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Orquestra de Câmara da ECA/USP (OCAM) retorna ao Instituto Tomie Ohtake para celebrar 10 anos de parceria entre as instituições

São Paulo, por Kleber Patricio

OCAM no Instituto Tomie Ohtake. Fotos: Ricardo Miyada.

O Instituto Tomie Ohtake e a Orquestra de Câmara da ECA/USP (OCAM) celebram em 2025 10 anos de colaboração entre as instituições. Para marcar a parceria, a orquestra apresenta uma série de concertos ao longo do ano dentro do programa ‘Imersão OCAM no Tomie’, com uma programação rica e diversificada que destaca tanto a tradição quanto a inovação na música clássica. Sob a direção de renomados regentes e músicos convidados, a temporada acontece de fevereiro a novembro de 2025 ocupando todos os espaços do Instituto Tomie Ohtake.

O conceito de ‘imersão’ propõe uma abordagem inovadora, na qual o público não apenas assiste ao concerto, mas se sente integrado à própria orquestra. Isso ocorre pela disposição do palco, no mesmo nível dos assentos da plateia, criando uma conexão mais próxima e intensa do público com a música e os músicos.

No próximo domingo, dia 23 de março, às 11h, o regente Ricardo Bologna e a clarinetista Camila Barrientos Ossio apresentam o programa Um pulo no ar, com interpretações de Escaramuza, de Gabriela Lena Frank, o Concerto para Clarineta e Orquestra de Cordas de Aaron Copland e a Sinfonia nº7 em Lá Maior, Op. 92, de Ludwig van Beethoven.

Em junho, sob a regência do maestro Gil Jardim, a OCAM realiza um concerto que celebra três décadas de história da orquestra, trazendo ao palco do Tomie alguns músicos vencedores de seu concurso de jovens solistas apresentando obras de Hoffmeister, Andersen e Ronaldo Miranda. Já no segundo semestre, o programa Realidades Imaginárias, apresenta o violão de Edelton Gloeden sob a regência de André Bachur para interpretar peças de Yuri Behr, Leo Brouwer, Marisa Rezende e Igor Stravinsky, além de uma estreia mundial de Fernando Dias Gomes. Em novembro, o programa Passione Clássica encerra a programação reunindo os músicos Amanda Martins e Alessandro Santoro que conduzem uma jornada pelo classicismo, com obras de Beethoven, Haydn e C.P.E. Bach.

Para o fundador e presidente do Conselho do Instituto Tomie Ohtake, Ricardo Ohtake, “Festejar os 10 anos de parceria entre o Instituto Tomie Ohtake e a OCAM, especialmente em um momento tão marcante como os 30 anos dessa brilhante orquestra, é motivo de grande orgulho. A programação pensada para essa celebração abre espaço para concertos que encantam tanto pelo respeito às raízes da música clássica quanto pela ousadia de novas propostas artísticas. Espero que a OCAM continue a sua vida entusiástica, e que volte sempre para se apresentar ao público do Instituto Tomie Ohtake”.

“Neste ano, celebramos 30 anos da OCAM e 10 anos de parceria com o Instituto Tomie Ohtake, o que para nós é uma grande honra e alegria. Os concertos apresentados no Instituto são sempre muito especiais, pois unir música e artes visuais é muito inspirador e enriquecedor tanto para a orquestra quanto para o público, que é sempre muito receptivo e acolhedor. Nesses 10 anos, poder compartilhar ideias, música e arte com Ricardo Ohtake, pessoa tão querida por nós, e sua equipe brilhante foi e é um presente para a OCAM. Que venham mais 10, 20 anos com muita arte, inovação e inspiração!”, afirma Ricardo Bologna, diretor artístico e maestro titular da OCAM.

Sobre a parceria

Desde 2015, quando se deu início a parceria firmada entre o fundador e presidente do Conselho do Instituto Tomie Ohtake, Ricardo Ohtake, e Gil Jardim, então diretor artístico e regente principal da OCAM, a colaboração resultou em uma série de apresentações memoráveis. A maioria dos concertos foi cuidadosamente concebida para se conectar com as exposições em exibição no Instituto, com um repertório especialmente interligado aos temas das mostras, criando uma experiência imersiva e única para o público. As apresentações ocorreram explorando diferentes espaços do edifício, em meio às salas de exposição, além do grande hall e mezanino, permitindo uma interação dinâmica entre a música e as artes visuais.

Um dos destaques dessa parceria aconteceu em 2016, em um espetáculo inspirado nas exposições Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem e Aprendendo com Dorival Caymmi: Civilização Praieira, que contou com a participação da OCAM e do renomado cantor, violonista e compositor, Dori Caymmi. Nesse mesmo ano, a orquestra fez uma intervenção na exposição Os Muitos e o Um: Arte Contemporânea Brasileira na Coleção Andrea e José Olympio Pereira.

