Francisco promoveu o Sínodo para a Amazônia, além de outras iniciativas que priorizaram a questão ambiental


São Paulo
Chegou a hora do primeiro evento totalmente focado na cultura e turismo da Ásia no Brasil. A Expo MinÁsia Te Leva acontece nos dias 25 e 26 de janeiro, no Centro de Eventos PRO MAGNO, localizado no Jardim das Laranjeiras, na Zona Norte de São Paulo, apresentando uma imersão nas culturas do Japão, Coreia do Sul, China e Tailândia.
Fundada em 2021 pelas sócias Luana Amorim, Fabiola Martins e Amanda Lopes, a empresa de viagem, turismo e eventos MinÁsia, responsável pelo evento, é pioneira em caravanas para a Coreia do Sul no pós-pandemia, além de ter acompanhado mais de 550 viajantes entre os países asiáticos e de ser um Hub de Soluções de Turismo para o Brasil e Mundo. “Nosso objetivo é criar uma experiência onde todos possam experimentar e conhecer um pouco da cultura de cada um dos países”, conta Luana.
Fabíola explica: “Além de promover uma experiência para o público, o evento também será um espaço para as marcas e instituições governamentais de cada país apresentarem seus produtos e culturas, proporcionando até mesmo oportunidades de networking”.
Com um público estimado de até 6 mil pessoas, distribuídas entre os dois dias de evento, além de expositores, a Expo MinÁsia Te Leva trará para o público o KOFF (Korean Filme Festival), os atores tailandeses MosBank, e o duo HELLO GLOOM e from20 da Coreia do Sul. “Essa é a primeira edição e, desde o anúncio da expo, tivemos um ótimo feedback dos nossos seguidores e parceiros; estamos ansiosas para ver o público podendo experimentar um pouco de cada país”, finaliza Amanda.
A Expo MinÁsia Te Leva promete ser um marco importante para o setor de turismo e cultura, reafirmando seu compromisso com o público e parceiros. Os ingressos já estão disponíveis no site www.expominasiateleva.com.br.
Serviço:
Data: 25 e 26 de janeiro (sábado e domingo)
Local: PRO MAGNO Centro de Eventos – Avenida Professora Ida Kolb, 513, Jardim das Laranjeiras, São Paulo, SP
Acompanhe a Expo MinÁsia Te Leva nas redes sociais:
Site: www.expominasiateleva.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/minasiateleva/
Instagram: https://www.instagram.com/minasiaoficial/.
(Com Leticia Escobar/17 Zero 1)
Obra do acervo do Museu Imagens do Inconsciente na exposição ‘Sonhos: História, Ciência e Utopia’, no Museu do Amanhã. Foto: Albert Andrade/Museu do Amanhã.
O Museu do Amanhã acredita no potencial da arte para a democratização do acesso aos conteúdos abordados pela instituição, que se autodescreve como um museu de ciências. Em sua nova exposição, ‘Sonhos: História, Ciência e Utopia’, 18 obras do acervo do Museu Imagens do Inconsciente – fundado pela doutora Nise da Silveira – representam o que o ser humano pode acessar por meio dos sonhos. A famosa psiquiatra brasileira entendia a arte como reveladora das riquezas do inconsciente, e percebia sua importante contribuição na luta contra os estigmas associados aos portadores de transtornos psíquicos. As peças em exibição são de autoria de artistas emblemáticos, como Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Emygio de Barros e Fernando Diniz.
Sonhos: História, Ciência e Utopia, realizada sob a curadoria do neurocientista Sidarta Ribeiro, conta ainda com outras atrações artísticas, como uma série de obras interativas que se utilizam de recursos como inteligência artificial generativa e produção de vídeos, além da imersiva ‘Galeria de sonhos e de grandes sonhadores’, que traz sonhadores de nossa história como Bertha Lutz, Cacique Raoni, Chico Mendes, Darcy Ribeiro, Dona Ivone Lara, Lélia Gonzalez, Lynn Margulis, Martin Luther King, Nise da Silveira, Paulo Freire, Pepe Mujica e Yoko Ono.
A exposição é a primeira das iniciativas que comemoram dez anos desde a fundação do Museu do Amanhã, a serem completados em dezembro de 2025. Antes mesmo de completar um mês, a mostra já recebeu mais de 30 mil visitantes. Ingressos disponíveis no site oficial e na bilheteria do Museu; ao longo deste ano, terão preço promocional de R$10 no dia 10 de cada mês.
