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MASP apresenta exposição individual do artista yanomami venezuelano Sheroanawe Hakihiiwe

São Paulo, por Kleber Patricio

Sheroanawe Hakihiiwe Hema ahu – Teia de aranha com orvalho pela manhã – Spider Web with Dew in the Morning.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 30 de junho a 24 de setembro de 2023, a mostra “Sheroanawe Hakihiiwe: tudo isso somos nós”, que ocupa a galeria localizada no 1º subsolo do museu. Com curadoria de André Mesquita, curador, MASP, e David Ribeiro, assistente curatorial, MASP, a exposição reúne 48 desenhos, monotipos e pinturas que resgatam tradições ancestrais, a memória oral e os saberes cosmológicos de sua comunidade yanomami, localizada no município de Alto Orinoco, na Amazônia venezuelana.

Sheroanawe Hakihiiwe (Sheroana, Alto Orinoco, Amazônia venezuelana, 1971) é um artista visual yanomami que atualmente vive em Mahekoto Teri, também em Alto Orinoco. Hakihiiwe começou a produzir na década de 1990, depois de seu encontro com a artista mexicana Laura Anderson Barbata. Juntos, desenvolveram uma técnica de produção de papel com fibras vegetais nativas – material que o artista utiliza como suporte para seus desenhos. Desde então, o artista passou a desenvolver desenhos mínimos e delicados, com padrões e símbolos coloridos e texturizados sobre a vasta e intensa relação que sua comunidade tem com a paisagem, sendo sua obra uma revisão contemporânea da cosmogonia e do imaginário yanomami.

“O trabalho que faço nestes papéis é próximo de todo o universo que conheço com a uriji [floresta], que vejo quando ando por ela acompanhado das pessoas da comunidade e da família. As diferentes fontes das tintas que usamos para fazer os pigmentos. Também conheço os animais e as plantas, seus rastros e como se movem na floresta. O shapori [xamã] fala comigo e me conta sobre as coisas, animais falam por meio dos xamãs, os espíritos nos ajudam”, conta Sheroanawe Hakihiiwe.

Sheroanawe Hakihiiwe Huwe moshi 26 [Cobra-coral 26] [Coral Snake 26], 2018, Acrílica sobre papel de cana-de-açúcar [Acrylic on sugarcane paper] – 50 x 70 cm.

O subtítulo da exposição Ihi hei komi thepe kamie yamaki [Tudo isso somos nós] foi uma sugestão do artista para incorporar a diversidade de elementos que formam sua comunidade e seu entorno. Com 48 trabalhos, a mostra do MASP apresenta uma pequena parte desse universo a partir de desenhos, pinturas e monotipos produzidos sobre papéis artesanais com o uso de fibras nativas como cana, algodão, amoreira, banana e milho. Com cores e texturas distintas, esses suportes não são como os papéis neutros produzidos industrialmente, pois necessitam lidar com e contra o tempo em sua materialidade e conservação.

O universo simbólico de Hakihiiwe está diretamente relacionado ao sentido da sua produção. O curador André Mesquita conta que “o artista trabalha de modo contínuo criando pinturas, monotipos e desenhos únicos, séries sobre um mesmo tema e motivos visuais que se reiteram. O artista também tem um cuidado com a preservação: seu trabalho é um ato de memória redefinidor de relações, leituras, relatos e visões acerca das percepções e das noções de representação, arquivo, registro, observação, sonho, tecnologia, natureza, cotidiano e história. Para que não se percam, para que não se tornem invisíveis todos esses conhecimentos, ele busca preservá-los em um trabalho de defesa e persistência de uma memória coletiva reconstruída e materializada em sua obra”.

Nesse entrelaçamento de práticas, espécies, saberes e vidas, Hakihiiwe propõe um trabalho de tradução de imagens e materiais de valores culturais comunitários. Em diversos desenhos e pinturas, o artista usa tintas vegetais fabricadas artesanalmente e extraídas de folhas, frutas, animais e madeiras. Na monotipia “Jena riye riye” [Folha verde] (2021), Hakihiiwe traz 24 folhas verdes em uma disposição que lembra um tratado de botânica, com cuidado especial dado à representação de suas nervuras. “O trabalho denota o olhar extremamente minucioso que o artista lança sobre os elementos da natureza, mesmo quando tomados em uma de suas expressões mínimas: uma folha”, reflete o assistente curatorial David Ribeiro.

