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Mônica Ventura produz obras com símbolos ancestrais que serão lançadas na SP-Arte Rotas Brasileiras

São Paulo, por Kleber Patricio

Mônica Ventura na Galeria Praça, Instituto Inhotim. Foto: Ícaro Moreno.

Em sua participação na SP-Arte Rotas Brasileiras, o Instituto Inhotim lança a 4ª edição do Programa Múltiplos Inhotim, com a participação da artista Mônica Ventura, que desenvolveu a série “O Despertar Para o Anoitecer”, com obras exclusivas e de tiragem limitada, feitas especialmente para o programa. A ação vai de encontro com o desejo da instituição em fomentar o colecionismo, incentivar a produção artística e apoiar as atividades do Instituto.

Os novos trabalhos de Mônica Ventura refletem a sua pesquisa por símbolos ancestrais. A artista conta que alguns desses símbolos existem em diferentes lugares, com as mesmas características, nos trazendo uma ideia de universalidade visual. Mônica Ventura criou 45 peças (15 de cada símbolo) feitas de taipa e latão em três cores – azul, marrom e preto –, e três símbolos diferentes: Profusão, Atalaia e Enlace. Valores: 1 múltiplo = R$7.500,00. 3 múltiplos = R$19.125,00 (desconto de 15%).

Mônica Ventura com a obra “A Noite Suspensa Ou O Que Posso Aprender Com O Silêncio” – Galeria Praça, Inhotim. Foto: Ícaro Moreno.

No Inhotim, a artista inaugurou em maio deste ano a obra comissionada “A noite suspensa ou o que posso aprender com o silêncio” (2023), no vão da Galeria Praça, um dos espaços mais visitados no museu. Neste trabalho, Mônica Ventura faz alusão a diferentes práticas religiosas de matrizes ancestrais, e o público é convidado a desvendar as camadas da instalação. Compõem a obra, ainda, telas em grande escala feitas de taipa, também com símbolos da ancestralidade.

Talk Despertar Para o Anoitecer: junturas e presenças

Ainda na programação da SP-Arte Rotas Brasileiras está previsto um talk com Mônica Ventura e Lucas Menezes, curador assistente do Inhotim. O bate-papo acontece no dia 1º de setembro, sexta-feira, a partir das 16h30, no lounge de Talks e Lançamentos. O tema do encontro visa discutir a experiência do comissionamento da obra de Mônica Ventura “A noite suspensa ou o que posso aprender com o silêncio”, no Inhotim, apresentando elementos do processo de concepção, mas também as etapas de produção e seus desdobramentos, entre eles, a nova série de múltiplos “O Despertar Para o Anoitecer”. Na sua prática artística, Mônica Ventura elegeu como central a questão da presença de corpos dissidentes e racializados em ambientes interditados a eles socialmente. Nesse processo, destacam-se dois exercícios contínuos: um que se dá a partir de uma apurada articulação entre objeto e espaço; outro que envolve o interesse por cosmovisões e cosmogonias, anteriores à violenta experiência colonial, mediante a relação que elas estabelecem com os elementos da natureza, a leitura que promovem dos mundos físico e espiritual, além das materialidades que produzem para evocar, induzir e provocar conexões entre eles.

O Programa Múltiplos Inhotim contribui diretamente para a sustentabilidade da instituição incentivando a produção artística contemporânea, já que os recursos arrecadados são destinados para a programação e manutenção do museu e jardim botânico. Os Múltiplos podem ser adquiridos pelo telefone (31) 97115-2751. Na SP-Arte Rotas Brasileiras, o estande do Instituto Inhotim está localizado próximo ao Restaurante Fome de Quê e do Lounge SP-Arte. A SP-Arte Rotas Brasileiras acontece de 30 agosto a 3 setembro 2023, na ARCA, em São Paulo.

Sobre Mônica Ventura

Mônica Ventura em produção. Foto: Carol Evangelista/Área de Serviço Inhotim.

