse trabalho em www.institutoargonauta.org, www.facebook.com/InstitutoArgonauta e Instagram: @institutoargonauta.

Sobre o Aquário de Ubatuba

É o primeiro privado do Brasil aberto à visitação do público e pioneiro no conceito de educação ambiental por meio do contato direto com animais. Destaca-se no país pelos projetos e realizações ao longo de 24 anos, completados em fevereiro do ano passado. Pioneiro em ter elasmobrânquios sob cuidados humanos, um tanque de águas vivas e um tanque de contato no Brasil. A instituição possui ainda certificado de bem-estar animal emitido pela Associação dos Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) em parceria com a Wild Welfare Worldwide e é premiada e reconhecida por iniciativas práticas de conservação e por ter sido a primeira em colocar em exercício iniciativas sustentáveis. Atende, gratuitamente, estudantes de escolas públicas da cidade mediante capacitação de professores.

O Aquário de Ubatuba é aberto todos os dias, das 10h às 22h, e contém o Selo Turismo Responsável. O endereço é Rua Guarani, 859, Itaguá, Ubatuba/SP e telefone para contato, (12) 3834-1382.

Conheça mais sobre o Aquário em: www.aquariodeubatuba.com.br,  https://www.facebook.com/aquaubatuba e Instagram: @aquariodeubatubaoficial.

(Fonte: Instituto Argonauta)

“Vista”, com Julia Lund, mostra a pulsão da vida em confronto à pulsão de morte

São Paulo, por Kleber Patricio

Cena do espetáculo Vista”, dirigido por Luiz Felipe Reis. Fotos: © Renato Mangolin.

Finalista do Prêmio Jabuti, o romance “Vista Chinesa” (2021), de Tatiana Salem Levy, ganha inédita adaptação teatral pelas mãos da Polifônica, de Luiz Felipe Reis e Julia Lund. Espetáculo multidisciplinar, que reúne cinema, música e teatro, “Vista” leva ao palco os desdobramentos de um caso de estupro ocorrido às vésperas da Olímpiada de 2016, no Rio, em plena luz do dia, em um dos principais cartões-postais da cidade. A partir deste ponto, a montagem contempla as possibilidades de regeneração sensível e humana da personagem.

A montagem do solo — que estreou em São Paulo dia 2 de junho no SESC Avenida Paulista e segue em cartaz até dia 2 de julho — gira em torno de um contundente relato, em primeira pessoa, desta experiência absurda de violência sexual e, sobretudo, do processo de metamorfose existencial vivido pela personagem após este acontecimento, com dramaturgia assinada por Luiz Felipe, Julia e por Catharina Wrede.

Em cena, Julia Lund conta a história de uma mulher que, antes de ir ao trabalho, ao fazer sua corrida matinal na Floresta da Tijuca, tem seu destino atravessado pela agressão sexual. Ela é violentada, estuprada e abandonada sozinha na mata. “É um trabalho que se abre a múltiplas dimensões e questões. A peça é construída como uma jornada de reflexão e de elaboração sobre os desdobramentos deste caso de estupro”, diz a atriz.

Atravessar o trauma

“Vista” é a perspectiva particular desta mulher de se relacionar com o trauma, elaborar suas marcas e fissuras — o que inclui processos de recordação e esquecimento, ressignificação e transformação de acontecimentos e sentidos —, mostrando que é possível atravessar esse ciclo infernal de sensações e experiências sabendo que esse ciclo de sofrimento também se transforma e torna possível, de outra forma, viver e aproveitar a vida de novo.

Viva e morta ao mesmo tempo, com a consciência de que nada será como antes, Júlia tem sua existência transfigurada. O passado é um assombro. O presente é um abismo. O futuro, desconhecido. Com as roupas rasgadas, sem telefone e descalça, ela se arrasta como pode para encontrar um caminho de volta até a estrada enquanto a luz se dissipa por entre as árvores. Horas mais tarde, após uma infernal e solitária jornada com os pés no asfalto, ela enfim chega em casa, onde o namorado e alguns familiares a esperam.

Júlia, a protagonista da obra, é uma mulher que viveu o inferno e viu, como ela mesma diz, o diabo de frente — ou pior, o diabo e o inferno invadindo o seu próprio corpo a fim de aniquilar sua vitalidade, sua autoestima e sua vontade de viver. O que vemos em cena é, de alguma forma, a resposta de Júlia ao horror. Cada cena é um fragmento da travessia que a personagem empreende não apenas a fim de sobreviver, mas a fim de afirmar a sua vontade de viver, de poder fruir e desfrutar da vida novamente.

Todo percurso dramatúrgico da obra é, então, uma troca de pele, um processo de metamorfose subjetiva, uma jornada de elaboração e de ressignificação dos acontecimentos vividos pela personagem.

Camadas de realidade e de ficção

Ao ser levado aos palcos como um solo teatral e audiovisual, “Vista” ganha novas camadas e planos de realidade e de ficção. Neste sentido, a montagem dá continuidade às investigações estéticas e temáticas da Cia. sobre a polifonia cênica, sobre a tênue linha que aproxima e dilui as fronteiras entre autobiografia e auto ficção, assim como sobre as relações entre o trágico e o trauma, a violência e a resiliência, a metamorfose, a regeneração e afirmação das pulsões de vida — todos estes elementos também foram investigados e tensionados em seus projetos anteriores, como “Estamos indo embora…”, o díptico “Amor em dois atos” (2016), “Galáxias” (2018) e o solo audiovisual “Tudo que brilha no escuro” (2020). “Vista” expõe em cena um processo em que a memória é uma capacidade humana sempre lacunar, incompleta, seletiva, mas ainda assim fundamental a todo processo de recomposição da vida.

