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Balé da Cidade de São Paulo e Orquestra Sinfônica Municipal apresentam “Inacabada” e “O Balcão do Amor”

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Rafael Salvador.

Após estrear a temporada com uma dupla de coreografias, “Fôlego” e “Motriz”, o Balé da Cidade de São Paulo retorna ao palco do Theatro Municipal com “Inacabada”, do coreógrafo britânico Ihsan Rustem com música de Franz Schubert, e “O Balcão do Amor”, do coreógrafo israelense Itzik Galili, com trilha do cubano Perez Prado. A primeira, dança a música do compositor austríaco, executada pela primeira vez 30 anos após sua morte, em 1828. Já a segunda nasceu de uma viagem para Cuba realizada por Galili, que resultou em uma peça enérgica. Com estreia no dia 2/6 (sexta-feira), as apresentações vão até 10/6 (sábado) e terão a Orquestra Sinfônica Municipal, regida por Alessandro Sangiorgi, executando as músicas ao vivo. A duração total aproximada é de 70 minutos (com intervalo) e os ingressos vão de R$12 a R$84 (inteira).

Com o título de “Inacabada”, a obra é resultado da reunião de manuscritos dos dois primeiros andamentos da sinfonia composta por Franz Schubert, quando tinha apenas 25 anos. Misteriosa e indefinida, ela aparece materialmente na criação de Ihsan Rustem, que transformou o som em movimentos dos bailarinos, em uma obra carregada de intensidade das experiências íntimas do compositor. A partitura ainda seguiu oculta por três décadas após a morte do gênio do romantismo. Tornou-se, então, sua 8ª Sinfonia.

Pequenos recortes da vida se sucedem no palco – cacos de histórias percebidos lentamente na jornada dividida em dois momentos. No figurino, a inspiração em trajes do final do século XIX se revela, mas nunca se completa: há só a parte de baixo ou a de cima de um traje. Nos duos (homem-homem, homem-mulher, mulher-mulher), outra referência à vida do compositor.

“Em 1822, Schubert começou a escrever a Sinfonia em si menor, destinada a ser inacabada mais por questões práticas, por ele ter pensado que não teria reais condições de que ela viesse a ser executada; ‘Quem poderia fazer mais depois de Beethoven?’, ele disse. Creio que com a ‘Inacabada’ o ouvinte não possa imaginar qual prosseguimento o gênio poderia ter dado a essa sinfonia, mas, com certeza, o ‘inacabamento’ reforça aquele sentimento de pergunta sem resposta e de meditação serena, mas irreparavelmente pessimista, que a coloca entre os documentos mais autênticos e elevados da arte do compositor”, explica Alessandro Sangiorgi, maestro que fará a regência do concerto.

Em 2011, o coreógrafo israelense Itzik Galili viajou para Cuba e regiões do Caribe, onde se inspirou na sonoridade do mambo para criar uma peça dinâmica, impregnada de toques humorísticos, descontraída, sensual e repleta de uma bela loucura. Reconhecido por construir mais de 60 trabalhos com companhias do mundo todo, como Les Ballets de Monte Carlo e Batsheva Dance Company, “O Balcão do Amor” teve sua estreia mundial com o Balé da Cidade de São Paulo, em maio de 2014. A coreografia teve como ponto inicial o dueto final, que foi criado para uma companhia em Stuttgart, na Alemanha.

A música de Perez Prado, considerado o Rei do Mambo, é carregada de leveza e um profundo sentimento de alegre simplicidade. O estilo musical e coreográfico conhecido como mambo nasceu em Cuba, fruto de uma fusão de várias sonoridades musicais. Ele recebeu forte influência das cadências afro-cubanas procedentes das cerimônias religiosas típicas do Congo –  o que de certa maneira a torna atemporal, principalmente quando vemos novas gerações de latino-americanos se relacionarem com seu eterno jogo de sensualidade e alegria.