Mônica Ventura nasceu em 1985 em São Paulo, onde vive e trabalha. Artista visual e designer com Bacharel em Desenho Industrial pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) – São Paulo. Mestranda em Poéticas Visuais (PPGAV) pela ECA-USP – São Paulo. Mônica Ventura atualmente pesquisa filosofias e processos construtivos de arquitetura e artesanato pré-coloniais (Continente Africano – Povos Ameríndios – Filosofia Védica). Suas obras falam sobre o feminino e a racialidade em narrativas que buscam compreender a complexidade psicossocial da mulher afrodescendente inserida em diferentes contextos. Mulher negra, entoa sua memória corporal friccionando-a em sua ancestralidade a partir de histórias de sua vida e pesquisas. Em suas obras há um interesse especial pela cosmologia e cosmogonia afro – ameríndia para além do uso dos seus objetos, símbolos e rituais. Entre as exposições nacionais e internacionais das quais participou, estão as individuais “A noite suspensa e o que posso aprender com o silêncio”, no Inhotim (2023), “O Sorriso de Acotirene”, no Centro Cultural São Paulo (2018), e as coletivas “Estratégias do Feminino”, no Farol Santander (Porto Alegre, 2019), “Histórias Feministas no MASP” (São Paulo, 2019), Repartimiento – Luto Tropical, na Galeria Pasto (Buenos Aires, 2019), “De ontem para Amanhã”, no Centro Cultural São Paulo (2020), “Enciclopédia Negra” (2021), na Pinacoteca do Estado de São Paulo, “Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros”, no Instituto Moreira Sales (São Paulo, 2021) e Crônicas Cariocas, no MAR – Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro, 2021).

Informações técnicas das obras e significados dos símbolos pela artista

“Profusão” – da série “O Despertar Para o Anoitecer”

40 x 40 cm

Terra, cimento, areia, pigmento e latão

Os Akan ocupam uma grande parte da África Ocidental, incluindo partes de Gana e da Costa do Marfim. São muitos sub-grupos étnicos, como o Baule e o Asante (Ashanti), e tais grupos usavam a suástica Ashanti como símbolo da moeda, expressando poder, dinheiro, riqueza e integridade.

“Atalaia” – da série “O Despertar Para o Anoitecer”

40 x 40 cm

Terra, cimento, areia, pigmento e latão

Ashtánga Yantra é o símbolo de proteção. Suas origens remontam às culturas mais arcaicas da Índia e do planeta. Curiosamente, o mesmo símbolo é utilizado no Brasil em algumas linhas de Umbanda como símbolo dos guardiões. Usado para trazer proteção onde estão instaladas.

“Enlace” – da série “O Despertar Para o Anoitecer”

40 x 40 cm

Terra, cimento, areia, pigmento e latão

Adinkra constitui um código do conhecimento referente às crenças e à história do povo africano. A escrita de símbolos Adinkra reflete um sistema de valores humanos universais: família, integridade, tolerância, harmonia e determinação, entre outros. Essa imagem em específico traduz a união nas relações.

Serviço:

SP–Arte Rotas Brasileiras 2023

Data: 30 de agosto a 3 de setembro (quarta-feira a domingo)

Localização: ARCA – Av. Manuel Bandeira, 360. Vila Leopoldina, São Paulo, SP

Mapa da feira

Horários abertos ao público geral: 31 de agosto, das 14h às 19h; 1 e 2 de setembro, das 12h às 19h; 3 de setembro, das 11h às 18h

Valor: R$70 (inteira) e R$35 (meia-entrada). Ingressos aqui.

(Fonte: Instituto Inhotim)

“Big Bang Boca”: Maria Nepomuceno faz exposição inédita no Instituto Artium

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

No domingo, 27 de agosto, foi aberta ao público a exposição “Big Bang Boca”, da artista premiada Maria Nepomuceno, no Instituto Artium de Cultura. Composta por uma única instalação em grande formato desenvolvida especialmente para a arquitetura do Artium, a obra nasce no interior do palacete como uma explosão cósmica e se expande organicamente até o jardim, onde se encontra com a natureza, levando toda a sua fertilidade artística em formas livres, como um grande organismo vivo. A mostra fica em cartaz até o dia 4 de novembro e a entrada é gratuita.

Apresentada pelo Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas, e pela Comgás, ‘Big Bang Boca’ é uma realização do Instituto Artium de Cultura e dá seguimento à linha de trabalho da artista dos últimos anos. A instalação é desenvolvida utilizando técnicas de manufatura tradicionais e outras inventadas, além de inserir objetos cotidianos trazendo uma referência ao surrealismo.

“Neste novo projeto tive a oportunidade de explorar um espaço singular, um palacete com uma arquitetura desafiadora por se fazer bastante presente”, detalha Maria Nepomuceno. “A ideia dessa obra conversa com outros trabalhos que desenvolvi durante a pandemia, em que os organismos escapavam pelas janelas. Esta relação com a terra reflete um desejo profundo de aterramento, de reforçar a importância do retorno à natureza e de expandir minhas raízes simbólicas por meio dessa instalação”, completa.