Já em 2017, a OCAM esteve presente com um concerto especial na abertura da exposição Yoko Ono ‘O céu ainda é azul, vc sabe…’. No mesmo ano, o Ensemble OCAM, formado por integrantes da orquestra, apresentou um recital com obras de compositoras brasileiras. O concerto, que marcou o encerramento da exposição Invenções da Mulher Moderna, Para Além de Anita e Tarsila, celebrou a trajetória de artistas modernistas femininas e incluiu peças inéditas de três das mais importantes compositoras brasileiras da atualidade: Léa Freire, Valéria Bonafé e Patricia Lopes. O Ensemble OCAM, que já se apresentou em diferentes formações desde sua criação em 2013, foi composto exclusivamente por mulheres neste recital.

Além disso, em 2019, o Concurso de Composição Musical Tomie Ohtake foi uma iniciativa que celebrava a obra da artista, desafiando compositores a criar peças inspiradas em três de suas gravuras. Ao longo dessa década, a parceria entre a OCAM e o Instituto Tomie Ohtake tem sido uma celebração constante da fusão entre a música e as artes visuais. Confira abaixo o programa completo da série Imersão OCAM no Tomie.

Programação 2025 – Série Imersão OCAM no Tomie

23 de março, domingo, às 11h

Um Pulo no Ar

Ricardo Bologna – Regente

Camila Barrientos Ossio – Clarineta

Programa:

Gabriela Lena Frank

Escaramuza

Aaron Copland

Concerto para Clarineta e Orquestra de Cordas

Ludwig Van Beethoven

Sinfonia nº 7 em Lá Maior, Op. 92

15 de junho, domingo, às 11h

OCAM 30 Anos | Concurso Jovens Solistas

Gil Jardim – Regente

Alexandre Ficarelli – Oboé

Andreza Batistella Viola | Vencedora Concurso Jovens Solistas OCAM

Gabriela Fiorini   Flauta |Vencedora Concurso Jovens Solistas OCAM

Programa:

Franz Anton Hoffmeister

Concerto para Viola em Ré Maior

Joachim Andersen

Ballade et Danses des Sylphes, Op. 5

Ronaldo Miranda

Ballade et Abá-Ubú para Oboé e Orquestra

17 de agosto, domingo, às 11h

Realidades Imaginárias

André Bachur – Regente

Edelton Gloeden – Violão

Programa:

Yuri Behr

Morana

Leo Brouwer

Concerto nº1 para Violão e Pequena Orquestra

Fernando Dias Gomes

Sem título | Ateliê de Composição CMU-OCAM – estreia mundial

Marisa Rezende

Fragmentos

Igor Stravinsky

Suite Pulcinella

16 de novembro, domingo, às 11h

Passione Clássica

Amanda Martins – Dir. Musical

Alessandro Santoro – Cravo

Programa:

Ludwig Van Beethoven

Abertura Egmont, Op. 84

Carl Philipp Emanuel Bach

Concerto para Cravo em Fá Maior, Wq.12 H.415

Joseph Haydn

Sinfonia nº49 em Fá menor, “La Passione”

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) – Pinheiros SP

Metrô mais próximo: Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: (11) 2245 1900

Site: institutotomieohtake.org.br

Facebook: facebook.com/inst.tomie.ohtake

Instagram: @institutotomieohtake

Youtube: https://www.youtube.com/@tomieohtake.

(Com Martim Pelisson/Instituto Tomie Ohtake)

Museu A Casa do Objeto Brasileiro recebe exposição ‘Onde em Sonho Ela Mora’, de Cristiane Mohallem

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Divulgação.

A nova mostra que integra a temporada de exposições do museu A Casa do Objeto Brasileiro, intitulada ‘Onde em Sonho Ela Mora’, apresenta trabalhos da artista paulistana Cristiane Mohallem. Suas obras convidam o público a adentrar um universo onírico por meio de onze tapeçarias bordadas e seis pinturas que transitam entre o abstrato e o figurativo. Com abertura no dia 29 de março, sábado, a partir das 14h, a exposição segue em cartaz até 11 de maio.

Inspirada pelo poema ‘Eros e Psique’, de Fernando Pessoa, Mohallem transforma experiências e memórias em paisagens imaginárias. Partindo de lugares que fazem parte do seu cotidiano, como uma praça em São Paulo até um pequeno vilarejo na Islândia, suas obras entrelaçam cores e formas que evocam tanto familiaridade quanto estranhamento.

O gesto do bordado, que remonta a uma tradição manual milenar, ganha em seu trabalho uma abordagem intuitiva, guiando o olhar do visitante por caminhos visuais carregados de simbolismo. “No meu ateliê, bordados e pinturas coexistem lado a lado, muitas vezes sendo feitos simultaneamente. Por isso, gosto de apresentá-los em conjunto”, explica a artista.

As tapeçarias bordadas de Mohallem exploram a interseção entre a paisagem real e a imaginária. Peças como ‘Árvore-Mãe’, inspirada em uma figueira de uma praça paulistana, e ‘Raízes de Mangue’, criada a partir de uma viagem à Bahia, revelam sua relação com a natureza e a memória afetiva dos lugares que percorre. Em sua estadia em Blonduós, na Islândia, a artista absorveu as paisagens da região e transformou em obras como ‘Encontro do Rio e do Mar’ e ‘Sopro’.

