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Indaiatuba terá oficina de música com 300 vagas gratuitas

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Sinfônica de Indaiatuba realiza oficinas gratuitas de música. Fotos: Felipe Gomes.

Interessados em estudar música podem se inscrever a partir do próximo dia 15 para as oficinas gratuitas do 3º Encontro Musical de Indaiatuba (EMIn), que será realizado de 20 a 23 de julho. Idealizado pela Orquestra Sinfônica de Indaiatuba, em parceria com a Secretaria de Cultura do município, o projeto contempla 300 vagas gratuitas, divididas em 13 oficinas de diferentes instrumentos, incluindo práticas orquestrais. Além disso, haverá programação cultural aberta à comunidade. A direção artística é do maestro Paulo de Paula.

Cada oficina terá uma duração de quatro dias e proporcionará aprendizados nos instrumentos violino, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta transversal, clarinete e trompete. O corpo docente é composto por profissionais reconhecidos no meio musical nacional e internacional, como Adonhiran Reis, Ana Paula Freire, André e Cláudio Micheletti, Davi Graton, Fernando Dissenha, Gabriel Marin, Ilia Laporev, Luiz Afonso Montanha e Rogério Wolf.

Em paralelo aos cursos, também serão realizados encontros direcionados para a prática musical dentro da formação orquestral. Nesta edição do EMIn, os alunos poderão participar das orquestras Acadêmica, de Câmara e Suzuki. A regência delas é, respectivamente, dos maestros Paulo de Paula, Felipe Oliveira e Ricardo Sander. Para tornar a experiência ainda melhor, as oficinas serão realizadas nos espaços culturais da cidade: Centro de Convenções Aydil Bonachela, Centro Cultural Wanderley Peres e Estação Musical. Os horários de aula e ensaio serão entre 9h e 17h.

Como participar | Ao todo, o 3º EMIn disponibilizará 300 vagas para as oficinas, das quais 150 são para residentes de Indaiatuba, com o propósito de estimular crianças e jovens músicos da cidade, de maneira a fomentar a apreciação e a difusão de conhecimento nessa arte também no âmbito local.

Encontro Musical de Indaiatuba também terá apresentações abertas à comunidade.

Como mencionado, todas as aulas são gratuitas, mas é preciso realizar uma inscrição prévia, que estará disponível, a partir do dia 15, neste link. O candidato deverá enviar, junto com as informações solicitadas, um vídeo executando uma peça, ou um trecho de uma, de livre escolha. As inscrições podem ser realizadas até 10 de julho. Mais informações pelo telefone (19) 99937-2410 ou e-mail produção.osindaiatuba@gmail.com.

Programação cultural | Paralelamente às aulas, a cidade também será palco de diversas apresentações musicais. A abertura oficial do Encontro acontece dia 20, com a Sinfônica de Indaiatuba e no dia 21 haverá concerto com o quinteto de sopros Sujeito a Guincho. Para finalizar, no dia 22 haverá um recital com os professores do EMIn e, no dia 23, se apresentam as Orquestras formadas pelos alunos. Todos os concertos iniciam às 20h, na Sala Acrísio de Camargo, no Ciaei (Centro Integrado de Apoio à Educação de Indaiatuba), com entrada gratuita.

EMIn | Desde sua primeira edição, em 2019, o Encontro Musical de Indaiatuba recebe músicos de todo país, que aproveitam atividades educacionais e uma programação cultural de alto nível artístico. Apesar das limitações impostas pela pandemia, o projeto foi retomado em seu formato original em 2021, tendo sido bem recebido por estudantes e pela população local.

O 3º EMIn é realizado pela Amoji (Associação Mantenedora da Orquestra Jovem de Indaiatuba), por meio da Orquestra Sinfônica de Indaiatuba, em conjunto com a Prefeitura de Indaiatuba, por meio da Secretaria de Cultura.

Site: www.orquestradeindaiatuba.org.br | Instagram: orquestrasinfonicadeindaiatuba | Facebook: orquestra.deindaiatuba.

(Fonte: Armazém da Notícia)

Lagoa do Taquaral recebe festança nordestina de sexta (10) a domingo (12/6)

Campinas, por Kleber Patricio

Imagem: Secom/PMC.

A Lagoa do Taquaral será sede da primeira edição da Festa da Cultura e Tradições Nordestinas de Campinas, de 10 a 12 de junho, para quem gosta da cultura nordestina, muito forró pé de serra, forronejo, piseiro, xote e baião. A entrada é gratuita e o acesso é pelos portões 5 e 7. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo apoia o evento.