Sheroanawe Hakihiiwe Pisha hena [Folha] [Leaf], 2021, Monotipia sobre papel de cana-de-açúcar [Monotype on sugarcane paper] – 31 x 25.5 cm.

Os direitos do povo yanomami habitante do território venezuelano foram reconhecidos pela legislação local em 1999, de modo semelhante ao que é garantido pela Constituição brasileira no que se refere ao direito à diferença, ou seja: sua organização social, política e econômica, bem como suas culturas e espiritualidades, línguas e territórios. Segundo Hakihiiwe, esse reconhecimento não impede, entretanto, a existência de ameaças reais e cotidianas aos Yanomami. O artista relata a tristeza que sente ao ver o rio Orinoco poluído, impedindo que as crianças possam brincar e se banhar nele. Ele também relata a destruição causada por não indígenas e que já levou à morte e ao desaparecimento de duas comunidades inteiras: “Não estamos muito bem agora”.

“Realizar uma exposição de Hakihiiwe no ano das Histórias indígenas, no MASP, significa apresentar ao público histórias de luta, sobrevivência e resistência, mas também de beleza, diversidade e criação, atentando para a responsabilidade, para a proteção, para os cuidados coletivos, para o pensamento crítico e para a preservação dos povos originários, de seus conhecimentos ancestrais e das pluralidades de suas culturas e territórios”, pontua Mesquita.

“Sheroanawe Hakihiiwe: tudo isso somos nós” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias indígenas. Este ano a programação também inclui mostras de Carmézia Emiliano, MAHKU, Paul Gauguin, Melissa Cody, além do Comodato MASP Landmann de cerâmicas e metais pré-colombianos e a grande coletiva Histórias indígenas.

Sobre Sheroanawe Hakihiiwe

Sheroanawe Hakihiiwe é um artista visual yanomami nascido em 1971, em Sheroana, Alto Orinoco, na Amazônia venezuelana, que atualmente reside em Mahekoto-Teri, na mesma região em que nasceu. Desde o ano de 2004, o trabalho do artista tem sido apresentado em exposições individuais na Venezuela e no Brasil, bem como em Londres, Madri, Barcelona e Lisboa. Sua primeira exposição individual no Brasil aconteceu em 2021, na Galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, no Rio de Janeiro. O artista também expôs em mostras coletivas como a 23ª Bienal de Veneza (2022) e a mostra Les Vivants (Fondation Cartier, França, 2022), além de diversas outras mundo afora, incluindo países como Alemanha, Bélgica, Argentina, Estados Unidos, Colômbia, Canadá, Austrália e Nepal. No Brasil, participou de Nosso Norte é o Sul (Gomide & Co., 2021), Uma história natural das ruínas (Pivô, 2021) e Bienal de Curitiba (2012). Hakihiiwe já recebeu prêmios e distinções; entre os quais, uma bolsa de residência do Piramidón (Barcelona, 2021); o prêmio Refresh Irinox, na feira de arte contemporânea Artissima (Turim, 2019) e o primeiro prêmio da Bienal Internacional de Artes Indígenas Contemporâneas de Conaculta (Cidade do México, 2012). Esta é a primeira exposição do artista em um museu no Brasil.

Catálogo | Acompanhando a exposição será publicado um catálogo em volume bilíngue (português/inglês) com a reprodução de obras do artista yanomami. O livro, organizado por Adriano Pedrosa, André Mesquita e David Ribeiro, inclui textos de André Mesquita, Catalina Lozano, David Ribeiro, Noraeden Mora Mendez e Trudruá Dorrico. Com design de Alles Blau, a publicação tem edição em capa dura.