Já suas pinturas figurativas acrescentam uma nova dimensão à exposição, trazendo figuras humanas que poderiam habitar esses cenários sonhadores. Telas como ‘Homem ao Azul’ dialogam com suas tapeçarias, ampliando as possibilidades narrativas de seu trabalho. “Recentemente, ao organizar o ateliê, coloquei a pintura ‘Homem ao Azul’ ao lado da tapeçaria ‘Pedra do Mar’. Imediatamente lembrei-me do verso ‘cresce o tempo sobre a pedra’ do poema ‘O Homem do Violão Azul’, de Wallace Stevens“, finaliza Mohallem.

Paisagens da Serra: Oficina de Bordado com Cristiane Mohallem

Como parte da programação da exposição, o Museu A Casa do Objeto Brasileiro promove a oficina Paisagens da Serra, ministrada por Cristiane Mohallem. A atividade acontecerá no dia 10 de maio, das 10h às 12h30, e propõe explorar o bordado como meio de expressão artística e de conexão com a natureza. Os participantes serão convidados a criar bordados inspirados em paisagens da Serra do Mar, Serra da Mantiqueira, Serra da Bocaina, entre outras, utilizando a abordagem gestual da artista.

O material será fornecido, incluindo tecido, linha e agulha. Os participantes podem trazer bastidores e fotos de paisagens serranas, caso desejem. Não há pré-requisitos para a participação e iniciantes são bem-vindos. O investimento é de R$300,00 e as vagas são limitadas.

Sobre a artista

A produção artística de Cristiane Mohallem abrange pintura, bordado e desenho. Seu trabalho se dedica a retratar imagens inspiradas na natureza, nas pessoas e nos interiores das casas.

Nascida em São Paulo (1974), Mohallem formou-se em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Criou e coordenou o projeto Oficina das Artes no Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp/SP, experiência que a levou ao mestrado em Artes e Arteterapia na School of the Art Institute of Chicago. Foi nessa instituição que descobriu o universo das artes visuais, com especial interesse pelos ateliês de pintura. Em 2014, decidiu se dedicar integralmente à sua produção artística.

Mohallem foi selecionada pelo edital do Centro Cultural São Paulo (2017), onde realizou a exposição individual ‘São Paulo por um Fio’. Outras mostras individuais incluem ‘O Mundo Além das Palavras’ (2023), Galeria Babel, São Paulo; ‘Árvore Adentro’ (2021), A Casa Museu do Objeto Brasileiro, São Paulo. Entre as exposições coletivas, destacam-se ‘17th International Triennial of Tapestry’ (2022), Central Museum of Textiles in Lodz, Polônia; ‘Coastlines’ (2020), Sanger Gallery – TSKW, EUA; ‘Yelling At the Sky’ (2016), Gaylord & Dorothy Donnelley Foundation, Chicago, EUA; ‘Seeing It Again: Nature Reconsidered’ (2016), Anderson Ranch Arts Center, CO, EUA.

Seu trabalho já foi contemplado por importantes fundações e residências artísticas, como o Instituto Sacatar, Bahia (2019), Ragdale Foundation, Chicago, EUA (2016 e 2019) e The Studios of Key West (TSKW), EUA (2015). Site | Instagram

Sobre o Museu A Casa do Objeto Brasileiro

O Museu A Casa do Objeto Brasileiro é um espaço de referência na valorização do saber artesanal, atuando desde 1997 para proteger, difundir e atualizar suas tradições. Criado pela economista Renata Mellão, o museu fomenta a produção artesanal por meio de exposições, projetos, programação cultural e parcerias institucionais. Seu acervo inclui peças de Mestres Artesãos como Espedito Seleiro e de comunidades como os Baniwa e os ceramistas do Xingu.

Mais do que preservar, o museu atua ativamente na valorização do fazer manual como ferramenta de desenvolvimento social e econômico. Suas iniciativas incentivam a autonomia dos artesãos e artesãs, garantindo o reconhecimento de seus saberes e respeitando a identidade cultural de cada comunidade. Por meio de programas educativos, capacitações e pesquisas, o museu estabelece pontes entre tradição e inovação, fortalecendo a produção artesanal em diferentes territórios.

Ao longo de sua trajetória, o Museu A Casa consolidou-se como um importante polo de pesquisa e reflexão sobre o artesanato brasileiro. Suas exposições revelam a diversidade das práticas artesanais no país, abrangendo técnicas como a cerâmica indígena, as rendas, os trançados e a marcenaria. Além disso, promove iniciativas que aproximam artesãos, designers, pesquisadores e o público interessado na cultura material brasileira.

Desde 2008, o Museu A Casa realiza o Prêmio Objeto Brasileiro, um dos principais reconhecimentos do setor, voltado para a produção artesanal contemporânea. Com nove edições realizadas, o prêmio já recebeu quase duas mil inscrições, destacando a inovação e a excelência do fazer artesanal no Brasil.

