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Iguatemi São Paulo promove 2ª edição de sua Festa Junina

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

O shopping Iguatemi São Paulo apresenta a segunda edição de sua Festa Junina nos dias 25 e 26 de junho, no Boulevard, das 12h às 21h. O evento, ao ar livre, conta com a curadoria de diversas opções de gastronomia presentes no shopping. Menus exclusivos de delícias típicas, apresentações de quadrilha, atividades juninas e música ao vivo prometem animar o público nesses dois dias de evento.

O mix da festa conta com estações com comidas típicas e cardápios preparados especialmente para o evento. A programação, pensada para toda a família, traz apresentações de quadrilhas, que acontecem nos dois dias do evento das 12h30 e às 15h30 com participação das principais escolas de São Paulo, atrações musicais e barracas de atividades juninas, como pescaria, boca do palhaço, tomba lata, argolas e correio elegante. O valor do ingresso para a entrada é R$30,00 e crianças de até 12 anos têm entrada gratuita.

Serviço:

O que é: Festa Junina ao ar livre, com cardápio típico, música ao vivo e atividades juninas para as crianças

Data: 25 e 26 de junho (sábado e domingo)

Horário: das 12h às 21h

Apresentações de quadrilha: às 12h30 e às 15h30 (acontecem nos dois dias de evento)

Preços: Ingresso ao evento: R$30,00 | Crianças até 12 anos, entrada gratuita

Valor barracas/atividades: a confirmar

Local: Boulevard do Iguatemi São Paulo

Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2232 – Jardim Paulistano

Estacionamento pago no local.

(Fonte: Index Estratégias de Comunicação)

Legado da romancista mato-grossense Tereza Albues é resgatado com publicação de seus livros

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

A contribuição da romancista Tereza Albues para a literatura brasileira poderá surpreender leitores e críticos. Escolhida como Patrona Perpétua das Letras Brasileiras em Nova York em 2013 e Mestre da Cultura em Mato Grosso neste ano, seu legado será resgatado com o lançamento de mais um livro, a versão impressa de “A Dança do Jaguar”, publicado pela editora Entrelinhas, de Cuiabá (MT). A obra foi lançada apenas em formato digital no Salão do Livro de Paris, no ano de 2000.

Gerald Thomas, diretor de teatro e ópera, disse que “Tereza é uma escritora fenomenal, é um terremoto literário”. Ênio Silveira, importante editor brasileiro que publicou os seus primeiros livros, registrou que Tereza “tanto pode ser vista como escritora quanto uma força da natureza”, por sua prosa de ficção ser tão rica e surpreendente.

Natural de Várzea Grande (MT), Tereza Albues graduou-se em Direito, Letras e Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Viveu por 25 anos em São Francisco e Nova York, nos Estados Unidos, onde escreveu toda sua obra. Seus primeiros romances são ambientados nas planícies pantaneiras, no centro da América do Sul, onde nasceu.

Capa do livro.

Os livros “Pedra Canga”, “Chapada da Palma Roxa”, “A Travessia dos Sempre Vivos” e “O Berro do Cordeiro em Nova York” ganharam edição especial em box, cada um dos livros com a capa assinada por um artista plástico de Mato Grosso, como era o seu desejo. Com a sua morte, em 2005, Tereza deixou como legado obra importante para a literatura brasileira com vários livros ainda inéditos, que serão publicados pela Entrelinhas Editora, autorizada pelos seus herdeiros, que vivem em Nova York.

Em “A Dança do Jaguar”, o leitor acompanha uma trama de mistério, suspense e sensualidade ambientada em São Francisco, na Califórnia. A jovem pintora Nayla Malloney aluga um espaço no Solar Maltesa, casa vitoriana de três andares que aos poucos tem sua história sombria e sinistra revelada. Dividindo o lugar com o excêntrico e recluso botânico Tristan O’Hara, Nayla embarca em uma jornada repleta de aparições, sonhos e pressentimentos.

