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Instituto Anelo volta ao Arcevia Jazz Feast, na Itália

Arcevia, por Kleber Patricio

Alline Ribeiro e Paula Lins. Fotos: Levi Macedo.

O Instituto Anelo, associação sem fins lucrativos que oferece aulas de música no Distrito do Campo Grande, periferia de Campinas (SP), participa pela sexta vez do Arcevia Jazz Feast, na cidade italiana de Arcevia. O evento ocorre entre 30 de julho e 5 de agosto de 2023, já estando em sua 25ª edição. A dupla que vai embarcar para a Europa e representar o Anelo no festival é formada por Alline Ribeiro, professora de Violino, e Paula Lins, professora de violão. Os custos da viagem aérea estão sendo arcados com a realização da venda de souvenirs e arrecadação de doações. Para o custeio das passagens de avião, a entidade continua recebendo doações. As pessoas interessadas em contribuir podem realizar a doação por meio de transferência bancária ou PIX.

O retorno ao festival, tão esperado, é comemorado por todos os integrantes do Anelo, que já se planejam para fortalecer os laços e receber artistas em breve.  Em 2023, a organização do festival concedeu ao Instituto Anelo duas bolsas de estudo, que incluem o custeio da inscrição para os cursos do festival, hospedagem e alimentação.

Alline Ribeiro.

“Estamos muito felizes e com muita gratidão, por poder retomar este projeto com o Arcevia Jazz Feast, com quem temos parceria desde 2015 e para onde já pudemos mandar cerca de 40 pessoas, com bolsas de estudo oferecidas pelo festival, entre músicos e estudantes, ao longo dos anos. Esta é a primeira vez que estamos enviando um time só de mulheres para o festival e isto é muito representativo. Torço e sei que elas vão aproveitar o máximo possível e nos ajudar a fortalecer esta parceria que é tão importante”, considerou Luccas Soares, fundador e coordenador geral do instituto.

Soares aponta que a parceria, de mão dupla, vai render ainda a recepção de alunos do evento de Arcevia, no Festival Transforma, que será realizado pelo Instituto Anelo em outubro deste ano. “Por aqui vamos receber os estudantes de Arcevia que se destacarem no festival. Estes estudantes virão ao Brasil e terão uma vivência musical Anelo, em outubro. Será mais uma vez, uma experiência muito rica e gratificante”, afirmou.

Expectativas

Alline Ribeiro, professora de violino, aponta que a oportunidade de representar o Instituto Anelo no festival é um grande marco em sua carreira artística. “É a primeira vez que eu vou sair do país e essa oportunidade é algo muito significativo e veio como um combo: sair do país para tocar violino e ainda ter a honra de representar o Instituto Anelo. Eu estou muito feliz e cheia de expectativas. Esta oportunidade ainda me dá a chance de levar a música e cultura brasileira para outro país, fazer trocas culturais e fortalecer a parceria do Anelo com o festival”, apontou Alline.

Paula Lins.

Para Paula Lins, professora de violão, a viagem possibilitará um cenário de muito compartilhamento e conexões. “Esta parceria tem de ser sempre preservada e cultivada, é algo muito potente para todos os envolvidos. Estou com muita expectativa de compartilhar uma parte rica da cultura brasileira, que é o forró. É uma experiência única e me dá a chance também de aprimorar minha experiência em jazz e improvisação”, comemorou Paula.

Alline Ribeiro | Alline Ribeiro, natural de Campinas e integrante do corpo docente do Instituto Anelo, é violinista, tem formação em Música pela Faculdade Nazarena do Brasil e cursa pós-graduação em Gestão Cultural do Senac. Atuou como violinista na Orquestra Jovem de Paulínia, atua como violinista na Orquestra Filarmônica de Valinhos e, no Anelo, além de professora, é também coordenadora musical, assistente de patrimônio e produtora de eventos.