A equipe criativa do espetáculo conta ainda com a performance musical ao vivo de Pedro Sodré, criação e manipulação de vídeo ao vivo de Isis Passos e Helô Duran, criação cinematográfica de Dani Wierman e Mari Cobra, cenografia de Dina Salem Levy, luz de Alessandro Boschini, direção de movimento de Laura Samy e figurino de Thais Delgado.

Sobre a Polifônica

Polifônica é um núcleo multidisciplinar de pesquisa e criação artística fundado pelo diretor e dramaturgo Luiz Felipe Reis e pela atriz Julia Lund no Rio de Janeiro. Com foco em teatro e em experiências performativas, desenvolve desde 2014 uma pesquisa estética e temática acerca das noções de “Polifonia Cênica” e de “Contra-cenas ao Antropoceno”, articulando o teatro e outras formas de arte, com o objetivo de construir experiências imersivas capazes de gerar reflexão e sensibilização para a crise ambiental e civilizacional que a humanidade produz e enfrenta nesta era do AntropoCapitaloceno. A Polifônica foi indicada ao Prêmio Shell 2015 na categoria Inovação, com “Estamos indo embora…”, pela “multiplicidade de linguagens artísticas adotadas para abordar a ação do homem nas transformações climáticas”. Em 2016, a Cia. recebeu indicações e conquistou prêmios (APTR e Cesgranrio) com “Amor em dois atos”, criada a partir da obra do dramaturgo francês Pascal Rambert. Em 2018, apresentou “Galáxias”, com textos de Luiz Felipe Reis e do argentino J. P. Zooey, e em 2020 criou o solo teatral e audiovisual “Tudo que brilha no escuro”, indicado ao Prêmio APTR 2020 de melhor Espetáculo Inédito Ao Vivo. Além do espetáculo “Vista”, para 2023 a Polifônica prepara a estreia de “2666”, adaptação inédita na América Latina para a obra de Roberto Bolaño, e para 2024 planeja a estreia de “Awei!”, a partir da obra “Banzeiro òkòtó”, de Eliane Brum.

Ficha técnica

Atuação: Julia Lund

Direção, concepção geral + câmera ao vivo: Luiz Felipe Reis

A partir da obra “Vista Chinesa”, de Tatiana Salem Levy

Adaptação dramatúrgica: Luiz Felipe Reis, Julia Lund e Catharina Wrede

Trilha sonora original e Performance musical ao vivo: Pedro Sodré

Pesquisa musical e sonora: Luiz Felipe Reis e Pedro Sodré

Direção de tecnologia, criação + efeitos em vídeos e operação de vídeo: Isis Passos

(Miwí)

Cenário: Dina Salem Levy

Assistente de cenografia: Tuca Benvenutti

Luz: Alessandro Boschini

Figurino: Thais Delgado

Criação e produção de vídeos, direção de fotografia e montagem: Dani Wierman e Mari Cobra com Felipe Ovelha (operação de câmera em vídeo)

Direção de movimento: Laura Samy

Interlocução artística: Fernanda Bond

Confecção de máscara: Alexandre Guimarães

Fotografia de cena: Renato Mangolin

Cinematografia: Chamon Audiovisual

Design gráfico: Clarisse Sá Earp (umastudio)

Fotografia estúdio: Renato Pagliacci

Make: Sabrina Sanm

Mídias Sociais: Luli Fru

Assessoria de comunicação: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes

Direção de produção: Gabriela Gonçalves, Ludmilla Picosque e Rodrigo Fidelis (Corpo Rastreado)

Idealização e coprodução: Cia Polifônica

Participação em off das atrizes Carolina Virguez, Camila Lucciolla, Cris Larin, Fernanda Nobre, Helena Varvaki, Lisa Eiras e Valentina Herszage a partir de trechos das obras “Abuso”, de Ana Paula Araújo, e “A vida nunca mais será a mesma”, de Adriana Negreiros.

Serviço:

Teatro | Vista, com Polifônica

Quando: de 2 de junho a 2 de julho de 2023 – quinta, sexta e sábado, às 20h; domingo, às 18h.

Sessão extra no dia 28 de junho, quarta, às 20h

Classificação etária: 16 anos

Onde: Arte II – 13° andar

Duração: 80 minutos

Capacidade: 50 lugares

Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$10,00 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no SESC e dependentes). Venda a partir de 23/5, às 12h, pelo Portal SESC SP e nas bilheterias das unidades do SESC SP a partir de 24/5. Limitado a 2 ingressos por pessoa.

SESC Avenida Paulista

Avenida Paulista, 119, São Paulo (SP)

Fone: (11) 3170-0800

Transporte Público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m

Horário de funcionamento da unidade:

Terça a sexta, das 10h às 21h30; aábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

Horário de funcionamento da bilheteria: terça a sexta, das 10h às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

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(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)