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Belo Horizonte
O Museu A Casa do Objeto Brasileiro recebe, a partir do dia 24 de maio, sábado, a exposição ‘Qual o seu papel? Da fibra à forma, a arte que pulsa da Paraíba’, um recorte da produção artesanal do estado da Paraíba. A mostra chega a São Paulo após ser apresentada no 39º Salão do Artesanato da Paraíba, em João Pessoa. Realizada pelo Museu A CASA, pelo PAP – Programa do Artesanato Paraibano, pela Secretaria de Estado de Turismo da Paraíba e pelo Governo do Estado da Paraíba, a exposição conta ainda com parceria institucional do Sebrae-PB e apoio institucional da São Braz. Qual o seu papel? reúne o trabalho de sete artesãos — Adriano Oliveira, Babá Santana, Carlos Apollo, Dadá Venceslau, Ednaldo Farias, Géo Oliveira e Socorro Souza —, que têm no papel sua principal matéria-prima de criação. A partir dele, dão forma a uma arte delicada, marcada por poesia, cores e personagens que habitam o imaginário popular e o universo lúdico da região.
No dia da abertura (24 de maio), haverá ainda uma apresentação musical às 15h30 com o cantor e instrumentista paraibano Jarbas Mariz interpretando músicas que resgatam autores de sua terra, desde Jackson do Pandeiro a Elba Ramalho e Chico César. Além disso, das 11h às 12h30 o Museu recebe a roda de conversa Papo de Casa, debate aberto que ocorre no último sábado de cada mês e que dessa vez marca a inauguração da mostra. Na ocasião, a jornalista Regina Galvão mediará o bate-papo com os artesãos paraibanos convidados.
A gastronomia do estado também entra em cena na festividade sob o comando do chef Carlos Ribeiro, que preparará o cuscuz paraibano, elaborado com a tradicional marca São Braz, além de servir drinques com cachaça. No domingo, 25 de maio, a Oficina Criativa de Papietagem (técnica artesanal que utiliza papel – normalmente jornal ou revista – para criar objetos e esculturas), comandada pelos mestres Dadá Venceslau e Geo Oliveira. A oficina é gratuita, sujeita a lotação e é voltada para pessoas acima de 20 anos. No domingo, ela ocorre das 10h às 13h. Também haverá uma edição da oficina na quinta-feira que antecede a abertura da mostra, dia 22 de maio, das 14h às 17h.
Sobre a exposição
As peças exibidas foram criadas sob a orientação do designer Sérgio Mattos, que estimulou a experimentação sem abrir mão da identidade autoral de cada artista. As obras são fruto de um domínio apurado das técnicas de papel machê e papietagem, práticas artesanais de origem milenar. Enquanto o papel machê — de origens na China antiga e difundido pela Europa — molda uma mistura de polpa de papel e adesivos naturais, resultando em estruturas sólidas e duráveis, a papietagem diferencia-se por aplicar camadas inteiras de papel embebido em cola sobre moldes, criando superfícies ricas em textura e volumetria. “Em Qual o seu papel?, a arte feita à mão transforma materiais considerados de descarte em gestos de permanência e reinvenção. O Museu A Casa do Objeto Brasileiro, em parceria com o Governo do Estado da Paraíba e o Sebrae-PB, convida o público paulistano a descobrir como o olhar atento e a criatividade coletiva podem revelar beleza onde menos se espera — e como o fazer artesanal segue sendo um elo vital entre passado, presente e futuro”, diz Mariana Lorenzi, diretora artística do Museu A Casa do Objeto Brasileiro
A inovação se revela também no uso de matérias-primas improváveis e sustentáveis: além de materiais descartados como papelão, caixas de medicamentos e rolos de papel higiênico, os artesãos empregam fibras e resíduos orgânicos tais como banana, cana-de-açúcar, casca de cebola, carnaúba, espada-de-São-Jorge e capim-elefante para criar papiros artesanais que incorporam texturas e tonalidades únicas às obras. Essa prática não apenas ressignifica o ‘lixo’, como também contribui para o debate urgente sobre práticas sustentáveis capazes de reverter os ciclos de descarte que marcam o nosso tempo.
As narrativas que atravessam as peças remetem ao dia a dia do povo sertanejo, às festas populares e às tradições de resistência cultural: das bases cilíndricas e coloridas desenhadas por Sérgio Mattos para a cenografia, surgem papangus, maracatus, brincantes, palhaços, animais fantásticos, maletas e bonecos que espelham a riqueza simbólica da região nordestina. Cada objeto, ao mesmo tempo que celebra a inventividade popular, convida à reflexão sobre memória, identidade e sustentabilidade.