Paula Lins | Natural de São Paulo, SP- Brasil, é professora de violão no Instituto Anelo, estudou Licenciatura em Música na Unicamp e trabalhou como educadora no Projeto Primeira Nota, nas Escolas Maple Bear de Valinhos e Vinhedo. Coordenou o projeto de música e arte para crianças Patuscanto. Atua como cantora, percussionista e violonista em grupos de forró e MPB.

Arcevia Jazz Feast

O festival é um seminário de jazz e improvisação que oferece atividades de aprendizado intenso, integrando alunos e professores de música do mundo inteiro. O Arcevia Jazz Feast é realizado desde 1998, durante o verão europeu, na cidade italiana de Arcevia, a 240 quilômetros da capital, Roma.

A cidade está localizada na região montanhosa de Marche, Província de Ancona. Arcevia tem pouco mais de cinco mil habitantes e é muito conhecida por ainda manter diversos castelos medievais para visitação. Fundada entre o final do século VIII e início do século IX, a cidade preserva suas construções e é rodeada por sítios arqueológicos.

Para doar:

Opção 1 – Via PIX – Código PIX CNPJ: 05.896.161/0001-29

Dados de conferência: Conta vinculada ao Banco do Brasil. Agência 3551-3

Opção 2 – Via depósito bancário em nome do Instituto Anelo, CNPJ 05.896.161/0001-29, no seguinte banco:

Banco do Brasil

Agência 3551-3

Conta corrente 11379-4

Opção 3 – Via PagSeguro: basta acessar o site do Instituto Anelo (anelo.org.br), clicar no ícone DOE, escolher a uma opção de valor e concretizar a doação pela plataforma PagSeguro.

Para outros tipos de doação, é possível entrar em contato com o Instituto Anelo:

– Por telefone (19) 3227-6778

– Por e-mail contato@anelo.org.br

– Ou pessoalmente na sede da entidade (Avenida Vicente de Marchi, 718, Jardim Florence, Campinas/SP).

(Fonte: Yeux Comunicação)

Jardinópolis: ‘Capital da Manga’ mantém tradição de se comer a fruta no pé

Jardinópolis, por Kleber Patricio

Foto: Fábio Gallacci.

A pessoa chega e, com orgulho, se define como “boca-amarela”. Tenha certeza de que ela só pode ter vindo de um lugar: a simpática Jardinópolis. O município de 45 mil habitantes na Região Noroeste do Estado – que está a 331 quilômetros da Capital – é conhecido como a “Capital da Manga”. A Lei Estadual 4.722/1985, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, oficializou esse título, que segue sendo defendido com empenho por produtores, grupos de preservação da memória local e a população em geral.

A presença do fruto na rotina das pessoas de lá remonta ao início do século passado, época em que a manga respondia de forma importante na economia local. Novas culturas ganharam espaço e relevância – como o abacate, cana-de-açúcar, milho e soja – mas a deliciosa fruta amarelada segue presente no dia a dia e nas raízes de quem vive ali.

Conta a história oral que as primeiras mangas foram trazidas da Bahia pela família do primeiro prefeito de Jardinópolis, Dr. João Muniz Sapucaia, na década de 1890. Os caroços dessas mangas foram plantados em um sítio, um deles vingou e daí começou o cultivo da fruta na cidade. Nessa época, os caroços de manga tinham “preço de ouro” e eram comercializados para posterior plantio. Na cidade, as mangueiras tiveram solo fértil e clima ideal.

Estradas de ferro

Já na década de 1910, com a fama da qualidade se espalhando, as mangas jardinopolenses passaram a ser exportadas para São Paulo e, de lá, para outros centros do Brasil. Tudo pelas estradas de ferro, já que o município era cortado pelas linhas da antiga Companhia Mogiana.