“Evidentemente, música caribenha e dança são um conúbio indissolúvel. Perez, com sua trajetória, que o fez chamar de Rei do Mambo, traz todos os elementos rítmicos e melódicos da música cubana, que não deixa os espectadores ficarem quietos na cadeira, dando vontade de sair dançando. Com a versatilidade do Balé da Cidade isso irá gerar uma espetáculo contagiante”, finaliza o maestro.

Theatro Municipal – Sala de Espetáculos

BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO

ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL

Alessandro Sangiorgi, regência

INACABADA (28’)

Ihsan Rustem, coreografia (em colaboração com o elenco) e cenário

Franz Schubert, música (Sinfonia nº 8, D. 759)

Caetano Vilela, iluminação

Cassiano Grandi, figurino

Carolina Franco e Roberta Botta, ensaiadoras

Elenco nos dias 2, 3, 4 e 6/6

Ana Beatriz Nunes, Ariany Dâmaso, Bruno Gregório, Carolina Martinelli, Fabiana Ikehara, Isabela Maylart, Jessica Fadul, Leonardo Muniz, Luiz Crepaldi, Manuel Gomes, Marcel Anselmé, Márcio Filho, Renata Bardazzi, Uátila Coutinho e Victoria Oggiam.

Elenco nos dias 7, 8, 9 e 10/6

Ana Beatriz Nunes, Ariany Dâmaso, Bruno Rodrigues, Fabio Pinheiro, Fernanda Bueno, Harry Gavlar, Isabela Maylart, Jessica Fadul, Leonardo Silveira, Luiz Oliveira, Marina Giunti, Marisa Bucoff, Rebeca Ferreira, Victor Hugo Vila Nova e Yasser Díaz.

Intervalo (20’)

O BALCÃO DE AMOR (20’)

Itzik Galili, coreografia, figurino e desenho de luz

Dámaso Perez Prado, música

Rodrigo Morte, arranjo

Elisabeth Gibiat, assistente de coreografia

Carolina Franco e Roberta Botta, ensaiadoras

João Pimenta, confecção de figurinos

Elenco nos dias 2, 3, 4 e 6/6

Dueto: Camila Ribeiro e Cleber Fantinatti.

Ana Beatriz Nunes, Ariany Dâmaso, Fabiana Ikehara, Isabela Maylart, Jessica Fadul, Marina Giunti, Marisa Bucoff, Rebeca Ferreira, Renata Bardazzi, Bruno Gregório, Bruno Rodrigues, Fabio Pinheiro, Leonardo Muniz, Luiz Crepaldi, Luiz Oliveira, Manuel Gomes, Victor Hugo Vila Nova e Yasser Díaz.

Elenco nos dias 7, 8, 9 e 10/6

Dueto: Ariany Dâmaso e Bruno Rodrigues.

Ana Beatriz Nunes, Erika Ishimaru, Fabiana Ikehara, Isabela Maylart, Jessica Fadul, Marina Giunti, Marisa Bucoff, Renata Bardazzi, Renée Weinstrof, Bruno Gregório, Cleber Fantinatti, Fabio Pinheiro, Leonardo Muniz, Luiz Crepaldi, Luiz Oliveira, Marcel Anselmé, Victor Hugo Vila Nova e Yasser Díaz.

Duração total aproximadamente 70 minutos (com intervalo)

Classificação não recomendado para menores de 14 anos

Ingresso de R$12,00 a R$84,00 (inteira)

Theatro Municipal

Praça Ramos de Azevedo, s/nº

Tel. Bilheteria: (11) 3367-7257.

(Fonte: Theatro Municipal de São Paulo)

Destinos brasileiros com produção de café atraem amantes da bebida

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: divulgação/Hurb.

Na quarta-feira 24/5 celebrou-se o dia nacional de uma das maiores paixões do brasileiro – o café, que dá início à manhã e acompanha ao longo do dia. Não é à toa que o Brasil, além de ser o principal produtor do grão no mundo, é também um dos seus maiores consumidores. Com origem etíope, as sementes do café foram levadas a diferentes países até que seu consumo se popularizasse por todo o mundo. E para quem deseja celebrar a bebida com experiências educativas, gastronômicas e até relaxantes, o Hurb indica os destinos nacionais conhecidos pela cafeicultura.