Sobre o Museu do Amanhã
O Museu do Amanhã é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro concebido em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo. Exemplo bem-sucedido de parceria entre o poder público e a iniciativa privada, o Museu conta com o Banco Santander Brasil como patrocinador master, a Shell, Grupo CCR e Instituto Cultural Vale como mantenedores e uma ampla rede de patrocinadores que inclui ArcelorMittal, Engie, IBM, Volvo e TAG. Tendo a Globo como parceiro estratégico e Copatrocínio da B3, Mercado Livre e Águas do Rio, conta ainda com apoio de Bloomberg, Colgate, EMS, EGTC, EY, Granado, Rede D’Or, Caterpillar, TechnipFMC e White Martins. Além da DataPrev, Fitch Ratings e SBM OffShore apoiando em projetos com a Lei de Incentivo Municipal, conta com os parceiros de mídia Amil Paradiso, Rádio Mix, Revista Piauí, Curta ON e Assessoria Jurídica feita pela Luz e Ferreira Advogados.
Sobre o IDG
O IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão é uma organização social sem fins lucrativos especializada em conceber, implantar e gerir centros culturais públicos e programas ambientais. Atua também em consultorias para empresas privadas e na execução, desenvolvimento e implementação de projetos culturais e ambientais. Responde atualmente pela gestão do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, Paço do Frevo, em Recife, e Museu das Favelas, em São Paulo. Atuou ainda na implantação e na gestão do Museu do Jardim Botânico do Rio de Janeiro como gestor operacional do Fundo da Mata Atlântica e como realizador das ações de conservação e consolidação do sítio arqueológico do Cais do Valongo, na região portuária do Rio de Janeiro. Também foi responsável pela concepção e implementação do projeto museológico do Memorial do Holocausto, inaugurado em 2022 no Rio de Janeiro. Saiba mais no link.
(Com Luisa Mattos/Assessoria de Imprensa Museu do Amanhã)
Completando 70 anos de carreira, com mais de 65 peças no currículo, a atriz Rosamaria Murtinho, de 92 anos, sobe ao palco desta vez para viver três personagens no espetáculo ‘A Vida Não É Justa’, idealizado pelo produtor Eduardo Barata e baseado no livro da juíza Andréa Pachá. Uma das personagens, a Molhadinha25, comete adultério virtual provocando ciúmes do marido, vivido por Wilson Rabelo. A peça, dirigida por Tonico Pereira, com mais de 60 anos de trajetória artística, tem também no elenco Lorena da Silva, Marta Paret, Duda Barata, Bruno Quixotte e Rafael Sardão. Eles farão uma curtíssima temporada no Teatro Sesc Copacabana, de 10 de janeiro a 9 de fevereiro, sextas e sábados às 19h e domingos às 18h.
Dezoito mil audiências e uma sentença: A VIDA NÃO É JUSTA. Foi assim que surgiu a inspiração para o título do livro de Andréa Pachá, lançado em 2012, que ganhou os palcos com dramaturgia de Delson Antunes e direção de Tonico Pereira e foi sucesso de público nas duas temporadas anteriores no Rio e São Paulo. “A gente pode viver grandes guerras, pode viver grandes hecatombes, mas no final, o que define a nossa vida são essas pequenas questões que acontecem entre o nascimento e a morte. Como é que a gente ama, como é que a gente se relaciona, como é que a gente lida com a perda? Essas questões são as questões que me interessam e que nos interessam como humanidade, interessam para o teatro. E é por isso que conflitos, aparentemente tão banais, acabam despertando tanto interesse, porque eles falam de quem nós somos”, afirma Andréa. “No livro, há vários temas que se repetem, então busquei escolher casos que dessem ao texto uma maior variedade de conflitos de forma que as pessoas possam se identificar mais”, pontua Delson Antunes, responsável pela adaptação da literatura para o teatro.
Em 2016, o livro, composto por 35 contos, foi adaptado para a televisão e apresentado em um quadro no Fantástico, com Glória Pires interpretando a juíza. Para a versão teatral foram escolhidas 8 histórias, além do prólogo: Casamento não é emprego / Quem cuida dele? / Tem coisa que não se pergunta / Molhadinha25 / O que os olhos não veem / Sagrado é um samba de amor / Mas eu amo aquele homem… / Reconciliação. “O trabalho de dramaturgia do Delson Antunes é de sintonia fina com a Pachá”, explica Tonico.