Sobre os artistas:
Adriano Oliveira: formas e cores do Nordeste
Desde a adolescência, quando teve seu primeiro contato com o artesanato, Adriano Oliveira, natural de João Pessoa, encantou-se com a arte de transformar materiais. Hoje aos 42 anos, ele lembra com carinho do aprendizado ao lado do mestre Babá Santana, que o inspirou a trilhar esse caminho. Em seu pequeno ateliê, no bairro de Mangabeira, ele desenha e molda figuras de animais, especialmente os domésticos. Explora também cores e texturas combinando cabaça e jornal em peças únicas: mulheres nordestinas, cães, gatos, bailarinas e máscaras de carnaval. Obras essas que carregam alegria para a vida de seus clientes. “O artesanato vai além da criação, é a oportunidade de fazer, refazer e reciclar”, afirma. “Tenho a missão de mostrar um pouco da arte paraibana, da arte nordestina.”
Babá Santana: a poesia do circo em papel machê
Manuel Iremar Santana, mais conhecido como Babá Santana, apelido dado pela irmã, nasceu em 1958 no município de Santa Luzia, no semiárido paraibano. Em 1972, mudou-se para a capital, onde sua trajetória artística começou a tomar forma. Autodidata, explorou diversas áreas da decoração e cenografia, criando desde ambientes infantis, estandes de exposições e cenários teatrais. Em 2002, Babá encontrou sua real vocação: a confecção de bonecos de papel machê. Desenvolveu uma técnica única, utilizando cabaças como base para criar palhaços, bailarinas, trapezistas e equilibristas — figuras que traduzem o encanto e a poesia do circo, sua paixão desde a infância. Ele também produz bonecas, figuras humanas e arte sacra, sempre de um colorido vibrante. Seu trabalho já foi exposto em São Paulo, Recife, Minas Gerais e Bahia, além de ter atravessado fronteiras, sendo exibido nos Estados Unidos e na França.
Carlos Apollo: a arte que transforma
Com 58 anos de idade e 38 anos dedicados ao artesanato, Carlos Antônio Apolônio da Silva, mais conhecido como Carlos Apollo, encontrou na arte com papel sua verdadeira vocação. Nascido em Esperança, no agreste paraibano, ele cresceu em meio à vida simples do campo, filho de agricultores. Seu primeiro contato com o artesanato aconteceu em São Paulo, quando começou a trabalhar com adereços e cenografia para teatro. Autodidata, ele diz ter aprendido o ofício com a própria imaginação, sem esquecer das pessoas que, ao longo do caminho, lhe deram dicas valiosas. “Transformo materiais em obras de decoração e utilidade, gerando renda com consciência ecológica.”
Dadá Venceslau: a magia do teatro, do lixo ao luxo
A trajetória artística de Dadá Venceslau, 63 anos, começou em Patos, onde nasceu. “Comecei a trabalhar com pedras, fazendo bonecos e palhaços, tudo o que eu faço hoje, só que com papel, papelão e muito material reciclado”, conta. Na década de 1980, passou a apresentar seus trabalhos em feiras de artesanato. Mas foi no Rio de Janeiro que ele mergulhou no universo circense, teatral e das artes plásticas, experiências que marcaram sua formação. Em 1985, de volta à Paraíba, fundou a Supimpa Produções Artísticas, dando origem à trupe Agitada Gang, um grupo de atores e palhaços que há mais de 30 anos encanta plateias. Além da atuação no cenário cultural, Dadá dedica-se a projetos sociais. Como arte-educador, integra a ONG Folia Cidadã, realizando um importante trabalho no Centro de Reabilitação de Dependentes Químicos da Prefeitura de João Pessoa. “Minha missão é ressignificar. Eu recolho o lixo e o transformo em arte – o que chamo de o luxo do lixo.”