Serviço:

Sheroanawe Hakihiiwe: tudo isso somos nós

Curadoria: André Mesquita, curador, MASP, e David Ribeiro, assistente curatorial, MASP

1º subsolo (galeria)

30/6 — 24/9/2023

MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – São Paulo, SP

Telefone: (11) 3149-5959

Horários: terça grátis Bradesco, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas

Agendamento on-line obrigatório por este link

Ingressos: R$60 (entrada); R$30 (meia-entrada)

Site oficial | Facebook | Instagram.

(Fonte: MASP)

Uma em cada dez espécies de árvores da Serra de Paranapiacaba está em risco de extinção

Capão Bonito, por Kleber Patricio

Foto: Rafaela Valeck/arquivo pesquisador.

Apesar da vegetação de Mata Atlântica do Parque Estadual Nascentes do Paranapanema estar em excelente estado de conservação, 10% de suas espécies de árvores estão ameaçadas de extinção. Cientistas do Instituto de Pesquisas Ambientais do Estado de São Paulo chegaram a esse diagnóstico ao catalogar 204 espécies de árvores do parque, localizado na Serra de Paranapiacaba, em Capão Bonito, na região do Alto Vale do Ribeira, no interior de São Paulo. Os resultados dessa catalogação estão descritos em artigo publicado na sexta (30) na “Revista do Instituto Florestal”.

O estudo foi realizado de janeiro a abril de 2012 — ano em que o parque, que tem mais de 22 mil hectares, foi criado para garantir a preservação da região. As análises das espécies de árvores coletadas foram feitas no Herbário Dom Bento José Pickel. Das 21 espécies ameaçadas de extinção em nível estadual, nacional ou global, destaca-se o carvalho brasileiro Euplassa cantareirae, espécie classificada como extinta para São Paulo e em perigo para o Brasil. “A quantidade reduzida de espécies ameaçadas de extinção para o estado de São Paulo, Brasil ou mundialmente mostra a qualidade do ambiente e da floresta presente no parque”, aponta Frederico Arzolla, um dos autores do artigo. A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do planeta, restando apenas 12,4% da cobertura vegetal original no país, aponta a pesquisa.

Na área do Parque Estadual Nascentes do Paranapanema, quase 80% do território é formado por Floresta Ombrófila Densa, que ocorre principalmente na região litorânea paulista. “Nessa formação, as espécies são perenifólias, pois há água em abundância para as plantas”, afirma Arzolla. Para os pesquisadores, à medida que forem realizados estudos futuros na região envolvendo outros hábitos de plantas, a flora do parque pode alcançar mais de 600 espécies.

A área também apresenta mais de mil nascentes de rios bem preservadas. Manter a conservação do local ajuda a reduzir o efeito de borda; ou seja, diminui as mudanças que acontecem em áreas de floresta próximas de regiões desmatadas. Além das espécies vegetais, o Parque Estadual Nascentes do Paranapanema é casa de espécies de animais ameaçadas de extinção, como as onças-pintadas.

De acordo com os cientistas, a área do parque se mantém bem conservada porque é de difícil acesso. “Existem várias atividades econômicas nessa região, como pecuária, agricultura e mineração, então foi uma descoberta positiva”, avalia Claudio Moura, também autor do artigo.

O Parque Estadual Nascentes do Paranapanema é aberto à visitação do público, mas é considerado de suma importância para cientistas que pesquisam diversos aspectos da Mata Atlântica e para mitigar efeitos das mudanças climáticas. “Criar unidades de conservação deveria ser uma atividade mais frequente”, opina Moura.

(Fonte: Agência Bori)

Médicos Sem Fronteiras inicia ações contra avanço da malária no território Yanomami

Auaris, por Kleber Patricio

Fotos: Marília Izidório.

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está dando apoio ao trabalho de assistência à população da Terra Indígena Yanomami (TIY). As ações de MSF ocorrem em parceria com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) do Ministério da Saúde e estão focadas no combate à malária na região de Auaris, no noroeste de Roraima.

A doença é endêmica na região e representa um grave problema de saúde que atinge adultos e crianças. Em função da incidência elevada, uma estratégia de busca ativa de casos foi adotada na região por MSF e pelo DSEI-Yanomami (Distrito Sanitário Especial Indígena), divisão do sistema de saúde pública indígena dedicado ao atendimento no território Yanomami. Diariamente, as equipes percorrem longas distâncias para chegar às comunidades e realizar a testagem da população.