Rio de Janeiro – No sul do estado, o Vale do Café contempla 15 municípios fluminenses que, na década de 1860, chegaram a produzir 75% do café consumido em todo o mundo. A partir do aumento nas buscas dos amantes da bebida por opções gourmet, o vale já é considerado uma das cinco regiões mais atrativas do estado. Com muita história para contar, 30 fazendas locais são abertas à visitação, segundo informações da ABIH-RJ.

Minas Gerais – Cortando os municípios de Carmo de Minas e São Lourenço, a Rota do Café mineira atravessa a Serra da Mantiqueira por cerca de 35 km. Graças à combinação de altitude, solo e temperatura ideais, também chamado de terroir por aqueles que entendem do assunto, a região produz café do tipo arábico, um dos mais consumidos no mundo. Para aqueles que buscam experiências sensoriais alternativas, São Lourenço pode ser o destino mais atrativo da região. Na cidade, é possível relaxar durante um banho de banheira com aroma de café e massagem nos pés, além de ducha escocesa.

Bahia – O clima ameno encontrado nas altitudes da Chapada Diamantina propicia a produção de café também na Bahia e aqui também criou-se uma variedade especial deste produto. Afinal, seis dos dez melhores grãos do país, segundo a premiação Cup of Excellence, são baianos. A avaliação anual que considera produtos de todo o mundo escolheu o produto da Fazenda Tijuco como o melhor café brasileiro.

São Paulo – Reconhecida pelo Ministério do Turismo, Serra Negra conta com a Rota Turística do Café, onde a Mata Atlântica divide espaço com os cafezais locais. O município oferece uma variedade de passeios que valorizam a produção dos seus cafés especiais, mas reúne outras atrações turísticas, como as visitas a destilarias, alambiques e cachoeiras da região.

Ceará – No sertão cearense, a Rota Verde do Café destaca-se pela produção do Café da Sombra. O plantio dessa variedade regional acontece em um rico solo umedecido pelo orvalho e foi assim chamado por não receber luz direta do sol. A Rota Verde passa por quatro municípios locais: Pacoti, Mulungu, Guaramiranga e Baturité.

Paraná – Esse foi mais um estado de grande contribuição para a história econômica do país, até que, entre os anos 1960 e 1970, duras geadas afetaram a produtividade do seu solo. Hoje, o Paraná retomou a cafeicultura, ainda que em menor escala, em nove municípios. Pela região, encontram-se experiências que exaltam o sabor do café; por exemplo, por meio de menus gastronômicos especiais. No Museu Histórico de Londrina, acontece anualmente a Semana do Café. Já na capital Curitiba, o Festival do Café reúne comerciantes e produtores locais da bebida.

E para compartilhar um pouco sobre as experiências de um barista especialista em latte art, o Hurbcast – programa da travel tech – recebeu o campeão na competição nacional Coffee in Good Spirits Emerson Nascimento, carioca que garantiu o primeiro lugar na premiação em 2017 e 2020.

Sobre o Hurb | O Hurb é uma empresa de tecnologia e inovação que se consolidou como a maior plataforma de viagens online do Brasil. Com a missão de potencializar viagens através da tecnologia, a empresa visa otimizar o tempo dos seus clientes através da ciência. Cumprindo o princípio primordial de livrar pessoas da preocupação, conecta clientes a novos lugares. Fundada em 2011, a empresa vende uma diária a cada 8 segundos, sendo responsável por 1,56% (2020) do PIB do turismo no Brasil. Em menos de 10 anos, alcançou 25 milhões de viajantes cadastrados, 35 mil destinos em todo o mundo e mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais, chegando a ser considerada a maior fanpage do turismo mundial. Com 1100 funcionários, o Hurb é uma marca global com sede no Rio de Janeiro e atuação em todo o Brasil e no exterior, com escritórios em Porto e Lisboa (Portugal), Sorocaba (SP) e Montreal (Canadá).

(Fonte: FSB Comunicação)

Paula Lima apresenta canções emblemáticas da música brasileira e clássicos da sua carreira, no SESC Pinheiros no dia 4 de junho

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Diego Mello.

