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Galeria Nara Roesler São Paulo apresenta Cristina Canale – “Memento Vivere”

São Paulo, por Kleber Patricio

Cristina Canale, “Quimera”, 2022, óleo sobre linho, 110 x 100 x 4 cm. Fotos: Flavio Freire.

A Galeria Nara Roesler São Paulo apresenta “Memento Vivere”, terceira individual de Cristina Canale na sede paulista da galeria, que reúne uma seleção de suas obras mais recentes, produzidas entre os anos de 2021 e 2023. Com texto de Marcelo Campos, a exposição apresenta dez pinturas e cinco desenhos, todos inéditos, e foi aberta ao público no dia 19 de agosto, integrando a programação da 4ª edição do Circuito Jardim Europa.

Canale despontou no cenário artístico brasileiro durante a década de 1980, período em que ocorria uma retomada da pintura no Brasil e no contexto internacional com grande influência do neoexpressionismo alemão e integrou a emblemática exposição coletiva “Como vai você, Geração 80?”, sediada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), no Rio de Janeiro, em 1984, que reuniu muitos nomes daquela geração de artistas.

Desde então, Canale tem produzido uma consistente obra pictórica, que se aprofunda  em gêneros de pintura já consagrados, como o retrato e a paisagem, valendo-se também de elementos e cenas cotidianas muitas vezes derivadas de fotografias publicitárias em composições marcadas por um colorido intenso, uma profusão de formas ambíguas e cenas de caráter onírico.

Cristina Canale, “Flor Lilás”, 2022, tinta acrílica, tinta a óleo, spray acrílico, e colagem de tecidos sobre tela, 100 x 80 cm.

A espinha dorsal da presente exposição consiste em um conjunto de pinturas de retratos que tem como objeto figuras femininas. Para a realização das mesmas, a artista revisitou não somente a história desse gênero pictórico, mas também elementos mitológicos. Conforme Canale relembra, a função primacial do retrato é a de eternizar rostos e presenças, os chamados mementos. Assim, em alguns dos trabalhos, a artista parte de figuras mitológicas, como o da Deusa Tétis e o da Princesa Danae, que tratam justamente da figura feminina como fonte de fertilidade e de vida. Em outros casos, utiliza um procedimento comum ao longo da história da retratística, empregado desde o Renascimento, que é da figura espelhada ou duplicada, como é o caso de “Sincronias” (2022) e “Mãe e filha II” (2023).

Como é comum em sua trajetória, a artista remove de suas personagens as feições, resumindo seus rostos a traços essenciais, e emprega nas composições elementos amplamente presentes em sua poética, como balões de diálogo, nuvens, gotas e elementos atmosféricos, o que acaba por tensionar o limite entre gêneros pictóricos ao misturar paisagem e retrato, bem como a diferenciação entre figuração e abstração. Tais procedimentos terminam por criar, nas palavras de Canale, um “anti-retrato”, no qual a mesma acaba por “dissolver a situação retratal”.

O emprego de elementos bidimensionais por meio de colagens, já presente na poética da artista, aparece nos trabalhos desta mostra não somente nas pinturas, mas também em um conjunto de desenhos realizados sobre papel. Nesses trabalhos, Canale emprega alguns papéis coloridos e ricamente estampados, tradicionalmente empregados na embalagem de presentes, cujo colorido e as estampas dialogam com sua obra.

Cristina Canale,”Tstst”, 2022, tinta acrílica, tinta a óleo, spray acrílico, massa de modelar acrílica, e colagem de tecido sobre linho, 100 x 100 cm.

Assim, mesmo naqueles trabalhos que não são retratos, o elemento feminino, ligado à ideia de pulsão e de vida, aparece direta ou indiretamente. Se o retrato, ao longo de sua história, serviu como uma espécie de memento mori, os anti-retratos de Canale acabam sendo seu oposto: memento vivere.