De acordo com o curador Danniel Rangel, as formas dão luz a vários elementos e cores, colocando o espectador como parte de um todo. “Formas vulcânicas pulsam no interior da sala principal, como um organismo vivo, cheio de veias, capilares e artérias – que nos remetem não só ao nosso corpo, mas também ao universo e ao planeta. Ao espectador basta somente identificar-se ou ser absorvido completamente por bocas famintas e tentáculos que serpenteiam pelo espaço”, explica.

Sobre as emoções que deseja transmitir ao público, Maria Nepomuceno afirma que propõe por meio da obra uma pulsação vital, uma energia de regeneração. “A construção em espiral da obra evoca uma ideia de expansão constante, um movimento que tende ao infinito e propõe uma afirmação da energia vital. Acredito que essa seja a principal contribuição que minha arte pode oferecer ao público: uma pulsão de vitalidade, regeneração e, ao mesmo tempo, uma suspensão do tempo. O processo manual e minucioso de costura confere uma dimensão atemporal, um tempo que transcende as medidas convencionais e se mantém dilatado em suspensão”.

Texto curatorial – Big Bang – O Sagrado Feminino

O Big Bang ou Grande Expansão é o nome da teoria cosmológica dominante sobre o desenvolvimento inicial do universo – assim como o trabalho da artista Maria Nepomuceno para o Instituto Artium.

Como uma explosão cósmica que continua a se expandir por toda a arquitetura neoclássica do prédio em Higienópolis, nasce com toda a sua força em seu interior e expande-se organicamente até o jardim, onde se encontra com a natureza, levando toda a sua fertilidade artística em formas livres que dormem tranquilas na serenidade das noites para continuar seu caminho pela manhã.

Formas vulcânicas pulsam no interior da sala principal como um organismo vivo, cheio de veias, capilares e artérias – que nos remetem não só ao nosso corpo, mas também ao universo e ao planeta – confirmando a teoria do Deus Grego Hermes Trismegisto: “O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está embaixo”.

Formas infinitas e feitas em cordas recicladas pela artista dão luz a vários elementos e cores, provando que somos parte de um todo que está completamente interligado por uma força pulsante e que nos faz expandir – assim como o Cosmo – e, ao espectador, basta apenas identificar-se ou ser absorvido completamente por bocas famintas e tentáculos que serpenteiam pelo espaço.

Vulvas, formas fálicas, corpos que se entrelaçam sem limites, livres assim como no ventre da mãe amada, cheio de fertilidade – mas também como um laboratório divino de onde nascem seres que se multiplicam no Universo criado por Maria.

Materiais já utilizados pela artista e que são hoje sua marca registrada, tais como palha, contas, cabaças, cerâmica e madeira, encontram-se de maneira harmoniosa. Formas livres que nos levam a pensar no corpo humano, na gestação e numa natureza abundante como uma colmeia de abelhas em ebulição ou fungos que se proliferam por todos os lugares. Afinal, tudo é movimento. Assim como o Manifesto Canibalista de Francis Picabia – que, no final, questiona todos os nossos valores estabelecidos pela sociedade e que não valem NADA. Uma provocação.

Democrática, colorida e viva como o Carnaval, onde tudo e todos se misturam para festejar a carne, o corpo e a sexualidade pagã, o Big Bang Boca não passa de um reflexo da personalidade da artista que, além de carioca, cresceu neste cosmos tão brasileiro de Macunaíma, alegre, cheio de diversidade e sem medo de não se explicar.

Uma pitada surrealista não poderia faltar: colheres de madeira gigantes misturam todos esses elementos pelas mãos dos Deuses, alimentando e ao mesmo tempo transformando à medida que os dias passam, tudo o que ali está – pois nada no trabalho dessa artista é permanente. (Danniel Rangel)

Sobre a artista

Maria Nepomuceno é uma artista brasileira que vive e trabalha na cidade do Rio de Janeiro. Dedica-se principalmente a instalações e esculturas, algumas delas em território híbrido com a pintura, desenho e colagens, criando organismos em tramas que englobam tecido, contas de colar, corda, palha, argila, cerâmica, madeira, plantas e diversos outros materiais. Por vezes também objetos de uso cotidiano e artesania popular, principalmente oriundos do Brasil. A partir de pesquisas e viagens, Maria incorpora referências de trabalhos coletivos de comunidades indígenas, tecelãs e de Carnaval em suas obras como forma de interlocução com o espaço, com o tempo e com a diversidade cultural. Em sua obra escultórica, são muito comuns a mistura de cores vibrantes e o equilíbrio de volumes como propulsores do anacronismo entretempos, uma espécie de matemática viva onde suas formas incorporam um raciocínio poético e afetivo intenso.