Com mais de duas décadas de carreira, Paula Lima dá sua assinatura a canções emblemáticas da música popular brasileira e clássicos da sua carreira. Tudo com um forte acento da Black Music. No show “Eu, Paula Lima”, no dia 4 de junho, às 18h, no SESC Pinheiros, a cantora também traz novidades e apresenta “O universo que habita em mim”, com os versos antipandêmicos que Emicida escreveu especialmente para ela.

Paula divide o palco com Henry Marcelino (bateria), Felipe Pizzu (baixo), Deusnir (teclado), Jorginho Neto (trombone), Guto Bocão (percurssão) e Bruno Nunes (guitarra e direção musical).

O show, com direção artística da própria cantora e de Allex Colontonio, promete uma imersão em suas diferentes verves, do soul ao disco, do samba ao rock, da mpb ao funk. “Eu fiz um som novo, pra todo povo, pra toda gente. Pra ver se a gente cura esse mundo doente”, destaca a cantora.

Serviço:

Paula Lima

Dia 4 de junho de 2023 – domingo, às 18h

Duração: 90 minutos

Local: Teatro Paulo Autran

Classificação: 10 anos

Ingressos: R$40 (inteira); R$20 (meia) e R$12 (credencial plena).

(Fonte: SESC SP)

Museu de Arte Sacra inaugura exposição “Fé, Engenho e Arte – Os Três Franciscos: mestres escultores na capitania das Minas do ouro”

São Paulo, por Kleber Patricio

Obras de Aleijadinho que fazem parte da mostra. Fotos: divulgação/MAS.

O Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS.SP) inaugura a exposição “Fé, Engenho e Arte – Os Três Franciscos: mestres escultores na capitania das Minas do ouro”, sob curadoria de Fabio Magalhães e museografia de Haron Cohen, onde exibe 65 obras dos mestres do barroco brasileiro: Antônio Francisco Lisboa (aka Aleijadinho), Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier de Brito. Na mostra, o MAS.SP homenageia os expoentes das expressões barroca e rococó no Brasil do séc. XVIII, além de estabelecer um paralelo entre as obras desses três artistas que se faz fundamental para a compreensão e apreciação da arte sacra barroca brasileira. A exposição destaca esculturas e talhas, oferecendo ao público uma experiência imersiva e enriquecedora.

Os artistas

Antonio Francisco Lisboa – Aleijadinho (1738–1814) – Nascido em Vila Rica (atual Ouro Preto), é considerado um dos maiores expoentes da arte barroca no Brasil. Pouco se sabe com certeza sobre sua biografia e sua trajetória é reconstituída por meio das obras que deixou. Toda sua obra – entre talhas, projetos arquitetônicos, relevos e estatuária – foi realizada em Minas Gerais. Sua produção artística, apesar das limitações físicas decorrentes de uma doença degenerativa, é notável pela expressividade e minúcia dos detalhes. Aleijadinho é conhecido principalmente por suas esculturas, com destaque para os profetas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, e os doze apóstolos de Ouro Preto.

Maria Madalena. Obra de Francisco Xavier de Brito. Fotos: divulgação/MAS

Francisco Vieira Servas (1720–1811) – escultor e entalhador português nascido em Eidra Vedra, foi um dos principais representantes da talha e do barroco mineiro, deixando uma importante marca na arte sacra. Sua habilidade técnica e a fusão de influências europeias com a sensibilidade local resultaram em obras de grande beleza e expressividade. Suas esculturas revelam uma devoção religiosa profunda, retratando santos, anjos e cenas bíblicas em madeira e pedra.

Francisco Xavier de Brito (?–1751) – entalhador e escultor português, com local de nascimento desconhecido, foi responsável por importantes talhas de Igrejas do barroco mineiro. Ele contribuiu de maneira significativa para a arte sacra barroca brasileira. Suas habilidades na arquitetura e no entalhe complementam a exposição, apresentando ao público obras detalhadas e distintas.