A festa terá shows para quem quer gosta de dançar forró com aulas interativas com algumas das melhores escolas de dança da região. Também haverá praça de alimentação, com diversas barracas vendendo pratos típicos da culinária nordestina, como acarajé, baião de dois, sarapatel, galinhada, buchada de bode, virado de feijão de corda, carne seca com macaxeira, tapioca e cuscuz.

Haverá também pratos mais tradicionais, como frango com polenta, costela, espetinhos, pastéis, lanches de pernil e calabresa, burger na parrilha, porções diversas e as delícias com carne suína, como costelinha barbecue e torresmo de rolo. Batidas, caipirinhas, chope, chope artesanal, cervejas, sucos, água de coco e refrigerantes completam o cardápio.

A festa contará também com decoração típica, presença dos bonecões de Olinda e premiação para os melhores casais de dança de forró pé de serra e de piseiro. Haverá também espaço kids e passeios com o trenzinho da alegria. Quem quiser, pode levar o pet.

Serviço:

Festa da Cultura e Tradições Nordestina de Campinas

Dias: 10 de junho (sexta-feira), das 18h às 22h; dias 11 e 12 de junho (sábado e domingo), das 11h às 22h

Local: Parque do Taquaral, acesso pelos portões 5 e 7

Entrada gratuita, estacionamento gratuito no local.

Programação de shows e apresentações:

10 de junho (sexta-feira)

19h30 – Magno e Banda Collo Quente – Forró e Piseiro

11 de Junho (sábado)

12h – Escola de dança Proibido Cochilar

12h30 – Everton Santos – Forronejo

15h – Tom Santana e Banda – Forró Pé de Serra

16h30 – Escola de Dança Proibido Cochilar – aula interativa de forró

18h30 – Paula Mello e Banda – Forronejo e Piseiro

20h – Pegada dos Plays – Forró e Piseiro

11 de Junho (sábado)

12h – Escola de dança Proibido Cochilar

12h30 – Everton Santos – Forronejo

15h – Tom Santana e Banda – Forró Pé de Serra

16h30 – Escola de Dança Proibido Cochilar – aula interativa de forró

18h30 – Paula Mello e Banda – Forronejo e Piseiro

20h – Pegada dos Plays – Forró e Piseiro  

12 de Junho (domingo)

12h – Escola de Dança Proibido Cochilar – aula interativa de forró

12h30 – Trio Belo Xote – Forró Pé de Serra

14h – Maria Lua – Forró Pé de Serra

15h30 – Escola de dança Involvent – aulas interativas de forró

18h30 – Aluízio Cruz – Forró Pé de Serra.

(Fonte: Prefeitura de Campinas)

Instituto Anelo homenageia o Dia dos Namorados com 1ª produção audiovisual apenas com alunos

Campinas, por Kleber Patricio

Foto: Levi Macedo Lima.

Em homenagem ao Dia dos Namorados, o Instituto Anelo celebra o amor em sua expressão mais singela e de uma forma muito especial: lança sua primeira produção audiovisual com a participação apenas de alunos da instituição tanto na gravação da música, quanto no videoclipe. A canção escolhida foi “Coração Teimoso”, composição inédita de Luccas Soares que fala sobre o amor platônico, adolescente, que remonta os tempos de escola. A estreia será no dia 11 de junho, às 17 horas, simultaneamente no YouTube, Facebook e Instagram.

Fundador e coordenador geral do Instituto Anelo, uma associação civil sem fins lucrativos que oferece aulas gratuitas de música no Distrito do Campo Grande, em Campinas (SP), Luccas Soares considera o projeto Coração Teimoso “encantador”. “Estou muito feliz, principalmente porque é uma composição recente. Comecei a compor em 5 de maio e, em um mês, conseguimos produzir. Foi um tempo recorde e com um grupo muito legal de alunos”, afirma.

Inicialmente, conta o coordenador, o objetivo era gravar com músicos profissionais, a exemplo de outras produções audiovisuais realizadas pelo Instituto Anelo. Até que surgiu a ideia de registrar a canção apenas com alunos – dez no total. São eles: Sophia Ferreira Rosa (voz), Jorge Reis (voz), Julia Oliveira da Silva (voz), Nicolas Vinicius Rosa da Silva (flauta transversal), Lucas Dantas Avelar (sanfona), Josué Ferreira Ferraz (violão), Anderson Rafael Nardi (baixo), Júlia Nascimento Cordeiro (zabumba), Kevin Brian (triângulo) e Kauã Jhonatas Santa Rosa Pereira (agogô).

