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Peça “Meninas Velhas” marca reinauguração do Teatro Itália

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

O que fazem hoje as mulheres na faixa dos sessenta anos permanecerem com uma cabeça jovem e disposição física capaz de acompanhar qualquer pessoa de vinte? Ou melhor: o que faz essas pessoas, como disse Aldir Blanc na música “Cinquenta anos”, insistirem na juventude? Esses e outros dilemas da chamada terceira idade pontuam o espetáculo “Meninas Velhas”, que estreia dia 6 de maio no Teatro Itália, em São Paulo. No palco, Lucinha Lins, Sônia de Paula, Bárbara Bruno e Nadia Nardini também questionam o que faz a velhice não chegar, apesar dos cabelos embranquecerem e a pele mostrar sinais da passagem do tempo. Será que, para essas pessoas, ele, o tempo, não conta mais? Afinal, que magia é essa que acontece com os nossos “idosos”?

Com direção de Tadeu Aguiar e texto de Claudio Tovar, as atrizes dão vida a quatro mulheres sessentonas de espírito libertário. Corina (Nadia Nardini), Zuleika (Lucinha Lins), Norma (Barbara Bruno) e Edith (Sônia de Paula) são amigas da vida inteira que se encontram todos os dias na casa de uma, de outra ou no banco da praça vizinha. Dependendo do dia, tem jogatina ou lanche coletivo. Nesses encontros, as meninas, na faixa-etária em que se encontram, discutem a vida e compartilham alegrias e tristezas. A vida das quatro vai se modificando até que chegam a um momento crucial. Mas, para elas, tudo não passa de uma transformação.

A comédia trata dos “novos 60”, ou seja, da nova forma de viver essa fase madura da vida – com produtividade, alegria, desejos e projetos a realizar. Não à toa, o autor, diretor e as quatro atrizes têm mais de 60 anos e são donos felizes do “lugar de fala” nessa narrativa.

O “velho” de hoje surfa com o neto, malha, namora e navega na rede. Faz planos, tem amigos e, apesar – e até por isso – de o tempo de vida à frente ser menor do que o tempo para trás, vive intensamente e persegue novos sonhos e desejos.

Serviço:

“As Meninas Velhas”

Teatro Itália – Av. Ipiranga, 344 – República, São Paulo/SP. Telefone: (11) 3120-6945

Temporada: de 6 a 29 de maio de 2022 / sex e sáb às 21h e dom às 19h

Ingressos: R$70,00

Capacidade: 292 pessoas

Duração: 80 min.

Classificação: 12 anos

FICHA TÉCNICA

Texto: Claudio Tovar

Direção: Tadeu Aguiar

Elenco: Barbara Bruno, Sônia de Paula, Nadia Nardini, Lucinha Lins

Assistência de Direção: Flávia Rinaldi

Cenários, Figurinos e Adereços: Claudio Tovar

Trilha Sonora Original: Claudio Lins

Registro de Ações: Calabouço

Cenotécnico: J. Faria

Costura: Nice Tramontim

Assessoria de Comunicação: Dobbs Scarpa

Coordenação de Produção: Foco3 Produções Artísticas.

(Fonte: Dobbs|Scarpa Assessoria de Comunicação)

Exposição retrata cultura indígena por meio de fotografias

São Paulo, por Kleber Patricio

A exposição “Origens” entra em cartaz na próxima sexta-feira (29) na Unibes Cultural e traz um olhar sobre a cultura indígena por meio de 40 imagens do fotógrafo e artista plástico Luis Pablo Trentin Mack. As fotografias são de indígenas de várias partes do país e de quinze diferentes etnias. A entrada para exposição é gratuita e fica em cartaz até o dia 24 de julho.

Segundo Bruno Assami, diretor executivo da Unibes Cultural, a exposição é uma oportunidade de apreciar obras únicas. “Um dos objetivos em ser um centro cultural é criar conexões e gerar valor para o público, mais do que a promoção cultural é importante refletir sobre o papel do indivíduo na sociedade, além de visualizar os povos originários deste país que resistem em meio aos desafios impostos”.

