Concurso retorna mais uma vez ao Brasil, Colômbia e México para fortalecer compromisso das escolas que estão deixando uma marca positiva em suas comunidades


São Paulo
Inédito, o evento MEMO – Música, Exibição e Memória nasce em tempos de reinvenção, promovendo encontros e fomentando a reflexão sobre o fazer artístico a partir de três vertentes: a memória, a pandemia e a tecnologia. O ano de 2020 será lembrado como o período em que a pandemia da Covid-19 precipitou uma ruptura no funcionamento das sociedades contemporâneas. Em um cenário onde as pessoas passaram por situações de perda e se viram limitadas aos seus próprios lares, ficou ainda mais evidente o quão necessária a arte é para o equilíbrio saudável, e a tecnologia foi uma grande aliada. A memória, com a sua imensa capacidade curativa reconectou as pessoas com o mundo.
O MEMO, que acontece nos dias 13 e 14 de janeiro, vem alimentar a sede de reconstrução, reunindo algumas das melhores mentes criativas da atualidade, para um fim de semana de histórias estimulantes, ideias inventivas, experiências de aprendizagem e vitrines de tecnologia que permitam aos participantes repensar novas maneiras de enxergar a arte, a memória e os tempos atuais.
Com entrada gratuita, as atividades serão desdobradas em shows, exposição de arte contemporânea, rodas de memórias (conversas), oficinas de investigação de memórias que ficam gravadas nos nossos corpos e que prometem conectar os participantes com os caminhos do nosso mundo interno, todas no Parque Glória Maria e Teatro Ruth de Souza (antigo Parque das Ruínas), em Santa Teresa. Este projeto recebe o fomento da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA.
“O MEMO trabalhará campos sensíveis como a História, a memória e os afetos. Fala de lugares de memória e também da memória dos lugares e da memória da dor e do encantamento. Abordamos a arte como fonte de inspiração e energia, reforçando sua capacidade de trazer renovação àqueles que a ela recorrem”, explica a idealizadora Lu Araújo, que assina a curadoria e direção-geral do evento.
Entre as atrações musicais, há shows que celebram grandes nomes da MPB, movimentos artísticos que marcaram a autêntica arte brasileira baseada nas raízes populares, que exaltam a negritude e as raízes ancestrais ou que simplesmente partem de artistas que estão fazendo história neste momento.
Andrea Ernest Dias Quarteto, com o show “Uma roda para Moacir Santos”, vai celebrar a trajetória desse músico negro, nascido em Pernambuco, que terminou seus dias como um dos grandes compositores do cinema em Hollywood. Já o duo de violinistas Ana de Oliveira e Sérgio Raz, com participação de Marcos Suzano e Quarteto de Cordas, lançará o novo álbum “Armoriando” (Selo Sesc), que homenageia o cinquentenário do rico Movimento Armorial, liderado pelo escritor, filósofo e dramaturgo Ariano Suassuna. Destaque ainda para Leila Maria, que levará ao palco do MEMO seu elogiado disco “Ubuntu”, um original tributo com releituras da obra de Djavan e arranjos de inspiração africana, ao palco do MEMO.
A nova geração da música, consciente de que a arte “salvou” as pessoas no momento de isolamento e que sabem que foi inevitável que as suas criações não dialogassem com esse contexto, também marca presença no MEMO. Chico Chico apresenta seu novo EP com duas canções lançadas recentemente: “Espelho” e “Entre Prédios”. Por sua vez, a cantora Priscila Tossan, que participou da sétima edição do programa The Voice Brasil, apresenta o show “A Beleza é Você Menina”, com destaque para a clássica composição de Bebeto e Rubens, originalmente gravada em 1978 e single que a artista lançou em dezembro de 2023, além de sucessos de Cartola e Luiz Melodia. A DJ, percussionista, produtora musical e pesquisadora de discotecagem Tata Ogan, chega para animar a festa e vai apresentar um setlist especial dedicado à “memória afetiva da música brasileira”.