Ednaldo Farias: a reciclagem como missão
Transformar o que iria para o lixo em algo novo e belo, contribuindo para um mundo melhor – essa é a missão que Ednaldo Farias Ferreira escolheu para si. Aos 42 anos, natural de Alagoa Grande, no agreste paraibano, Ednaldo cresceu em uma família de agricultores e encontrou no artesanato, em 2011, a oportunidade de mudar sua história. O olhar atento para o trabalho de grandes mestres foi o que o impulsionou a desenvolver sua própria arte, tornando o artesanato sua companhia inseparável. “Tenho procurado me qualificar e melhorar a cada dia, para alcançar o realismo em cada escultura e, assim, encantar ainda mais o público. Sou apaixonado pelo que faço”. Com mais de dez anos de dedicação diária, Ednaldo segue firme em sua jornada, provando que a arte pode dar novo destino a materiais descartados — e também transformar a vida de quem a cria.
Geo Oliveira: alma festiva e nordestina
Com talento e criatividade, Geo Oliveira transforma simples folhas de papel em personagens do maracatu, dos folguedos e das histórias do Sertão, dando forma e cor à cultura popular e às memórias de sua infância. Natural de São Mamede, ele desde pequeno aprendeu a enxergar a cultura popular do seu entorno. O olhar curioso e atento logo se tornou fonte de inspiração. Antes de se dedicar ao papel, passou pelo bordado e pela arte naif, até encontrar a verdadeira paixão: dar vida a personagens do imaginário nordestino. “Eu não sei fazer outra coisa senão esses personagens dos folguedos. Hoje, uso o papel para trazê-los ao mundo, porque, para mim, eles são universais”, diz o artesão, que também é psicólogo.
Socorro Souza: entre o cuidado e a arte
Nascida em João Pessoa, Socorro Souza descobriu desde cedo as múltiplas possibilidades do artesanato. Vinda de uma família humilde, ainda menina percebeu que o fazer artesanal poderia ser uma forma de superar as dificuldades financeiras que enfrentava. Mas sua relação com o artesanato foi além da necessidade. O amor pela arte se enraizou, e nem mesmo a conquista de um diploma em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba a afastou desse ofício. Os conselhos dos pais, comerciantes, para que apostasse na educação deram frutos, mas o artesanato permaneceu como parte essencial de sua vida. “Meu compromisso é buscar a maior perfeição possível em cada peça que faço. Sempre me coloco no lugar do cliente e me esforço para que ele volte. Sei que, ao confeccionar meus personagens com dedicação, também estou contribuindo para um mundo melhor”, avalia.
Ficha Técnica – Museu A CASA do Objeto Brasileiro
Diretora Presidente | Renata Mellão
Diretoras | Sonia Kiss e Maria Eudóxia Mellão Figueiredo Atkins
Direção Executiva | Eduardo Augusto Sena
Direção Artística | Mariana Lorenzi
Administrativo-Financeiro | Tatiana Sousa
Comunicação | Halinni Garcia Lopes
Desenvolvimento Institucional | Carolina Rocha
Gestão Loja | Patrícia Kede Godoy
Gestão Predial | Janice Monteiro
Loja | Lívia Andrello
Mediação e Educativo | Camilla Pires
Produção | Renata Zanetti Sant’Anna
Serviços Gerais | Maria José Miguel Pereira
Zeladoria | Alfredo Matias
Ficha Técnica da exposição
Governo do Estado da Paraíba
Governador: João Azevedo Lins Filho
Vice Governador: Lucas Ribeiro Novais de Araújo
Secretária de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico Setde: Rosália Borges Lucas
Presidente de Honra do Programa do Artesanato Paraibano PAP: Ana Maria Sales Lins
Gestora do Programa do Artesanato Paraibano PAP: Marielza Rodriguez Targino de Araújo
Diretor do Museu do Artesanato Paraibano Janete Costa: Fábio de Morais Silva
Coordenadora de Capacitação do Programa do Artesanato Paraibano PAP: Yara de Alencar Cunha Filha
Sebrae PB
Presidentes do Conselho Deliberativo Estadual: Mario Antônio Pereira Borba
Diretor Superintendente: Luiz Alberto Gonçalves Amorim
Diretor Técnico: Lucélio Cartaxo Pires de Sá
Diretor Administrativo: João Monteiro da Franca Neto
Gerente da Unidade de Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas: Luciano Holanda
Gestor de Artesanato: Jucieux Palmeira
Curadoria da Exposição: Sérgio Matos.
Sobre o Museu A CASA do Objeto Brasileiro
O Museu A CASA do Objeto Brasileiro é um espaço de referência na valorização do saber artesanal, atuando desde 1997 para proteger, difundir e atualizar suas tradições. Criado pela economista Renata Mellão, o museu fomenta a produção artesanal por meio de exposições, projetos, programação cultural e parcerias institucionais. Seu acervo inclui peças de Mestres Artesãos como Espedito Seleiro e de comunidades como os Baniwa e os ceramistas do Xingu.