Geralmente, os exportadores arrendavam o pomar de manga de um produtor, a colhiam, embalavam com muito cuidado – em alguns casos, até mesmo em papel seda – e as remetiam para a Capital paulista, o grande centro comercial do produto. A partir de 1940, um empresário local criou uma transportadora específica para levar as mangas de Jardinópolis/SP para São Paulo e Rio de Janeiro. Desta vez, de caminhão. Dali pra frente, o modal rodoviário passou a ser a principal forma para escoar a produção.

Segredo de qualidade

Uma das técnicas da época para garantir a qualidade elevada do produto vindo de Jardinópolis era a colheita e o embalo das frutas com boa parte de seu talo. Eles eram removidos apenas na chegada ao destino, garantindo que as mangas permanecessem frescas durante o trajeto. Com tamanho cuidado e vocação, Jardinópolis despontou, na primeira metade do século passado, como grande produtora e exportadora de mangas do Estado.

Avó de Portinari

Curiosamente, a pessoa considerada a primeira grande exportadora de mangas de Jardinópolis foi a avó materna do pintor Candido Portinari, dona Maria Sandri Torquato, a “nonna de Jardinópolis”. A atividade era tão importante na família que o renomado pintor retratou sua avó no ofício de encaixotar mangas. Uma reprodução do desenho “Nonna Encaixotando Mangas”, de 1956, se encontra no hall de entrada da Câmara Municipal de Jardinópolis atualmente.

Logo depois de Maria Sandri, surgiram outros produtores e exportadores de mangas na cidade. Outro que merece destaque é Crescêncio Avino, que herdou o ofício do pai, cuja safra de mangas de 1933 está retratada na mesma tela de Portinari.

Vale lembrar que a cidade tem em sua história uma bem-vinda diversidade de povos; talvez, o mesmo espírito que possibilitou que as primeiras mangas baianas encontrassem abrigo, espaço e dedicação para se multiplicarem em terras paulistas. Formada originalmente por imigrantes italianos, portugueses, sírio-libaneses, japoneses e espanhóis, chegados ao Brasil entre o final do século 19 e início do século 20, Jardinópolis também recebeu famílias advindas das regiões Norte, Nordeste e outras cidades do Sudeste brasileiro.

Boca amarela

A fama de produzir mangas inigualáveis fez com que os moradores da cidade ficassem conhecidos como “boca-amarela”. Mesmo com o passar do tempo, ainda se usa esse termo quando se deseja indicar algo que seja genuinamente jardinopolense.

E não para por aí. Realizada anualmente a partir de 1973 – até meados da década de 1990 – a Festa Municipal da Manga marcou época e era momento importante no calendário oficial do município.

Ainda no auge da produção, em 1986, foi implantada no plano viário da cidade a Avenida das Mangueiras, com árvores da fruta plantadas em toda a sua extensão. Hoje, a via e o seu prolongamento têm o nome Prefeito Newton Reis. O lugar é frequentado diariamente pela população para a prática de atividades esportivas, como caminhada e ciclismo. Mesmo com seu nome original modificado, alguns hábitos não mudam nunca: em época de produção de mangas, é muito comum ver pessoas colhendo as frutas neste lugar. Como era de se esperar, e celebrar, a avenida se transformou em um grande pomar público.

Hino, brasão e o Manguito

O cultivo da manga é tão marcante em Jardinópolis que a fruta aparece até mesmo no hino da cidade. Sua letra apresenta a cidade como “Capital da Manga, com louvor”. Uma manga também foi inserida no Brasão de Armas do Município, representando a “delícia da fruta tropical, nativa em nossa terra e responsável por grande parte da economia de nosso Município”.

Para as crianças de todas as idades, na década de 1990, foi criado o mascote do município, o “Manguito”, presente em eventos realizados pela Prefeitura. Esta foi mais uma forma de valorizar o fruto que alimentou a economia e as tradições da acolhedora população de Jardinópolis por tantas décadas. Saiba mais sobre Jardinópolis pelo https://www.youtube.com/@descobrindojardinopolis.