A visão do arquiteto

A materialização das linhas de um projeto expositivo em uma mostra de arte é um desafio vencido a quatro mãos. Nele, estão inseridos o conceito curatorial que define as obras a serem exibidas e a forma, juntamente com a história, que será contada de forma visual – é a memória que fica gravada na mente de quem a vê. No conceito pensado por Haron Cohen para “Fé, Engenho e Arte – Os Três Franciscos: mestres escultores na capitanias das Minas do ouro”, o primeiro espaço é uma sala branca, onde uma simulação do adro de Congonhas do Campo reproduz com fidelidade, nas devidas proporções, a localização original dos 12 Profetas criados por Aleijadinho. É um instante que sugere calma.

Aleijadinho – Oratório Ermida.

Uma vez que o projeto concebido por Haron Cohen se propôs a criar uma Ouro Preto dramática, com representações de desníveis, ladeiras e praças características do local, o toque diferencial vem da idealização de um novo conceito de ‘altar’. Como os três mestres da mostra viveram na cidade, as suas ruas se transformaram em altares para seus santos. Superfícies brancas simulando ruas, com focos de luz para dar destaque ao etéreo, sugerindo enlevação: “eu crio uma Ouro Preto cheia de ruas e de altos e baixos”, explica o arquiteto.

Adentrar a sala principal oferece a dramaticidade proposta, uma vez que o caminho se inicia pela parte lateral de um ‘altar’ em formato longitudinal, permitido pelo desenho do espaço expositivo. Ao seguir as ruas e desníveis da cidade apresentada e acompanhar as 55 obras presentes, tem-se ao fundo o ‘Painel das 1000 cruzes’, com destaque para as de cor branca sobre um azul denso que remete ao tom do céu de Ouro Preto, representando ascensão e queda, por seu ângulo e direcionamento.

Na sequência, o espaço em vermelho e carmim exibe peças não menos representativas da arte barroca, dos mestres portugueses Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier de Brito, na mesma Ouro Preto de ladeiras e curvas onde viveram grande parte de suas vidas.

Um pouco da história

Aleijadinho – Nossa Senhora das Dores.

No período que abrange os séculos XVIII e XIX, período da ascensão e declínio da mineração aurífera na Capitania das Minas de Ouro, diversos arquitetos, entalhadores, escultores e pintores atuaram na região. Três escultores de nome Francisco se sobressaíram em comparação aos demais: Antônio Francisco Lisboa (conhecido como Aleijadinho), sem dúvida nenhuma, o grande escultor do Brasil colônia, nascido em Vila Rica, Francisco Xavier de Brito e Francisco Vieira Servas, ambos de origem portuguesa.

Os reis portugueses sempre sonharam com a possibilidade de ouro abundante na vastidão das terras do Brasil. As descobertas espanholas no vice-reino do Peru fizeram com que incentivassem bandeirantes e aventureiros a realizarem incursões por regiões que não lhes pertenciam à procura do metal. Isso contribuiu para que o território da colônia se expandisse e povoados foram criados além das linhas do Tratado de Tordesilhas.

O pensamento dos bandeirantes era simples: se havia ouro na costa espanhola da América do Sul, devia haver também no Brasil. Eles estavam certos. No séc. XVIII, o Brasil se transformou no maior produtor de ouro do mundo. A notícia se espalhou com rapidez e gerou uma corrida tanto entre os habitantes locais como os de Portugal. Todos foram em busca de riqueza e poder.

Aleijadinho – São Francisco de Assis.

Para garantir sua parte, o rei de Portugal impôs regras rígidas: enviou milícias para vigiar a produção de minérios que também impediam o acesso à região das minas, sendo permitida apenas com autorização real. Todos os caminhos eram vigiados para impedir o contrabando e, mesmo assim, parte considerável da produção escapava desse controle.

Uma nota de contextualização: fazem parte desse período conhecido como “civilização do ouro”, do final do século XVII, no meio do nada e distante de tudo, o artista Antônio Francisco Lisboa, nascido em Vila Rica, conhecido como Aleijadinho, Francisco Xavier de Brito e Francisco Vieira Servas.