Assim, a gravação de “Coração Teimoso” foi realizada no estúdio do Anelo e as imagens do videoclipe foram captadas em um sítio cedido gentilmente pela Associação Beneficente Maria e Tsu Hung Sieh, entidade de Campinas que é uma das apoiadoras do Instituto. “Eles (os alunos) não são profissionais, mas quem ouvir a música e assistir ao vídeo vai ver que eles atuaram como profissionais e fizeram tudo com excelência”, diz Luccas, que destaca, ainda, a importância do engajamento de professores e equipe técnica na concretização do projeto, uma vez que todos trabalharam de forma voluntária.

O primeiro videoclipe

Jorge Reis, que divide o vocal principal de “Coração Teimoso” com Sophia Ferreira Rosa, conta que participar desse projeto foi uma experiência incrível, principalmente porque é seu primeiro videoclipe. “Me deu muita vontade de fazer coisas assim, de estar conectado com a música dessa forma. Acredito que tem tudo a ver com o que quero seguir na minha carreira”, afirma Jorge, que já participou de outras produções do Anelo e decidiu se tornar músico profissional.

Aos 22 anos, ele é aluno de Prática de Banda e participa dos grupos musicais que se apresentam no Anelo na Escola, projeto do Instituto que tem como objetivo levar shows musicais a todas as instituições públicas de ensino do Distrito do Campo Grande. Além das aulas no Anelo, Jorge estuda Canto na área de MPB/Jazz do Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí (SP), o maior da América Latina, fato que considera uma conquista muito grande.

A primeira vez em estúdio

Sophia Ferreira Rosa, por sua vez, também considera sua participação nesse projeto uma experiência muito legal. “Foi minha primeira gravação em um estúdio totalmente profissional, e gravando um clipe também. Foi uma coisa muito importante, muito especial”, conta Shophia, que além de cantora é compositora – ela tem alguns trabalhos autorais gravados de forma “caseira” e que estão disponíveis em plataformas digitais como YouTube, Spotify e Apple Music com o nome artístico de Sophi.

“Faço por amor, e quero levar isso para o meu futuro. Penso que se isso chegar a alguém vai ser ótimo. E se não chegar também, tudo bem. É mais uma coisa por amor, sem um interesse maior em fama etc.”, diz a jovem artista de 16 anos sobre suas músicas. No Instituto Anelo, ela é aluna do projeto Prática de Banda e de violão.

O Instituto Anelo

Fundado em 10 de maio de 2000, o Instituto Anelo é um projeto intergeracional que já atendeu, ao longo de 22 anos de atividades, cerca de 10 mil alunos em seus projetos. Alguns deles tornaram-se músicos profissionais e professores, inclusive lecionando na própria instituição.

Atualmente, o Anelo trabalha com os seguintes projetos: Brincando com os Sons (musicalização infantil), Instrumentos e Canto (ensino de instrumentos de cordas, teclas, sopros e percussão, além de canto coral) e Prática de Banda (música em grupo). Além disso, tem a própria big band, a Orquestra Anelo, e conta com grupos artísticos formados por professores e colaboradores do projeto que representam a instituição em eventos e festivais.

Serviço:

Homenagem ao Dia dos Namorados – Lançamento do vídeo Coração Teimoso

Data: 11 de junho de 2022 (sábado)

Horário: 17 horas

Plataformas: YouTube (youtube.com/institutoanelooficial), Facebook (facebook.com/institutoanelo) e Instagram (@institutoanelo).

FICHA TÉCNICA

Coração Teimoso

Composição e direção geral: Luccas Soares

Mixagem e masterização: Fernando Baeta

Captação e edição de vídeo: Marlon Rissatto

Produção e fotografia: Levi Marcelo

Produção e captação de áudio: Deivyson Fernandes e Romulo Oliveira

Captação de áudio: Felipe Gondim

Produção: Elaine Oliveira, Jéssica Rodrigues e Josias Teles

Orientação: Danielzinho JG, Filipe Lapa, Josimar Prince

Alunos: Sophia Ferreira Rosa (voz) | Jorge Reis (voz) | Julia Oliveira da Silva (voz) | Nicolas Vinicius Rosa da Silva (flauta transversal) | Lucas Dantas Avelar (sanfona) | Josué Ferreira Ferraz (violão) | Anderson Rafael Nardi (baixo) | Júlia Nascimento Cordeiro (zabumba) | Kevin Brian (triângulo) | Kauã Jhonatas Santa Rosa Pereira (agogô)

Agradecimento especial: Associação Beneficente Maria e Tsu Hung Sieh | Dr. John Sieh | Osmar Aparecido Vieira.

