Notícias sobre arte, cultura, turismo, gastronomia, lazer e sustentabilidade

Inscreva seu e-mail e participe de nossa Newsletter para receber todas as novidades

Le Cordon Bleu São Paulo apresenta experiências gastronômicas exclusivas para março e abril

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Divulgação/Le Cordon Bleu.

O Le Cordon Bleu São Paulo convida os apreciadores da alta gastronomia para uma série de jantares exclusivos que prometem transformar cada refeição em uma verdadeira celebração. Com menus elaborados por chefs do Instituto, harmonizações impecáveis e um toque de criatividade, os eventos trazem temáticas inspiradoras que combinam sabor, arte e cultura.

Cada jantar é uma viagem através dos sabores, com pratos que exaltam ingredientes e narrativas culinárias que envolvem e encantam. Das icônicas refeições do cinema ao requinte da coquetelaria, da gastronomia à base de plantas à tradição da Páscoa, o Le Cordon Bleu traz uma programação inesquecível.

Luz, Câmera e Ação: A magia do cinema no paladar

14 de março, às 19h

Imagine saborear o exato momento em que o cinema e a gastronomia se encontram. No jantar “Luz, Câmera e Ação”, o Le Cordon Bleu homenageia grandes clássicos da sétima arte com pratos inspirados em filmes que marcaram época. Do sofisticado Escargot Chablisienne, uma reverência a “Uma Linda Mulher”, ao aclamado Canon de Cordeiro com Ratatouille, que transporta os convidados ao universo encantador de “Ratatouille”, cada prato é um tributo às telas. Um evento que transforma a sala de jantar em um grande palco cinematográfico.

The Toast & Taste Experience: O casamento perfeito entre coquetelaria e gastronomia 

28 de março, às 19h

Sofisticação e alquimia se encontram no “The Toast & Taste Experience”, um jantar que eleva a arte da harmonização entre pratos refinados e drinks elaborados por um mixologista. Com um menu que combina ingredientes nobres e técnicas surpreendentes, a noite promete uma sinfonia de sabores e aromas. Destaques como o Wellington de Cordeiro em Massa de Broa com Cake Amazônico e a Pinã Colada Revisitée criam uma jornada gastronômica envolvente, transformando cada gole e cada garfada em uma festa.

Jantar Plant-Based: Sofisticação e criatividade em pratos 100% vegetais 

11 de abril, às 19h

A cozinha à base de plantas ganha um novo significado neste jantar exclusivo do Le Cordon Bleu. Com técnicas inovadoras e um olhar apurado para o sabor, cada prato é uma expressão de criatividade e sofisticação. Ingredientes como Brócolis Tostado com Uvas e Amendoim e Tortellini de Milho com Harissa ao Molho de Limão Caipira mostram que a gastronomia plant based pode ser intensa, complexa e absolutamente irresistível. Um convite para descobrir novos horizontes do sabor.

Jantar de Páscoa: Tradição e requinte em uma celebração especial 

16 de abril, às 19h

A Páscoa no Le Cordon Bleu é sinônimo de elegância e sabor. O “Jantar de Páscoa” apresenta um menu pensado para transformar esta celebração em um momento memorável. Desde o Carpaccio de Cordeiro com Molho de Foie Gras até a impressionante Forest Noir de Pâques, um ovo de chocolate sobre um delicado ninho de cacau, cada prato é um convite às emoções e ao prazer gastronômico.

Não perca a oportunidade de vivenciar o melhor da gastronomia francesa com um toque de criatividade e exclusividade. Cada jantar é uma experiência sensorial que promete surpreender e encantar. Reserve seu lugar e descubra um novo mundo de sabores no Le Cordon Bleu São Paulo.

Serviço:

Experiências: R$800,00 por pessoa (pagamento em até 4x sem juros no cartão).

Inclui: Bebidas e harmonizações.

Local: Le Cordon Bleu São Paulo – Rua Natingui, 862 – 1º andar – Vila Madalena, São Paulo.

Reservas: As vagas são limitadas e podem ser feitas pelo site ou Whatsapp do Le Cordon Bleu São Paulo: (11) 98348-0229

Reserve aqui.

Sobre Le Cordon Bleu

Le Cordon Bleu é a principal rede global de institutos de artes culinárias e gestão de hospitalidade, com uma herança de 130 anos. A rede mantém presença global com 35 escolas em mais de 20 países, formando cerca de 20 mil alunos de mais de 100 nacionalidades diferentes todos os anos. As técnicas culinárias tradicionais francesas permanecem no coração do Le Cordon Bleu, mas seus programas acadêmicos são constantemente adaptados para incluir novas tecnologias e as inovações necessárias para atender às necessidades crescentes da indústria. Presente no Brasil desde 2018, possui unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde oferece programas de alta qualidade, como o Grand Diplôme, o Diploma de Cozinha Brasileira, o Diplôme de Wine & Spirits, Diplôme de Plant Based, entre outros. Site do Le Cordon Bleu.

(Com Guilherme Messina/Le Cordon Bleu)

Artesol documenta histórias das rendas e bordados brasileiros em livro inédito

São Paulo, por Kleber Patricio

Bordado Filé. Fotos: Nathalia Abdalla.

Em março, a Artesol, organização referência na valorização do artesanato tradicional brasileiro há mais de 25 anos, lançará o livro inédito ‘Têxteis do Brasil: Rendas e Bordados’. A obra documenta e celebra a riqueza das técnicas têxteis tradicionais do país, assim como as histórias de suas mestras e artesãs, e é fruto do trabalho colaborativo de uma equipe multidisciplinar que percorreu mais de 10 mil quilômetros em três meses para pesquisar e registrar os significados culturais dessas práticas artesanais. Mais que uma fonte de renda, elas representam um patrimônio cultural e um meio de expressão artística e afetiva.

Para comemorar o lançamento do livro e aproximar o público das rendeiras e bordadeiras retratadas no título, a Artesol promoverá uma série de atividades gratuitas em São Paulo: no dia 12 de março, a partir das 15h, o coquetel de lançamento contará com sessão de autógrafos e roda de conversa com as artesãs, além de uma feira para comercialização das peças têxteis feitas por elas no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (CPF Sesc). As atividades se repetem no dia seguinte (13), dessa vez no Instituto Europeo di Design (IED), entre 15h e 20h, também com entrada gratuita. Uma sessão de demonstração das técnicas e o último dia da feira no IED encerram a programação no dia 14 de março, das 14h às 18h.

Bordado Redendê.