Rosamaria subiu pela primeira vez ao palco aos 18 anos na companhia de teatro amador Studio 53. A convite de Paulo Francis, participou do Teatro dos Sete, companhia formada por Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Sérgio Britto e se destacou em trabalhos como O Canto da Cotovia, A Rosa Tatuada e Manequim. Foi numa dessas montagens que viria a conhecer o ator Mauro Mendonça, com quem se casou em 1959. Em A vida não é justa, ela interpreta as mesmas personagens que já ganharam vida na atuação da saudosa Dama do Teatro Léa Garcia, que nos deixou em 2023. Já seu par, Wilson Rabelo, dá vida ao mesmo papel interpretado pelo mestre Emiliano Queiroz, que também partiu em outubro de 2024, após 70 anos de dedicação à arte.
A atriz e assistente de direção Marta Paret comenta sobre os personagens: “São todos muito ricos e diferentes. Na separação, enfrentam um momento em comum de ruptura, no qual devem encarar as consequências de suas escolhas para o resto da vida”. A atriz Duda Barata explica como a direção de Tonico a ajudou a superar os desafios de interpretar vários personagens: “Eu sou uma pessoa muito racional, e isso às vezes acaba por atrapalhar. O Tonico me balanceia, ele domina os sentimentos de forma maestral, suas dicas são pontuais e certeiras”.
A Justiça é acionada como tema central do espetáculo, com a função de solucionar conflitos, mas também de lembrar que “a felicidade não é um direito, muito menos uma obrigação. Compreender nossa humanidade nos faz mais responsáveis pelo nosso destino”, nas palavras da autora. Nesta encenação teatral, propõe-se um jogo em que os atores e os personagens se revezam ora na tarefa de vítima, ora na função de acusado, trazendo para a reflexão temas como diversidade, igualdade, justiça, respeito, tolerância e conflitos relacionais. “Cada ator vive mais de um personagem, dessa forma, o figurino se torna um elemento central para que o público reconheça de imediato essas mudanças”, comenta a figurinista Fernanda Fabrizzi.
A iluminação é de Paulo Denizot, que também assina o cenário com Janaina Wendling. “A peça explora o absurdo que a realidade é, e a luz acompanha esse caminho, um falso realismo absurdo. Ela busca enfatizar os dramas que as pessoas passam, dando plasticidade e dinâmica”, pontua Denizot. “No cenário, manequins são usados para representar a massa humana. Somos arquétipos, procuro de maneira prática e poética trabalhar essa massa que se encaixa em personagens da vida real”, detalha Janaina.
“As escolhas foram feitas a partir do entendimento de cada história contada. A música é uma personagem ativa durante toda a narrativa e faz uma ligação dramatúrgica entre cada cena, despertando nos atores e no público ‘emoções baratas’, aquelas que tocam na memória e são extremamente populares, causando identificação imediata”, comenta Máximo Cutrin, responsável pela trilha sonora. Segundo ele, “as músicas com vozes femininas, e em sua maioria brasileiras, são uma grande referência também”.
O amor acaba, divórcios acontecem, investigações de paternidade são necessárias, os filhos sofrem, reconciliações ocorrem, situações inusitadas e cômicas transformam-se em soluções e as famílias adquirem novas estruturas. Interpretando a juíza, Lorena da Silva comenta sobre dar vida a uma personalidade de reconhecimento como Andréa Pachá, “é uma honra e um barato. É um presente”.
O espetáculo é composto por um prólogo e oito cenas, a juíza (Lorena da Silva) está em todas as cenas:
PRÓLOGO: Todos em cena
1ª Cena: MOLHADINHA 25, com Rosamaria Murtinho, Wilson Rabelo e Bruno Quixotte
2ª Cena: CASAMENTO NÃO É EMPREGO, com Duda Barata, Bruno Quixotte e Rafael Sardão
3ª Cena: QUEM CUIDA DELE?, com Marta Paret e Rafael Sardão
4ª Cena: TEM COISA QUE NÃO SE PERGUNTA, com Rafael Sardão e Duda Barata
5ª Cena: SAGRADO É UM SAMBA DE AMOR; com Rosamaria Murtinho, Bruno Quixotte e Rafael Sardão
6ª Cena: O QUE OS OLHOS NÃO VEEM; com Duda Barata, Marta Paret e Bruno Quixotte
7ª Cena: MAS EU AMO AQUELE HOMEM…; com Marta Paret, Bruno Quixotte e Duda Barata
8ª Cena: RECONCILIAÇÃO; com Rosamaria Murtinho e Wilson Rabelo.