Mais do que preservar, o museu atua ativamente na valorização do fazer manual como ferramenta de desenvolvimento social e econômico. Suas iniciativas incentivam a autonomia dos artesãos e artesãs, garantindo o reconhecimento de seus saberes e respeitando a identidade cultural de cada comunidade. Por meio de programas educativos, capacitações e pesquisas, o museu estabelece pontes entre tradição e inovação, fortalecendo a produção artesanal em diferentes territórios.
Ao longo de sua trajetória, o Museu A CASA consolidou-se como um importante polo de pesquisa e reflexão sobre o artesanato brasileiro. Suas exposições revelam a diversidade das práticas artesanais no país, abrangendo técnicas como a cerâmica indígena, as rendas, os trançados e a marcenaria. Além disso, promove iniciativas que aproximam artesãos, designers, pesquisadores e o público interessado na cultura material brasileira.
Desde 2008, o Museu A CASA realiza o Prêmio Objeto Brasileiro, um dos principais reconhecimentos do setor, voltado para a produção artesanal contemporânea. Com nove edições realizadas, o prêmio já recebeu quase duas mil inscrições, destacando a inovação e a excelência do fazer artesanal no Brasil.
Com um olhar atento à tradição e ao futuro do artesanato, o Museu A CASA segue impulsionando novas narrativas e promovendo o encontro entre diferentes gerações de criadores, pesquisadores e apreciadores do objeto brasileiro.
Sobre a Loja do Museu A CASA
A Loja do Museu A CASA é uma extensão do trabalho do Museu A CASA do Objeto Brasileiro, oferecendo ao público a oportunidade de adquirir peças criadas por artesãos e comunidades de diversas regiões do país. Seu acervo é cuidadosamente selecionado para destacar a riqueza do artesanato brasileiro, valorizando materiais, técnicas e expressões culturais únicas.
Cada peça disponível na Loja do Museu A CASA carrega a história e a identidade de seus criadores, conectando tradição e contemporaneidade. O espaço busca promover a sustentabilidade da produção artesanal, garantindo que os artesãos sejam remunerados de forma justa e que seus saberes sejam preservados.
Além de objetos de decoração e utilitários, a loja apresenta uma curadoria especial de peças autorais, muitas delas fruto de parcerias entre designers e mestres artesãos. Dessa forma, a Loja do Museu A CASA se torna um ponto de encontro entre diferentes públicos, incentivando o consumo consciente e a valorização do fazer manual brasileiro.
Serviço:
Qual o Seu Papel? Da fibra à forma: a arte que pulsa da Paraíba
Local: Museu A CASA do Objeto Brasileiro (Av. Pedroso de Morais, 1216 – Pinheiros, São Paulo – SP, 05420-001)
Abertura: 24 de maio de 2025, sábado, das 10h às 18h
Período expositivo: de 25 de maio a 3 de agosto
Horário: de quarta a domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Mais informações:
Tel: +55 (11) 3814-9711 | E-mail| Site | Instagram.
(Com Diogo Locci/Agência Taga)
Frans Krajcberg (Kozienice, Polônia, 1821—2017, Rio de Janeiro, Brasil) | A flor do mangue [The Mangrove Blossom], circa 1970 | Madeira residual de árvores de manguezal pigmentada com piche [Tar on residual mangroove wood], 300 × 780 × 700 cm | Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Salvador, Brasil. Foto [Photo]: Autoria desconhecida [Unknown authorship]. Foto: Autoria desconhecida.
Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Laura Cosendey, curadora assistente, MASP, a mostra apresenta um panorama abrangente da produção de Frans Krajcberg (Kozienice, Polônia, 1921–2017, Rio de Janeiro, Brasil). Pioneiro na integração entre arte e ecologia, o artista se destacou por evidenciar questões ambientais no Brasil. Ao longo de sua trajetória, desenvolveu pesquisas artísticas ramificadas em eixos temáticos, como samambaias, florações, relevos e sombras. Essas investigações culminaram em obras criadas a partir de cipós, raízes, resquícios de troncos e madeira calcinada, além de pigmentos naturais, com os quais ele compõe o corpo de sua obra.
Sem título (Sombra) [Untitled (Shadow)], 1974 Pigmento sobre madeira [Pigment on wood], 160 × 225 × 60 cm | Coleção particular [Private collection], Brasil. Foto [Photo]: Cortesia Almeida & Dale/Sergio Guerini.