Sobre Cristina Canale

Cristina Canale despontou no circuito de arte ao participar da emblemática coletiva “Como vai você, Geração 80?”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), no Rio de Janeiro, em 1984. Como no caso de muitos de seus colegas da chamada “Geração 80”, sua produção inicial está em consonância com o processo de retomada da pintura no contexto internacional, influenciado pela tendência do neoexpressionismo alemão. Carregadas de elementos visuais e volume de tinta, suas primeiras pinturas apresentam um caráter matérico, distinguindo-se pelo uso intuitivo de cores contrastantes e vivas que é notável em suas obras até hoje. No começo da década de 1990, Canale mudou-se para Düsseldorf, na Alemanha, onde estudou sob orientação do artista conceitual holandês Jan Dibbets. Suas composições passaram a investigar a espacialidade a partir da sugestão de planos e profundidades e da maior fluidez no uso das cores, características que marcaram sua produção nesse período. Geralmente baseadas em cenas prosaicas do cotidiano muitas vezes extraídas da fotografia publicitária, suas obras resultam de um elaborado trabalho de composição e se destacam por transitar entre a figuração que se esvai na abstração, por um lado, e a abstração que evoca uma figuração, por outro. Com individuais programadas no Instituto Ling (Porto Alegre) e na Fundação Roberto Marinho (Rio de Janeiro) em 2024, Canale está presente em coleções importantes como MASP, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói),  Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Sparkasse Oder-Spree, Frankfurt an der Oder (Alemanha) e Museum No Hero, Delden (Países Baixos)

Sobre Nara Roesler

Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil. Representa artistas brasileiros e latino-americanos influentes da década de 1950, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a galeria fomenta a inovação curatorial consistentemente, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Para tanto, desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; implantou e manteve o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais; e apoiou seus artistas continuamente, para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012 e inaugurou novos espaços no Rio de Janeiro, em 2014, e em Nova York, em 2015, dando continuidade à sua missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos.

Serviço:

Cristina Canale – Memento Vivere

De 19 de agosto a 7 de outubro de 2023

Galeria Nara Roesler | São Paulo

Av. Europa, 655 – Jardim Europa – São Paulo – SP

T. 55 (11) 2039-5454

info@nararoesler.art

Seg a sex | 10h–19h; sáb | 11h–15h.

(Fonte: Pool de Comunicação)

Conheça Registro, a capital paulista do chá

Registro, por Kleber Patricio

Foto: divulgação/Prefeitura de Registro.

Quando o tradicional chá das cinco tem início em solo inglês, os ponteiros em Registro, no interior paulista, ainda marcam duas da tarde. Parece inusitado, mas a Inglaterra está para o chá assim como Registro está para São Paulo. Desde 1984, por meio da Lei nº 4.067/84, a Alesp reconhece o município do Vale do Ribeira com o título honorário de “Capital Estadual do Chá”.

“A cultura do chá é muito importante para Registro”, afirma Nilton Hirota, prefeito da cidade. De acordo com o mandatário, o chá não só é uma atividade econômica sustentável, como representa, também, enorme valor histórico para o município. “A história do chá remete à imigração japonesa na região e tem o seu papel no desenvolvimento local”, diz Hirota.

Registro é um dos poucos municípios do Estado de São Paulo a receber não um, mas dois títulos honorários reconhecidos por Lei. Além de “Capital do Chá”, a cidade é oficialmente “Marco da Colonização Japonesa”, nos termos do Decreto nº 50.652/2006. Chá e cultura japonesa, como veremos em seguida, cruzam-se e se complementam na história do município do Vale do Ribeira.

Origens do chá no Brasil

Apesar do estereótipo de que os ingleses são aficionados por chá, quem levou a bebida para a Inglaterra, na verdade, foi Catarina de Bragança, filha de um rei português que, por arranjo aristocrático, casou-se com Carlos II. Partindo de Portugal, em 1662, Catarina fez questão de levar folhas de chá na embarcação.