(Fonte: Alesp)

Inhotim inaugura Galeria Yayoi Kusama

Brumadinho, por Kleber Patricio

Fachada da Galeria Yayoi Kusama, no Instituto Inhotim. Foto: William Gomes.

O Instituto Inhotim inaugurou no dia 16 de julho a sua vigésima galeria permanente, dedicada a Yayoi Kusama (Matsumoto, Japão, 1929), uma das mais renomadas e emblemáticas artistas da atualidade. A Galeria Yayoi Kusama abriga duas de suas obras: “I’m Here, But Nothing” (2000) e “Aftermath of Obliteration of Eternity” (2009), trabalhos pertencentes à Coleção do Instituto Inhotim adquiridos em 2008 e 2009, respectivamente.

“A inauguração da Galeria Yayoi Kusama cumpre uma ambição artística central no Inhotim em relação à obra de uma das artistas mais visionárias de nosso tempo”, diz Allan Schwartzman, cofundador do Inhotim. “Essa ocasião permite-nos oferecer uma presença permanente para três das obras mais emblemáticas da artista, cada uma delas incorporando uma expressão ambiental nitidamente diferente do universo criativo da artista: a transformação ótica de um espaço escuro em um lugar psicológico de sobrecarga sensorial; um espaço infinito contemplativo e um jardim de flutuação suspensa composto por inúmeras esferas metálicas pairando sobre a paisagem natural do Inhotim. A Galeria Yayoi Kusama incorpora os mais altos objetivos do Inhotim de oferecer ambientes únicos para a experiência de obras de arte excepcionais em grande escala para um público amplo e diversificado”.

Yayoi Kusama é reconhecida mundialmente pelo seu trabalho caracterizado por uma imaginação criativa e cativante, com diversidade de suportes e linguagens, sobretudo nas instalações imersivas, que convidam o espectador a adentrar em seu universo, aguçando a sua percepção. Happenings, performances, pinturas, esculturas, instalações, trabalhos literários e filme fazem parte do acervo criativo da artista. A participação coletiva em suas instalações de imersão dá sentido às suas obras, concretizando uma experiência sem limites, sem bordas, com cores, contrastes, luzes e sombras.

“I’m Here, But Nothing” (2000). Foto: Daniel Mansur.

O projeto arquitetônico da Galeria Yayoi Kusama foi desenvolvido pelos arquitetos Fernando Maculan (MACh) e Maria Paz (Rizoma), com uma área de 1.436,97 m² localizada no Eixo Laranja, próxima à Galeria Cosmococa e ao Jardim Veredas. A proposta da arquitetura da galeria pensa não somente em um espaço protegido para receber as instalações, mas também para o seu público, trabalhando com a ideia da espera e da permanência em um espaço de convívio. “Dada a relevância do trabalho de Yayoi Kusama e a conhecida atratividade de grandes públicos, o projeto da galeria conta com um amplo espaço de espera e preparação”, explicam os arquitetos.

O paisagismo da Galeria Yayoi Kusama traz um caminho sinuoso feito de pedras que desvela a galeria ao público, perante as curvas do caminho, despertando a curiosidade de quem chega. O projeto paisagístico foi realizado por Juliano Borin, curador Botânico do Inhotim, Geraldo Farias, da equipe do Jardim Botânico do Inhotim, com contribuições de Bernardo Paz. O jardim planejado é inspirado em um jardim tropical multicolorido, com um toque de psicodelia, onde foram plantadas mais de quatro mil bromélias e apresenta a linguagem paisagística já consolidada do museu e jardim botânico.

Sobre a artista

Os padrões repetitivos marcam a trajetória artística de Yayoi Kusama desde os seus desenhos feitos na infância, mesmo período em que, devido ao seu quadro de saúde mental, ela começa a apresentar alucinações envolvendo pontos e círculos – polka dots – constantes. O desejo de se tornar artista, paralelamente aos conflitos familiares e à falta de apoio nessa empreitada, fez com que Kusama se mudasse para os Estados Unidos no final da década de 1950. Foi em uma de suas primeiras exposições em Nova York que a artista ficou conhecida por suas pinturas de grande escala com infinitos pontos monocromáticos sobre a tela. Conforme experimentava uma série de suportes e linguagens, Yayoi Kusama elaborava projetos artísticos cada vez mais audaciosos para o contexto conservador da época, se manifestando politicamente e propondo a libertação do corpo por meio de happenings e performances.