Exposição “Trote Violante”
Lourival Cuquinha é responsável por um dos momentos mais importantes do MEMO: a mostra “Trote Violante”. O trabalho do artista reflete sobre o exercício da liberdade, seja a do indivíduo perante a sociedade, seja a da arte frente às instituições. Atuando no campo político a partir de narrativas subjetivas, sua obra multidisciplinar – que abrange as artes plásticas, o audiovisual e a intervenção – é frequentemente marcada pela interatividade com o público e o meio urbano.
As obras, politizadas, que criticam a exploração de recursos naturais e o desrespeito aos povos indígenas, compõem a individual do artista recifense Lourival Cuquinha, a exemplo de “Torniquete” (2021), onde o artista usa cinzas das queimadas brasileiras para amplificar a discussão sobre as tragédias ambientais que vivemos nos últimos anos. Já a obra “O caboco 7 flechas x ordem e progresso” (2015), apresenta flechas indígenas de etnias do Xingú, como os Araweté. Nela, as flechas atravessam moedas de 50 centavos de real – cuja lateral é ornada com o lema da bandeira nacional brasileira, “Ordem e Progresso” –, denunciando uma política desenvolvimentista alheia aos pensamentos dos povos tradicionais e à preservação do meio ambiente original. A peça remete a luta dos indígenas que tiveram seu território atingido pela Usina de Belo Monte. Outras obras da série “Transição de fase” (2014-2023), que são frequentemente compostas por cédulas verdadeiras de dinheiro, complementam a exibição.
Rodas de Memórias
O MEMO oferece em sua programação uma série de conversas com nomes importantes do pensamento moderno, no encontro “Rodas de Memórias”. O público será convidado a compartilhar sentidos de memória, arte e tecnologia. É sabido que a memória desempenha um papel fundamental na elaboração de nossas percepções sobre o presente. Ela é responsável por armazenar e recuperar informações e experiências passadas, e essas lembranças, que estão na base de nossos sentimentos e opiniões, são cruciais para a compreensão do mundo ao nosso redor. No sentido científico, podemos abordar a memória como a capacidade que temos de reter informações no cérebro ou, em tempos atuais, em sistemas artificiais.
“A memória é um componente vital para a continuidade e a compreensão da cultura. Ela fornece uma base para a identidade, a compreensão do coletivo e a evolução da cultura digital. A preservação consciente da memória contribui para a construção de sociedades resilientes, conscientes de seu lugar na História, capazes de se adaptarem às mudanças”, diz a museóloga Mariana Várzea, curadora e mediadora das Rodas de Memórias.
Entre os convidados, estão a filósofa e antropóloga Janaína Damaceno, que conversará sobre “Memórias, Afrovisualidades e futuros possíveis”, e o filósofo, mestre em Letras, jornalista, escritor, cineasta Dodô Azevedo, que falará sobre “Memória digital, entre apagamentos, inovações e combates”, além do premiado artista visual Lourival Cuquinha, que versará sobre “Memória e arte, lugar de encontros e confrontos”.
Oficinas
O MEMO contará ainda com oficinas que visam trabalhar lembranças e vivências. Somos atravessados por histórias desde a nossa concepção. Histórias de nossos pais, de nossos antepassados, do contexto histórico e social, das nossas escolhas. Esses atravessamentos geram memórias que ficam gravadas nos nossos corpos. Nas oficinas de “Estandartes: Memória e Tradição”, ministrada pela designer e arte educadora Maristela Pessoa e na dedicada ao “Corpo, Memória e Transcendência”, da psicóloga e especialista em terapia do trauma Priscila Lobianco, a proposta é promover uma delicada ampliação do diálogo com nossas memórias implícitas e gerar o movimento necessário de transformação e cura.
Em dois dias de encontros e reflexões, o MEMO promete alimentar os lugares de memória, a memória dos lugares e promover experiências coletivas para que cada indivíduo encontre o outro e partilhe a memória comum.