Letra

“Olha o meu coração como é teimoso,

Insiste em gostar de você, de novo e de novo.

Sei que dá pra perceber, bate feliz quando te vê

Parece até que vai dizer: amo você! Ó meu amor. 

Olha o meu coração como é teimoso,

Insiste em gostar de você, de novo e de novo.

Dá uma chance pra esse amor, beija como o beija-flor, rapidinho ele voltou, teimoso, mas é por amor 

Vem sem avisar que vem,

Vem pra gente namorar

Vem ó meu beija-flor,

Vem teimoso por amor.”

Link com o teaser: https://youtu.be/bkESN2_VQDY.

Saiba mais:

Mais informações sobre o Instituto Anelo: anelo.org.br

Redes sociais: facebook.com/institutoanelo | Instagram: @institutoanelo| YouTube: Instituto Anelo Oficial | Twitter: @AneloInstituto.

(Fonte: Instituto Anelo)

Com aquecimento dos oceanos, predadores mais famintos assumem o controle, aponta estudo

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Hiroko Yoshii/Unsplash.

Um oceano mais quente é sinônimo de peixes mais famintos. É o que aponta um novo estudo publicado na quinta-feira (9), na revista Science, por uma grande rede global de cientistas, dentre eles onze pesquisadores brasileiros. Os autores descobriram que o impacto de predadores no Atlântico e no Pacífico é maior em temperaturas mais altas, ou seja, os mais famintos se sobrepõem em relação às demais presas. Este cenário pode transformar outras formas de vida no oceano, potencialmente quebrando o balanço que tem existido por milênios.

Este estudo internacional com participação de 36 locais ao longo da costa Atlântica e Pacífica das Américas e liderado pelo Smithsonian e Universidade de Temple oferece, segundo os autores, a mais ampla visão sobre a temperatura dos oceanos impactando a cadeia alimentar. O Brasil está representado por sete instituições de cinco estados (UFC, UFRN, IEAPM-RJ, UFRJ, UFABC, USP e UFPR). Esta articulação com pesquisadores brasileiros permitiu que o experimento cobrisse praticamente todo o litoral do país, que tem uma extensão continental, demonstrando o papel relevante e a forte inserção internacional da ciência marinha brasileira.

De acordo com um dos autores brasileiros, o biólogo Guilherme Longo, o trabalho evidenciou que, em águas mais quentes, o apetite voraz dos predadores deixou marcas descomunais na comunidade de presas. “Por sua vez, nas áreas mais frias, vimos que deixar a comunidade de presas expostas ou protegidas praticamente não fez diferença. O que sugere que os efeitos dos predadores tendem a ser menores em águas mais geladas”, destaca Longo, que é professor adjunto do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Os locais de estudo foram desde o Alasca no Norte até a Terra do Fogo na ponta da América do Sul. “Nós sabemos de estudos prévios no Panamá que a predação nos trópicos pode ser intensa”, disse Mark Torchin, coautor do trabalho e ecólogo marinho do Instituto de Pesquisa Tropical do Smithsonian no Panamá (STRI – Smithsonian Tropical Research Institute). “Entretanto, trabalhar com nossos colaboradores por toda a América nos permitiu testar a generalidade dessa ideia e avaliar como os efeitos da predação mudam em ambientes mais frios”, destaca.

Uma resposta em três experimentos

Em cada local, os pesquisadores realizaram três experimentos com predadores e presas, que tinham a proposta de responder à pergunta: o que um oceano mais quente e mais faminto significará para o resto da liga da cadeia alimentar? No primeiro experimento, os pesquisadores estimaram a atividade dos predadores usando ‘squid pops’ (pequenos discos feitos de lulas secas que lembram pequenos petiscos de cafeterias). Depois de uma hora, os pesquisadores checavam quantos squid pops tinham sido devorados. O resultado confirmou a suspeita: em locais mais quentes, a predação foi mais intensa, enquanto em locais mais frios (abaixo dos 20 °C), a predação caiu a zero.