Além de já ter sido premiado internacionalmente, o fotógrafo Luis Pablo Trentin Mack também viveu na Amazônia e isso aguçou seu olhar aos povos indígenas e deste modo, sob sua ótica, retrata a cultura indígena. A curadoria da exposição “Origens” é de Walter M. Ito. A exposição “Origens” faz parte do eixo de programação Direitos Humanos da Unibes Cultural.

Em cartaz

Outra experiência em cartaz na Unibes Cultural é a Operação Marte, um evento inédito que conta com 14 ambientes interativos e que projeta a Estação Espacial ‘Bravo’, local onde ocorrem todas as atividades em uma operação que envolve tecnologia, conhecimento e diversão para o público infantil, de 6 a 9 anos.

“Operação Marte” oferece uma experiência incrível para o público infantil. Foto: divulgação.

Com o objetivo de aflorar a criatividade e inspirar as crianças, os visitantes terão que realizar tarefas nas áreas de robótica, eletrônica e programação para ajudar uma equipe de cientistas que está encontrando problemas na missão. A ideia da exposição é proporcionar uma experiência interativa incrível para o público infantil e proporcionar uma experiência educacional. Os ingressos para essa experiência estão sendo vendidos pelo site Operação Marte.

Próxima exposição: Relevo da palavra

Por fim, ainda no mês de maio uma nova e incrível exposição será lançada na Unibes Cultural: “Relevos da Palavra”. A exposição, organizada pela Fundação Dorina Nowill para Cegos, será lançada e aberta ao público no dia 24 de maio.

A Fundação Dorina Nowill para Cegos trabalha há 75 anos pela autonomia e inclusão social de pessoas cegas e com baixa visão e oferece gratuitamente serviços especializados nas áreas de educação especial, reabilitação e empregabilidade, além de atuar na área cultural.

Todas as informações e a programação completa da Unibes Cultural podem ser acessadas no site oficial.

Serviço:

Exposição “Origens”

Local: Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2500 – Sumaré – São Paulo/SP

Ao lado da estação Sumaré do Metrô

Data: 29/4 até 24/7

Operação Marte

Local: Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2500 – Sumaré – São Paulo/SP

Ao lado da estação Sumaré do Metrô

Horários: de quinta a domingo das 12h00 às 20h00

Exposição “Relevo da Palavra”

Local: Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2500 – Sumaré – São Paulo/SP

Ao lado da estação Sumaré do Metrô

Data: a partir de 24/5

Horários: de quinta a domingo das 12h00 às 20h00

Sobre Unibes Cultural | Em funcionamento desde 2015 na Rua Oscar Freire, em São Paulo, a Unibes Cultural tem o papel de hub da cultura, do empreendedorismo criativo e das causas sociais ao convergir, conectar e distribuir cultura e diferentes conhecimentos. Com uma programação variada, que inclui shows, exposições, palestras, atividades para o público infantil e peças de teatro, o centro cultural da Unibes assume a vocação não só de formadora de público, mas também de agente transformador do cenário cultural. A curadoria do espaço propõe encontros, debates e reflexões para todos que querem ajudar a preparar a cidade para o futuro. Acompanhe nas redes sociais: Facebook | YouTube | Instagram | LinkedIn.

(Fonte: LVBA Comunicação)

Casarão Brasil lança e-book ‘Projeto Direitos Humanos para Refugiados LGBTI’

São Paulo, por Kleber Patricio

E-book Projeto “Direitos Humanos para Refugiados LGBTI” pode ser conferido gratuitamente.