Anos depois, já no século XIX, a corte portuguesa desembarcava no Brasil. E, mais uma vez, os portugueses tentaram emplacar o chá num solo estrangeiro. Em Portugal, vale dizer, o hábito do chá foi incorporado em razão da colonização portuguesa na Ásia. O intercâmbio comercial e cultural com os chineses explica a existência de mudas de chá e o apreço pela bebida entre portugueses.

“O chá no Brasil chegou pelos portugueses, quando Dom João VI instituiu o governo provisório. Ele trouxe mudas de chineses e fizeram uma experiência no jardim botânico do Rio de Janeiro. Só que não vingou. O chá só veio a vingar no Brasil quando chegaram os japoneses, 100 anos depois”, explica Carla Saueressig, presidente da Associação Brasileira do Chá (abChá).

Chá e cultura japonesa

É com a imigração japonesa que a história do chá no Brasil se encontra com a tradição de Registro. De acordo com o prefeito Nilton, os caminhos se cruzam a partir da chegada de Torazo Okamoto, imigrante japonês, em 1913. “Regressando de uma viagem a navio, ele trouxe do Sri Lanka as primeiras mudas de chá da variedade Assam”, explica Hirota.

Ao se instalar em Registro, Torazo inaugurou uma cultura que viria a crescer vertiginosamente com o passar das décadas. “Registro chegou a ter quarenta fábricas de chá. Era um grande exportador das commodities para chá gelado”, diz Carla Saueressig.

Honrando o título honorário de “Marco da Colonização Japonesa”, Registro mantém vivas as raízes do Japão. “Os eventos de tradição japonesa se fazem presentes na cidade há décadas, como os festivais de Bon Odori, Tooro Nagashi e a Festa do Sushi”, destaca o prefeito Hirota.

Realizado no feriado de Finados, em 2 de novembro, o festival de Tooro Nagashi ocupa um espaço especial no folclore local. “Com dois dias de evento, [o Tooro Nagashi] atrai cerca de 25 mil visitantes por noite e acontece há mais de 60 anos no município”, destaca Nilton.

Tradição adormecida

Por uma série de fatores, no entanto, a cidade começaria a perder seu espaço na produção das mudas de chá. A competição com mercados estrangeiros, como a Argentina, começou a pesar. “O chá teve uma participação significativa na economia local entre as décadas de 70 e 80, decaindo na década de 90”, diz o prefeito Hirota.

Hoje, a bem da verdade, o chá não é sequer a principal produção agropecuária de Registro. De acordo com o Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), a banana e o palmito são os principais produtos do município.

Apesar de a cultura e produção do chá terem arrefecido, o trono de Registro no ramo não foi desbancado por nenhum outro concorrente nacional. Conforme apurado pela reportagem, Registro exportou mais de 68 milhões de dólares em chá entre 1997 e 2023, período disponível na base de dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Com o montante, a cidade permanece como a maior produtora de chá do país.

O chá no mundo

Segundo o balanço comercial da Secex, Estados Unidos, Chile e Reino Unido foram os principais destinos dos chás produzidos em Registro. A demanda mundial pela bebida é enorme. De acordo com um levantamento do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IIDS), o chá é simplesmente a segunda bebida mais consumida do mundo depois da água: são três bilhões de xícaras consumidas diariamente.

Ao redor do globo, cada cultura o incorporou com características próprias. Apesar do estereótipo, os ingleses sequer são os maiores consumidores de chá do mundo: segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Turquia é o maior consumidor global per capita; os indianos, por sua vez, são os maiores consumidores em termos absolutos, seguidos pela China.

Quanto aos brasileiros, a cultura do chá ainda busca se estabelecer. Segundo um estudo do Sebrae, o brasileiro consome, na média, 10 xícaras de chá por ano. De acordo com a consultoria Euromonitor, entretanto, o mercado tem potencial de crescimento, dado que o consumo de chás no Brasil cresceu 25% entre 2013 e 2018. Segundo a consultoria, em 2019, o segmento movimentou mais de R$2 bilhões.