Com um olhar atento à tradição e ao futuro do artesanato, o Museu A Casa segue impulsionando novas narrativas e promovendo o encontro entre diferentes gerações de criadores, pesquisadores e apreciadores do objeto brasileiro.

Sobre a Loja do Museu A Casa

A Loja do Museu A Casa é uma extensão do trabalho do Museu A Casa do Objeto Brasileiro, oferecendo ao público a oportunidade de adquirir peças criadas por artesãos e comunidades de diversas regiões do país. Seu acervo é cuidadosamente selecionado para destacar a riqueza do artesanato brasileiro, valorizando materiais, técnicas e expressões culturais únicas.

Cada peça disponível na Loja do Museu A Casa carrega a história e a identidade de seus criadores, conectando tradição e contemporaneidade. O espaço busca promover a sustentabilidade da produção artesanal, garantindo que os artesãos sejam remunerados de forma justa e que seus saberes sejam preservados.

Além de objetos de decoração e utilitários, a loja apresenta uma curadoria especial de peças autorais, muitas delas fruto de parcerias entre designers e mestres artesãos. Dessa forma, a Loja do Museu A Casa se torna um ponto de encontro entre diferentes públicos, incentivando o consumo consciente e a valorização do fazer manual brasileiro.

Serviço:

Onde em Sonho Ela Mora

Local: Museu A Casa do Objeto Brasileiro (Av. Pedroso de Morais, 1216 – Pinheiros, São Paulo – SP

Abertura: 29 de março de 2025, sábado, das 14h às 18h

Período expositivo: de 30 de março a 11 de maio

Horário: de quinta a domingo, das 10h às 18h

Entrada gratuita

Mais informações: Tel: +55 (11) 3814-9711 | E-mail| Site | Instagram.

(Com Diogo Locci/Agência Taga)

Espetáculo ‘Não Me Entrego, Não!’, com Othon Bastos, estreia no Sesc 14 Bis, em São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Beti Niemeyer.

Quando Flávio Marinho recebeu um calhamaço de escritos que Othon Bastos deixou sob sua diligência, confiada pela amizade de décadas dos dois, nenhum deles imaginava que o solo, elaborado sob minuciosa pesquisa, posteriormente escrito e dirigido por Flávio levando em conta os principais acontecimentos da existência de Othon, seria o sucesso de público e crítica que se transformou ‘Não me entrego, não!’.  O espetáculo estreia no Sesc 14 Bis, em São Paulo, de 20 de março a 21 de abril de 2025, de quinta a sábado, às 20h e domingo, às 18h segunda (21), às 15h.

Com a experiência de quem criou muitos tipos e começou histórias diversas tantas vezes ao longo da vida, o ator Othon Bastos repete o gesto com frescor e números expressivos. Às vésperas de completar 92 anos de vida e 74 anos de carreira, nos intervalos da temporada oficial Othon tem circulado com o trabalho em diversos estados do país e já contabiliza mais de 40 mil espectadores e 100 apresentações. Dentre tantos méritos, o espetáculo recebeu láureas como o Prêmio FITA (Festa Internacional de Teatro de Angra), que premiou Flávio Marinho na categoria Melhor Autor e Othon Bastos com o Prêmio Oficial do Júri. A dupla foi ainda homenageada na 1ª edição do Prêmio Arte e Longevidade Rio 2024 e Othon, que está indicado na categoria Melhor Ator pelo júri carioca do Prêmio Shell, levou ainda o prêmio Cariocas do Ano da revista Veja Rio na categoria Teatro. Com a peça, Othon Bastos foi indicado ao Prêmio Shell de Melhor Ator. O espetáculo também concorre ao prêmio APTR em cinco categorias: dramaturgia e direção (Flávio Marinho), ator protagonista (Othon Bastos), espetáculo e produção não-musical.

Foto: @jamesclickphoto.

Othon possui uma carreira de títulos marcantes no cinema (‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’, de Glauber Rocha) e no teatro (‘Um grito parado no ar’, de Gianfrancesco Guarnieri) que são relembrados em cena, propondo uma reflexão sobre cada momento da sua trajetória. É o mural de uma vida dividido em blocos temáticos – trabalho, amor, teatro, cinema, política etc. – cujas reflexões envolvem citações e referências de alguns dos autores mais importantes do mundo. A peça é uma lição de vida e de resiliência, de como enfrentar os duros obstáculos que se apresentam em nossa existência – e como superá-los.

O desejo de voltar à ribalta partiu do próprio Othon que, após assistir a montagem ‘Judy: o arco-íris é aqui’, ficou com a ideia de estar em cena relembrando suas histórias. “Eu pensei como é maravilhoso contar a vida de alguém no palco. E aí falei com o Flávio que eu queria fazer um espetáculo com ele sobre a minha vida e entreguei umas 600 páginas de pensamentos escritos sobre coisas que eu gosto, autores, anotações… Ali tinha um resumo bom sobre mim. E fomos fazendo: ele leu, entendeu e foi montando o espetáculo. E é mais difícil me lembrar do texto, embora seja uma peça sobre a minha própria memória, porque ela chega editada, diferente das lembranças espontâneas”, confidencia Othon Bastos.