Têxteis do Brasil será lançado pelo valor de R$180, mas durante os eventos, os exemplares estarão disponíveis com o preço especial de R$75. Depois disso, a obra também será vendida em livrarias de todo o país e pelo site da Martins Fontes e das plataformas física e online do projeto Artiz, da Artesol.

Mais do que um registro técnico, a publicação é um instrumento de salvaguarda desse patrimônio e um convite para que as novas gerações possam entrar em contato com as rendas e bordados, considerados itens de destaque no cenário da moda contemporânea – presentes em coleções de marcas como Foz, Catarina Mina, Isaac Silva, Flavia Aranha e Ronaldo Fraga, por meio do olhar e das vivências das artesãs que fazem desse o seu meio de expressão e sustento há gerações. “São as mulheres as grandes protagonistas aqui. São elas que desempenham o trabalho artesanal, doméstico, de cuidado dos seus filhos, da casa e, em muitas situações, o cultivo do roçado e a criação de animais – tudo ao mesmo tempo. O ofício dessas mães e avós, além de renda, gera pertencimento e potencial criativo, muito influenciado pelos recursos e natureza locais”, comenta a pesquisadora e organizadora do projeto, Helena Kussik.

Sobre a pesquisa

Renda Singeleza.

O projeto, cuja ideia surgiu em 2018 dentro da Artesol, levou a equipe formada pelas pesquisadoras Helena Kussik e Bianca Matsusaki, pela fotógrafa Nathália Abdalla e pela ilustradora Camila do Rosário a visitar 14 municípios do Nordeste, onde realizaram entrevistas, levantamentos históricos, registros fotográficos e ilustrações detalhadas dos pontos e técnicas têxteis. Ao todo, estiveram envolvidas 340 artesãs, 17 associações e 15 colaboradoras, fazendo de Têxteis do Brasil um dos levantamentos mais abrangentes sobre o tema já realizados em território nacional.

A obra ilustrada, editorada pela Casa Rex, apresenta nove técnicas tradicionais de bordado e renda, sendo cinco delas consideradas patrimônios imateriais, com descrições detalhadas e passo a passo de seus principais pontos. São elas: Bordado Boa Noite (patrimônio imaterial de Alagoas, original da Ilha do Ferro); Bordado Redendê (natural da região de Entremontes/AL); Bordado Filé (patrimônio imaterial de Alagoas típico da região de Marechal Deodoro); Bordado Labirinto (patrimônio imaterial da Paraíba, tradicional do município de Ingá); Renda Singeleza (Paripueira/AL); Renda Renascença (original do Cariri Paraibano, considerado patrimônio imaterial da Paraíba); Renda Irlandesa (patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Iphan, natural de Divina Pastora/SE) e as Rendas de Bilro do Trairi (CE) e do Cariri (CE).

Bordado Boa Noite.

“Rendas e bordados nos ensinam sobre o tempo, entre agulhas e linhas, encontramos um outro ritmo, onde a presença se torna essencial para expressar narrativas, sentimentos e desafios, transformando-se em metáforas da vida. Essas técnicas nos ensinam sobre a conexão entre as mãos, o coração e a memória. Reconhecendo esse valor, a Artesol acreditou nesse projeto como forma de salvaguarda das técnicas têxteis tradicionais do Brasil, preservando saberes e valorizando tais práticas para garantir que cada fio continue tecendo a cultura e a vida de muitas gerações”, afirma a diretora executiva da Artesol, Josiane Masson.

Sobre as autoras

Helena Kussik é designer e antropóloga, pesquisadora e gestora de projetos no terceiro setor, com foco na valorização dos saberes tradicionais. Idealizadora da Ómana, atua no fortalecimento dos têxteis brasileiros e suas mestras. Desde 2017, atua na Artesol, onde coordena os projetos Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro e Têxteis do Brasil. Em 2025, lança seu primeiro livro, Têxteis do Brasil: Rendas e Bordados, fruto de uma extensa pesquisa sobre os ofícios tradicionais brasileiros.

Bianca Matsusaki é designer, modelista e pesquisadora com foco em sustentabilidade e têxteis artesanais, possui ampla experiência em modelagem e atua em projetos que conectam design e práticas sustentáveis. Atualmente, é professora no Centro Universitário Senac/SP, onde leciona sobre modelagem e sustentabilidade. Sua pesquisa investiga a relação entre moda, práticas artesanais e impacto ambiental, contribuindo para a valorização dos saberes têxteis tradicionais.

Nathália Abdalla é designer e fotógrafa com experiência em iniciativas socioculturais, produção editorial e comunicação visual. Desde 2018, colabora com organizações como Artesol, WWF, ICMBio, Instituto Centro de Vida (ICV) e Instituto Empodera, unindo direção de arte, fotografia e criação de publicações. Foi editora de arte da Revista Urdume (2019-2022) e cofundadora do Instituto Urdume, voltado à pesquisa e comunicação do ecossistema manual latino-americano. Em 2024, lançou a Ophicina 202, estúdio de design e laboratório gráfico dedicado a projetos autorais e comissionados.

Camila do Rosário é ilustradora e artista visual, com trajetória marcada pela interseção entre moda, artes visuais e ilustração editorial. Natural de Santa Catarina e radicada no Rio de Janeiro, trabalha há mais de quinze anos com ilustração para moda, publicidade e publicações editoriais. Sua pesquisa busca expandir linguagens e técnicas, explorando temas ligados à mulher e sua diversidade. Sua produção combina caneta esferográfica, aquarela e acrílica, criando composições delicadas e expressivas. Além de sua atuação no mercado, participou de exposições individuais e coletivas.

Serviço:  

Livro Têxteis do Brasil: Rendas e Bordados

Editora: Artesol

ISBN: 978-85-62423-02-4

Preço: R$180,00 (R$75 durante os eventos de lançamento)

Sinopse: Têxteis do Brasil: Rendas e Bordados é um mergulho na riqueza das práticas têxteis tradicionais, destacando técnicas como Renda Renascença, Renda Irlandesa, Bordado Filé, Renda Singeleza, Bordado Labirinto, Bordado Redendê, Bordado Boa Noite e Renda de Bilros. Com organização e pesquisa de Helena Kussik, textos técnicos de Bianca Matsusaki, ilustrações de Camila do Rosário e fotografias de Nathália Abdalla, o livro resulta de uma extensa pesquisa de campo em comunidades de artesãs. A obra não apenas documenta essas técnicas, mas valoriza as histórias e a resistência das mulheres que mantêm vivas essas tradições. Com um olhar antropológico e artístico, apresenta os têxteis como expressões culturais dinâmicas, conectadas à identidade, à economia criativa e à coletividade.