“Estamos testando o maior número de pessoas possível, mesmo aquelas que não apresentam sintomas”, explicou a médica Raquel Simakawa, que acabou de retornar de Auaris depois de integrar a equipe que iniciou em maio os atendimentos médicos de MSF na região. “Só assim conseguimos detectar e tratar a malária o mais rápido possível, diminuindo o risco de complicações e também a taxa de transmissão”, afirmou.

O trabalho de busca ativa consiste na coleta entre as pessoas das comunidades de amostras de sangue, que podem chegar a 100 por dia por microscopista. A análise das lâminas coletadas é realizada geralmente no mesmo dia e todos que testam positivo iniciam imediatamente o tratamento. Dependendo do tipo de malária e caso a pessoa já tenha tido a doença anteriormente, a duração do tratamento pode variar de três dias a até duas semanas.

A malária é uma doença infecciosa causada por um parasita que é transmitido pela picada de um mosquito após o inseto ter picado uma pessoa já infectada. Para conter sua propagação, é necessário deter ao máximo a circulação do plasmódio causador da doença, tratando as pessoas doentes para ajudar a interromper o ciclo de transmissão. Outra frente de combate é diminuir a exposição aos insetos com a fumigação de áreas onde o mosquito esteja presente e o uso de mosquiteiros.

Profissional de MSF realiza coleta de material para testagem da malária na região de Auaris, no território Yanomami, em Roraima.

No período recente, houve um aumento dos registros de malária no território Yanomami. Nos quatro primeiros meses deste ano, foram notificados 7.227 casos, uma alta de 43% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Em anos anteriores, já era observada uma alta incidência da doença na TIY, em um contexto de escassez crescente de recursos humanos e de insumos dedicados à saúde indígena.

Paralelamente, o avanço da mineração ilegal criou uma situação de degradação ambiental que pode ter favorecido a propagação de mosquitos, vetores da malária. Com a declaração da emergência sanitária no território, no início deste ano, ficou ainda mais evidente a grande incidência da malária entre as comunidades.

Se não for adequada e oportunamente tratada, a malária pode causar diversas complicações, como anemia grave, desconforto respiratório, letargia e prostração, podendo inclusive, nos casos mais graves, levar à morte, especialmente em indivíduos que já estejam debilitados.

“É preciso que nossa estratégia de detecção de casos e tratamento seja muito consistente”, explicou a médica de MSF. Por isso, são realizadas visitas semanais das equipes de saúde às comunidades para que a testagem seja repetida e a frequência dos testes só é diminuída quando a doença é efetivamente controlada. Apenas nas duas primeiras semanas de atividades foram realizados mais de mil testes, com cerca de 200 casos positivos.

Para realizar esse trabalho, MSF possui atualmente uma equipe de cerca de dez pessoas na região de Auaris, com médicos, equipe de enfermagem e um microscopista, apoiados por uma antropóloga e um especialista em logística. As atividades são realizadas em parceria com o DSEI, que conta com equipes que incluem médicos, enfermeiros e agentes de saúde indígena.

O trabalho de busca ativa de casos é feito todos os dias e a tarefa pode exigir horas de deslocamento por rios e também longas caminhadas a pé até chegar às comunidades. “Essa parceria tem sido importante para que tenhamos um bom acesso às comunidades e qualidade nos diagnósticos, o que é essencial para conseguirmos curar os pacientes e impedir que a doença se expanda”, explica o coordenador de operações de MSF na América do Sul, Fábio Biolchini.

A região de Auaris, onde MSF está trabalhando, é uma das mais populosas da TIY, com mais de 4 mil pessoas do total estimado de 30 mil indígenas em todo o território, cuja área é maior do que a de Portugal. A maior parte da população da TIY pertence ao povo Yanomami, que compreende diversos grupos. Em Auaris, o grupo mais numeroso é o dos Sanöma (pronuncia-se “Sanumá”), que compartilha uma origem comum com os Yanomami, mas se reconhece como um grupo à parte. Na região também estão presentes os Ye’kwana (pronuncia-se “Iecuana”), que possuem origem e cultura diferentes.