“Aftermath of Obliteration of Eternity” (2009). Foto: Daniel Mansur.

Há, na obra de Kusama, uma ideia geral que conecta o conjunto de seus trabalhos e a acompanha durante toda a sua carreira – o conceito de auto-obliteração [Self-Obliteration], que consiste na abolição da individualidade para se tornar um com o universo e se encontra no título de uma das obras que estão na nova galeria no Inhotim. É dessa maneira que Kusama nos lembra de que somos conectados por algo maior e que fazemos parte de um todo. Essa sensação de auto obliteração se dissolve e acumula, prolifera e separa, ao mesmo tempo em que nos integra ao ambiente na busca de alcançar o infinito pela repetição das formas.

Em uma performance em 1967 durante a apresentação do filme Kusama’s Self-Obliteration , Yayoi Kusama usou tinta e lâmpada fluorescentes para tornar visível sua percepção de mundo que passa pela repetição de elementos como pontos e partes do corpo. Depois de usar pessoas como telas para suas pinturas, a artista passa a transformar a percepção por meio de ambientes imersivos, como em “I’m Here, But Nothing”.

Sobre as obras

Totalmente Iluminado por luz negra, um ambiente doméstico comum é tomado por inúmeros pontos brilhantes coloridos. Os móveis e os objetos que compõem “I’m Here, But Nothing” (2000) são corriqueiros de uma casa, como sofá, televisão, mesa, cadeiras, porta-retratos, tapetes e mais objetos de decoração. Os pontos em tinta fluorescente são adesivos espalhados pelas paredes, por todos os objetos, no teto e no chão. Com a luz negra (UV-A, ultravioleta), esses pontos coloridos cintilam ao olhar do espectador, transformando o espaço, ativando a percepção e, de certa maneira, preenchendo um vazio. A obra pode ser percebida também como parte do conceito da artista da auto obliteração, no sentido da dissolução da pessoa espectadora no próprio ambiente – que, para algumas pessoas, pode trazer uma sensação de segurança, por estar em contato com objetos e mobílias reconhecíveis, enquanto para outras pode trazer uma sensação mais relacionada à ausência, como sugere o título da obra.

“Aftermath of Obliteration of Eternity” (2009) parte dos princípios da filosofia de auto obliteração pensada pela artista, do desejo de negar a sua existência se unindo ao infinito, como parte de um todo. Nesse ambiente imersivo, a proposta é que o espectador seja conduzido a um universo completamente diferente do exterior, um cosmo transcendental. O aspecto da obra nos remete a uma miragem contínua iluminada por lanternas, que vai se esmaecendo à medida que a nossa percepção se afasta da realidade. Na tradição japonesa, esse tipo de iluminação está ligado à espiritualidade, uma conexão com os ancestrais.

“Nas duas obras, com aspectos distintos, Yayoi Kusama parte do conceito da auto obliteração, que a artista investiga em seu trabalho há muitas décadas. A ideia é pensar a dissolução do individualismo buscando uma comunhão com o universal, borrando os limites do que é obra, espaço, corpo e paisagem”, explica Douglas de Freitas, curador do Inhotim. “Em ‘I’m Here, But Nothing’, um espaço doméstico reconhecível é o ponto de partida para uma alteração na percepção do espaço através da luz e de adesivos de bolinhas com tinta fluorescente. Já em ‘Aftermath of Obliteration of Eternity’, a artista cria um espaço avesso ao reconhecível da outra obra. O jogo de espelhos e luz cria um cosmo, uma imagem de vazio que aos poucos se ilumina e se reflete infinitamente”, finaliza o curador.