“De certa forma, a escultura é a própria árvore, ainda que resultante da justaposição de diferentes elementos naturais. A arte, para Krajcberg, precisa sair dos limites da moldura e reencontrar a natureza. Ele se afasta progressivamente da ideia de representar o mundo natural para incorporá-lo como corpo da obra. O caráter de denúncia emerge como um desdobramento natural desse processo, conforme Krajcberg percebia o potencial da arte de sensibilizar e comunicar sua luta ambiental”, comenta Laura Cosendey.
Em 1978, durante uma expedição pela Amazônia, Frans Krajcberg experiencia o que chamou de ‘choque amazônico’ diante da exuberância da floresta equatorial. Anos depois, uma nova viagem — desta vez ao Mato Grosso — expõe o artista à devastação provocada pelas queimadas, marcando uma virada em sua trajetória, em que a natureza, além de ser inspiração, se torna causa a ser defendida. A expressão ‘reencontrar a árvore’, presente em suas reflexões, resume esse retorno da arte à natureza como fonte de criação e consciência ecológica.
Frans Krajcberg: reencontrar a árvore integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da Ecologia. A programação do ano também inclui mostras de Abel Rodríguez, Claude Monet, Clarissa Tossin, Hulda Guzmán, Minerva Cuevas, Mulheres Atingidas por Barragens e a grande coletiva Histórias da ecologia.
SOBRE O ARTISTA
Frans Krajcberg trabalhando em uma de suas peças, Minas Gerais, década de 1960 [Frans Krajcberg working in one of his pieces, Minas Gerais, 1960s] Arquivo Nacional, Fundo Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Brasil. Foto [Photo]: Arquivo Nacional, Fundo Correio da Manhã.
CATÁLOGO
Por ocasião da mostra, um catálogo amplamente ilustrado será publicado em edição bilíngue, em português e inglês, e em capa dura, reunindo imagens e ensaios comissionados que abordam a trajetória de Frans Krajcberg. O livro tem organização editorial de Adriano Pedrosa e Laura Cosendey, e textos de Cosendey, Felipe Scovino, Malcolm McNee, Paulo Herkenhoff e Patricia Vieira.
ACESSIBILIDADE
Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas, além de textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil — com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos, disponíveis no site e no canal do YouTube do museu, podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados em geral.
REALIZAÇÃO
Frans Krajcberg: reencontrar a árvore é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Vivo, apoio de Mattos Filho e apoio cultural da Henry Moore Foundation e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).
Serviço:
Frans Krajcberg: reencontrar a árvore
Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Laura Cosendey, curadora assistente, MASP
16/5 — 19/10/2025
2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo, SP 01310-200
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada).
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(Fonte: Assessoria de imprensa MASP)
Diversas associações de defesa dos direitos animais divulgaram uma nota de repúdio ao parecer do deputado Paulo Câmara, da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), sobre o PL nº 24.465/2022, que visa proibir o abate de jumentos em todo o estado da Bahia.
As associações rebateram os argumentos do deputado que refutam a informação de que, caso os abates continuem no Brasil, poderiam extinguir os jumentos no país em 2026. No texto, o parlamentar refuta as informações técnicas oriundas do Conselho Regional de Medicina-Veterinária da Bahia (CRMV/BA). No entanto, diz a nota de repúdio, “o CRMV/BA está robustamente amparado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e do Ministério da Agricultura e Pecuária – MAPA”, além de uma nota técnica embasada com artigos científicos publicada na Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). O documento explica que a prática do abate de jumentos também contraria o artigo 225 da Constituição Federal, que veda práticas que levem uma espécie à extinção. “É fato notório e inconteste que os jumentos estão em agressivo declínio no Brasil e no mundo, em razão da atividade extrativista em que consiste o comércio internacional de pele de jumentos. Ao contrário do que dá a entender o parecer, não existe cadeia produtiva de jumentos no Brasil ou em qualquer lugar do mundo”, diz o texto.
A prática do abate tem levado à extinção dos animais de maneira progressiva. Entre 2018 e 2024, apenas na Bahia, foram 248.298 jumentos abatidos. Dados da FAO apontam que existem, em 2025, apenas 78.916 animais, representando uma perda de 94% do efetivo populacional. A nota também rebate diversos argumentos do parecer do deputado que tratam sobre prejuízos econômicos, desemprego e perdas de receita para o estado e ressalta que apenas três abatedouros possuem autorização do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para a exportação da pele do jumento, que vai para a China para a fabricação do eijao. Dessa forma, não há produtores dessa atividade nem mesmo perdas econômicas ou desemprego.