Suas obras integram as coleções do Solomon R. Guggenheim, Nova York, EUA; Guggenheim Abu Dhabi, Museum of Fine Arts, Boston, EUA; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Rubell Family Collection Contemporary Arts Foundation, Miami, EUA; Allen Memorial Art Museum, Ohio, e MASP, São Paulo, entre outras.

Em 2023 participou da exposição “Maria Nepomuceno & Valentina Liernur Condo São Paulo 2023”, n’A Gentil Carioca, em São Paulo. Suas exposições individuais recentes incluem “Dentro e Fora Infinitamente”, SCAD Museum of Art, Georgia, EUA; “Roda das Encantadas”, Sikkema Jenkins & Co, Nova York, EUA; “Cordão Forte”, Lugar Comum, Salvador, Brasil (2022); “Refloresta”, The Portico Library, Manchester, Reino Unido (2021); “Pelo Amor…”, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, Brasil; “Vital”, Sikkema Jenkins & Co, Nova York, EUA (2018); “Afetosynteses”, Stavanger Kunstmuseum, Stavanger, Noruega (2017). Participou também das exposições coletivas “A Trama da Terra que Treme”, A Gentil Carioca, São Paulo, Brasil; “Novos Horizontes – Inside Brazil’s Contemporary Art Scene Vol. 1”, Nichido Contemporary Art, Tokyo, Japão; “Forest: Wake this ground”, Arnolfini Arts, Bristol, Reino Unido; “Threading the Needle”, The Church Sag Harbor, Nova York, EUA (2022); “Bumbum Paticumbum Prugurundum”, A Gentil Carioca, São Paulo, Brasil; “Ichihara Art x Mix 2020+”, Ichihara, Japão (2021); “My Body, My Rules”, Pérez Art Museum, Miami, EUA; “Já estava assim quando eu cheguei”, Ron Mandos, Amsterdam, Holanda; “Collection of Catherine Petitgas” e Museum of Contemporary Art MOCO, Montpellier, França (2020); entre outras.

Sobre o curador

Formado em Jornalismo, Danniel Rangel sempre esteve envolvido com arte, arquitetura e design. Por mais de 12 anos, contribuiu para publicações como Vogue, AD France, AD Mexico, Marie Claire Australia, Elle France, Vogue Italia e L’Uomo Vogue, além de correspondente em tempo integral para Vogue Brasil e Casa Vogue Brasil em Paris, NY e Los Angeles, onde divide seu tempo.

Em 2007, foi convidado pela Auction House Phillips de Pury como consultor na área de design brasileiro e francês e logo passou para a arte contemporânea. Em 2012, abriu sua própria consultoria Wide Angle Advising, focada em contribuir com a aquisição de obras de arte modernas e contemporâneas para coleções particulares, museus e fundações no Brasil e principalmente na Europa e Estados Unidos. Logo depois, surgiram convites de Museus e Galerias de Arte para curadoria de exposições como “Picabia and the Surrealists” (Nova York, nov. 2021 – fev. 2022), Laguna Durante – Andrew Huston (Galeria Beatrice Buratti Andersen Veneza, setembro 2020), Tropicalismo – Oscar Niemeyer, Charlotte Perriand e Zanine Caldas (Galerie Downtown para a Fiac 2018), A Dazzling Beauty — Miles Aldridge (Oca – Bienal De São Paulo, Out – Nov, 2015), Cine Dreams – Stan Vanderbeek (Planetário da Gávea, Arte Rio – 2015), Willy Rizzo no Brasil – Studio Willy Rizzo (Paris, Set – Nov, 2013), Waking Up in News America – Robert Heinecken (MIS São Paulo, Mar – Abr, 2015) e Erwin Blumenfeld Studio 2014 – 2015 (FAAP, São Paulo, Out, 2014 – Jan, 2015), entre outros.