Além do lançamento do livro em formato impresso, o filme-ensaio “Albuesa” também homenageará o legado da romancista. A produção, dirigida por Glória Albues, irmã da escritora e pioneira do audiovisual no Mato Grosso, aborda diferentes aspectos da vida e obra da autora.

“Não se trata propriamente de uma cinebiografia, mas de um ensaio que incorpora uma linguagem poética para adentrar o universo existencial e literário de Tereza Albues. Ao longo do filme, duas realidades distintas – Mato Grosso e a cosmopolita Nova York, onde a autora viveu por 25 anos e onde veio a falecer – se confrontam e convivem simultaneamente, quase que numa dimensão paralela, num discurso inacabado, misterioso e evocativo como a própria existência e que permite revelar momentos de incisiva reflexão em meio à violência, à injustiça, ao preconceito e as humilhações que pontuaram a vida da protagonista”, garante Glória Albues.

O filme, que estreia em maio, integra com o livro o projeto “Conexão Tereza Albues”, proposto pela editora da Entrelinhas, Maria Teresa Carrión Carracedo, e financiado pelo edital da Lei Aldir Blanc Mestres da Cultura, apresentado pela Secretaria de Estado da Cultura, Esporte e Lazer do Estado de Mato Grosso.

Endossos

“Sem teorizações rebuscadamente intelectuais, Tereza Albues nos põe em contato com um mundo em permanente mudança sociológica. Suas personagens, não sendo símbolos, muito menos arquétipos, têm a força criativa e transformadora de suas contradições. Por isso vivem e assumem nítido contato na imaginação e/ou na memória afetiva dos que passaram a conhecê-las de leitura, mas também de convívio que se estende para além das páginas de um livro, para ser edificante, exemplar”, Ênio Silveira, um dos maiores nomes da história do mercado editorial brasileiro, proprietário da editora Civilização Brasileira.

“Tereza Albues é uma escritora fenomenal. E como todo gênio, ela falava de coisas que são traumas e traumas tristes tornadas pesadelos. Por isso penso nela todos os dias. A vejo na minha frente como uma visão do futuro, uma vidente de pequenas e grandes causas, ora segurando a minha mão, ora segurando exemplares de sua literatura como se guiada por Shakespeare. Sim, Tereza e o berro derradeiro, não a do quadro de Munch, mas algo impresso em King Lear. Na verdade, ela foi a ‘anti-Shakespeare’ – ou melhor dizendo – talvez ela tenha sido o Caliban, em ‘A Tempestade’”, Gerald Thomas, diretor de teatro e ópera e dramaturgo de renome internacional.

Ficha técnica

Livro: A Dança do Jaguar

Autor: Tereza Albues

Editora: Entrelinhas

ISBN: 978-65-86328-25-7

Páginas: 208

Formato: 16 x 23cm

Preço: R$50,00

Onde encontrar: Editora Entrelinhas.

Tereza Albues em Paris. Foto: divulgação.

Sobre a autora | Tereza Albues nasceu em Várzea Grande (MT). Graduou-se em Direito, Letras e Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Escritora brasileira respeitada internacionalmente, viveu por 25 anos nos Estados Unidos, onde produziu toda sua obra. Dona de um estilo de prosa de ficção facilmente reconhecível, ambientou seus primeiros romances nas planícies pantaneiras. A escritora faleceu em 2005, vítima de um câncer. Em 2013, foi escolhida como Patrona Perpétua das Letras Brasileiras em Nova York, pela Brazilian Endowment for the Arts, BEA. Em 2022, foi reconhecida como Mestre da Cultura em Mato Grosso.

Sobre a editora | No mercado editorial mato-grossense desde 1993, Entrelinhas Editora apresenta centenas de publicações de autores de Mato Grosso e temáticas de interesse a partir do centro geodésico da América do Sul, Cuiabá. “Acreditamos que Mato Grosso pode ser um polo irradiador de literatura, cultura e conhecimento”, afirma a editora Maria Teresa Carrión Carracedo. A casa publicadora comemora, em 2023, 30 anos de atividades. Visite: www.entrelinhaseditora.com.br.