Sobre o projeto arquitetônico

Para a Galeria Yayoi Kusama, foram criados pequenos largos com bancos de madeira, como um convite à permanência daqueles que visitam a galeria ou que estão apenas desfrutando da ambiência e da vista. Se visto por cima, como uma intervenção de cor na paisagem, o projeto conecta dois momentos da vegetação existente – a mata espontânea e o jardim planejado – e parece ocultar um mundo mágico a ser descoberto pelas pessoas que visitam o parque. “Nosso projeto se sintetiza em duas ações sobre esta paisagem já alterada: a criação de uma cobertura leve para sombreamento de toda a área e a inserção de um edifício longilíneo que se estende em todo o limite da praça com a mata, ancorado nos dois taludes laterais”, especificam Fernando Maculan e Maria Paz.

Sobre toda a extensão da praça e da galeria, uma tela metálica flexível dá suporte para o crescimento de uma vegetação de origem asiática – Congea tomentosa – tipo de planta trepadeira de ampla cobertura vegetal com floração densa que costuma ocorrer após o inverno. A Congea atribui a noção de tempo e de transformação contínua ao projeto da Galeria Yayoi Kusama, alternando a coloração de sua inflorescência em tons de branco, rosa, lilás e cinza.

Sobre o projeto paisagístico

Foto: Daniel Mansur.

No jardim planejado da Galeria Yayoi Kusama, a matiz avermelhada da estrutura de aço corten existente no edifício principal foi seguida na escolha de bromélias verdes, amarelas e avermelhadas – muitas delas apresentam círculos naturais em suas folhas, referenciando o trabalho da artista. Para destacar o amplo vão sem colunas do espaço da galeria, foram escolhidas plantas de baixo porte. Já o uso do arbusto Conchocarpus macrophyllus, espécie nativa da Mata Atlântica, traz a única verticalidade das plantas para alinhar com o piso e com as chapas metálicas do revestimento da galeria.

“Usamos muitas plantas da família Marantaceae, com suas folhas que parecem pintadas a mão, tornando o jardim mais onírico”, comenta Juliano Borin, curador botânico do Jardim Botânico do Inhotim. As pedras usadas na área do jardim da galeria são pedras do minério de ferro em blocos maciços que, segundo Borin, trazem uma identidade do Inhotim e da própria galeria.

De Yayoi Kusama, o Inhotim já exibe a obra “Narcissus Garden” (1966/2009), que faz referência ao mito de Narciso, aquele se encanta pela própria imagem refletida na água. “Narcissus Garden” (1966/2009) reúne 750 esferas de aço inoxidável sobre um espelho d’água, no terraço do Centro de Educação e Cultura Burle Marx, prédio desenhado pelos Arquitetos Associados. A obra se comporta como “um tapete cinético” dada a ação do vento, que cria diferentes agrupamentos das esferas em meio à vegetação aquática. Instalada no Inhotim em 2009, esta é uma versão da escultura apresentada pela primeira vez na 33ª Bienal de Veneza (1966). Na ocasião, Yayoi Kusama, clandestinamente, colocou à venda 1500 esferas distribuídas ao lado do pavilhão Itália com duas placas com os dizeres: “Seu narcisismo à venda” e “Narcissus Garden, Kusama”.

A Galeria Yayoi Kusama conta com o patrocínio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Serviço:

Galeria Yayoi Kusama 

Obras presentes na Galeria Yayoi Kusama: “Aftermath of Obliteration of Eternity” (2009), espelho, madeira, plástico, acrílico, LED, alumínio. “I’m Here, But Nothing” (2000), adesivos, lâmpadas fluorescentes ultravioletas, mobília, objetos domésticos, dimensões variáveis.

Localização: Eixo Laranja, G24, Instituto Inhotim

Operação especial para visitação das obras.