Roda de conversa, sessão de autógrafos e feira

Quando: 12/3, das 15h às 20h

Onde: Sesc Centro de Pesquisa e Formação – Rua Dr. Plínio Barreto, 285, 4º andar – Bela Vista, São Paulo/SP

Entrada gratuita.

Roda de conversa, sessão de autógrafos e feira

Quando: 13/3, das 15h às 20h

Onde: Instituto Europeo di Design (IED) – Rua Maranhão, 617 – Higienópolis – São Paulo/SP

Entrada gratuita.

Sessão de demonstração das técnicas e feira

Quando: 14/3, das 14h às 18h

Onde: Instituto Europeo di Design (IED) – Rua Maranhão, 617 – Higienópolis – São Paulo/SP

Entrada gratuita.

Sobre a Artesol | www.artesol.org.br

A Artesol é uma organização sem fins lucrativos fundada pela antropóloga Ruth Cardoso em 1998. Atua na salvaguarda de saberes e fazeres artesanais tradicionais e na valorização do artesanato brasileiro junto a centenas de grupos, artesãs, artesãos e artistas populares de todo o país. O foco de seus projetos visa também gerar oportunidades de trabalho e renda para comunidades artesãs através de ações de qualificação profissional e a promoção do comércio justo, como forma de criar um futuro mais próspero para esses criativos, fazedores de cultura. A Artesol também investe em projetos de pesquisa, produção de conhecimento e difusão de conteúdo para fortalecer o setor e fomentar políticas públicas. Promove a inovação da produção artesanal nacional com programas de laboratório e mentorias em negócios que estimulam a autonomia dos artesãos na comercialização com o uso de ferramentas digitais. Presta serviços para programas governamentais e iniciativa privada e realiza eventos culturais de abrangência nacional. É a idealizadora da Rede Artesol – Artesanato do Brasil, que é a maior plataforma digital de mapeamento e articulação do ecossistema do segmento no país.

(Com Bruna Janz/Suporte Comunicação)

Gomide&Co inaugura programação anual de exposições de 2025 com duo de Julia Isidrez e Maria Lira

São Paulo, por Kleber Patricio

Maria Lira Marques 1945 – Sem título [Untitled], 2019-2020 – Assinada (inferior direito) [Signed (lower right)] – Pigmentos naturais sobre papel – [Natural pigments on paper] – 16 x 24 cm [6 1/4 x 9 1/2 in.]

A Gomide&Co anuncia a mostra que inaugura seu calendário expositivo de 2025, uma exposição em duo de Julia Isidrez (Paraguai, 1967) e Maria Lira (Brasil, 1945). Com ensaios críticos inéditos de Sofia Gotti e Chus Martínez e expografia de Lucas Jimeno, a abertura será em 20 de março, às 18h, com visitação até 17 de maio de 2025.

Baseada em projeto apresentado pela galeria em Nova York no ano passado durante a feira Independent 20th Century, a exposição é uma oportunidade para o público brasileiro ter contato com o diálogo entre as obras dessas duas artistas visuais que têm muito em comum, apesar das particularidades regionais e culturais que demarcam suas produções, apresentando as afinidades que são perceptíveis entre seus contextos distantes. Ambas as artistas trabalham a partir de antigas tradições indígenas ou afro-indígenas, criando, nos dias atuais, obras que escapam do programa tradicional da arte no Ocidente. Atuam, também, como líderes comunitárias, contribuindo para a realidade sociocultural dos respectivos locais de origem. São, portanto, vozes que se encontram no âmbito de uma perspectiva do pensamento decolonial, no sentido de reconhecer a plena validade de suas práticas no panorama artístico atual e desafiar paradigmas há muito presentes no circuito oficial de arte.

Julia Isidrez 1967 – Vasija base tinója con tapa dos ranas, 2023 – Assinada [Signed] – Cerâmica [Ceramics] – 77 x 35 x 35 cm [30 1/2 x 14 x 14 in.] – (JIS-0026).

Reunindo as cerâmicas de Isidrez e as pinturas e algumas cerâmicas de Lira (parte das obras apresentadas são inéditas), a exposição oferece uma abordagem sobre os paralelos possíveis entre seus contextos de origem.

De um lado, Itá, no Paraguai, um centro de produção ceramista de caráter próprio, com sustentação na experiência indígena, mais especificamente Guarani, povo que cultiva a tradição das artes do barro, inicialmente marcada pela produção de urnas funerárias e vasos votivos. Devido aos processos de invasão e colonização europeia, permeado por séculos de domínio cultural e religioso, a região tornou-se um ambiente propício para a reinvenção da identidade indígena e mestiza, possibilitando o desenvolvimento de uma prática artística comunitária marcada pela autoria individual – caso de Julia Isidrez, entre outras expoentes do trabalho em cerâmica no país.

De outro, Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, região brasileira marcada pelo processo histórico de exploração de suas riquezas minerais, bem como pelo processo de recuperação cultural promovido entre os anos 1960 e 80 e que resultaram na valorização da cerâmica tradicional afro-indígena praticada ali há séculos pelas populações então escravizadas e de etnias locais, como Xacriabá e Maxacali. A partir dos anos 1980, a região vivencia um processo de valorização cultural que passa também pela música em diálogo com a tradição oral – meio pelo qual Maria Lira despontou no cenário cultural, através do Coral Trovadores do Vale.

Julia Isidrez aprendeu cerâmica com sua mãe, Juana Marta Rodas (1925–2013), seguindo uma tradição matrilinear da cerâmica Guarani que remonta ao período pré-colombiano. Baseando-se em técnicas de suas antepassadas, as peças esculpidas por Isidrez transcendem sua função com um vocabulário expressivo de figuras de animais fantásticos oriundos do contexto local, a cidade de Itá, próxima a Assunção e ao Lago de Ypacaraí. Expondo junto à sua mãe desde cedo, o trabalho da artista foi apresentado em individuais e coletivas na América Latina, América do Norte, Europa e Ásia.

Maria Lira Marques 1945 – Sem título [Untitled], 2021 – Assinada (inferior direito) [Signed (lower right)] – Pigmentos naturais sobre papel [Natural pigments on paper 24 x 32 cm [9 1/2 x 12 1/2 in.] (MLM-0304).