(Fonte: LC Agência de Comunicação)

Série ‘Damas do Samba’ é um dos destaques na programação do SescTV em junho

São paulo, por Kleber Patricio

Cena da série “Damas do Samba”. Crédito: Divulgação.

O SescTV apresenta ‘Damas do Samba’ na programação do mês de junho. Com produção da Modo Operante Produções, a série conta, em quatro episódios, histórias centradas nas mulheres e nas grandes escolas de samba cariocas. Dirigida e roteirizada por Susanna Lira, a série está disponível sob demanda no site do canal.

Os capítulos narram, por meio de depoimentos, entrevistas e imagens, a história, o trabalho e a vida de compositoras, passistas, porta-bandeiras, pastoras da comunidade, musas, tias, intérpretes, carnavalescas, aderecistas, bordadeiras e muitas outras. De personalidades como Leci Brandão, Jovelina Pérola Negra, Clara Nunes às novas integrantes das escolas, fala-se sobre as raízes do samba, as vozes femininas, o trabalho nos bastidores e o futuro das escolas.

Essa retrospectiva histórica do samba, com enfoque na participação feminina em sua construção e seu desenvolvimento até os dias de hoje, faz parte da programação dos 13 aos 20 (Re)Existência do Povo Negro, apresentando conteúdos sobre personalidades negras. A ação do SESC São Paulo se refere aos marcos 13 de maio e o 20 de novembro, e tem como objetivo o fortalecimento e reconhecimento das lutas, conquistas e manifestações do povo negro, bem como o fomento à igualdade, contribuindo para uma sociedade livre do racismo e de outras formas de dominação.

O primeiro episódio, “As Raízes do Samba”, mostra a trajetória do samba começando com Tia Ciata, dona da casa onde foi criado “Pelo Telefone”, o primeiro samba gravado em disco. A narrativa trata das origens do samba através de relatos sobre as primeiras mulheres negras desembarcadas na Praça XI, no Rio de Janeiro, trazendo consigo a cultura da culinária, das ervas, do saber popular, do prazer sexual e a possibilidade da continuidade histórica por meio da música.

Cena da série “Damas do Samba”. Crédito: Divulgação.

“Vozes Femininas do Samba” analisa o surgimento, atuação e as dificuldades encontradas pelas mulheres compositoras no ato de criação e os problemas para divulgar suas canções e músicas, num ambiente até então exclusivamente masculino. Destaca ainda o papel de mulheres que se tornaram expoentes nesse campo, como Dona Ivone Lara e Leci Brandão.

No terceiro episódio, “Estandartes do Samba”, destacam-se as várias facetas das mulheres que trabalham nos bastidores dos desfiles de carnaval, passando dias nos barracões empenhadas para o sucesso do desfile, seja na concepção criativa da ideia, seja como operárias do samba. Grandes carnavalescas, como Márcia Lage e Rosa Magalhães, falam sobre o processo de criação. O capítulo explica também a origem do porta-bandeira, que remete à nobreza do século XVIII. Traz ainda as passistas, que são consideradas um ícone do carnaval.

Em “Musas e Herdeiras do Samba”, quarto e último episódio, são retratadas as herdeiras do samba. Meninas e mulheres que carregam – por opção e tradição – o amor ao samba. Revela bastidores da Filhos da Águia, o dia a dia de trabalho de Nilce Fran, que ocupa o cargo de presidente da escola mirim da Portela. Acompanha alguns instantes do desfile e apresenta meninas como Luany Carvalho e reproduz depoimentos de mulheres como Cecília Rabello, filha de Paulinho da Viola; Juliana Diniz, neta de Monarco e filha de Mauro Diniz; e Clarisse Nogueira, filha de João Nogueira.