Profissional de MSF manipula lâminas com amostras de sangue para testagem de malária no território Yanomami, em Roraima.

Mesmo com recursos limitados e atuando em uma área de grande extensão territorial e com desafios logísticos, Biolchini acredita que experiências anteriores podem ajudar no trabalho atual. “MSF tem uma extensa experiência na implementação de estratégias de prevenção e tratamento de malária, adquirida ao longo de muitos anos”, lembra ele. Apenas no ano passado, a organização tratou mais de 4,2 milhões de casos da doença em todo o mundo.

Um dos locais onde a organização já implementou uma resposta a um surto de malária foi o Brasil. “Na década de 1990, contamos com um grande apoio de comunidades indígenas de Roraima para implantar uma estratégia bem-sucedida de detecção e tratamento de malária”, lembrou a diretora-geral de MSF, Renata Reis. “A grave crise de saúde vivida no território Yanomami é um desafio imenso, mas temos confiança de que poderemos enfrentá-lo melhor atuando em conjunto com nossos parceiros e, principalmente, em sintonia com as necessidades expressadas pelas comunidades que estamos atendendo”, afirmou ela.

CASAI Yanomami

Além do território indígena Yanomami, uma equipe de MSF também trabalha na assistência médica aos indígenas que estão na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (CASAI-Y), localizada em Boa Vista. A CASAI é parte da estrutura de saúde para indígenas. Eles são geralmente encaminhados para lá quando não há disponibilidade de atendimento dentro do próprio território indígena para aguardar consultas eletivas nos hospitais e consultórios de Boa Vista. Casos mais graves são transferidos diretamente aos hospitais, sendo depois encaminhados de volta para a CASAI, onde os pacientes aguardam a logística para retorno às comunidades.

Devido à grave situação sanitária no TIY, a CASAI vem absorvendo um número elevado de pacientes e tem trabalhado com uma ocupação muito superior à capacidade das instalações. Por isso, a atuação de MSF tem sido importante para aliviar a sobrecarga de pacientes no local. MSF tem oferecido consultas médicas e de saúde mental aos indígenas alojados na CASAI.

MSF iniciou suas atividades no Brasil em 1991, atuando no combate a uma epidemia de cólera na região amazônica. Na sequência, a organização trabalhou no combate a um surto de malária no estado de Roraima, contando com apoio crucial de agentes de saúde e microscopistas indígenas. Mais recentemente, durante a pandemia de Covid-19, MSF atendeu à população indígena nos estados do Mato Grosso do Sul, Amazonas e Roraima. Além das atividades na TIY e CASAI, MSF possui, desde 2018, um projeto de apoio ao sistema de saúde de Roraima em função da chegada de migrantes venezuelanos ao estado. A organização também atua no município de Portel, na região da ilha do Marajó (Pará), reforçando o sistema de saúde local, principalmente para melhoria do atendimento a populações vulneráveis.

(Fonte: Médicos Sem Fronteiras)

Sesc Belenzinho recebe espetáculo infantil “Zebra sem nome”

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Ethel Braga.

O texto “Zebra sem nome” foi escrito pela dramaturga e roteirista Maria Shu ao lado de sua filha Heloísa, na época com sete anos. Curiosa sobre temas como representatividade, gênero e classe social – perguntas motrizes da menina – a dramaturgia aborda esses assuntos de forma lúdica com personagens divertidos e que andam em bando. A peça, que estreia agora no teatro Sesc Belenzinho, no dia 1º de julho e fica em cartaz até o dia 30 do mesmo mês, também marca o segundo encontro entre as artistas negras e pesquisadoras das narrativas cênicas Shu e a diretora Marina Esteves.

O primeiro encontro entre as artistas aconteceu na montagem da peça infanto-juvenil de autoria de Maria Shu “Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus”, pelo coletivo O Bonde, grupo em que Marina Esteves é cofundadora, produtora e atriz. O espetáculo foi visto por mais de oito mil pessoas em São Paulo, Belo Horizonte e Florianópolis. “Zebra sem nome” é o primeiro trabalho em que Marina assina a direção e concepção geral, depois de sete anos de pesquisa das infâncias e de atuar sete peças para infâncias. “De certa forma, a peça é uma reverberação do meu encontro com a Maria Shu, artistas negras que se propõem a realizar coisas do mundo”, revela Marina Esteves.