Foto: @jamesclickphoto.

Com a missão de converter tantas lembranças e histórias, Flávio Marinho precisou condensar os anos de vivência do veterano ator em alguns minutos de espetáculo teatral. “À primeira vista, o que temos é o próprio Othon Bastos, que estará em cena contando histórias divertidas e dramáticas da sua vida pessoal e profissional. Isto seria, digamos, o esqueleto dramático da peça. Só que este esqueleto é recheado de diversas reflexões, frutos imediatos do tema abordado por Othon. Por exemplo, depois que ele encontra o amor da vida, com quem está casado há 57 anos, o texto passa a refletir o sentimento do amor através de diversas referências e citações”, adianta o autor e diretor, que trabalha com a mesma equipe teatral há mais de 35 anos, reunindo profissionais como Liliane Seco (Trilha Original), Paulo Cesar Medeiros (Iluminação), Fabio Oliveira (Administração), Ronald Teixeira (Direção de Arte), Beti Niemeyer (Fotografia), Bianca De Felippes (Produtora) e Gamba (Programação Visual). “Já somos considerados uma família”, conclui.

O mesmo se dá após Othon mencionar um fato político: a peça envereda por historietas e pequenas pensatas políticas – e assim por diante. “O Flávio escreveu maravilhosamente bem. Começa nos meus 11, 12 anos e vem até hoje. Nada foi fácil para mim; muitos dos meus principais papéis eu entrei substituindo outro ator. Se alguém me perguntar como comecei minha carreira, eu digo que comecei substituindo o Walter Clark, que era meu colega de turma de teatro, e depois muitas outras coisas aconteceram. O Chico Xavier já dizia que se uma coisa é sua, ela te encontra, não é preciso se preocupar”, pondera o homenageado, que terá a companhia de sua ‘memória’ em cena, a atriz Juliana Medela trazendo observações às suas falas. “A ideia de ter a minha memória em cena foi minha, achei que seria interessante ter uma espécie de Alexa em cena. Ela entra para fazer descrições”, diverte-se Othon, numa alusão à assistente virtual desenvolvida pela Amazon.

Foto: @jamesclickphoto.

“É um momento único, mesmo: meu primeiro monólogo e sobre a minha própria vida. É uma experiência muito forte eu ter que ser o meu próprio centro em cena. Mas não trazemos nenhuma lembrança amarga, apenas as alegres e divertidas, para levar curiosidades que vivi ao longo desses anos todos ao público, que saberá o que se passa com um ator – que é uma pessoa comum. Mas, quando se recebe um dom como esse, você tem a capacidade de doar o que recebeu. Então é isso que eu quero, me doar – e que as pessoas me leiam. Quero que elas vejam quem eu sou e como sou”, finaliza Othon Bastos.

FICHA TÉCNICA

Elenco: Othon Bastos

Texto e Direção: Flavio Marinho

Diretora Assistente e Participação Especial: Juliana Medella

Direção de Arte: Ronald Teixeira

Trilha Original: Liliane Secco

Iluminação: Paulo Cesar Medeiros

Programação Visual: Gamba Júnior

Fotos: Beti Niemeyer

Visagismo: Fernando Ocazione

Consultoria Artística: José Dias

Assessoria de Imprensa (Nacional): Marrom Glacê Comunicação – Gisele Machado e Bruno Morais

Assessoria de imprensa (SP): Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes

Assessoria Jurídica: Roberto Silva

Coordenador de Redes Sociais: Marcus Vinicius de Moraes

Assistente de Diretor de Arte: Pedro Stanford

Assistente de Produção: Gabriela Newlands

Administração: Fábio Oliveira

Produção Local: Roberta Viana

Desenho de Som e Operação: Vitor Granete

Operador de luz: Luiza Ventura

Direção de Produção: Bianca De Felippes

Produção:  Gávea Filmes

Idealização:  Marinho d’Oliveira Produções Artísticas

Realização:  Sesc São Paulo.

Serviço:

Não me entrego, não!, com Othon Bastos

De 20 de março a 21 de abril de 2025

Quintas a sábados, às 20h e domingos, às 18h e dia 21/4, segunda-feira, às 15h

Ingressos: R$ 70 (inteira) / R$ 35 (meia) / R$ 21 (credencial Sesc)

Classificação Indicativa: 12 anos | Duração: 100 minutos

Sesc 14 Bis – Teatro Raul Cortez

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista – São Paulo – SP

Informações: www.sescsp.org.br/14bis

Instagram: @othonbastosnoteatro / @sesc14bis

Sobre o Sesc São Paulo                                                                                    

Com mais de 78 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 43 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações para promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, além de toda a sociedade. Mantido por empresas do setor, o Sesc é uma entidade privada que atende cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Saiba mais em sescsp.org.br.

Serviço:

Sesc 14 Bis

Horário de funcionamento: terça a sábado, 10h às 21h; domingos e feriados, 10h às 19h.

Estacionamento: Vagas para carros, motos e bicicletas.