Os debates da 1ª Conferência de Direitos Humanos para Refugiados e Migrantes LGBTI, realizada em março deste ano em São Paulo e transmitida pelo Google Meet, podem ser conferidos na íntegra no e-book “Projeto ‘Direitos Humanos para Refugiados LGBTI’”, que está disponível online para os interessados. O evento foi realizado pela Casarão Brasil – Associação LGBTI, com apoio do Consulado do Reino dos Países Baixos, apoio institucional da Casa da Gente Brasil/Catalunya e da Rede Europeia de apoio às Vítimas Brasileiras de Violência Doméstica (Revibra).

A publicação foi desenvolvida a partir do conteúdo dos participantes dos debates da Conferência, documento atual que trata das políticas públicas para refugiados e imigrantes na cidade de São Paulo. O material será enviado para a Prefeitura de São Paulo, o Governo do Estado de São Paulo e o Governo Federal.

O objetivo, segundo o presidente da Casarão Brasil, Rogério de Oliveira, é oferecer propostas e parâmetros para a elaboração de políticas públicas consistentes e acolhedoras para essa população. “Vamos trabalhar para que a gente possa ter uma agenda para os próximos meses para que essa pauta, necessária e atual, continue”, afirmou.

Rogério de Oliveira, presidente da Casarão Brasil. Foto: divulgação.

No documento, estão transcritas as palestras da fundadora da Revibra, Juliana Wahlgren; da chefe de gabinete de Relações Públicas da Prefeitura de São Paulo, Ana Cristina da Cunha Wanzeler; da jurista da Casa da Gente Brasil/Catalunya, Mariana Araújo; da representante da Rede de Mulheres Migrantes Lésbicas Bissexuais e Pansexuais (Rede MILBI+), Maria Paula Botero; do Cônsul Geral de Portugal, Paulo Nascimento; da representante do Consulado Geral dos Países Baixos, Gabriela Presti; e da diretora de Proteção de Direitos de Minorias Sociais e População em Situação de Risco do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Marina Reidel.

A Conferência online abordou o tema “Políticas Públicas de Atendimento” e aconteceu no dia 17 de março, aberta a todos os interessados. O encontro virtual debateu cidadania e inclusão de refugiados e migrantes LGBTI, em palestras com diferentes eixos temáticos.

Harmonização

Juliana, que também é chefe de Litígio Estratégico da European Network Against Racism (ENAR), afirmou que é muito importante entender como políticas públicas, medidas de proteção, práticas imediatas e legislações são feitas nesse sentido. Ela lembrou que a União Europeia trabalha em um mecanismo de harmonização de políticas públicas e na perspectiva de decidir conjuntamente como avançar e como proteger populações e minorias dentro do continente

A fundadora da Revibra apontou que a União Europeia não trouxe grandes revoluções, mas trouxe importantes evoluções na proteção de direitos fundamentais. Ela citou o sistema de asilo, que tenta ser humanizado no contexto europeu, e o visto de trabalho. “A integração econômica traz independência e autonomia ao imigrante”, afirmou.

Desafios maiores

Ana Cristina abordou a Promoção e Garantia de Acesso a Direitos Sociais e Serviços Públicos para migrantes e refugiados LGBTI. De acordo com ela, o processo migratório é muito sensível quando se refere aos imigrantes LGBTQIA+, com desafios ainda maiores. Ana Cristina lembrou que a cidade de São Paulo conta com o Plano Municipal de Políticas para Imigrantes. “É um instrumento inédito entre os municípios brasileiros. Foi elaborado de forma participativa, com as contribuições de pessoas refugiadas e migrantes e de organizações internacionais”, afirmou Ana Cristina. O documento afirma a igualdade de direitos, que deve ser assegurada e promovida por toda a administração. Na prática, explicou, significa acesso integral à educação, saúde, trabalho, geração de renda e as redes de proteção específicas. “Esse documento foi reconhecido internacionalmente como vanguarda ao redor do mundo”, alegou.