No ano passado, obras suas estiveram em exibição junto às de sua mãe na 60ª edição da Bienal de Veneza, curadoria de Adriano Pedrosa. E, a partir do final de março deste ano, também estarão presentes na 14ª edição da Bienal do Mercosul, curadoria geral de Raphael Fonseca.

A exposição na galeria é a segunda vez que Julia Isidrez é apresentada no Brasil – em especial, em São Paulo –, após uma exposição junto a Ediltrudes e Carolina Nogueira com curadoria de Aracy Amaral em 2017. “Essa exposição, a primeira em São Paulo desde 2017, nos oferece a oportunidade de aprofundar a reflexão sobre as propriedades estéticas das esculturas em exibição, com um claro conhecimento de seu papel mutável em diferentes contextos”, comenta Sofia Gotti.

Nascida e radicada em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Maria Lira também desenvolveu um interesse precoce pelo trabalho com argila ao observar sua mãe, Odília Borges Nogueira, fazendo presépios. Desde a década de 1980, a artista tem concentrado sua prática na série ‘Meus bichos do sertão’, pinturas com pigmento mineral de animais imaginários que habitam sua mente inventiva.

Julia Isidrez 1967 – Grito de libertad, 2019 – Cerâmica [Ceramics] – 102 x ø 55 cm [40 x ø 21 1/2 in.] (JIS-0051).

Maria Lira realizou sua primeira exposição em 1975 no Sesc Pompeia e, desde então, expôs em diversas instituições nacionais e internacionais, na Bélgica, Holanda, Dinamarca, França e Estados Unidos. No começo de 2024, o Instituto Tomie Ohtake apresentou a primeira individual de caráter institucional dedicada à produção da artista: Roda dos bichos, com curadoria de Paulo Miyada e curadoria assistente de Sabrina Fontenele. Ainda no mesmo ano, a artista esteve presente com obras inéditas no 38º Panorama da Arte Brasileira, curadoria de Germano Dushá e Thiago de Paula Souza e curadoria-adjunta de Ariana Nuala. Além disso, a Gomide&Co em parceria com a Act. Editora lançou sua primeira monografia, Maria Lira, com organização de Rodrigo Moura.

Ambas as artistas também se destacam pela sua atuação no campo do ativismo. Enquanto Maria Lira é conhecida pela fundação do Museu de Araçuaí, criado com o objetivo de abrigar um acervo de objetos e documentos que registram a religiosidade e os usos, costumes e ofícios que constituem a história da cidade, Julia Isidrez se destaca pela Casa Museo Arte en Barro: Julia Isidrez e Juana Marta Rodas, espaço onde leciona para a comunidade local, além de criar suas peças e preservar exemplares da produção de sua mãe.

A exposição a ser apresentada pela Gomide&Co, portanto, procura abordar o que existe de similar ou distinto entre essas duas figuras como meio de difundir um entendimento mais amplo sobre as atuais dinâmicas que demarcam a arte contemporânea na América Latina.

Sobre as artistas

Maria Lira Marques 1945 – Sem título [Untitled], 2023 – Assinada (inferior direito) [Signed (lower right)] – Pigmentos naturais sobre papel [Natural pigments on paper] – 30 x 42 cm [12 x 16 1/2 in.] (MLM-0540).

Maria Lira Marques (Brasil, 1945) nasceu e vive em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha (MG). É ceramista, pintora e pesquisadora autodidata, além de ativista e divulgadora dos artistas e artesãos do Vale do Jequitinhonha. Na década de 1970, conheceu Frei Chico (1942-2023), missionário holandês radicado no Brasil que se tornou seu grande amigo e parceiro profissional. Com ele, esteve à frente do Coral Trovadores do Vale, cujo repertório era formado pelo cancioneiro da região. Também fundaram o Museu de Araçuaí em 2010, criado com o objetivo de abrigar um acervo de objetos e documentos que registram a religiosidade e os usos, costumes e ofícios que constituem a história de Araçuaí.

Sua obra é caracterizada pela integração de uma linguagem gráfica decorrente dos pigmentos naturais com a paisagem sertaneja. Desde a década de 1990, dedica-se ao corpo de trabalho conhecido como ‘Meus bichos do sertão’, pinturas de animais imaginários que compõem um vasto bestiário formal. Realizou sua primeira exposição em 1975 no Sesc Pompeia, em São Paulo e, desde então, expôs em diversas instituições nacionais e internacionais na Bélgica, Holanda, Dinamarca, França e Estados Unidos. No começo de 2024, o Instituto Tomie Ohtake apresentou a primeira individual de caráter institucional dedicada à produção da artista, Roda dos bichos, com curadoria de Paulo Miyada e curadoria assistente de Sabrina Fontenele. Ainda no mesmo ano, a artista participou do 38º Panorama da Arte Brasileira, curadoria de Germano Dushá e Thiago de Paula Souza e curadoria-adjunta de Ariana Nuala, e teve sua primeira monografia, Maria Lira, organização de Rodrigo Moura, publicada pela Gomide&Co em parceria com a Act. Editora.

Julia Isidrez 1961 – Mundo de Julia forma de pera, 2023 – Assinada [Signed] – Cerâmica [Ceramics] 73 x 46 x 42 cm [28 1/2 x 18 x 16 1/2 in.] (JIS-0204).

Julia Isidrez (Paraguai, 1967) aprendeu com sua mãe, Juana Marta Rodas (1925–2013), a trabalhar com o barro, ofício ao qual se dedica profissionalmente. Tanto a mãe quanto a filha honram uma tradição centenária, cujas raízes remontam ao período pré-colombiano do Paraguai, seguindo técnicas de seus antepassados Guarani. Sua cidade natal, Itá, é um centro de produção ceramista de caráter próprio, com sustentação na experiência indígena, mais especificamente Guarani, povo que cultiva a tradição das artes do barro, caracterizada inicialmente pela produção de urnas funerárias e vasos votivos. As obras de Isidrez concentram-se numa padronagem de figuras que vão além dos cântaros e vasilhas, incorporando reproduções de animais característicos de sua região. Suas peças transformam e alteram os aspectos típicos dos animais retratados, trazendo todo um vocabulário visual que desvela a história da artista, muito motivada pela sua mãe, e que tanto influencia os ceramistas de sua região.

Expondo junto à sua mãe desde cedo, o trabalho de Julia Isidrez foi apresentado em individuais e coletivas na América Latina, América do Norte, Europa e Ásia. Obras suas estiveram em exibição junto às de sua mãe na 60ª edição da Bienal de Veneza (2024), curadoria de Adriano Pedrosa, e também estarão presentes na 14ª edição da Bienal do Mercosul (2025), curadoria geral de Raphael Fonseca.