O Rei D. João V tomou diversas medidas para controlar e assegurar o envio do ouro para Portugal. Uma delas, em 1711, foi a proibição da entrada de ordens religiosas na região das minas e obrigou a saída das que já estavam nos locais, buscando evitar a intervenção do poder da Igreja católica nos assuntos auríferos do reino. Assim sendo, o trabalho de evangelização e gestão paroquial foi assumido por sacerdotes seculares. Multiplicaram-se, também, a presença de confrarias leigas, irmandades e ordens terceiras que tomaram a frente dos temas religiosos em Minas e, com fé, engenho e arte, investiram em construções de igrejas de alto nível artístico e nas representações do imaginário do sagrado. Portugal enviou seus mestres e também ensinou os nativos no ofício do entalhe e da cantaria, entre outras atividades vinculadas à arte sacra.

Mesmo com a proibição do rei de Portugal quanto à presença das ordens na região, a vida religiosa foi organizada por meio de ordens terceiras, irmandades e confrarias. A rivalidade entre essas instituições impulsionou a criação artística, o que resultou em uma plêiade de artistas, artesãos e músicos que foram requisitados para embelezar as celebrações. Em Minas, a religiosidade se expressava com grande pompa, quase como um espetáculo grandioso.

Servas – Oratório Bala.

Durante o período de esplendor e riqueza em Vila Rica, os cidadãos proeminentes da cidade erguiam moradias imponentes, desfrutavam de uma vida luxuosa e apreciavam produtos importados da Europa. As influentes confrarias religiosas competiam fervorosamente entre si, tanto em devoção religiosa, quanto em ostentação da fé. Essas instituições contratavam profissionais especializados, como arquitetos e artesãos, para construir igrejas com fachadas majestosas e ornamentações requintadas. Nesse ambiente próspero e dinâmico, cresceu um jovem mulato chamado Antônio Francisco Lisboa, filho natural do arquiteto português Manuel Francisco da Costa Lisboa (?–1767).

No ano de 1738, coincidindo com o nascimento de Antônio Francisco Lisboa, as ricas jazidas de ouro da região ainda apresentavam uma produção generosa, o que impulsionava um notável crescimento em todas as regiões de Minas Gerais, em especial em Ouro Preto.

A exposição ” Fé, Engenho e Arte – Os Três Franciscos: mestres escultores na capitania das Minas do ouro” convida os visitantes a explorar e apreciar a riqueza das obras desses três mestres da arte sacra barroca brasileira. O Museu de Arte Sacra de São Paulo tem o prazer de proporcionar essa oportunidade única de mergulhar na história e na cultura por meio das criações de Antônio Francisco Lisboa, Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier de Brito.

Serviço:

Exposição “Fé, Engenho e Arte – Os Três Franciscos: mestres escultores na capitania das Minas do ouro”

Artistas: Antônio Francisco Lisboa, Francisco Vieira Servas, Francisco Xavier de Brito

Curadoria: Fábio Magalhães

Museografia: Haron Cohen

Abertura: 27 de maio, sábado, às 11h

Período: de 28 de maio a 30 de julho de 2023

Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo | MAS/SP

Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo, SP (ao lado da estação Tiradentes do Metrô)

Estacionamento gratuito/alternativa de acesso: Rua Jorge Miranda, 43 (sujeito a lotação)

Tel.: (11) 3326-3336 – informações adicionais

Horários: de terça-feira a domingo, das 9 às 17h (entrada permitida até às 16h30)

Ingresso: R$6,00 (Inteira) | R$3,00 (meia entrada nacional para estudantes, professores da rede privada e I.D. Jovem – mediante comprovação) | Grátis aos sábados | Isenções no site.

(Fonte: Balady Comunicação)

“Brincando de Deus”, um livro sobre o poder humano de mudar a natureza

São Paulo, por Kleber Patricio

Aconteceu em abril o lançamento no Brasil do livro “Brincando de Deus – Como a humanidade vem alterando a natureza há 50 mil anos”, de Beth Shapiro, professora de Biologia Evolutiva na Universidade da Califórnia em Santa Cruz (EUA) e pesquisadora no Instituto Médico Howard Hughes em Chevy Chase, Maryland. É autora de “How to Clone a Mammoth” (Como clonar um mamute), que ganhou o Prêmio AAAS/Subaru de Excelência em Livros Científicos. Seu trabalho é focado na análise de DNA antigo.