Asilo eficiente

‘Inclusão Social e Reconhecimento Cultural’ foi o tema da palestra de Mariana Araújo, que destacou a importância da interseccionalidade entre um potencial solicitante de asilo e uma pessoa que pertence à comunidade LGBTQIA+. “A gente está num momento, apesar das sistemáticas progressões e melhorias, de se encontrar muitas violações”, disse. Segundo ela, a necessidade de provar a ameaça para solicitar asilo é um fator de dificuldade nesses processos.

Mariana citou que essas pessoas, sistematicamente expostas à violência e à exploração durante toda a sua, outra vez, durante a rota migratória, podem se deparar com violência, exploração sexual por traficantes em pontos fronteiriços, em campos de refugiados, exploração sexual ou trabalhista forçada, ser recrutado por rede de tráfico, muitas vezes de maneira inconsciente em países de trânsito. Ele defendeu que é preciso mudar a realidade de procedimentos de asilo inadaptados e insuficientes.

Participação

Maria de Paula discorreu sobre Atendimento de Demandas Específicas da População Migrante e Refugiada LGBTI, contando que é imigrante colombiana em São Paulo, onde mora há seis anos. Ela defendeu que construir processos e políticas públicas não é eficaz quando não há a participação de migrantes e refugiados LGBTQI+ participando dos trabalhos, tanto na construção quanto na execução. “Por isso a gente construiu a rede e começou a fazer todo esse processo de visibilidade”, afirmou Maria de Paula. Ela apontou que muitos migrantes não têm status de refugiados, mas saíram dos seus países motivados por sua orientação sexual ou identidade de gênero. “O Brasil é bom, em muito sentidos, para a população LGBTQI+, mas também é um país proporcionalmente violento. Então, a gente tem que levar isso em consideração nos espaços migratórios”, comentou.

Proteção social

O Cônsul de Portugal em São Paulo, Paulo Nascimento, tratou do Avanço das Políticas Públicas para a Comunidade LGBTI em Portugal, reconhecendo que ainda há problema de discriminação, não apenas em relação aos migrantes e refugiados LGBTQI+, mas também baseada em motivos raciais. “Seja como for, nenhuma dessas discriminações já curaram alguma sociedade que se quer desenvolvida e que é uma sociedade que nós queremos para o mundo”, afirmou.

Segundo Nascimento, o multilateralismo é o espaço próprio em que os estados podem fazer avançar uns aos outros, através de uma motivação comum. Ele defendeu a qualidade de vida por trabalho produtivo, com remuneração justa, que permite integração e proteção social. E disse que é preciso seguir esse caminho internacionalmente, de uma forma estruturada, por meio de campanhas de sensibilização e de afirmação. “É fundamental que se comece na escola com as crianças.”

Igualdade de tratamento

Gabriela Presti, assessora de cultura do Consulado Geral do Reino dos Países Baixos em São Paulo iniciou sua palestra sobre Promoção do Trabalho Decente a Refugiados e Migrantes LGBTI lembrando que na década de 50, candidatos homossexuais foram impedidos de trabalhar no setor público na Holanda apenas por conta da sua orientação sexual. “Desde então, nós percorremos um longo caminho em direção à igualdade para as pessoas LGBTI. Em janeiro, na Holanda, foi estabelecido um novo governo, no qual os ministros de Defesa, Clima e Energia e Infraestrutura e Água são abertamente homossexuais e dois são casados legalmente”, contou.

Gabriela enfatizou que o direito à igualdade de tratamento está agora consagrado na lei holandesa com amplo apoio público a princípios como direitos iguais de emprego e o direito de formar sua própria identidade e determinar a sua vida pessoal, bem como estar protegido da violência em casa e no espaço público. “Considerando o quanto a Holanda alcançou nas últimas décadas e como a legislação e as normas culturais evoluíram, há motivos para ser otimista”, alegou, embora nem sempre isso se reflita na prática.