Serviço:

Julia Isidrez e Maria Lira

Local: Avenida Paulista, 2644 – São Paulo-SP

Abertura: 20 de março de 2025 – 18h

Período expositivo: De 21 de março a 17 de maio de 2025

Horários de visitação: segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, sábado das 11h às 17h

Entrada gratuita

http://gomide.co/ | https://www.instagram.com/gomide.co/.

(Com Bernadete Druzian/A4&Holofote Comunicação)

Exposição reúne grandes nomes e novos talentos do design brasileiro

São Paulo, por Kleber Patricio

Ao centro, a poltrona Sobreiro, do Estúdio Campana; nas laterais, a cadeira Portuguesa, de Claudia Moreira Salles. Fotos: Divulgação.

A exposição ‘Um Lugar – Cadeiras Brasileiras Contemporâneas’ não se limita a uma mostra de design. A iniciativa amplia o olhar sobre a produção autoral brasileira e democratiza o acesso à cultura do design e da arquitetura, evidenciando o mobiliário como expressão de identidade, funcionalidade e experimentação estética. Idealizada pelos designers e empreendedores Pedro Luna e Gabriel De La Cruz, a mostra integra a programação como um dos eventos âncora do DW! Semana de Design de São Paulo 2025 e acontece de 10 a 23 de março. Com curadoria da arquiteta Carolina Gurgel e consultoria da pesquisadora e crítica de design Adélia Borges, Um Lugar – Cadeiras Brasileiras Contemporâneas apresenta um recorte expressivo do design nacional, reunindo cerca de 50 cadeiras que transitam entre tradição e inovação. A seleção curatorial destaca a produção contemporânea dos últimos 20 anos (2005-2025), reafirmando a importância da cadeira como um dos objetos mais icônicos do design e da cultura material da humanidade.

A edição de 2025 amplia ainda mais a diversidade da produção brasileira, reunindo peças de 11 estados diferentes e apresentando 29 designers que não participaram da edição anterior. A mostra reforça seu compromisso em revelar novas perspectivas e abordagens no design, destacando a constante renovação e experimentação no setor. Entre os designers premiados e de reconhecimento internacional, estão Humberto Campana, do Estúdio Campana, referência global com peças nos acervos do MoMA e Centre Pompidou; Paulo Mendes da Rocha, ícone da arquitetura e do design brasileiro, reconhecido mundialmente pelo seu pensamento inovador e pela contribuição para a identidade do mobiliário nacional; Hugo França, pioneiro na reutilização de madeira, com obras em coleções e exposições internacionais; Cláudia Moreira Salles, nome consolidado no design brasileiro, com uma trajetória marcada pela precisão técnica e pela valorização dos materiais e Juliana Vasconcellos, destaque no design contemporâneo, cuja presença global reforça a força criativa do Brasil no cenário internacional.

Entre os estúdios consolidados no Brasil e com presença crescente no exterior, fazem parte da exposição o Metro Objetos, representado por Gustavo Cedroni e Martin Corullon; além de Pedro Luna e Gabriel De La Cruz, cujos trabalhos exploram novas narrativas e diálogos entre forma, ergonomia e identidade cultural.

O evento também evidencia uma nova geração de talentos, criadores que vêm expandindo as possibilidades do design nacional por meio da experimentação material e da exploração de novos conceitos para o mobiliário contemporâneo. Vinícius Schmidit investiga o uso do bambu, enquanto Luiz Solano inova com a aplicação do acrílico em suas criações. Assimply propõe um olhar sustentável ao integrar resíduos na concepção de suas peças. Novidário apresenta um projeto inovador utilizando placas feitas a partir de tampas de garrafa, explorando novas possibilidades para o reuso de materiais. Luisa Attab, Leo Ferreiro, André Grippi e Desyree Niedo também integram esse grupo de jovens designers que exploram novas abordagens, com soluções que equilibram técnica, materialidade e função. Além disso, alguns desses nomes são residentes da Galeria Metrópole, reforçando a sinergia entre criação e território.

Da esquerda para a direita, cadeiras dos designers Gustavo Bittencourt, Arthur Casas, Metro Objetos, Ilse Lang, Gabriel de La Cruz e Juliana Vasconcellos.

A cadeira como expressão do design e da cultura brasileira

Poucos objetos carregam tanto significado quanto uma cadeira. Esse elemento essencial desafia os designers tanto na estética quanto na ergonomia, exigindo um equilíbrio entre forma, função e inovação. Ao longo dos séculos, as cadeiras têm refletido o espírito de cada época e sociedade, incorporando avanços tecnológicos, transformações culturais e novas concepções estéticas. Muito além de sua função utilitária, elas simbolizam estilo de vida, pertencimento e relações sociais, acompanhando a evolução das formas e dos materiais.

No design moderno, peças icônicas como a Thonet No. 14 (1859), a Barcelona de Mies van der Rohe (1929) e a Eames Lounge Chair (1956) consolidaram-se como referências atemporais, traduzindo funcionalidade, conforto e inovação. Como observam Charlotte & Peter Fiell, autores do livro 1000 Chairs, “a cadeira é o artefato da era moderna mais desenhado, estudado e apreciado, tornando-se um elo entre estética, ideologia e sociedade”.

No Brasil, a produção modernista trouxe contribuições marcantes, consolidando uma linguagem autêntica e representativa do mobiliário nacional. A Poltrona Mole (1957), de Sergio Rodrigues, redefiniu a estética do mobiliário nacional com sua estrutura robusta e conforto extremo. Já a Cadeira Três Pés (1948), de Joaquim Tenreiro, inovou ao unir leveza e elegância ao design artesanal. Outro exemplo emblemático é a Cadeira Paulistano (1957), de Paulo Mendes da Rocha, reconhecida internacionalmente por sua simplicidade estrutural e sofisticação.

No contexto contemporâneo, a cadeira assume um caráter singular na evolução do design brasileiro, combinando criatividade, experimentação e herança artesanal. O diálogo entre tradição e inovação se manifesta na diversidade de propostas, desde o resgate de técnicas artesanais até o uso de novas tecnologias e materiais.

A curadoria valoriza a escolha de materiais e processos produtivos, que vão das técnicas artesanais às abordagens industriais. Entre a ergonomia e a experimentação, a cadeira se transforma, refletindo hábitos e modos de convívio que atravessam o tempo e as culturas.