(Fonte: Juliano Galisi, sob supervisão de Cléber Gonçalves/Alesp)

Secretaria de Cultura realiza Sarau Todas as Palavras no dia 25 de agosto

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Imagem: divulgação.

A Secretaria de Cultura de Indaiatuba, no interior de São Paulo, promove na próxima sexta-feira (25) às 19h, no Casarão Pau Preto, mais uma edição do Sarau Todas Palavras. Escritores, poetas, músicos, aficionados pela leitura e interessados em geral em se apresentar – seja com obra própria ou de terceiros – são bem-vindos ao evento. Quem quiser participar deve preparar uma apresentação de até 10 minutos e se inscrever previamente na sede da Secretaria de Cultura. A entrada também é gratuita para o público em geral que desejar prestigiar o encontro. Informações (19) 3875-8383.

O sarau é um evento cultural, que acontece toda a última sexta-feira de cada mês, onde as pessoas se encontram para se expressar ou se manifestar artisticamente. A palavra tem origem no termo latino serus (relativo ao entardecer) porque acontecia, em geral, no fim do dia. É uma forma de fortalecer a identidade da comunidade, promover a integração de forma descontraída e despertar a sensibilidade das pessoas.

Serviço:

Sarau Todas Palavras

Data: 25 de agosto

Horário: 19h

Local: Casarão Pau Preto – R. Pedro Gonçalves, 477 – Centro, Indaiatuba

Telefone: (19) 3875-8383.

(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)

Fundação Florestal lança 10 toneladas de sementes juçara ao longo de 200 hectares na região do Vale do Ribeira

Vale do Ribeira, por Kleber Patricio

Lanço de sementes juçara por helicóptero. Foto: Fundação Florestal.

Durante todo o mês de agosto, a Fundação Florestal, por meio do Programa Juçara, realizará o lanço de 10 toneladas de sementes de palmeira-juçara sem polpa ao longo de cinco Unidades de Conservação do Vale do Ribeira. Serão duas toneladas de sementes em 40 hectares de cada UC, sendo os parques estaduais Lagamar de Cananéia (PELC), Turístico do Alto Ribeira (Petar), Intervales (PEI), Nascentes do Paranapanema (Penap) e Carlos Botelho (PECB). Os lançamentos aéreos vão ser realizados com o uso de um drone e helicóptero, utilizando uma metodologia de repovoamento e lanço aéreo imitando, a chuva de sementes. As sementes foram adquiridas de agricultores do entorno da Unidade.

O Programa Juçara é uma iniciativa pioneira da Fundação Florestal em parceria com a Secretaria de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística, Secretaria de Desenvolvimento Econômico (por meio do Programa Vale do Futuro) Itesp, universidades, prefeituras e sociedade civil. O programa oferece alternativa de renda e trabalho a pequenos agricultores e comunidades tradicionais nas regiões que se insere.

Entre 2021 e 2022, foram repovoados 620 hectares em Unidades de Conservação, sendo 20 polígonos em 11 Unidades de Conservação, em UCs do Vale do Ribeira e núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar, em um total de 31 toneladas de sementes. Para 2023, a previsão é de 22 toneladas de sementes, para lançamento em 440 hectares até o final do ano.

Será o primeiro lanço realizado no PELC, o segundo no Penap e no Petar e o terceiro em Intervales. Em cada dispersão de sementes, o Programa Juçara, junto à gestão das UCs, seleciona uma área de até 40 hectares, em um ou mais polígonos, para repovoamento. Os polígonos são pensados considerando as condições necessárias para a sobrevivência das sementes e, posteriormente, das palmeiras.

O método monitoramento utilizado para acompanhamento dos resultados dos lanços baseia-se no Protocolo de Monitoramento de Projetos de Restauração Ecológica, determinado pela Portaria 01/2015, da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais, com adaptações a palmeira juçara e realizados entre 6 e 10 meses após a dispersão. Também são realizados estudos de germinação amostral nas sementes adquiridas.