Gabriela citou que as relações entre pessoas do mesmo sexo são criminalizadas em 72 países no mundo e as sanções variam de vários meses de prisão a penas de prisão perpétua ou até mesmo a pena de morte. “Em São Paulo, o Consulado Geral do Reino dos Países Baixos tem muito orgulho de apoiar o projeto ‘Direitos Humanos para Refugiados LGBTI’ junto com a Associação Casarão Brasil”, afirmou.

Diálogo transversal

Marina Reidel falou sobre Acolhimento e Acesso a Serviços Públicos por Refugiados e Migrantes LGBTI, defendendo o diálogo transversal. Segundo ela, o Brasil avançou muito nas leis e tem buscado promover na igualdade de gênero através do Programa de Empregabilidade, criado em 2019. “É um programa que foi desenhado com várias mãos para também ter esse recorte específico sobre a questão imigratória e, principalmente, a questão LGBT. A empregabilidade é um dos nossos temas. Para além disso, a gente tem o combate à violência, discriminação, e aí a gente trabalha com todas as transversalidades possíveis, porque nós vamos ter LGBT desde a criança, o adolescente, até o pós-morte”, disse.

Link para acessar o e-book

Link para acessar o vídeo com o debate completo

Contatos:

Site

E-mail

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Telefone: 11 99463-0537

Rua Coronel Xavier de Toledo, nº 210, cj. 111, República, São Paulo (SP)

Serviço do e-book

Coordenação: Rogério de Oliveira

Transcrição: Silvana Brito

Diagramação: Douglas Mariano

ISBN 978-65-997171-1-6

Sobre o Casarão Brasil | O Casarão Brasil – Associação LGBTI é uma organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) fundada em 2008, que utiliza seu espaço como forma de inclusão social. Entre suas várias atribuições, tem como prioridade atuar em prol da comunidade LGBTI buscando a inclusão social, econômica, educacional e a construção da cidadania para todxs. Atua em todo o território da cidade de São Paulo e tem a sede localizada na região central do município.

(Fonte: Betini Comunicação)

Antropóloga da USP aborda em livro a exposição de mulheres na internet

São Paulo, por Kleber Patricio

Capa do livro.

Pesquisa da FGV revela que o Brasil possui mais celulares que pessoas – 234 e 211 milhões, respectivamente. Não há como, em 2021, escapar de uma foto, de uma filmagem ou de um flagra que, ao ser registrado, pode ganhar o mundo através da internet. Para entender o fluxo que uma foto íntima – o famoso ‘nude’ – percorre entre o clique e a exposição, a doutora em antropologia e pesquisadora Beatriz Accioly Lins lança através da Editora Telha o livro “Caiu na Net: Nudes e exposição de mulheres na internet”, onde seu maior foco está na figura da mulher que sofre infinitamente mais com essa divulgação se comparada ao homem.

“Após acompanhar, para minha tese de doutorado, a rotina dentro de duas delegadas de defesa da mulher, percebi o aumento dos registros de ameaças e chantagens ligados às novas tecnologias, principalmente o uso dos smartphones”, afirma a antropóloga, pesquisadora e escritora Beatriz Accioly.

Beatriz conduz o leitor pela trilha dessas imagens vítimas de julgamentos morais, acusações e até perseguições. Sua pesquisa acompanhou ativistas, gestores públicos, juristas, jornalistas e pesquisadores a fim de elucidar as consequências desses atos e, também, como o Direito pode zelar pelos direitos da vítima dessas divulgações criminosas. Nesses casos, o advento das redes sociais e da sociedade cada vez mais conectada se torna um inimigo implacável que atua em prol de quem visa constranger, intimidar e até aliciar alguma mulher.

Para a autora de “Caiu na Net”, tais materiais ilustram sem sombra de dúvida a desigualdade e circunstancial violência de gênero que elas sofrem dentro dessa temática. Se para algumas mulheres o ‘nude’ representa novas experiências de paquera e sedução, essa atitude pode vir a se reverter em chantagem quando aquela imagem deixa de ter um ou dois conhecedores e passa a ser acessada por milhares de pessoas, o que configura o chamado “vazamento”.