R$ 12 para as 3 primeiras horas e R$ 2 a cada hora adicional (Credencial Plena)

R$ 18 para as 3 primeiras horas e R$ 3 a cada hora adicional (Público geral)

Para atividades no Teatro Raul Cortez, preço único: R$ 12 (Credencial Plena) e R$ 18 (Público geral)

*Em dias de shows e espetáculos é possível retirar o veículo após o término das apresentações.

**Transporte gratuito da unidade até a estação de metrô Trianon-Masp da linha 2-verde para os participantes das atividades, de terça a sexta, às 21h40, 21h55 e 22h05.

Como chegar:

Ônibus: a 260 metros do ponto Getúlio Vargas 2 (sentido Centro-Bairro), a 280 metros do ponto Parada 14 Bis (sentido Bairro-Centro) e a 2000 metros do Terminal Bandeira.

Metrô: a 700 metros da estação Trianon-Masp da Linha 2-Verde e a 2000 metros da estação Anhangabaú da Linha 3-Vermelha.

Acompanhe o Sesc 14 Bis na internet:

Site: sescsp.org.br/14bis

Facebook: facebook.com/sesc14bis

Instagram: @sesc14bis

(Com Cristina Berti/Sesc 14 Bis)

Concerto didático com horários especiais mostra ao público a evolução das orquestras sinfônicas

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Concerto Didático da temporada passada com a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal. Foto: Daniel Ebendinger.

Depois do sucesso do Concerto de abertura da temporada 2025 do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ainda no mês de março o público vai ter a oportunidade de conferir um concerto didático com o maestro titular da OSTM, Felipe Prazeres, que contará a história da evolução das orquestras com uma linguagem bem acessível ao público. O concerto conta com o patrocínio da Petrobras e texto de Eric Herrero. As apresentações terão obras de Bach, Mozart, Tchaikovsky, Rossini, Beethoven e Vivaldi e dos brasileiros Heitor Villa-Lobos e Lorenzo Fernandes. Como solistas, Carolina Morel (soprano), Loren Vandal (soprano), Fernando Lorenzo (barítono), Daniel Albuquerque (violinista) e Sofia Ceccato (flauta). Participações especiais de Liana Vasconcelos (bailarina), Bruno Fernandes e Ludoviko Vianna (atores) como Goiabada e Marshmallow e Murilo Emerenciano (piano). A direção cênica será de Mateus Dutra. As apresentações acontecem nos dias 28, às 11h e 29, às 17h.

A presidente da Fundação Teatro Municipal, Clara Paulino, destaca a importância de falar a mesma língua das crianças: “O Concerto Didático é uma ótima oportunidade de aproximar as crianças do nosso mundo, para mais esta realização, contamos com o patrocínio da Petrobras. De maneira lúdica, o maestro traz a história da orquestra citando grandes compositores e convidando para que estejam atentos aos detalhes de cada título apresentado. É incrível ver o deslumbramento do público, traga sua criança para viver esta oportunidade cultural aqui no Municipal”.

“Programar Concertos Didáticos me dá um enorme prazer, pois vamos formando plateias e trabalhando pela perenidade do nosso setor. Com os artistas incríveis do Theatro Municipal do Rio de Janeiro participando, então, nem se fala”, ressalta o diretor artístico da FTM, Eric Herrero

“Expor crianças e jovens à música de concerto é abrir uma porta para a sensibilidade, a criatividade e o pensamento crítico. A música ensina a ouvir, a sentir e a se conectar com o outro e isso é fundamental para a formação de qualquer indivíduo. Nosso objetivo é mostrar ao grande público que a música de concerto pode ser emocionante, divertida e cheia de histórias fascinantes”, celebra o maestro titular da OSTM, Felipe Prazeres.

Concerto Didático

Músicas:

Antonio Vivaldi ‘Primavera’ – 1º movimento

Johann Sebastian Bach ‘Badinerie’ – suíte n° 2

Wolfgang Amadeus Mozart – ‘Pequena Serenata Noturna’ – 1º movimento

Gioachino Rossini – ‘Duetto Buffo di Due Gatti’

Ludwig van Beethoven ‘5ª Sinfonia’ – 1º movimento

Gioachino Rossini – ‘Ária do Figaro’

PiotrIlitch Tchaikovsky ‘Lago’ Ato 1 nº9 e final ato 2

Heitor Villa-Lobos ‘Trenzinho do Caipira’

Oscar Lorenzo Fernandes ‘Batuque’

Solistas: Carolina Morel (soprano), Loren Vandal (soprano), Fernando Lorenzo (barítono), Daniel Albuquerque (violinista) e Sofia Ceccato (flauta)

Participações especiais: Liana Vasconcelos (bailarina), Murilo Emerenciano (piano), Bruno Fernandes e Ludoviko Vianna (atores)

Texto: Eric Herrero

Direção Cênica: Mateus Dutra

Regência: Felipe Prazeres

Direção Artística TMRJ: Eric Herrero.