Sobre o MEMO | Projeto inédito, idealizado por Lu Araújo, que nasce em tempos de reinvenção, promovendo encontros e fomentando a reflexão sobre o fazer artístico. É uma conjunção artística e cultural entre Música, Exibição e Memória, em que a ideia principal é refletir sobre a interdisciplinaridade da memória e a pluralidade dos afetos que nos conectam com o passado, o presente e o futuro. A memória é abordada como matéria-prima da Arte e da Filosofia, como fonte de inspiração e energia combativa, lugar dos sentimentos, de reconciliação, de luto, de tolerância e de construção de um futuro melhor sobre a base de um passado comum. O evento faz parte de uma série de ações que serão realizadas durante o ano de 2024 com a chancela do consagrado MIMO Festival, evento com 20 anos de existência, criado por Lu Araújo, e que tem como pilares a música, o patrimônio e a educação no campo das artes.
Serviço:
MEMO – Música, Exibição e Memória
Parque Glória Maria/Teatro Ruth de Souza (antigo Parque das Ruínas)
Rua Murtinho Nobre, 169 – Santa Teresa
Telefones: (21) 2215-0621 | 2224-3922
Horário de funcionamento: das 8h às 19h
Entrada gratuita (sujeita à lotação do espaço)
O MEMO aderiu à campanha Santa Teresa sem carro: Seja amigo do Bairro! Não suba Santa de carro! Utilize os transportes públicos.
Programação completa e outras informações em www.memofestival.com.
(Fonte: Press Manager)
Com mais de 50 anos de carreira artística, o cantor, compositor e violonista Geraldo Azevedo lançou muitos sucessos que se fazem presentes na memória afetiva de diversas gerações. Seu show “Voz & Violão”, em formato intimista, traz um clima aconchegante, com repertório variado, contemplando os hits e músicas inéditas. As apresentações acontecem nos dias 12, 13 e 14 de janeiro, sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 18h, no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros.
Acompanhando de seu virtuoso violão, Geraldo passeia por essas cinco décadas de composições, apresentando desde músicas do início de sua carreira, como “Táxi Lunar” (Azevedo, Alceu Valença e Zé Ramalho), “Bicho de Sete Cabeças” (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha) e “Caravana”, até canções do seu último álbum solo, o CD e DVD “Solo Contigo”.
“Geraldo Azevedo – Voz & Violão” é um daqueles shows intimistas, que emocionam e fazem cantar junto, da primeira à última música. “Gosto muito desse formato, pois tenho liberdade no repertório. Se toco uma canção romântica e vejo que o público curtiu, logo emendo outra. Mas se vejo que a plateia quer dançar, engato um forró, que é para ver todo mundo balançar”, explica Geraldo Azevedo.
Serviço:
Geraldo Azevedo no Sesc Pinheiros
Dias 12, 13 e 14 de janeiro de 2024 – sexta e sábado, às 21h; domingo, às 18h
Duração: 90 minutos
Local: Teatro Paulo Autran (1000 lugares)
Classificação: recomendação 12 anos
Ingressos: R$60 (inteira); R$30 (meia) e R$18 (credencial plena).
(Fonte: Sesc SP)
O Conservatório de Tatuí abre inscrições para o curso de férias gratuito intitulado Músicas do Mundo. Serão três oficinas ministradas por intercambistas do programa MOVE. Eles apresentarão músicas tradicionais, brincadeiras típicas e curiosidades sobre os costumes de seus países de origem: Malawi, Moçambique e Noruega. As inscrições podem ser feitas gratuitamente pela internet até o dia 16 de janeiro. As vagas são limitadas e será considerada a ordem de inscrição. As aulas iniciam-se no dia 22 de janeiro.
A oficina “Tradições Norueguesas” será conduzida por August e Fredrik. Participantes vão aprender sobre a música e a flauta harmônica norueguesa. “Será uma introdução à música do nosso país. É um tipo de música caracterizada por uma tonalidade especial de mistério, mitos e lendas e muito diferente da música tradicional brasileira. O curso terminará com uma introdução à flauta harmônica norueguesa, chamada Seljefløyte, e os participantes aprenderão a tocar uma melodia tradicional nesta flauta. “Será uma troca de tradições musicais, com novas perspectivas sobre qual pode ser o propósito da música. Conheça expressões musicais diferentes e as histórias que rodeiam esta música”, comentam os intercambistas. As aulas serão realizadas às segundas-feiras, das 18h30 às 20h30. Para participar, basta ter mais de 8 anos de idade.