“A tipificação penal em 2013, quando houve o ‘boom’ dos celulares no país, dificultava o trabalho da polícia. À época, pegamos emprestado o termo ‘pornografia de vingança’ da língua inglesa, na falta de termos uma nomenclatura nossa”, comenta Beatriz.

O julgamento que antes só se via em tribunais ganhou uma nova esfera: a cibernética. A pessoa que é exposta em sua intimidade nas redes sociais é taxada como sem valor e sofre um linchamento social muitas vezes pior que o veredito de uma ação de danos morais que possa ser movido contra o divulgador das fotos.

“Caiu na Net” é potente e esclarecedor. Mostra como, na sociedade atual, nada é muito simples no trânsito entre os prazeres e os perigos ou, nos bons termos da autora, entre o desejado e o nocivo.

Sobre a Editora Telha | A Telha é uma editora independente voltada à publicação de obras críticas sobre temas contemporâneos.

Sobre a autora | Beatriz Accioly Lins é antropóloga, doutora e mestra em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, além de Pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença (Numas-USP). Desenvolve pesquisas sobre acesso a direitos, noções e percepções de justiça em se tratando de violência contra mulheres e suas interseções com marcadores sociais da diferença. É, ainda, autora do livro “A lei nas entrelinhas: a Lei Maria da Penha e o trabalho policial” (Ed. Unifesp, 2018) e coautora do livro “Diferentes, não desiguais: a questão de gênero na escola” (Reviravolta, 2016).

Serviço:

Livro: “Caiu na Net”

Autora: Beatriz Accioly Lins

Editora: Telha

Páginas: 268

Preço: R$59,00.

(Fonte: Aspas e Vírgulas)

Cinemateca Brasileira reabre com filme inédito e mostra do ator e diretor José Mojica Marins, o Zé do Caixão

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Caio Brito e João Pedro Albuquerque.

Após um longo período de interrupção, a Cinemateca Brasileira, instituição responsável pela preservação e difusão do maior acervo audiovisual do país, reabre as portas para o público nos dias nos dias 13, 14 e 15 de maio (sexta, sábado e domingo).

No primeiro dia do evento, serão exibidos o média-metragem “A Praga” (1980), restaurado, editado e finalizado pelo produtor Eugenio Puppo, que descobriu as latas do filme perdidas no escritório do cineasta, em 2007, e o curta-metragem “A Última Praga de Mojica” (2021), dirigido por Cédric Fanti, Eugenio Puppo, Matheus Sundfeld e Pedro Junqueira, que narra esse processo.

“A Praga” foi quase todo filmado em super-8, em 1980, mas permaneceu inacabado por mais de 20 anos por falta de recursos. Puppo juntou os originais, filmou cenas adicionais, incluindo o retorno de Mojica como Zé do Caixão apresentando a história, dublou as falas através de leitura labial, inseriu efeitos visuais, editou e supervisionou o processo de pós-produção. Após a morte de Mojica, em fevereiro de 2020, Puppo finalizou o média-metragem que foi apresentado pela primeira vez em outubro do ano passado, no Festival de Cinema de Sitges, na Espanha, considerado um dos maiores eventos de horror do mundo.

O filme conta a história de Juvenal que, durante um passeio com sua esposa Marina, tira fotos de uma estranha senhora que revela ser uma bruxa e o amaldiçoa.

Mostra “O Cinema sem Medo de Mojica”

Still de “A última praga de Mojica”. (Divulgação)

O fim de semana segue com filmes pouco exibidos do mestre do terror brasileiro: “A Encarnação do Demônio”, que fecha saga da personagem Zé do Caixão; “Trilogia de Terror”, filme em episódios que codirigiu com Ozualdo Candeias e Luís Sérgio Person; “O Despertar da Besta”, com seu terror psicodélico e olhar cínico sobre jogos de poder e “Exorcismo Negro”, um pesadelo metalinguístico em que criador enfrenta sua criatura.