Serviço:

Concerto Didático com Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Datas: 28/3 às 11h; 29/3 às 17h

Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Endereço: Praça Floriano, s/n° – Centro

Duração: 1h15

Classificação: Livre

Ingressos:

Frisas e Camarotes – R$60,00 (ingresso individual)

Plateia e Balcão Nobre – R$40,00

Balcão Superior e Lateral – R$30,00

Galeria Central e Latera l – R$15,00

Ingressos pelo site www.theatromunicipal.rj.gov.br ou na bilheteria do Theatro 

Haverá uma palestra gratuita no Salão Assyrio uma hora antes do início de cada espetáculo. 

Patrocínio Oficial Petrobras

Apoio: Livraria da Travessa, Rádio MEC, Rádio Paradiso Rio, Fever, Embaixada da Áustria

Realização Institucional: Associação dos Amigos do Teatro Municipal, Fundação Teatro Municipal, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Lei de Incentivo à Cultura 

Realização: Ministério da Cultura e Governo Federal, União e Reconstrução.

(Com Cláudia Tisato/Assessoria de imprensa TMRJ)

‘O Cinema Underground de Roberta e Michael Findlay’ – Filmografia do casal que influenciou um time de cineastas consagrados de várias gerações começa dia 20 de março na Estação Botafogo

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Imagem: Divulgação.

‘O Cinema Underground de Roberta e Michael Findlay’, que acontece de 20 a 26 de março na Sala 2 da Estação Botafogo, vai exibir 27 filmes do casal que deixou seu nome marcado na história do cinema underground – importantes nomes dos gêneros ‘exploração’ e de ‘terror’, especialmente em filmes de baixo orçamento feitos nos Estados Unidos durante os anos 60 e 70. Sob curadoria do cineasta e jornalista Mário Abbade, a intensa programação conta com filmes como ‘Possua-me nua’ (Take me naked), ‘O maníaco da carne’ (The touch of her flesh), ‘O grito dos mutilados’ (Shriek of the mutilated) e ‘Snuff’ (1975), entre outros. Programação completa aqui.

A retrospectiva pretende apresentar, pela primeira vez no Brasil, a filmografia do casal, que influenciou um time de cineastas consagrados de várias gerações. É o caso dos americanos Wes Craven, Sam Raimi e Rob Zombie, do canadense David Cronenberg, do holandês Paul Verhoeven, do espanhol Álex de la Iglesia, do francês Alexandre Aja, do italiano Abel Ferrara e do argentino Gaspar Noé, em uma extensa lista de diretores que flertam com esse subgênero. Segundo o curador, não houve no mundo uma mostra sobre a obra de Roberta e Michael Findlay. “Do alto dos seus 81 anos, ela disse que estava emocionada com esta inciativa, porque nunca fizeram uma mostra desta magnitude em homenagem a eles”, diz Abbade.

Ao mesmo tempo, a mostra quer ressaltar como Roberta e Michael trabalhavam em completa sintonia naquilo que se pode catalogar como uma relação igualitária entre uma mulher e um homem em todas as funções de uma equipe de produção para o cinema. Roberta tinha voz ativa no set e é considerada uma importante representante feminista do cinema underground.

Em outra abordagem, historicamente a arte frequentemente desafia normas morais e explora temas tabus, como violência, sexualidade transgressora ou decadência humana com o objetivo de provocar, questionar ou expor aspectos sombrios da condição humana. Obras como as do Marquês de Sade, a literatura de autores como Georges Bataille abordam a depravação não como mero choque, mas como crítica social, investigação filosófica ou expressão de liberdade criativa.

Michael Findlay

Michael Findlay (1938–1977) foi um cineasta e produtor que ficou conhecido principalmente por seus filmes de terror e exploitation, muitas vezes com um estilo gráfico e transgressor para a época. Ele é mais lembrado por seu trabalho em filmes que exploravam temas sensacionalistas, como o sexo e a violência, características típicas do gênero exploitation.

Findlay dirigiu e produziu uma série de filmes de baixo orçamento. Um dos seus filmes mais famosos é The Touch of Her Flesh (1967), um thriller psicológico e de vingança, que aborda temas de erotismo e violência. Ele também foi responsável pela direção de filmes como Shriek of the Mutilated (1974), um filme de terror que se tornou um cult apesar de sua produção de baixo orçamento.

Os filmes de Findlay frequentemente se distanciam das produções convencionais e tentam chocar a audiência com suas cenas de violência explícita e sexualidade. Eles eram voltados para um público mais niche e, com o tempo, se tornaram parte do movimento exploitation, que envolvia uma abordagem mais ousada e provocativa ao cinema.

Roberta Findlay

Roberta Findlay (1943), esposa de Michael Findlay, é cineasta e atriz que também se destacou no gênero exploitation e terror. Ela é conhecida por seu trabalho em filmes de baixo orçamento, nos quais muitas vezes se envolvia como diretora, roteirista e produtora.