Além da questão ambiental, o programa procura modificar a cultura extrativista da palmeira-juçara ao desestimular o corte da árvore para a extração do palmito, oferecendo a opção de obter seu sustento por meio do cultivo e da venda da polpa de semente para o reflorestamento. A preservação da palmeira está diretamente ligada à manutenção da biodiversidade local. Sua semente e seu fruto servem de alimento para mais de 68 espécies, entre aves e mamíferos. Tucanos, jacutingas, jacus, sabiás e arapongas são os principais responsáveis pela dispersão das sementes, enquanto cotias, antas, catetos e esquilos, dentre outros, se beneficiam das sementes e frutos.

Para mais informações sobre o programa, acesse https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/fundacaoflorestal/programas-e-campanhas/programa-jucara/.

Serviço:

Lanço de sementes de palmeira-juçara no Vale do Ribeira

Data: até 25 de agosto

Horário: a partir das 9h

Para mais informações sobre as Unidades, acesse https://guiadeareasprotegidas.sp.gov.br/.

*Dependendo das condições climáticas, a operação poderá ser adiada.

(Fonte: Fundação Florestal)

Saúde para os povos da floresta: é preciso ir onde as pessoas estão

Amazônia, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

Levar atendimento médico de qualidade para o coração da Floresta Amazônica. Foi com essa missão — transformar o acesso à saúde indígena brasileira — que surgiu, em 2015, a ONG Doutores da Amazônia, por iniciativa do dentista e indigenista Caio Machado. Um sonho que virou realidade e já impactou a vida de dezenas de milhares de pessoas. Afinal, sem saúde não há floresta em pé.

Para contar essa história e levar adiante uma mensagem sobre a importância de iniciativas em prol de populações em situação de vulnerabilidade, Caio Machado, em parceria com a jornalista Ana Augusta Rocha e com a fotógrafa Cassandra Cury, criou o projeto Levante e Lute, composto por um livro (a ser lançado no segundo semestre) e um projeto pedagógico com jovens do povo Kalapalos, no Xingu, que teve início em junho.

“O Projeto Pedagógico consiste em incentivar esses jovens a produzirem documentação em vídeo sobre sua história, cultura e os movimentos que se envolvem atualmente”, explica Ana Augusta Rocha, sócia da Auana Editora, responsável pelos textos e edição do livro e pela direção do projeto pedagógico Levante e Lute. Ela conta que, para registrarem essas histórias, os alunos ganharam celulares, tripés e equipamentos de iluminação e captação de som.

Nessa primeira viagem, que aconteceu em junho, a equipe de São Paulo – Cristina Carvalho, pedagoga, Veronica Monachini, antropóloga e pedagoga, Cassandra Cury, fotógrafa, e Ana Augusta Rocha, jornalista – teve a mediação de um tradutor, já que na aldeia se fala o Kalapalo, uma língua da família Karib.

Ao final do projeto, haverá o encontro virtual dos alunos da Escola Estadual Indígena Central Aiha do povo Kalapalo, no Xingu, com os alunos da EMEF do CEU Uirapuru, de São Paulo, em que será promovido um intercâmbio cultural. “É uma oportunidade para trazer reflexões sobre os diferentes modos de existência, reconhecer diferentes identidades e percepções de mundo, perceber as transformações que ocorrem pela interação entre diferentes grupos sociais e, sobretudo, compreender a importância de valorizar suas culturas, recuperar suas memórias para restabelecer pertencimentos”, explica Ana Augusta.

O livro será lançado no segundo semestre e é um grande ensaio fotográfico de missões dos Doutores da Amazônia que a fotógrafa Cassandra Cury acompanhou ao longo de quatro anos. Ele traça um panorama da atuação dos profissionais de saúde e do intenso e valioso convívio com os indígenas e ribeirinhos. As fotos estabelecem, ao longo das 160 páginas, um rico diálogo com o texto, um depoimento de Caio sobre as experiências destes anos à frente do projeto.