Da esquerda para a direita, cadeiras dos designers André Carvalho, Estúdio Prosa, Carlos Motta, Hugo França, Studio Volanti, André Grippi e Jacqueline Terpins.

Texto curatorial | Carolina Gurgel 

Desde sua criação, a cadeira é resultado de uma somatória de escolhas: materialidade, técnica construtiva, simbolismo, mobilidade e ergonomia. Idealmente, uma cadeira deve ser resistente, mas ao mesmo tempo leve e móvel. Sua ergonomia deve ser precisa, oferecendo um sentar confortável e correto. A complexidade de desenhar uma cadeira é um desafio instigante a muitos designers. O processo é uma equação em que muitas vezes para o autor não cabe a somatória de todas essas variáveis, optando por priorizar algumas delas. A transgressão dessa fórmula ideal da cadeira, somada ao acesso a diferentes tecnologias e materiais, resulta no cenário atual amplamente diverso. 

Buscamos trazer um recorte da produção nacional contemporânea neste ‘Um Lugar’, no qual apresentamos as múltiplas possibilidades da cadeira, explorando formas, métodos de fabricação, materiais, origens, usos e escalas. Com a iniciativa de Gabriel De La Cruz e Pedro Luna e sob a orientação de Adélia Borges, reunimos cadeiras produzidas em 12 estados brasileiros, confeccionadas em madeira, cortiça, bambu, acrílico, couro, plástico reciclado, pedra, metal, tecido e concreto. 

Aliada à grande variedade de materiais, é notável uma maior liberdade na exploração da forma e do uso – braços simplesmente como adornos ou a extrapolação das dimensões do encosto da cadeira para além do convencional. Vale também citar o produto compreendido como processo e não apenas como resultado, muitas vezes tornando-se peça única ou de baixa tiragem. 

Outro ponto curioso da cadeira é o seu uso prolongado se desdobrar em desenhos específicos para funções predeterminadas. Na exposição, temos exemplares de escritório e uma peça própria para oficinas de marceneiros. Vale citar também usos mais corriqueiros como salva-vidas, cabeleireiro, engraxate ou avião. 

A expografia traz uma mesa central no formato de um grande rio circundado por cadeiras. Nas laterais, mesas que sobem nas paredes aludem a cachoeiras. As cores demarcam os quatro núcleos expositivos: escritório, área externa, área interna e infantil. Mais uma vez, é com orgulho da riqueza e diversidade do design nacional contemporâneo que convido vocês a visitarem esse Um Lugar de possibilidades e desdobramentos.”

Da esquerda para a direita, cadeiras dos designers Bia Rezende, Baba Vacaro, Vinicius Siega, Pedro Luna, Osvaldo Tenório e ,OVO.

Elenco expositivo

A exposição Um Lugar – Cadeiras Brasileiras Contemporâneas apresenta um panorama significativo do design brasileiro, reunindo grandes nomes do setor, cuja influência se expande no contexto internacional.

O elenco é formado por Alexandre Kasper, Ana Neute, André Carvalho, André Grippi, Arthur Casas, Assimply (Victor Xavier e Søren Hallberg), Baba Vacaro, Bia Rezende, Carlos Motta, Casa da Abelha (Mariana Bueno), Cláudia Moreira Salles, Dengô (Aline Almeida e Carlos Batista), Desyre Niedo, Dimitrih Correa, Humberto Campana (Estúdio Campana), Estúdio Prosa (Julia Rovigo e Gabriel Pesca), Felipe Protti (Prototype), Fernando Jaeger, Fernando Prado, Gabriel De La Cruz, Giácomo Tomazzi, Gustavo Bittencourt, Gustavo Cedroni e Martin Corullon (Metro Objetos),  Guto Índio da Costa, Hugo França, Humberto da Mata, Ilse Lang, Jader Almeida, Jacqueline Terpins, Juliana Llussá, Juliana Vasconcellos, Junior Brandão, Leo Ferreiro, Leandro Garcia, Luiz Solano, Luisa Attab, Morito Ebine, Novidário (Luciana Sobral e José Machado), Noemi Saga, Osvaldo Tenório, OVO (Luciana Martins e Gerson de Oliveira), Paulo Alves + FGMF, Paulo Mendes da Rocha, Pedro Luna, Rafael Espindola, Pierre Colnet e Hadrien Lelong em colaboração de Guilherme Wentz, Porfírio Valladares, Ricardo Graham Ferreira, Rodrigo Ambrósio, Studio Volanti (Lucas Rosin e Roberto Leme), Tiago Curione, Vinícius Schmidt (Estúdio Simbiose) e Vinícius Siega.

Da esquerda para a direita, cadeiras dos designers ,OVO, Guilherme Wentz + Cremme, Novidário, Luisa Attab e Dengô.

Transformação urbana através do design e empreendedorismo

Pedro Luna e Gabriel De La Cruz, idealizadores da exposição, atuam na Galeria Metrópole, onde mantêm seus próprios estúdios de design.  À frente de seus ateliês, ambos desempenham um papel essencial na revitalização da galeria, incentivando a ocupação de lojas vazias por novos talentos e promovendo o design autoral como um eixo transformador do espaço. Nesse movimento crescente, auxiliam na vinda de amigos designers para a galeria, ampliando sua vocação como um polo de criação.

Além das exposições, os organizadores promovem encontros, palestras e atividades educativas que aproximam grandes nomes do design do público interessado. Com objetivo é conectar referências do design brasileiro à uma jovem cena emergente no centro de São Paulo, esses eventos incentivam discussões sobre criação e produção promovendo um ambiente inspirador.

Como parte das iniciativas culturais promovidas pela dupla, quatro grandes nomes do design brasileiro que participaram da exposição Um Lugar: Bancos Brasileiros Contemporâneos, realizada em 2024, foram convidados para uma série de talks dentro da programação cultural da 4ª edição do Design na Metrópole. Entre os momentos de grande repercussão, destacou-se a exibição do documentário WE THE OTHERS: 40 anos de colaboração no design – a obra e vida dos Irmãos Campana, seguida de uma conversa com Humberto Campana.

A programação realizada pela dupla também contou com outros encontros e debates sobre diferentes perspectivas do design. No talk Forma e…, Claudia Moreira Salles, prestigiada designer brasileira explorou a interseção entre técnicas artesanais e o design contemporâneo. Em O Objeto no Espaço, Gerson de Oliveira, cofundador do estúdio ,OVO ao lado de Luciana Martins, discutiu a criação de mobiliários e objetos que combinam funcionalidade e poesia. Já em Brasil, Brasis – Um Olhar para o Sul, a renomada curadora, historiadora e crítica de design Adélia Borges apresentou um panorama do design desenvolvido por imigrantes alemães e italianos na segunda metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX.