Roberta Findlay dirigiu diversos filmes no mesmo estilo de seu marido, com grande foco em elementos sensacionalistas e de horror. Ela é conhecida por filmes como Snuff (1976), um dos filmes mais infames de sua carreira, que foi envolto em controvérsias. Snuff é um filme exploitation que, embora não seja realmente um ‘snuff film’ (como o título sugere), explora o tema de violência extrema e manipulação da mídia.

Roberta também foi uma das poucas mulheres a trabalhar de forma consistente no gênero exploitation, em um período em que esse campo era dominado por homens. Ela se destacou não apenas como cineasta, mas também como produtora, atriz e em outras funções de produção.

Nota do curador:

O meu primeiro contato com Roberta e Michael Findlay foi em 1982, quando aluguei Snuff em uma locadora em Ipanema que trabalha com fitas de VHS importadas. O longa, o mais alugado durante mais de três meses, ficou famoso por, supostamente, trazer uma cena real de assassinato – assunto mais comentado então na locadora. Convenhamos que a baixa qualidade das fitas de VHS ajudou a disseminar a lenda, já que não dava para ver detalhes com precisão.

Depois dessa primeira experiência, saí em busca de mais filmes do casal de diretores. Na época, não era fácil conseguir informação sobre as produções mais novas, então, era uma alegria quando se conseguia ler algo a respeito do tema ou ver um filme recém-lançado lá fora. Tais fitas eram importadas e a grande maioria provinha de companhias independentes como a Something Weird Video, fundada em 1990.

De lá para cá, tivemos a chegada do DVD, do Blu-ray e dos arquivos digitais na internet, o que facilitou, finalmente, planejar a mostra O Cinema Underground de Roberta e Michael Findlay. Com o adendo de receber a bênção da própria cineasta, aos 81 anos de idade. Já Michael, infelizmente nos deixou em maio de 1977 vítima de um acidente de helicóptero. Praticamente desconhecidos do grande público, Roberta e Michael Findlay são famosos entre os pesquisadores como a dupla mais notória nos acervos da ‘exploração’ a combinar sexo e violência.

Em meados da década de 1960, Michael foi destaque entre um pequeno grupo de cineastas underground de Nova York (incluindo Joseph W. Sarno, Joseph P. Mawra e Lou Campa) que produziam filmes de baixíssimo orçamento de ‘exploração’. Assim são chamadas as primeiras produções a combinar histórias de terror ou suspense convencionais com cenas de sexo sadomasoquista para o mercado de grindhouse (especializado em filmes violentos com temas explorativos). Às vezes, sob o pseudônimo de Julian Marsh, Michael, além de dirigir, atuava nos filmes usando o nome Robert West.

Uma marca do casal era empregar os mesmos atores repetidamente, em especial, Uta Erickson e Marie Brent, também conhecida como Janet Banzet. Todos adotavam pseudônimos por causa dos órgãos de censura. Os Findlays eram amigos de George Weiss, produtor do longa ‘Glen ou Glenda’, dirigido por Ed Wood, e de uma série de filmes fetichistas com a personagem Olga (‘House of Shame de Olga’ e ‘Olga’s Girls’, entre outros). Foi em 1964 que, encorajados por Weiss, Roberta e Michael começaram a fazer filmes no novo subgênero de exploração que aliava sexo e violência.

A série da HBO ‘The deuce’, criada por David Simon e George Pelecanos, foi inspirada nos Findlay, principalmente em Roberta. Ambientada nos anos 1970, exibe o mundo da prostituição nas ruas de Nova York para depois chegar ao mercado do cinema pornográfico e do cinema marginal. Os personagens principais, interpretados por Maggie Gyllenhaal e David Krumholtz, são uma espécie de representação ficcional da trajetória dos Findlays numa Nova York machista, dominada pela máfia e por uma polícia corrupta, muito antes do projeto Tolerância Zero implementado pelo prefeito Rudy Giuliani, nos anos 1990.

A série televisiva ilustra como Roberta e Michael precisaram lançar mão de pseudônimos para poder se relacionar com amigos e familiares, ao mesmo tempo que corriam perigo por negociar com mafiosos, autoridades e censores. Também na trama, a personagem de Maggie Gyllenhaal revoluciona seu meio ao dirigir filmes com temática adulta em uma indústria dominada por homens. Antes de ser diretora e de assinar a fotografia de filmes de Michael, atuava como coadjuvante nos filmes do casal com o pseudônimo de Anna Riva.

O objetivo da mostra O Cinema Underground de Roberta e Michael Findlay é revelar ao público brasileiro quem são esses pioneiros do cinema underground e marginal nos Estados Unidos, mas que acabaram esquecidos. Roberta, que continuou produzindo conteúdo após a morte de Michael, ainda é um importante símbolo do movimento feminista, apesar de não gostar do rótulo. A atual discussão sobre uma maior participação da mulher nas diversas funções de uma produção cinematográfica reforça quão oportuno é redescobrir o trabalho de Roberta Findlay.

Serviço:

Mostra O Cinema Underground de Roberta e Michael Findlay

Classificação etária: 18 anos

Estação NET Botafogo 2: Rua Voluntários da Pátria, 88 – Botafogo

Ingressos: R$18.

(Com Alexandre Aquino)