A oficina “Tradições de Moçambique” será ministrada por Ester e Leusio. “Um dos objetivos deste workshop é fazer com que os participantes compreendam a interculturalidade. Também poderão aprender outras gastronomias, músicas e moda de Moçambique, o que irá influenciar na sua vida cotidiana”, observam. As aulas serão às terças-feiras, das 18h30 às 20h30. Participantes devem ser maiores de 10 anos de idade.
A oficina “Tradições do Malawi” será conduzida por Neo e Ruth e abordará a diversidade cultural deste país. “Queremos compartilhar com a comunidade canções e contos folclóricos dos ancestrais africanos que carregam mensagens fortes e lições de vida, além da história do Malawi”, comentam. As aulas serão realizadas às quartas-feiras, das 18h30 às 20h30. O único pré-requisito para participar é ser maior de 6 anos de idade.
Ao final do curso, haverá um concerto para apresentação dos trabalhos desenvolvidos durante as oficinas. “É importante participar, porque as oficinas serão ministradas por pessoas que vivem no continente africano e na Noruega desde a sua nascença e que têm conhecimento amplo sobre seus países”, acrescentam os moçambicanos.
Serviço:
Curso de férias Músicas do Mundo
Oficina 1: Tradições da Noruega (às segundas-feiras)
Oficina 2: Tradições de Moçambique (às terças-feiras)
Oficina 3: Tradições do Malawi (às quartas-feiras)
Início das aulas: 22 de janeiro de 2024
Inscrições gratuitas até 16 de janeiro de 2024
Link de inscrição.
(Fonte: Máquina Cohn&Wolfe)
O criador do espaço cultural Bosque dos Gnomos, Victor Valentim, chega pela primeira vez às livrarias com a obra “Magia elemental”, publicada pelo selo Academia, da Editora Planeta. Fruto das práticas e vivências mágicas acumuladas ao longo de mais de vinte anos de dedicação do bruxo, o livro é um manual que busca ensinar praticantes e entusiastas da bruxaria natural a se conectarem com a natureza e usarem o poder da magia elemental.
Segundo explica Victor, a magia elemental é a energia que rege todos os elementos naturais do planeta, desde o sopro dos ventos e as ondas do mar até as brasas de uma lareira e as flores e plantas de um jardim. Dessa maneira, cada um desses elementos está ligado com o ser humano, tanto de forma física, quanto mental e espiritual. A cada novo capítulo, Victor ensina sobre os reinos elementais, as práticas e os rituais mágicos que usam os elementos da natureza, além dos feitiços e encantamentos que envolvem a magia elemental.
“Dentro deste livro mágico, você acessará uma dimensão de seres do mundo dos elementais, onde flores, animais e criaturas encantadas estão sempre presentes, buscando nos passar ensinamentos de magia e de compaixão. Neste universo, temos grande conexão e respeito com a natureza, com cada pedra, semente, flor e criatura mágica. Aqui, respeitamos a evolução de cada um”, escreve Victor na apresentação da obra.
Com projeto gráfico especial em capa dura e ilustrações da artista Larissa Arantes, Magia elemental apresenta uma dimensão de seres mágicos, como silfos, salamandras, duendes, djinns, gnomos, fenodoree, daeva, wendigo e orochi, e revela como se conectar com cada um deles para trair boas energias. Para Victor, não é necessário caldeirões, velas e varinhas para fazer magia, afinal, a verdadeira magia é acreditar. “Espero que você trilhe um lindo caminho de magia e autoconhecimento dentro desse percurso de tijolos dourados que é o mundo da magia elemental. Abra o seu coração para aproveitar ao máximo tudo o que este universo tem a oferecer”, finaliza.
Ficha técnica
Título: Magia elemental
Autor: Victor Valentim
ISBN: 978-85-422-2460-3
Páginas: 240 p.
Preço livro físico: R$89,90
Editora Planeta | Selo Academia.