O compromisso de Pedro Luna e Gabriel De La com a excelência se reflete em cada detalhe. A identidade visual da exposição foi concebida de forma artística e minuciosa, com ilustrações personalizadas para cada designer expositor. Na edição anterior, dedicada aos bancos, os organizadores surpreenderam o público com iniciativas inovadoras, como a produção de 70 maquetes táteis para pessoas com deficiência visual, um gesto que reafirma a premissa de que o design deve ser acessível a todos.

Como disse a antropóloga Margaret Mead, “Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos comprometidos pode mudar o mundo. De fato, foi sempre assim que aconteceu”, Pedro e Gabriel traduzem essa visão em ação, demonstrando que pequenas iniciativas podem impulsionar transformações culturais e urbanas significativas.

Sobre os idealizadores | Gabriel De La Cruz e Pedro Luna

Gabriel de La Cruz e Pedro Luna.

Arquiteto e designer, Gabriel De La Cruz Mota é formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFMT, com pós-graduação pela Escola da Cidade (2014) e especialização em Design de Mobiliário pela Panamericana Escola de Arte e Design (2016). À frente do Studio De La Cruz desde 2015, desenvolve mobiliário, luminárias e objetos que aliam simplicidade e identidade autoral. Em 2021, inaugurou seu ateliê e showroom na Galeria Metrópole, no centro de São Paulo, promovendo a valorização do design ao lado de outros criadores. Seu trabalho vem sendo amplamente reconhecido, com premiações como o Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira (três vezes, nas categorias Mobiliário e Iluminação), o Prêmio do IAB (três vezes, incluindo duas na categoria Design e uma em Projeto Expográfico), além do IF Design Award 2024 e do Prêmio Brasileiro de Design, este último laureado por três projetos distintos nas categorias Design de Exposição, Design de Produto – Iluminação e Design de Mobiliário.

Arquiteto, designer e marceneiro, Pedro Luna é natural de São José dos Campos, interior de São Paulo, e formado em Arquitetura e Urbanismo pela Unesp. Seu trabalho equilibra técnica e sensibilidade, reinterpretando objetos cotidianos em móveis que exaltam valores estéticos e resgatam memórias afetivas. À frente do Estúdio Pedro Luna, inaugurado em 2022, integra uma nova cena do design no centro histórico de São Paulo, com showroom na Galeria Metrópole, espaço que vem se consolidando como um polo de criação e inovação. Apesar de sua recente trajetória, o estúdio já conquistou prêmios importantes, como o Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, o Prêmio Salão Design e o iF Design Award. Suas criações foram exibidas em mostras de prestígio, incluindo MADE, CASACOR e SP-Arte (São Paulo), Art Basel (Miami) e Fuorisalone (Milão).

‘Um lugar’ – Um encontro entre gerações

A exposição Um Lugar – Cadeiras Brasileiras Contemporâneas se posiciona como um importante evento na Semana de Design de São Paulo. Reunindo peças que refletem tanto a tradição artesanal quanto as novas possibilidades industriais, a exposição lança um olhar ampliado sobre a cadeira como objeto simbólico e funcional, atravessando gerações e traduzindo o espírito de sua época. O diálogo entre passado, presente e futuro se manifesta nos materiais escolhidos, nas técnicas aplicadas e nas narrativas que cada peça carrega – da madeira entalhada à experimentação com novos materiais sustentáveis.

Com uma trajetória consolidada e crescente reconhecimento fora do país, o design brasileiro se distingue pela fusão entre identidade cultural, inovação e excelência na produção de mobiliário. Com cerca de 50 cadeiras expostas, a mostra evidencia a riqueza do mobiliário nacional e sua capacidade de refletir múltiplos contextos socioculturais.

Um Lugar se estabelece como um espaço de resistência e inovação no design nacional, idealizado para acontecer anualmente, unindo diferentes gerações e perspectivas para ampliar a expressão do design brasileiro. Ao ocupar espaços históricos e fomentar a troca de conhecimento entre diferentes gerações de designers, a mostra transcende o conceito tradicional para se afirmar como um catalisador de novas formas de pensar, produzir e viver o design no Brasil.

A Galeria Metrópole: um ícone do design no centro de São Paulo

A Galeria Metrópole é um edifício histórico do centro de São Paulo, reconhecido como referência no design nacional. Inaugurada em 1964, a galeria foi projetada pelos arquitetos Salvador Candia e Giancarlo Gasperini, dois dos grandes nomes da arquitetura modernista brasileira. Localizada na Avenida São Luiz, uma das ruas mais importantes e valorizadas nas décadas de 1950 e 1960, a Metrópole se destacou como um marco do modernismo paulistano, reunindo espaços comerciais inovadores. O projeto arquitetônico se diferencia pelo paisagismo interno e pela forte arborização externa, criando um ambiente de convivência que contrasta com o dinamismo urbano do centro. Hoje, a Galeria Metrópole se consolida como um espaço multifuncional e um dos principais polos criativos e culturais de São Paulo, atraindo designers, artistas e visitantes interessados na efervescência do design nacional.

Serviço:

Exposição Um Lugar – Cadeiras Brasileiras Contemporâneas

Local: 3º andar da Galeria Metrópole – Avenida São Luís, 187, Centro, São Paulo, SP

Data: 10 a 23 de março de 2025 | Horário: das 10h às 20h

Entrada gratuita

Patrocínio: Sherwin-Williams

Apoio: DW! Semana de Design de São Paulo.

(Com Cris Landi)

Instituto Tomie Ohtake visita Coleção Vilma Eid – Em cada canto

São Paulo, por Kleber Patricio

Agostinho Batista de Freitas, Imigrantes, 1986, Óleo sobre tela, 70 x 100 cm, Coleção Galeria Estação. Fotos: João Liberato.