Serviço:
A vida não é justa
Duração: 80 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
Local: Sesc Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana
Temporada: De 10 de janeiro a 9 de fevereiro
Dias e horários: Sextas a domingos, às 19h – *Excepcionalmente nesta quinta-feira, dia 9, haverá ensaio aberto e gratuito, também às 19h, sujeito à lotação
Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia), R$7,50 (comerciário)
Informações: (21) 4020-2101
FICHA TÉCNICA
Texto original: Andréa Pachá
Dramaturgia: Delson Antunes
Direção: Tonico Pereira
Idealização: Eduardo Barata
Elenco:
Rosamaria Murtinho
Bruno Quixotte
Duda Barata
Lorena da Silva
Marta Paret
Rafael Sardão
Wilson Rabelo
Gesto e movimento: Marina Salomon
Cenário: Paulo Denizot e Jana Wendling
Figurinos / 1ª temporada: Fernanda Fabrizzi
Figurinos / 2ª temporada: Tiago Ribeiro
Iluminação: Paulo Denizot
Trilha Sonora: Máximo Cutrim
Visagismo: Fernando Ocazione
Diretor de palco: Tom Pires
Operador de luz: Rogério Medeiros
Operador de som: Enrico Baraldi
Camareira: Sonia Martins
Maquiagem / cabelo: Alex Palmeira
Programação visual: Ricardo Barata
Fotos: Cristina Granato
Direção de produção: Elaine Moreira
Produção executiva: Bruno Luzes e Tom Pires
Produção: Barata Produções
Assessoria de Imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa.
(Com Fabio Dobbs/Dobbs Scarpa)
Trinta-réis-de-bico-vermelho formou ninhos em terminal da Petrobras em São Sebastião (SP). Foto: Leo Cordeiro/Acervo pesquisadores.
Em São Sebastião, no litoral norte paulista, a ave Sterna hirundinacea, também chamada de trinta-réis-de-bico-vermelho, pode ser avistada no Terminal Aquaviário Almirante Barroso (Tebar), operado pela Petrobras. Por algum motivo, o bicho gostou da construção (que recebe boa parte da produção brasileira de petróleo) e achou que era um bom lugar para formar seus ninhos. A taxa de sucesso reprodutivo dos trinta-réis que habitam o Tebar, contudo, é de apenas 5,1% – ou seja, apenas 1 a cada 20 filhotes sobrevive e consegue alcançar voo. A conclusão é de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e publicado nesta sexta (20) no periódico Ocean and Coastal Research.
Entre abril e setembro de 2021, Léo Fonseca, estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade de Ambientes Costeiros, monitorou 159 ninhos e 318 indivíduos de trinta-réis-de-bico-vermelho que circulam pelo Tebar. No total, 78 ovos foram postos, mas 63 foram perdidos, seja por causa de predadores (60,3%), por serem inviáveis para se desenvolver (34,9%) ou natimortos (4,8%). Entre os 15 saudáveis, 11 filhotes não sobreviveram também por conta de predadores ou por quedas no mar (54,5%), colisões com veículos (36,4%) ou causas naturais (9,1%). A maioria das mortes aconteceu nos primeiros nove dias após a eclosão dos ovos. Apenas quatro indivíduos conseguiram chegar à idade de aprender a voar.
Em comparação com outros estudos feitos em ambientes naturais, a taxa de sucesso reprodutivo da S. hirundinacea encontrada pelo grupo da Unesp é considerada muito baixa. Outros monitoramentos em habitats naturais registraram taxas acima de 35%. O registro mais baixo encontrado até então, que já era um ponto fora da curva, era de 2010, num trabalho em que os pesquisadores acompanharam o desenvolvimento de 21 ovos, com taxa de sucesso reprodutivo, de 6%, em uma ilha em Santa Catarina.
“A principal causa da perda de ovos no terminal é a perturbação humana”, aponta Edison Barbieri, especialista em aves marinhas e autor sênior do estudo. “Não sabemos porque essa espécie se adaptou a este ambiente; pode ser por causa da coloração ou pela temperatura do concreto. Elas fazem ninhos onde acham que é seguro”, explica. A atividade humana na costa, no entanto, prejudica o desenvolvimento seguro dos filhotes: mais de um terço deles foi morto pelo fato de os ninhos estarem próximos à circulação de veículos.