Informações gerais 

Horários de visitação: de terça a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30

Entrada: R$50,00 inteira (meia-entrada válida para estudantes identificados, maiores de 60 anos e parceiros). Crianças de até cinco anos não pagam entrada.

Localização: O Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (aproximadamente 1h15 de viagem). Acesso pelo km 500 da BR381 – sentido BH/SP. Também é possível chegar ao Inhotim pela BR-040 (aproximadamente 1h30 de viagem). Acesso pela BR-040 – sentido BH/Rio, na altura da entrada para o Retiro do Chalé.

Opções de transporte regular

Transfer – a Belvitur, agência oficial de turismo e eventos do Inhotim, oferece transporte aos sábados, domingos e feriados, partindo do hotel Holiday Inn Belo Horizonte Savassi (Rua Professor Moraes, 600, Funcionários, Belo Horizonte). É preciso comparecer 15 minutos antes para o procedimento de embarque e conferência do voucher. Veja mais informações sobre o transfer clicando aqui. Ônibus Saritur – saída da Rodoviária de Belo Horizonte de terça a domingo, às 8h15 e retorno às 16h30 durante a semana e às 17h30 aos fins de semana e feriados. R$51,75 (ida), R$46,05 (volta), R$97,80 (ida e volta).

Inhotim Loja Design | A loja do Inhotim, localizada na entrada do Instituto, oferece itens de decoração, utilitários, livros, brinquedos, peças de cerâmica, vasos, plantas e produtos da culinária típica regional, além da linha institucional do Parque. É possível adquirir os produtos também por meio da loja online.

(Fonte: Inhotim)

Museu Republicano oferece palestra sobre história, política e cultura argentina

Itu, por Kleber Patricio

Foto: Rafael Leão/Unsplash.

O Museu Republicano de Itu oferece no dia 22 de julho, no auditório do seu Centro de Estudos (Rua Barão do Itaim, 140, Centro), a palestra “Editores, editoriales y cultura de izquierdas en la Argentina, 1930–1960”, que será ministrada pela Profa. Dra. Adriana Petra, da Universidad Nacional de San Martín, de Buenos Aires.

Historiadora e pesquisadora, ela se dedica à história intelectual, história das esquerdas e das culturas políticas. Atualmente é investigadora independente do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet) da Argentina, com sede no Laboratório de Investigações em Ciências Humanas (LICH).

Após a palestra, que será ministrada em espanhol, os participantes ainda terão a oportunidade de realizar uma visita técnica à Biblioteca Edgard Carone, mediada pelo bibliotecário José Renato Galvão, e uma visita guiada ao Museu Republicano, promovida pelo Serviço Educativo da instituição.

Gratuita, a palestra terá início às 10h e não é necessária inscrição prévia. Ao final, haverá emissão de certificado com carga horária para os participantes. Aos interessados, para mais informações a respeito, entrar em contato com o Museu Republicano por e-mail (biblmrci@usp.br) ou por telefone (11 4023-2525 menu 4).

História do Museu Republicano

O Museu Republicano “Convenção de Itu” foi inaugurado pelo então presidente do Estado de São Paulo, Washington Luis Pereira de Sousa, a 18 de abril de 1923 e, desde então, subordinou-se administrativamente ao Museu Paulista que, em 1934, tornou-se Instituto complementar da recém-criada Universidade de São Paulo e a ela se integrou em 1963.

É uma instituição científica, cultural e educacional, especializada no campo da História e da Cultura Material da sociedade brasileira, com ênfase no período entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, tendo como núcleo central de estudos o período de configuração do regime republicano no Brasil.

Encontra-se instalado em sobrado histórico em Itu, erguido nas décadas iniciais do século XIX, e que se tornou residência da família Almeida Prado. Foi nesse local que se realizou, em 18 de abril de 1873, uma reunião de políticos e proprietários de fazendas de café para discutir as circunstâncias do país e que, posteriormente, se transformou na famosa Convenção Republicana de Itu, marco originário da campanha republicana e da fundação do Partido Republicano Paulista.

(Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada)

MIS realiza mostra gratuita em comemoração aos 85 anos de Sylvio Back

São Paulo, por Kleber Patricio

Cena de “A guerra dos pelados” (1971), de Sylvio Back.

De 18 a 23 de julho, o Museu da Imagem e do Som – MIS realiza uma mostra gratuita em comemoração aos 85 anos do cineasta Sylvio Back. A programação exibe, em duas sessões diárias, seus doze longas, detentores de excelentes críticas e de uma centena de láureas nacionais e internacionais. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados com uma hora de antecedência na bilheteria do Museu.

A mostra “Sylvio Back, 85 anos” abre com o primeiro filme do autor, “Lance maior”, realizado em 1968, que colocou Curitiba e o Paraná no mapa do cinema brasileiro. Cada filme do repertório em tela é um capítulo da vida e obra de Back, constituída por 25 livros (poesia, roteiro, ensaio) e 38 filmes de curta, média e longa-metragens escritos e dirigidos ao longo de sessenta anos.

Na sequência cronológica, estão “A guerra dos pelados” (1971), resgate ficcional da sangrenta Guerra do Contestado (1912–1916); “Aleluia, Gretchen”, que aborda o nazi-fascismo no Sul do Brasil; “República Guarani”, que atualiza a questão indígena desde o Descobrimento; “Revolução de 30”, a revelação dos primórdios da ditadura Vargas; “Guerra do Brasil”, o primeiro filme brasileiro sobre a Guerra do Paraguai; “Rádio Auriverde”, que traz o desmonte crítico da saga da FEB na II Guerra Mundial; “Yndio do Brasil”, um retrato de como o cinema vê o nosso indígena ao longo do século XX; “Cruz e Sousa – O poeta do Desterro”, a polêmica biografia do maior poeta negro da língua portuguesa; “Lost Zweig”, representação da vida, obra e suicídio do autor do livro “Brasil, país do futuro”; “O Contestado – Restos mortais”, abordagem mediúnica da revolta separatista do Contestado; e “O Universo Graciliano”, docudrama existencial sobre o escritor Graciliano Ramos.

Sylvio Back é um cineasta, poeta, roteirista e escritor. Filho de imigrantes húngaro e alemã, nascido em Blumenau (SC), detém o título de Doutor Honoris Causa pela UFSC. Ex-jornalista e crítico de cinema, realizou e produziu 38 filmes. Tem publicados 25 livros, incluindo poesia, contos, ensaios e roteiros. Com uma centena de prêmios nacionais e internacionais, é um dos autores mais laureados do Brasil.

Serviço:

Sylvio Back, 85 anos

AO VIVO no Auditório MIS

Data: 18 a 23/7

Ingresso gratuito (retirada com uma hora de antecedência na bilheteria do MIS)

Classificação de acordo com cada filme

Mais informações: https://www.mis-sp.org.br/programacao/e41811de-f990-4376-bf9f-38e35e725711/sylvio-back-85-anos.

O Núcleo de Cinema do MIS tem como Patrono o Goldman Sachs. A programação é uma realização do Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, e Museu da Imagem e do Som, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e com o apoio do ProAC. O MIS tem como mantenedoras as empresas Youse, B3 e Lenovo e tem o apoio institucional das empresas Kapitalo Investimentos, Vivo, Grupo Travelex Confidence, Grupo Veneza, John Deere, TozziniFreire Advogados e Siemens. O apoio de mídia é da Folha de S.Paulo, JCDecaux, Nova Brasil FM e TV Cultura. O apoio operacional é da Kaspersky, Pestana Hotel Group e Telium.

Site: www.mis-sp.org.br

Redes:  museudaimagemedosom | @mis_sp | /missaopaulo

Museu da Imagem e do Som – MIS

Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo| (11) 2117-4777 | www.mis-sp.org.br.

(Fonte: MIS)