Sobre o autor | Victor Valentim iniciou sua jornada na Magia Natural aos 12 anos. Desde então, sua vida foi permeada por bruxarias. Em 2016, ele abriu a própria escola e loja esotérica, a Bosque dos Gnomos, onde atualmente ministra cursos on-line e presenciais de Magia e Bruxaria.
Sobre o Selo Academia | O selo Academia tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos leitores, apresentando soluções simples para problemas complexos. Fundado por Augusto Cury em 2000, foi incorporado pela Editora Planeta em 2007, passando por um reposicionamento da marca em 2022. Conta com mais de 170 livros publicados e autores como Monja Coen, Tiago Brunet, Augusto Cury, William H. McRaven, Pablo d’Ors, Rafa Brites, Rossandro Klinjey, Mariana Rios, Chico Xavier, Vera Lúcia Marinzeck, Flávia Melissa e Marcos Mion. O selo Academia engloba seis linhas editoriais: motivacional, inspiracional, espiritualidade, religião, saúde e desenvolvimento pessoal.
(Fonte: Editora Planeta)
Vista da obra de Fernando Velázquez “Górgona 01”, série Outras Naturezas, (2023), no lago do Parque Ibirapuera. Foto: Luís Felipe Abbud.
Foi prorrogada até o dia 28 de janeiro a exposição de realidade aumentada “Realidades e Simulacros”, do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Com obras espalhadas por várias regiões do Parque Ibirapuera, a mostra busca explorar o diálogo entre o virtual e o físico, perceber a realidade ao redor de outra maneira e interagir com as dimensões de uma mesma experiência. A iniciativa é realizada pelo MAM e conta com patrocínio da 3M por meio da Lei de Incentivo à Cultura, apoio da Africa Creative e parceria com a Urbia.
Com curadoria de Marcus Bastos, artista e pesquisador na convergência entre audiovisual, arte e novas mídias, e de Cauê Alves, curador-chefe do MAM, a exposição reúne obras do Coletivo Coletores – Daniel Lima, Dudu Tsuda, Eder Santos, Fernando Velazquez, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Lucas Bambozzi, Regina Silveira e Paola Barreto. Cada artista recebeu convite da curadoria para criar experiências digitais, obras virtuais em realidade aumentada que integram o jogo de multiplicidades que é a exposição.
Obra digital, experiência presencial
No entorno do MAM, no Jardim de Esculturas, um disco voador paira sobre os visitantes. Trata-se de “Rasante” (2023), obra de Regina Silveira. A artista dialoga com o imaginário da ficção científica, muito presente em filmes e histórias em quadrinhos, e cria um disco voador que se coloca em relação à arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera. “A sobreposição entre a realidade e a ficção ecoa a combinação entre o radioteatro e a notícia jornalística. Em 1938, uma transmissão de rádio do diretor de cinema norte-americano Orson Welles causou pânico ao dramatizar ‘A Guerra dos Mundos’, de Herbert George Wells. Entretanto, no século XXI, o trabalho de Regina Silveira tende a gerar mais fascínio do que medo”, comentam os curadores.
Sombras pouco nítidas sugerem um percurso por uma floresta de sons plantada no entorno da Praça da Paz. “Em RevoAR :: a Vida é uma Utopia” (2023), Dudu Tsuda convida o visitante a utilizar fones de ouvido para adentrar uma paisagem sonora que mistura sons da Mata Atlântica originalmente existente na região do Ibirapuera com sons de animais da região, de espíritos da floresta e de entidades fantásticas criadas a partir das cosmovisões dos povos originários brasileiros.
Alinhadas entre o MAM São Paulo, a Oca e o Pavilhão da Bienal de São Paulo, uma escultura digital do Coletivo Coletores reúne corpos que representam três povos: latinos, africanos e resistentes de outras partes do globo. “Monumento à Resistência dos Povos” (2023) apresenta figuras brancas como o mármore em posição de defesa e aborda a ideia de contra monumentos ao problematizar questões sobre a cidade, a memória e a violência cotidiana sofrida pela população.