No enredo de “Zebra sem nome”, a personagem Zebra sai da savana africana em busca da sua identidade e de um nome para chamar de seu. No percurso, ao conhecer novos lugares, também se depara com figuras importantes para suas descobertas e sua busca por identidade. “A peça tem como recorte a união de mulheres negras. A Zebra, enquanto passa por esses espaços, encontra personalidades negras, como Glória Maria, Lélia Gonzales, Conceição Evaristo, Palhaça Chamego, primeira palhaça negra no Brasil. Essas pessoas a fazem se reconhecer como indivíduo. Ela também aprende que, andando em bando – as zebras sabem disso, elas andam em bandos femininos –, ela consegue encontrar sua própria identidade”, conta a diretora.

No palco, atores e musicistas. A peça é embalada por uma trilha sonora ao vivo que mescla canções originais, a sonoridade e a musicalidade do centro-oeste da África, particularmente na República do Congo. Há também influência do hip hop. Com uma DJ em cena, as músicas sampleadas vão conduzindo o caminho e os encontros das personagens. “Nosso público será surpreendido com a musicalidade altiva, festiva e vibrante que se inicia no espaço”, diz Marina.

Depois de tantas voltas, a Zebra sem nome volta para a savana cheia de conhecimentos, disposta a ensinar o que aprendeu e a valorizar sua terra e sua ancestralidade. E também encontra um nome e uma profissão especial.

Sinopse | Uma jovem e inquieta zebra moradora da savana africana faz uma jornada mundo afora em busca de autoconhecimento e do direito mais básico de todos: um nome para chamar de seu, um sinal que a caracterize como indivíduo na manada e na sociedade. Para isso, Zebra sem nome contará com aliados e passará por espaços aprendendo os conceitos de liberdade, empatia, solidariedade e justiça. Esta heroína retornará à savana com sua bagagem cheia de conhecimento para dividir com os seus iguais e com uma descoberta surpreendente: a alcunha mais incrível que poderia ter.

Ficha técnica

Concepção e Direção geral: Marina Esteves

Dramaturgia: Maria Shu

Reelaboração textual e dramaturgismo: Jhonny Salaberg, Joy Catharina e Marina Esteves

Elenco: Joy Catharina e Jhonny Salaberg

Direção musical e trilha sonora original: Felipe Gomes Moreira

Produção musical: Dani Nega

Musicistas: DJ K-Mina, Jonatah Cardoso e Larissa Oliveira

Preparação corporal, direção de movimento e coreografias: Marina Esteves

Desenho de luz: Matheus Brant

Operação de luz: Juliana Jesus

Figurino: Felipa Damasco

Modelista: Raquel Brandão

Cenografia e adereços: Livia Loureiro

Execução de cenário e mobiliário: Mateus Fiorentino

Desenho e operação de som: André Papi

Videografismo: Gabriela Miranda

Ilustrações e quadrinhos: Gabu Brito

Orientação cômica e circense – cena circo: Filipe Bregantim

Orientação em jogos e encantarias: Vanessa Rosa

Provocação cênica: Filipe Celestino

Estágio: Chidi Portuguez

Cenotécnica: Helen Lucinda

Fotografia: Ethel Braga

Mídias sociais: Isabela Alves

Assessoria de imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto

Produção jurídica: Corpo Rastreado

Produção executiva: Thiago Moreira

Produção artística: Katia Manfredi

Idealização: Marina Esteves e Maria Shu

Realização: Sesc SP

Apoio: Prêmio Zé Renato

Na canção de abertura “Não há mais nada para aprender aqui” é feita  uma citação à canção “Raízes”, do compositor José Geraldo Rocha, que cedeu gentilmente sua obra. Agradecimentos:

Ailton Barros, Circo Guarany, Casa 11, Cristiano Gouveia, Família Gomes Moreira, Gabriela Gonçalves, Gisely Alves, Graciane Diniz, Jessica Turbiani, José Geraldo Rocha, Kalu Manfredi, Lucas Cardoso, Mariana Gabriel e família, Murilo de Lima Giavarotti, Nara Dias Gugliano, Nouve, O Bonde, Rosemary Martins, Wagner Antonio e a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para esse sonho se tornar realidade.