Serviço:

Damas do Samba, no SescTV

Disponível sob demanda no site

Episódios:

As raízes do samba – (23 minutos)

Vozes Femininas do Samba – (23 minutos)

Estandartes do samba – (23 minutos)

Musas e herdeiras do samba – (23 minutos)

Direção: Susanna Lira | Brasil | 2021 | Documentário | 10 anos

Disponível a partir de domingo, dia 5 de junho. Grátis.

Ficha técnica:

Direção e roteiro: Susanna Lira

Produtora: Modo Operante Produções

Realização: SescTV

Para sintonizar o SescTV: ao vivo e também disponível sob demanda no site  

Redes do SescTV:

Twitter: @sesctv

Facebook: /sesctv

Instagram: @sesctv.

(Fonte: Agência Lema)

Festival Re-Volta! dos Toninhos retorna à Estação Cultura

Campinas, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

O Festival Re-Volta! dos Toninhos retoma à Estação Cultura neste final de semana, de sexta-feira, 10 de junho, a domingo, dia 12, com shows musicais, exibição de filmes produzidos no local, performance teatral, projeções, dança de rua, cultura hip-hop, capoeira, atrações para crianças, artistas plásticos, poesia, sarau, sound system e atividades culturais diversas.

A entrada é gratuita e o local das atividades, como o próprio nome diz, será na Sala dos Toninhos, espaço situado na Estação Cultura, onde o evento é realizado desde 2013. O festival está sendo organizado pela Rede Usina Geradora de Cultura, coletivo formado por artistas, produtores e produtoras de variadas linguagens. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo apoia a iniciativa. A programação contará também com a participação de parceiras convidadas que dialogam com os conceitos do espaço, neste evento de Re-Volta!

Haverá exposição com artistas das mais variadas artes plásticas, fotografia e áudio visual. São obras em óleo sobre tela, ilustração, graffiti, arte psicodélica, arte abstrata, live paint (pintura ao vivo), fotografia, projeções, bomb (um tipo de graffiti mais voltado pra pintar nomes dos artistas ou dos grupos que fazem parte com formatos e contornos sobre um fundo delimitando essa pintura) e pixo (criação de tipografia em espaços urbanos e geralmente os estilos das letras têm características diferentes em cada região influenciado pela cultura local).

Os artistas convidados para a exposição no Festival Re-Volta! dos Toninhos são D!Nk, Maicongo, Nus, João Bosco, Sono, Sheip, Maria Helena, Eni, ruas, Benson, Emanuel Rubin, Chatt, Deztrui, Soma, Grrl, Epifania, Kadu, Carriero, Tiago César, Totenpix, Zerrê, Nan, Slim, Mirs, Seo Constanti, Marcia Camargo, Vice Magalhães, Caio Boteghim, Acácio Pereira, Kranium, Araniat, Pontes, Caio Manhani, Matheus Junco, Vj Suiço, Neo, Gambiarra Genérica, Miss, Gang e João Paulo.

Na programação do Festival Re-Volta! dos Toninhos também está prevista a apresentação de Ruffneck Sound System (Sound System, Reggae, dub). Na cultura popular jamaicana, um sistema de som (sound system) é um grupo de disc jockeys, engenheiros e MCs tocando ska, rocksteady ou reggae.

PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira – 10/6

14h – Reunião Exposição Re-Volta!

15h – Som ambiente/DJ

17h30 – Mano Eltu Marreta (show de rabeca)

18h – DJ Peixoto

20h – Veri Weinlich (show música brasileira)

21h30 – DJ Flavio Rude

Projeções – VJ Suiço

Teatro – Marupá Encantado (teatro popular, intervenções, recreação)

Exposição – Artistas plásticos, Live paint, Graffitti, Arte Abstrata, Ilustração, Bomb e Pixo

Sábado 11/6

14h – Sarau Nois por Nois (NPN019) Coletivo SocioCultural

15h – Slam Poesia Estação Marginal

16h – Rapsicopatas e MCs convidados

17h – DJ Majestade Babilônia (LGBTQIA+)