Em “Rádio Detín” (2023), Paola Barreto leva ao entorno da Oca imagens de um manto branco que carrega sons gravados pela artista em uma viagem ao Benim. A obra é um convite para interagir com as árvores do Ibirapuera pelas lentes de uma experiência visual e sonora que oscila entre o documental e o poético. O percurso permite refletir sobre um espectro amplo de sentidos da ancestralidade. A natureza e as culturas que antecederam o colonialismo são entendidas pela artista como vetores que permitem pensar um tempo que está além da duração da vida humana.
Flutuando no Parque e refletindo seu entorno, entre o MAM e o pavilhão da Bienal de São Paulo, a enorme “Bolha” (2023), de Katia Maciel, apresenta um aspecto lúdico. Em geral, as bolhas duram pouco. Elas estouram quando a elasticidade que surge da junção das moléculas de detergente e água se rompe com a evaporação. Mas na obra “A Bolha”, esse momento é alargado, o instante em que a bolha estoura parece nunca chegar. Para os curadores, “no sentido metafórico, estourar a bolha é também alargar nossos horizontes, é nos relacionarmos com realidades diversas. A artista nos faz pensar que talvez a bolha em que vivemos seja mais resistente do que imaginamos, já que o dentro e o fora da bolha, o simulacro e a realidade, permanecem”.
Lucas Bambozzi explora processos de reconhecimento de padrões por meio de “Incerteza artificial” (2023), obra realizada a partir de inteligência artificial que escaneia a região entre a Ponte Metálica, a Praça da Paz e seu entorno no Ibirapuera, nomeando o que encontra. Mas, para os algoritmos, as coisas nem sempre parecem ser o que são. Neste processo, os equívocos geram instabilidades resultantes dos limites da capacidade que as máquinas têm de identificar seres ou coisas.
Em “Brejo das delícias” (2023), Giselle Beiguelman faz uma incursão na história do Parque Ibirapuera a partir de uma pesquisa das espécies nativas anteriores à sua urbanização. Com base em estudos botânicos da flora paulistana, foram identificadas cerca de 50 espécies que habitavam sua área originalmente alagadiça. Inspiradas em ilustrações botânicas, as criaturas aqui apresentadas foram feitas com inteligência artificial, fundindo as espécies originárias em novos seres vegetais que ganham vida por meio de recursos de realidade aumentada. Dessa forma, abordam também a diversidade das imagens técnicas que povoam nossas noções de natureza e paisagem.
Logo em frente ao Planetário do Ibirapuera, Eder Santos posiciona a pirâmide nomeada “Ouragualamalma” (2023). A pirâmide é uma ligação entre o céu e a terra, uma arquitetura que conecta ambos – é uma imagem ancestral que se refere tanto a uma realidade anterior à colonização, quanto a uma realidade decolonial.
Fernando Velázquez leva ao Lago do Ibirapuera uma criatura feita de elementos orgânicos, vegetais e minerais. Com “Górgona 01” (2023), o artista reflete sobre um modo de viver em um planeta reconfigurado por suas catástrofes. A aparição da criatura no Lago pode surpreender tanto pelo caráter quimérico quanto pelo aspecto de porvir, refletindo sobre os caminhos por onde o antropoceno pode levar a vida.
Em outro ponto do Lago, próximo ao Portão 09 do Ibirapuera, Daniel Lima apresenta uma réplica da embarcação usada por Pedro Álvares Cabral na invasão da América em 1500. Reconstruída pelo governo brasileiro para homenagear os 500 anos de descobrimento do Brasil, por erros no projeto e problemas técnicos, ela naufragou e não participou do evento oficial em Porto Seguro, no ano 2000. Com seu “Monumento à Colonização” (2023), o artista propõe, não sem ironia, um “monumento inverso” que aponta para o modo como esse tipo de celebração revela nossa mentalidade colonizada e incapaz de projetar um futuro emancipado para o país.
A jornada de visitação pode ser realizada de diferentes formas e trajetos. É possível fazer o percurso andando a pé, de bike ou com o Ibira Tour, um passeio feito em carrinhos elétricos com guias da Urbia. Mais informações no site da empresa. Dentro do Parque, haverá, também, sinalizações físicas instaladas em locais próximos às obras para otimizar o percurso do público.