O Instituto Tomie Ohtake tem o prazer de anunciar Instituto Tomie Ohtake visita Coleção Vilma Eid – Em cada canto, exposição que se dedica a examinar o acervo da colecionadora e galerista Vilma Eid, que nos últimos quarenta anos forjou uma coleção singular reunindo trabalhos de mais de 100 artistas entre os ditos populares, modernos e contemporâneos. Com mais de 300 obras divididas em duas salas, a mostra tem curadoria de Ana Roman e Catalina Bergues e ficará em cartaz entre 14 de março e 25 de maio de 2025, paralelamente à exposição Patricia Leite – Olho d’água. Em cada canto é uma realização da Casa Fiat de Cultura e Instituto Tomie Ohtake via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e conta com o patrocínio da Stellantis, sob a chancela Apresenta; do Itaú Unibanco, sob a chancela Platina; do BMA Advogados, sob chancela Bronze e Galeria Estação, sob chancela Apoio. Entre 17 de junho e 17 de agosto a exposição segue em itinerância para a Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte.

A mostra integra o programa de exposições Instituto Tomie Ohtake visita, que busca criar conexões com colecionadores e agentes do circuito da arte, proporcionando acesso a coleções que, em parte, são pouco exibidas ao grande público. Apresentadas sob diferentes leituras curatoriais, essas mostras se aproveitam de combinações improváveis de artistas e trabalhos para contemplar novas perspectivas de uma história da arte já consolidada.

No contexto da exposição, será lançada em parceria com a Editora Martins Fontes a coletânea Arte Popular – Modos de Usar, organizada por Amanda Reis Tavares Pereira — pesquisadora e curadora que tem consolidado investigações que ampliam e atualizam os debates sobre o tema. O livro recompila, discute e revisita a historiografia e as questões ligadas à arte popular, com textos de Lélia Coelho Frota, Fernanda Pitta, Ana Avelar e Ayrson Heráclito, entre outros, oferecendo uma leitura atualizada tanto de textos históricos quanto contemporâneos, ampliando e atualizando o debate.

Alcides Pereira dos Santos, Avião de Vigilância Marítima, 1997, Acrilica sobre tela, 86 x 148 cm, Coleção Galeria Estação.

Vilma Eid desempenha um papel fundamental na valorização da arte popular brasileira. Como fundadora da Galeria Estação, inaugurada há 20 anos ao lado de seu filho Roberto Eid Philipp, a galerista se dedica incansavelmente à promoção, reconhecimento e inclusão dos artistas populares no cenário artístico nacional e internacional, evitando rótulos que possam limitar ou estigmatizar tais artistas e suas produções. Ao dizer que “Arte é arte. Não importa a classificação”, Eid afirma seu entendimento sobre os múltiplos caminhos da criação artística. Em sua casa, a galerista dispõe as obras de tal forma a criar conexões inesperadas. Trabalhos de artistas modernos e contemporâneos como Geraldo de Barros, Mira Schendel, Paulo Pasta ou Tunga convivem com os ditos populares, como José Antonio da Silva, Izabel Mendes da Cunha, Itamar Julião ou Véio.

Além de estimular o encontro destes trabalhos no ambiente expositivo, a mostra contribui com o debate sobre categorias de definição no sistema da arte. Como defendem as curadoras, “em vez de fixar uma definição do que é ‘popular’ ou ‘erudito’, a mostra Em cada canto sugere novas possibilidades de diálogos. Ao apresentar pela primeira vez o conjunto de obras reunidas por Vilma Eid nos últimos 40 anos, a exposição põe em evidência como as peças se transformam quando vistas lado a lado, estimulando o público a perceber a arte brasileira como campo aberto a intersecções e reinterpretações”.

As duas salas que compõem a mostra trazem conexões entre artistas e obras encontradas na casa da colecionadora e outras propostas pela curadoria. Estão lá representadas questões recorrentes na história da arte: a relação entre tradição e inovação; temporalidade e espaço; cor e forma ou figuração e abstração. Em alguns casos, através de categorias ligadas à arte popular, como o imaginário rural, a valorização de saberes regionais ou os trabalhos com barro e madeira. Em outros, com processos costumeiramente relacionados ao modernismo e à arte contemporânea, incluindo aí os temas conceituais, a abstração ou o aproveitamento de materiais do dia a dia. Como afirmam Roman e Bergues, “apresentar, pela primeira vez, o conjunto heterogêneo de obras que habitava o ambiente doméstico de Vilma — onde surgiam conexões inusitadas entre estilos, épocas e técnicas — representa um desafio curatorial para manter a atmosfera de proximidade, sem abrir mão da clareza expositiva”, concluem.

Programa Público | A esta exposição soma-se um programa público de encontros, oficinas e vivências, com programação atualizada pelo site e redes sociais do Instituto ao longo do período expositivo.

Programa Instituto Tomie Ohtake visita

Mirian Inêz da Silva Cerqueira, Sem título, s.d., Óleo sobre madeira, 55 x 110 cm, Coleção Vilma Eid.

O programa Instituto Tomie Ohtake visita tem se destacado como uma iniciativa inovadora, ao estabelecer parcerias com colecionadores e agentes do circuito da arte para promover imersões em acervos de acesso restrito ao grande público. A primeira edição, realizada em 2022, apresentou a exposição Centelhas em movimento, um recorte da coleção do empresário Igor Queiroz Barroso, com curadoria de Tiago Gualberto e Paulo Miyada. Já em 2023, a segunda edição mergulhou na trajetória do marchand Paulo Kuczynski, resultando na mostra A coleção imaginária de Paulo Kuczynski, sob curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. Ambas as exposições evidenciaram a riqueza e a diversidade da produção artística nacional, explorando narrativas plurais dos séculos 20 e 21. O Instituto Tomie Ohtake segue firme em seu compromisso de estimular novas formas de aproximação entre o público e a arte, reafirmando sua vocação como espaço de descobertas e diálogos sobre o patrimônio artístico e cultural.

Programa amigos | O Programa de Amigos do Instituto Tomie Ohtake quer aproximar o público de um dos espaços de arte mais emblemáticos da cidade de São Paulo. Além de apoiar, o Amigo Tomie fará parte de uma comunidade conectada à arte, contará com benefícios especiais e experiências únicas. São três categorias de apoio, contribuindo com novas exposições, programas educativos, orçamento anual e manutenção do Instituto.

Serviço:

Instituto Tomie Ohtake visita Coleção Vilma Eid – Em cada canto

Abertura: 13 de março, às 19h

Em cartaz de 14 de março a 25 de maio de 2025

De terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) – Pinheiros SP

Metrô mais próximo – Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: (11) 2245-1900

Site: institutotomieohtake.org.br

Facebook: facebook.com/inst.tomie.ohtake

Instagram: @institutotomieohtake

Youtube: www.youtube.com/@tomieohtake.

(Com Martim Pelisson/Instituto Tomie Ohtake)