Zebra Sem Nome

De 1 a 30 de julho de 2023; quintas, às 15h; sábados e domingos, às 12h

Local: Teatro (374 lugares)

Valores: R$8,00 (credencial plena), R$12,50 (meia), R$25,00 (inteira). Crianças até 12 anos não pagam

Ingressos disponíveis para compra online a partir de 20/6, às 17h. E nas bilheterias das unidades Sesc a partir do dia 21/6, às 17h

Classificação: Livre

Duração: 50 minutos

SESC Belenzinho

Endereço: Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo (SP)

Telefone: (11) 2076-9700

sescsp.org.br/Belenzinho

Estacionamento

De terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 9h às 18h

Valores:

Credenciados plenos do Sesc: R$5,50 a primeira hora e R$2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$12,00 a primeira hora e R$3,00 por hora adicional.

Transporte Público: Metrô Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m).

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)

Shopping Parque da Cidade recebe a exposição “O Caminho da Arte” II edição

São Paulo, por Kleber Patricio

Depois de ter sido apresentada com muito sucesso no Hall Monumental da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo entre os dias 1 e 10 de junho, a segunda edição da exposição “O Caminho da Arte” ganha destaque agora no Shopping Parque da Cidade, reduto da Art A3 Gallery. A galerista Rosita Cavenaghi resolveu ampliar a mostra, uma vez que o acervo, de 38 obras de 19 artistas, é muito rico em estilo artístico distinto. De 1º até 15 de julho, a exposição poderá ser visitada no piso térreo do Shopping, que fica na Av. das Nações Unidas, 14401, Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo. O vernissage será no dia 1º de julho das 16 às 21h.

Nesta edição, “O Caminho da Arte” contém, entre as obras apresentadas, pinturas tradicionais produzidas em óleo ou acrílico sobre tela, mosaicos em vidro, artes digitais fotográficas, esculturas e colagens, entre outras técnicas que, juntas, ajudaram a compor a vasta história da arte. “Queremos reforçar que os vários tipos de manifestações artísticas se cruzam em vários momentos. Até por isso o nome da exposição é ‘O caminho da arte’”, explica Rosita Cavenaghi, da Art A3 Gallery.

Com  curadoria de Oscar D’Ambrosio, o foco da exibição se encontra em dar visibilidade aos diversos artistas, assim como à enorme variedade de formas de produzir arte. Os artistas participantes são Amin, Andre Bringuenti, Ara Vilela, Christian Piason, Charles Chaim, Cris Bevilacqua, Eliane Mattos , Elisabeth Wortsman, Fatima Marques, Gisele Faganello, Gisele Ulisses, Ju Barros, Marcelo Neves, Marco Briones, Maria Estanislava, Paulo Vitor Carneiro, Ricardo Kovacs, Solange Rabello, Van Xavier e Zé Mário Passos.

Rosita também ressalta a importância de realizar uma exposição de grande porte em um local público, onde os artistas possam atingir mais pessoas por meio de seus trabalhos, daí a continuidade de apresentar “O Caminho da Arte” na própria galeria, localizada num dos shoppings mais concorridos da capital paulista. “Precisamos de mais exibições em locais públicos, onde pessoas de todas as camadas da sociedade tenham acesso à cultura de qualidade”, completa. A mostra é gratuita e aberta ao público.

Serviço:

Exposição: “O caminho da Arte – II edição”

Local: Shopping Parque da Cidade

Quando: 1º até 15 de julho – Horário: das 10h às 21h

Vernissage: 1º de julho das 16 às 21h

Endereço: Av. das Nações Unidas, 14401 – Chácara Santo Antônio (Zona Sul), São Paulo

Curadoria: Oscar D’Ambrosio

Info: Rosita Cavenaghi (11 94219-1834)

Valores: gratuito e aberto ao público.

(Fonte: Gisele M F C Lahoz Press)