No sábado, 14 de maio, às 16h, vida e obra do cineasta serão discutidas em uma mesa com o biógrafo de Mojica, André Barcinski, e com dois dos realizadores de “A Encarnação do Demônio”, o cineasta, produtor e editor Paulo Sacramento e o roteirista e diretor Dennison Ramalho.

José Mojica Marins (1936-2020) fez cinema sem medo. Sem medo das convenções de gênero, das limitações de orçamento, da censura da ditadura, sem medo das palavras perdidas da crítica. Lembrando Rogério Sganzerla, citado em “Maldito – A Vida e Obra de José Mojica Marins, o Zé do Caixão”, de André Barcinski e Ivan Finotti, “o estranho mundo de Marins remete o cinéfilo às origens da mitologia cinematográfica, onde a criatividade se alimenta da produção em série, das aventuras em capítulos, do público como agente produtor e consumidor do horror”.

O diretor José Mojica Marins em cena do filme “A Praga”. Foto:

Seus filmes, viscerais, não se intimidam diante de experimentações de linguagem, das críticas sociopolíticas, do abjeto, do tosco, do primal. É por isso que Mojica é o mestre do terror brasileiro.

Semana ABC

Ainda em maio, de 25 a 28, a Cinemateca Brasileira volta a sediar a Semana ABC, evento anual aberto ao público que desde 2002 apresenta ao mercado, estudantes e trabalhadores do audiovisual, novas tendências e novas tecnologias.

Neste ano, o evento, que volta a ser presencial, contará com exposição de equipamentos e serviços, painéis e mesas de debates com profissionais brasileiros e estrangeiros, que se destacam em direção de fotografia, som, direção de arte e montagem no meio cinematográfico mundial.

A programação completa pode ser consultada no site da ABC <acesse aqui>.

Homenagens

Na reabertura da Cinemateca, o público encontrará novidades, decorrentes de homenagens.

A partir de 12 de maio, a sala de projeção inaugurada em 1997 com o patrocínio da Petrobras passa a se chamar Sala Oscarito. A sala que estreou com o patrocínio do BNDES em 2007, é agora a Sala Grande Otelo. Já a sala onde se reúne regularmente o Conselho da Cinemateca foi honrada com o nome da consagrada escritora Lygia Fagundes Telles, que integrou a diretoria da instituição entre 1978 e 1986 e o seu conselho até 2013.

Mostra “O Cinema sem Medo de Mojica”

Cinemateca Brasileira | Sala Grande Otelo

Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana – São Paulo (SP)

Ingressos gratuitos e distribuídos uma hora antes de cada sessão

Para acessar ficha técnica, bios e fotos <acesse aqui>

Dia 13 de maio, sexta-feira, na área externa

(500 lugares)

19h: Abertura

20h: “A Última Praga de Mojica” (17 min) e “A Praga” (52 min)

Dia 14 de maio, sábado, na Sala Grande Otelo

(210 lugares + 4 assentos para cadeirantes)

16h: Mesa com André Barcinski, Dennison Ramalho e Paulo Sacramento

18h: “A Encarnação do Demônio” (94 min)

20h: “Trilogia de Terror” (101 min)

Dia 15 de maio, domingo, na Sala Grande Otelo

(210 lugares + 4 assentos para cadeirantes)

18h: “O Despertar da Besta (Ritual dos Sádicos)” (92min)

20h: “Exorcismo Negro” (100 min)

Cinemateca Brasileira

A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962 e que recentemente foi qualificada como Organização Social.

O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.

Site Oficial <acesse aqui>

Instagram: @cinemateca.brasileira

Facebook: @cinematecabr

Twitter: @cinematecabr

Spofify <acesse aqui>

(Fonte: Trombone Comunica)