Nos outros dois experimentos, os autores olharam para os organismos que os peixes gostam de comer, como tunicados e briozoários, para ver como os predadores podem impactar seu crescimento e abundância. Eles acompanharam o crescimento das presas em placas de plástico que ficaram submersas por três meses. Algumas placas eram cobertas por gaiolas de proteção que mantinham os predadores sem acesso, enquanto outras placas foram deixadas abertas e desprotegidas, podendo ser acessadas pelos predadores. Além disso, os pesquisadores protegeram todas as placas por dez semanas, deixando as presas crescer sem serem predadas, e então abriram as gaiolas de metade delas por duas semanas, deixando os predadores acessarem as presas livremente.

Os predadores preferiram comer organismos moles, como tunicados solitários, de forma que esse tipo de presa sofreu as maiores perdas nos trópicos em placas desprotegidas. Por outro lado, briozoários incrustantes, e que são mais resistentes por serem mineralizados, floresceram no novo espaço liberado já que os peixes nãos se importavam em comê-los. “Com a mudança na predação, algumas espécies serão vencedoras e algumas irão perder”, disse o coautor Greg Ruiz, chefe do Laboratório de Pesquisa em Invasão Marinha do SERC. “Alguns se defenderão, outros estarão vulneráveis. Mas nós não sabemos exatamente como isso vai acontecer”.

(Fonte: Agência Bori)

Programa Nacional de Defensivos Agrícolas na ditadura militar estimulou a produção e mudou perfil do uso de agrotóxicos no Brasil

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Marcos Santos/Imagens USP.

Durante a ditadura militar, o Brasil, então crescente consumidor de pesticidas, passou a ampliar sua produção de agrotóxicos para reduzir a dependência de importações. Essa e outras ações que moldaram o uso de venenos na agricultura brasileira estiveram no escopo do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas (PNDA), vigente de 1975 a 1980 no país. O Programa é tema de uma análise feita por cientistas da Casa de Oswaldo Cruz, publicada na “História, Ciências, Saúde – Manguinhos” nesta semana.

A partir da leitura crítica de documentos da Fundação Oswaldo Cruz e do Centro de Memória do Instituto Biológico de São Paulo, além de reportagens de jornais da época, os pesquisadores revisitaram a história do PNDA com o objetivo de esclarecer as ligações entre as políticas do governo civil-militar brasileiro e as dinâmicas globais de restrição do uso de agrotóxicos — à época já desigual, com permissões distintas em países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Do ponto de vista internacional, três pontos compõem o contexto da agricultura do período: a Revolução Verde, a implementação de políticas de desenvolvimento e as discussões sobre a temática ambiental. A Revolução Verde inspirava uma modernização agrícola, na qual os agrotóxicos tinham papel de aumentar a produtividade. Os países em desenvolvimento eram estimulados a criar políticas de modernização para alcançar os patamares dos EUA e da Europa, que detinham a vanguarda no campo. Por fim, as potências mundiais passaram a conhecer os impactos ambientais dos agrotóxicos, buscando rever seus modelos de produção.

No Brasil, o consumo de pesticidas era significativo antes da criação do PNDA — e apenas 22% dos venenos utilizados eram de produção interna. Havia, então, uma necessidade de aumentar a capacidade nacional de produção de agrotóxicos para reduzir a dependência do mercado externo. Nesse sentido, o Programa tinha o objetivo de ampliar a fabricação de venenos já produzidos no Brasil, e de iniciar a produção de opções ainda inéditas, como os organofosforados.

“Essa nova produção alterou o perfil do uso de agrotóxicos no Brasil”, diz Júlia Gorges, uma das autoras do artigo. “Passamos a ampliar o uso de  pesticidas que, anos antes, eram foco de discussões e já haviam sido proibidos em países desenvolvidos.”

Apesar dos esforços no aumento da produção, o PNDA não teve sucesso em nacionalizar a fabricação de agrotóxicos. Isso porque poucos dos projetos contavam com capital exclusivamente brasileiro e matérias-primas essenciais para a síntese destes produtos ainda eram importadas. “No fim das contas, o que ocorreu foi uma internalização somente das etapas finais do processo produtivo de pesticidas”, diz Leonardo Lignani, que também assina o artigo. “A grande indústria química manteve as áreas de pesquisa e de registro de patentes em países ricos, deixando às nações menos desenvolvidas a ponta da produção: uma forma de dar continuidade à comercialização de defensivos proibidos em seus mercados”.

Segundo os autores, a análise da história do PNDA é importante por ajudar a construir o contexto do uso de agrotóxicos no Brasil — atualmente em debate pela possibilidade de aprovação do chamado do Projeto de Lei dos Agrotóxicos (PL 6299/2002) — e por possibilitar a evolução de pesquisas na área de políticas de desenvolvimento agrícola.

(Fonte: Agência Bori)