18h – DJ Crespa (LGBTQIA+)

19h – DJ Rogin

20h – DJ Barata

21h – Marília Corrêa (show música brasileira)

Projeções: Cine preto Cena preta

Teatro: Marupá Encantado (teatro popular, intervenções, recreação)

Dança: Simple Unit Team

Exposição: Artistas plásticos, Live paint, Graffitti, Arte Abstrata, Ilustração, Bomb, Pixo

Domingo 12/6

15h – Sarau Feminino “Mamilos Poéticos”

16h às 22h – Ruffneck Sound System: (Sound System, Reggae, dub)

DJ Clandestina

DJ Flavio Rude

DJ Raquel Ruff

Sammy Bee (MC/SingJay)

Projeções: Cine preto Cena Preta

Teatro: Marupá Encantado (teatro popular, intervenções, recreação)

Exposição: Artistas plásticos, Live paint, Graffitti, Arte Abstrata, Ilustração, Bomb e Pixo.

(Fonte: Secretaria de Comunicação | Prefeitura de Campinas)

Como o desmatamento e as mudanças climáticas transformam a Floresta Amazônica em fonte de carbono para a atmosfera

Amazônia, por Kleber Patricio

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Por Luciana V. Gatti, Luiz Aragão e Marcos H. Costa – A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, estende-se por oito países e um território da América do Sul. Esta floresta não é apenas um conjunto de árvores, é sobretudo um enorme reservatório de carbono (150 a 200 bilhões de toneladas) e de biodiversidade. Cerca de 50% do peso de cada árvore desta imensa floresta, incluindo as raízes, troncos, galhos e folhas, é composto de carbono. Devido a sua enorme extensão, cobrindo cerca de 7 milhões de km² e metade da área de florestas tropicais no planeta, o funcionamento da Floresta Amazônica está intimamente interligado ao clima.

A perda de 18% da Floresta Amazônica, cerca do total desmatado até o presente, além de 17% de florestas degradadas, não significa apenas perder uma grande quantidade do total de carbono estocado na floresta, mas também significa perder em torno de 1/3 da sua contribuição na produção das chuvas, devido à evapotranspiração das árvores, além de também perder biodiversidade e serviços ambientais essenciais para a sociedade.

Enquanto as raízes retiram água do solo e as folhas lançam vapor d’água na atmosfera, a superfície terrestre é resfriada, pois a água necessita de energia para evaporar. Uma árvore de médio porte, com uma copa de 5 m de diâmetro, produz um resfriamento da ordem de 2200 W, o mesmo que um aparelho de ar-condicionado de 7500 Btu/h. Por isto, a floresta ao mesmo tempo produz chuva e reduz a temperatura regional. Nossa gigantesca Floresta Amazônica, ao produzir chuva, exerce um importante papel de regular o clima, tanto em nosso continente como no globo. Podemos, portanto, comparar a Amazônia a uma fábrica de chuva, que produz cerca de três milhões de litros de água por dia por km², e cerca de 21 trilhões de litros de água considerando toda sua extensão, funcionando como um climatizador natural, protegendo o planeta contra as mudanças climáticas, ajudando a produzir chuva, reduzindo a temperatura e ainda absorvendo carbono enquanto as árvores estão crescendo.