A nota de repúdio também critica o parecer após aprovação em comissão na Assembleia Legislativa da Bahia. “O PL em questão já havia sido aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). É aviltante e inaceitável que o parecer ora repudiado ignore e desrespeite parecer anteriormente dado, em patente invasão da competência de comissão existente justamente para averiguar a constitucionalidade dos projetos de lei”, finaliza.
O texto é assinado pela Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, pela Confederação Nacional de Entidades de Defesa dos Direitos Animais e pela Associação Nacional dos Advogados Animalistas, entre outros órgãos e instituições.
(Com Renan Araújo/Agência EmFoco)
Responsáveis por diversos serviços ecossistêmicos, como a recarga de aquíferos, fundamental para o abastecimento de água potável, as cavernas resguardam diversas informações sobre a presença humana, com registros que ajudam a compreender os modos de vida de nossos antepassados e como eles as utilizavam ao longo de milênios. Buscando preservar esses espaços e revelar suas riquezas, um trabalho promovido pelo Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro – PAN Cavernas do Brasil vai facilitar a identificação dos atributos históricos e culturais e orientar o uso sustentável desses ambientes naturais.
O projeto está sendo desenvolvido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav). Segundo o arqueólogo do Iphan Danilo Curado, a iniciativa prevê dois produtos, o primeiro deles será o manual de boas práticas, que orientará o uso responsável de cavernas com sítios arqueológicos por turistas, guias, prefeituras e comunidades com diretrizes claras para mitigar impactos e fortalecer o papel educativo dessas visitas. Além disso, também será desenvolvido um fluxograma que permitirá o aprimoramento da ação pública criando um procedimento técnico-operacional entre Iphan e ICMBio para a avaliação do atributo histórico-cultural nas cavidades, assegurando que as decisões sobre o grau de relevância contem com a expertise arqueológica do Iphan.
Para o arqueólogo, esse trabalho promoverá a integração institucional e um planejamento nacional. “Com o cruzamento de dados geoespaciais, vistorias conjuntas e a construção de um Termo de Cooperação, essa ação permitirá criar uma base estruturada para intervenções futuras em todo o território nacional, inclusive com a elaboração de uma Carta de Cavidades Naturais com Sítios Arqueológicos”, afirmou.
Tesouros resguardados por cavernas brasileiras
“O Brasil abriga cavernas com altíssimo valor arqueológico e cultural, entre elas podemos destacar as do Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG) e as cavernas do Vale do Ribeira (SP), Serra do Ramalho (BA) e Serranópolis (GO). Essas cavidades estão sob constante ameaça, seja por vandalismo, turismo não orientado, mineração ou pressões fundiárias. Sua conservação é urgente e estratégica para a memória nacional, a ciência e a valorização do território”, disse Danilo Curado.
Na Serra da Capivara, as pesquisas no sítio arqueológico remontam datações de 50 mil anos, sendo um dos mais antigos registros de ocupação humana nas Américas. No Peruaçu, as pinturas rupestres e vestígios arqueológicos conservados nas cavernas da região revelam ocupações humanas de até 12 mil anos atrás. Já nas cavernas do Vale do Ribeira, Serra do Ramalho e Serranópolis há arte rupestre, estruturas funerárias e vestígios materiais de ocupações históricas ainda em estudo.
Para Danilo, essas ações que estão sendo desenvolvidas “fortalecem a atuação preventiva do Estado e criam as condições para uma gestão mais eficaz, principalmente frente à enorme diversidade de cavernas e à escassez de mecanismos normativos específicos para contextos de uso turístico desses espaços”.
Sobre o PAN Cavernas do Brasil | O PAN Cavernas do Brasil possui 43 ações, que são distribuídas em quatro objetivos específicos, visando cumprir o objetivo geral: prevenir, reduzir e mitigar os impactos e danos antrópicos sobre o patrimônio espeleológico brasileiro, espécies e ambientes associados, em cinco anos. Além disso, contempla 169 táxons nacionalmente ameaçados de extinção, estabelecendo seu objetivo geral, objetivos específicos, prazo de execução, formas de implementação, supervisão e revisão.
(Com Lorene Lima/IcmBio)