Ainda que as obras sejam digitais, a exposição foi desenvolvida para ser vista presencialmente no Parque, com o uso do celular, pelos mais de 55 mil visitantes que transitam diariamente ali.
Nem site, nem aplicativo
O conjunto de obras em realidade aumentada foi instalado em diferentes pontos do Ibirapuera por meio de georreferenciamento – um processo de sistema de referência – e pode ser acessado pelo celular, através de uma plataforma criada para a exposição.
A plataforma realizada para a mostra não é um site e nem um aplicativo – é um meio que conecta o virtual ao físico. Não é necessário fazer download para acessar, pois ela está integrada ao site do museu e também pode ser acessada pelo celular direto no link mam.org.br/realidades.
O projeto expográfico digital foi pensado a partir do conceito do cubo branco e concentra elementos que ajudam na jornada de visitação: a lente, uma espécie de câmera pela qual o visitante pode ver e fotografar as obras; o mapa, que apresenta a localização das obras no Parque e ajuda o visitante a chegar até os pontos de visualização; o mapa, que apresenta a localização das obras no Parque e ajuda o visitante a chegar até os pontos; e a ficha catalográfica, que concentra sinopses das obras, informações sobre os artistas e referências utilizadas no processo de pesquisa e criação dos trabalhos.
O desenvolvimento de Realidades e Simulacros contou com uma equipe técnica formada por Luís Felipe Abbud, do Estúdio Hiper-Real, responsável pelos modelos 3D e animações das obras; Bruno Favaretto e Renato de Almeida Prado, do Museu.io, que realizaram a programação da exposição, e Celso Longo e Daniel Trench, do cldt design, que assinam a identidade visual.
Sobre a expografia digital, Bruno Favareto e Renato de Almeida Prado explicam: “buscamos assim uma estética minimalista que auxiliasse os visitantes em seu fluxo pelo Parque e no uso da tecnologia em si, mas que ao mesmo tempo permitisse a experiência com a obra de forma isolada ou com o mínimo de informação desejada”.
Para além das paredes do museu
“Realidades e Simulacros” é mais uma iniciativa do Museu de Arte Moderna de São Paulo para expandir suas fronteiras físicas e proporcionar experiências que utilizem linguagens contemporâneas para impactar públicos diversos, traduzindo poéticas artísticas e cultura por meio da tecnologia digital.
A exposição dialoga conceitualmente e dá continuidade aos pensamentos das ações realizadas em 2020 e 2021. No primeiro, o MAM levou obras emblemáticas de seu acervo para as ruas de São Paulo por meio de projeções em grande escala em empenas cegas de edifícios da cidade. A iniciativa surgia como resposta às dinâmicas sociais impostas pela pandemia de Covid-19 e buscava democratizar o acesso à arte. Já em 2021, em parceria com Microsoft e a Africa Creative, o museu lançou um projeto educativo inédito no jogo Minecraft: “MAM no Minecraft”, uma combinação de arte, educação e games, com reproduções do espaço do museu e de obras do acervo, jogos pedagógicos, atividades lúdicas e propostas de aulas.
“Realidades e Simulacros” integra a programação comemorativa dos 75 anos do MAM e 30 anos do Jardim de Esculturas. No decorrer do período expositivo, serão anunciadas ativações na exposição realizadas pelo Educativo do museu, como visitas mediadas, oficinas a partir dos temas e obras e outros.
Serviço:
Realidades e Simulacros
Mostra coletiva com Coletivo Coletores, Daniel Lima, Dudu Tsuda, Eder Santos, Fernando Velazquez, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Lucas Bambozzi, Regina Silveira e Paola Barreto.
Curadoria: Cauê Alves e Marcus Bastos
Período expositivo: 23 de julho a 28 de janeiro de 2024
Local: entorno do Jardim de Esculturas, Praça da Paz e região dos Lagos do Ibirapuera
Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº – Entrada pelos portões 1 e 3
Entrada gratuita
Mais informações: mam.org.br/realidades
MAM São Paulo
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https://twitter.com/mamsaopaulo.
(Fonte: A4&Holofote Comunicação)