Além de ser um valioso registro do trabalho dos Doutores da Amazônia, o livro é uma grande celebração do encontro entre diferentes culturas, que integram seus saberes em nome do bem comum. Doutores e pajés, médicos e raizeiros, o objetivo de todos é o mesmo: melhorar a vida, o bem estar e buscar a felicidade dos povos da floresta.

“Sempre acreditei que nós, profissionais de saúde, temos a obrigação de ajudar todos aqueles que não têm acesso adequado a tratamentos e cuidados médicos”, afirma Caio. E os Doutores da Amazônia não poupam esforços nesse sentido: mais de 600 voluntários atuaram, desde 2015, nos oito estados da Amazônia Legal. Os números impressionam: mais de 54 mil procedimentos odontológicos, 44 mil procedimentos médicos e 186 mil medicamentos doados.

A importância desse tipo de iniciativa ficou ainda mais evidente durante a emergência global causada pelo Covid-19: mais de 80 mil indígenas e ribeirinhos foram beneficiados com doações para o enfrentamento da pandemia por meio do projeto. Com as perspectivas futuras marcadas pelo avanço da crise climática, é fundamental que o auxílio às populações em situação vulnerável seja constantemente ampliado e reforçado.

O trabalho de outra organização foi fundamental para que Caio criasse o projeto. Ele atuou no Napra – Núcleo de Apoio às Populações Ribeirinhas da Amazônia, uma rede de voluntários que levava assistência odontológica a lugares remotos da floresta. “Ali eu tive a oportunidade de conhecer a região do Baixo Madeira exercendo a minha profissão em prol de uma população carente”, diz. “Esse projeto me inspirou a criar uma ONG, que hoje é a Doutores da Amazônia”.

O livro traz um vasto panorama visual do trabalho dos profissionais de saúde no atendimento a diferentes populações indígenas e ribeirinhas da Amazônia ao longo de quatro anos. Este foi o período em que a fotógrafa, cinegrafista, ativista e indigenista Cassandra Cury acompanhou os Doutores da Amazônia em diferentes missões.

“Em 2013 aconteceu um encontro, que foi de muita força e ricas trocas com um pajé do povo guarani. A partir daí, mergulhei em uma nova caminhada, de total entrega ao registro profundo da vida e cultura dos povos originários do nosso país. Em 2016 passei a focar mais no povo huni kuin da Amazônia acreana e, desde 2019, registro os povos do Xingu e Rondônia, por conta do trabalho que realizo junto aos Doutores da Amazônia, que cuidam da saúde indígena no Alto Xingu, na terra dos Paiter Suruí e dos vários povos que vivem em terras distantes às margens dos rios Mamoré e Guaporé na Amazônia rondoniense. Todas essas experiências estão compartilhadas em Levante e Lute”, conta Cassandra.

Sobre Levante e Lute | Levante e Lute é um projeto Cultural inspirado na ONG Doutores da Amazônia, liderada pelo Dr. Caio Machado, que há 15 anos tomou para si a missão de levar saúde de primeira qualidade para os povos mais distantes, povos das florestas – indígenas e ribeirinhos da região Amazônica. Essa história dará origem ao livro “Levante e Lute”, que traz um grande ensaio fotográfico de Cassandra Cury. O livro engloba uma ação educativa entre adolescentes de São Paulo e do Xingu MT e fala sobre o encontro entre as culturas, entre os doutores e os pajés, entre os médicos e os raizeiros, além de mostrar como os povos das florestas – indígenas e ribeirinhos – recebem os cuidados para a saúde e integram esses cuidados vindos de fora, com a sua sabedoria, que vem de séculos e séculos de uso das plantas da floresta e do mundo espiritual.

(Fonte: 2Pró Comunicação)