“Essas aves são sentinelas ambientais, ou seja, podem indicar como está a saúde daquele ambiente, porque são predadores de topo”, afirma Barbieri. Segundo o pesquisador, o trabalho é pioneiro em medir o sucesso reprodutivo da Sterna hirundinacea em um ambiente artificial e, por isso, seu grupo espera poder continuar pesquisas para entender os efeitos de viver em ambientes similares na espécie.
(Fonte: Agência Bori)
Houve crescimento progressivo dos valores até 2015, queda entre 2016 e 2019 e novo aumento durante a pandemia. Foto: FreePik.
De 2000 a 2022, o Brasil registrou crescimento nos investimentos em Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) – conjunto de iniciativas que buscam garantir o acesso à alimentação adequada e saudável, envolvendo áreas da gestão pública como saúde, educação, proteção social, agricultura e meio ambiente. No total, foram executados R$3,8 trilhões, com variação anual positiva de 10,1%. Os dados foram publicados na Revista de Saúde Pública por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A pesquisa utilizou dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP) do governo federal e analisou recursos públicos federais investidos de 2000 a 2022, categorizando ações conforme os temas da agenda de SAN. A categoria mais contemplada foi a de ‘acesso à alimentação’ – que engloba, por exemplo, a aquisição e distribuição de alimentos a famílias e pessoas em vulnerabilidade social –, com média de 73,4% dos recursos alocados no período. O pico foi em 2020, quando registrou 91% do valor executado por conta do investimento em ações que buscassem atenuar a insegurança alimentar provocada pela pandemia de covid-19.
Por outro lado, a categoria ‘sistema agroalimentar’ – referente à produção, extração e processamento de alimentos de forma sustentável e descentralizada – reunia 36% dos recursos liquidados em 2000, mas teve a maior perda de orçamento executado no período. A categoria ocupou apenas 2,3% do valor total em 2022, com reduções principalmente nos programas de fortalecimento e aquisição de produtos da agricultura familiar. Já a categoria ‘acesso à água’, que no início do milênio representava quase 16% do orçamento executado, despencou para 0,2% em 2022.
De forma geral, houve crescimento progressivo dos valores em SAN até 2015, quando o setor executou R$236,53 bilhões. Porém, entre 2016 e 2019, os investimentos caíram. Já em 2020, impulsionado pela pandemia, o orçamento alcançou R$601,6 bilhões. Apesar da queda nos dois anos seguintes, os valores permaneceram acima dos níveis pré-crise sanitária, chegando a R$312,5 bilhões em 2022. Mesmo assim, a insegurança alimentar voltou a atingir níveis semelhantes aos da década de 1990, observa o estudo.
Para Milena Corrêa Martins, doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC e uma das autoras do artigo, reduzir as discrepâncias exige considerar as demandas da sociedade civil e adotar uma gestão mais intersetorial. Ela também destaca o impacto que poderia ser alcançado caso os investimentos reconhecessem a agenda pública de SAN enquanto uma política de Estado, já que as agendas variam e sofrem impacto conforme o governo em vigor. O período de queda nos investimentos (2016-2019) coincide com o período que Michel Temer assumiu o poder e o início da gestão de Jair Bolsonaro, observa.
“A fome é uma escolha do governo. O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, então como a população passa fome? As políticas de Segurança Alimentar e Nutricional já foram estruturadas, nós já saímos do Mapa da Fome em 2014. Mas essa mazela reflete uma condição histórica, a partir de escolhas econômicas e políticas”, aponta Martins. Ela também atenta para as limitações de uma agenda pública de SAN pautada numa lógica assistencialista, com foco na distribuição de alimentos em situações de crise. “Somente ofertar políticas de alimentação e nutrição não é o suficiente. São necessárias políticas estruturantes, capazes de transformar realidades, como o fortalecimento da agricultura familiar e de desenvolvimento econômico e social”, acrescenta.
O estudo deriva da tese de doutorado de Martins, que analisa a tendência temporal da Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil e seus determinantes. O objetivo da pesquisa é contribuir para qualificar os investimentos apresentados por formuladores de políticas públicas, fortalecendo o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). A pesquisa terá desdobramentos, incluindo um estudo sobre a situação de Povos e Comunidades Tradicionais, como indígenas e quilombolas, os mais afetados pela insegurança alimentar e com menor destinação de recursos, conta Martins.
A pesquisadora sugere que estudos futuros explorem os investimentos em níveis municipal e estadual para identificar como os recursos estão sendo aplicados localmente. “É nos territórios que podemos ver as especificidades de como o direito à alimentação é violado ou garantido”, finaliza Martins.
(Fonte: Agência Bori)