O desmatamento que atinge a Amazônia concentra-se em regiões com infraestrutura para escoar a produção agropecuária e mineral, como estradas, portos e energia elétrica. Nos últimos 40 anos, a região leste da Amazônia perdeu entre 30-40% de sua floresta e foi observada uma redução de chuvas (30-40%) e um aumento de temperatura de 2 a 2,5˚C durante a estação seca, nos meses de agosto, setembro e outubro. Estas mudanças afetam negativamente as árvores reduzindo a fotossíntese – processo pelo qual as plantas absorvem o CO2 (dióxido de carbono) da atmosfera – podendo até mesmo resultar na mortalidade dessas árvores. Um estudo utilizando 9 anos (2010-2018) de medidas de CO2 com aeronaves, concluiu que, na média, a Floresta Amazônica consegue absorver apenas 1/3 do total emitido pelas atividades humanas na região, em especial, devido ao desmatamento seguido de queimadas. No sudeste da Amazônia, região que apresenta a maior mudança no clima, com grande redução de chuva e aumento de temperatura, a própria floresta se transformou em uma fonte de carbono para a atmosfera. Nesta região, os processos florestais naturais representam 1/3 das emissões totais e as emissões humanas são responsáveis pelos 2/3 restantes. E assim, nesta região, a Floresta Amazônica, de protetora das mudanças climáticas, passa a ser um acelerador das mudanças climáticas emitindo 1,06 bilhões de toneladas de CO2 ao ano, contribuindo com o aquecimento do planeta, alterando os padrões das chuvas e ajudando a aumentar a temperatura.

Considerando que a agricultura no Brasil movimenta 500 bilhões de reais em exportações, manter as condições climáticas ideais é essencial para essa atividade. Para tal, precisamos valorizar nossas florestas e entender que já desmatamos a Amazônia mais do que deveríamos. Nos últimos três anos o desmatamento foi muito intenso e acelerado e os eventos extremos de chuvas e secas intensas também se aceleraram. Os lucros do desmatamento beneficiam poucas pessoas, com retorno questionável para a nação e trazendo prejuízos ecológicos, sociais e financeiros para a sociedade em geral, que estão cada vez mais bem caracterizados pela ciência. Manter a floresta protegida produz para a economia até US$ 737 (R$3 mil) por hectare por ano. A conversão de floresta para pecuária gera em média apenas US$40 (R$167) por hectare por ano.

Os países Amazônicos são privilegiados ambientalmente e devem utilizar esta vantagem para desenvolverem-se de forma sustentável e contribuírem com a transição global para uma sociedade em que os componentes ambientais, sociais e econômicos sejam equilibrados. A preservação dos estoques de carbono, ao zerar o desmatamento e a degradação florestal e a restauração florestal podem gerar recursos por meio de iniciativas globais de proteção do clima em associação com planos nacionais de pagamentos por serviços ambientais e implementação de uma nova bioeconomia baseada na floresta em pé. Por meio do uso dos recursos locais e incentivos econômicos adequados pode-se criar um mercado sustentável inovador para os países Amazônicos.

Precisamos valorizar a Floresta Amazônica, pois este tesouro da Terra é um grande trunfo para colocar o planeta rumo a um futuro sustentável.

Sobre os autores:

Luciana V. Gatti é química, pesquisadora titular e coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos. Investiga as emissões/absorções de CO2, CH4, N2O e CO da Amazônia e quais são os fatores que interferem nestes processos. Luciana é autora dos capítulos 5, 6, 6.1 e 7 do Relatório de Avaliação da Amazônia 2021 produzido pelo Painel Científico para a Amazônia.

Luiz Aragão é biólogo, chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos. Sua pesquisa busca entender as causas e consequências das mudanças ambientais em ecossistemas tropicais, especificamente utilizando satélites e pesquisas de campo na Amazônia. Aragão é autor dos capítulos 6, 6.1 e 19 do Relatório de Avaliação da Amazônia 2021 produzido pelo Painel Científico para a Amazônia.

Marcos H. Costa é engenheiro e professor titular da Universidade Federal de Viçosa. Sua pesquisa foca no uso de vários tipos de modelos ambientais, sensoriamento remoto e dados de campo para estudar as relações entre mudanças climáticas, mudança de uso da terra e o clima, recursos hídricos, agricultura e ecossistemas naturais. Marcos é autor dos capítulos 5, 6, 7 e 23 do Relatório de Avaliação da Amazônia 2021 produzido pelo Painel Científico para a Amazônia.

(Fonte: texto originalmente publicado no Nexo Políticas Públicas e na Agência Bori)