O lançamento nacional é da Editora Contexto, idealizada pelo historiador Jaime Pinsky e especializada em ciências humanas. A obra, já presente nos mercados dos Estados Unidos e Inglaterra, nos quais tem obtido grande sucesso de público e crítica, já teve seus direitos vendidos em vários outros países, dentre os quais a Rússia, Coreia do Sul e China.

O livro reitera que a natureza nunca mais foi a mesma depois que o homem surgiu. Desde o início, a humanidade caçou, poluiu e levou centenas de espécies à extinção. Transformou lobos em cães boston terriers, teosinto (milho antigo) em pipoca e repolho selvagem em couve e brócolis. À medida que os ancestrais aprenderam a caçar, a domesticar animais e a viajar, suas ações e deslocamentos criaram condições para que as espécies se adaptassem e evoluíssem.

Porém, as mudanças recentes são diferentes. As biotecnologias atuais permitem interferir em espécies com mais rapidez e precisão do que nossos ancestrais. A inseminação artificial, a clonagem e a edição de genes melhoram o controle sobre o DNA transmitido à próxima geração, aumentando ainda mais a capacidade de intervenção humana como força evolutiva, que é maior do que nunca. “Devemos reconhecer, aceitar e aprender a controlar esses poderes”, observa a autora, que mostra, em seu instigante texto, como o homem chegou até aqui e quais os dilemas e possibilidades para o futuro.

Beth Shapiro relata ter dividido a história da mudança das relações da espécie humana e das demais em duas partes, que separam, de maneira aproximada, o antes e o depois do advento das tecnologias de engenharia genética, que muitos veem como um momento decisivo da capacidade de manipular a natureza. A Parte I, “Como é”, se desenvolve em três estágios cronológicos da inovação humana: predação, domesticação e conservação. A Parte II, “Como poderia ser”, explora as biotecnologias do próximo estágio.

Histórias curiosas

O livro é repleto de histórias curiosas sobre a própria autora e sua trajetória como cientista. Quando ela fala sobre estudo de DNA antigo, por exemplo, conduz o leitor ao mundo dos mamutes e dos bisões. Estes, aliás, são uma de suas especialidades. Ela própria relata o motivo: numa divisão de estudos sobre espécies, seus colegas mostraram pouco interesse pelos bisões. “Embora eu não estivesse exatamente apaixonada por bisões, via o DNA antigo como algo extremamente interessante”, lembra. O bisão é um animal muito interessante, que remonta à Pré-História. Quase foi extinto duas vezes. Na segunda, só não foi por intervenção humana.

Uma história divertida foi quando Beth Shapiro, toda animada, foi pegar um chifre de rinoceronte em um museu, o que despertou o bom-humor e brincadeiras por parte dos colegas. Motivo: “Lembrei-me de que o chifre de rinoceronte lanudo é feito de cabelo, fios de queratina totalmente comprimidos. Com o tempo, os fios vão apodrecendo e se quebrando. Vale a pena entender que era material de 50 mil anos, jamais lavado, que tinha passado um longo tempo enterrado. Depois, foi desenterrado e colocado numa prateleira de uma sala abafada. Enfim, não é o tipo de coisa que você desejaria manipular sem luvas”.

Ficha Técnica:

Título: Brincando de Deus – Como a humanidade vem alterando a natureza há 50 mil anos

Autora: Beth Shapiro

Editora: Contexto

Tradutor: Diogo Chiuso.

Número de páginas: 352

Preço de capa: R$79,70.

Sobre a Contexto | Idealizada pelo historiador Jaime Pinsky e especializada em ciências humanas, a Editora Contexto está presente desde 1987 no mercado editorial brasileiro. Publica obras voltadas para a universidade e o público em geral. Mais informações no portal

Portal Editora Conexto.

(Fonte: Ricardo Viveiros & Associados – RV&A)