Sobre o Instituto Artium

O Instituto Artium ocupa um palacete centenário na Rua Piauí, no bairro Higienópolis, tombado pelo Compresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) e reconhecido como patrimônio histórico. Construído para ser a residência do primeiro cônsul da Suécia em São Paulo, em 1921, o casarão passou por duas das grandes famílias paulistas de barões do café e foi propriedade do Império do Japão por 67 anos (de 1940 a 2007). A residência foi fechada durante a Segunda Guerra Mundial e, em 1970, como testemunho da história do Brasil de então, o cônsul-geral do Japão foi sequestrado quando chegava ao local.

Degradado desde 1980, o espaço foi assumido pelo Instituto Artium em 2019 e passou por um minucioso trabalho de restauro, revitalizando jardins e recuperando elementos ornamentais e decorativos da arquitetura da época de sua construção. A entidade cultural sem fins lucrativos cumpre atualmente um plano de atividades que reúne projetos nas áreas da preservação de patrimônio imaterial, preservação de patrimônio material, artes visuais e artes cênicas.

Serviço:

Big Bang Boca – Maria Nepomuceno

Local: Instituto Artium de Cultura

Endereço: Rua Piauí, 874 – Higienópolis, São Paulo – SP

Período expositivo: 27 de agosto a 4 de novembro de 2023

Horário de funcionamento: quarta a sexta de 12h às 18h; sábados e domingos: 10h às 18h; segundas e terças: fechado.

Entrada gratuita.

(Fonte: Agência Prioriza)

Rodrigo Bueno inaugura sua segunda exposição individual na Galeria Marilia Razuk

São Paulo, por Kleber Patricio

Obra “Eresada”, de Rodrigo Bueno.

Rodrigo Bueno (1967) apresenta “Pedrinha Miúda”, exposição individual na Sala 1 da Galeria Marilia Razuk, de 26 de agosto a 7 de outubro de 2023. A mostra conta com pinturas a óleo realizadas em telas, tecidos e, sobretudo, madeira. Este último material está presente em muitos trabalhos do artista, seja como suporte para as criações, seja como elemento principal em esculturas e instalações concebidas por Bueno. A exposição conta também com obras realizadas com materiais recuperados da rua – fragmentos de móveis, metal, cordas, resíduos da cidade –, colhidos e curados por Rodrigo, que, unidos a elementos naturais, criam uma atmosfera de imersão ao território de “Pedrinha Miúda”.

Por falar em território, Rodrigo, em seu processo criativo, pede licença à ancestralidade do lugar. Itaim, que vem do tupi, Itahy, pode ser traduzido como “pedra pequena”, “pedra miúda”. Segundo as palavras da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, autora do texto de apresentação da exposição: “O que é, portanto, e finalmente, ‘Pedrinha Miúda’? É uma experiência sensível em forma de exposição. Tudo separado e junto. Tudo ao mesmo tempo e tudo a seu tempo”.

“Pedrinha Miúda” provoca uma experiência, evoca nossa ancestralidade, multidimensionalidade, evoca nossos sentidos e percepções, nossa relação com a cidade e com a natureza, nossa relação com o tempo e com o outro. E evoca principalmente nossas raízes, nas tradições indígenas e negras: os “caboclos”, como diz o artista.

“Jurema”.

Ainda em outro trecho do texto, Pedrinha pequena é pedra grande da nossa sensibilidade, de Lilia Moritz Schwarcz. Ela afirma: “O resultado é essa arte que desperta a valorização da nossa história, das culturas e nosso país, do seu povo e, muito especialmente e de forma comovedora, das pontes que unem a humanidade como parte da natureza. Pois o artista pensa a ecologia de forma ampla, como filosofia, como uma cosmologia artística.”

Sobre Rodrigo Bueno

Rodrigo Bueno vive e trabalha em São Paulo. É graduado em Comunicação Social pela ESPM, ingressou em programas de pós-graduação em Artes Plásticas na School of Visual Arts, em Nova York (EUA) e em Arte e Consciência pela Universidade John F. Kennedy, na Califórnia (EUA). No entanto, deslocou os estudos acadêmicos pela aventura autodidata. É idealizador do ateliê Mata Adentro, nome de uma casa/espaço de trabalho, localizado na Lapa em São Paulo.

Mata Adentro é um convite à sensibilização das dinâmicas do espaço natural, um laboratório de produção de suportes de experimentação de linguagens ocultas no subconsciente, nas multidimensões do entorno e na diversidade de vida contida no legado do mundo natural, fonte de cultivo e resiliência.

Trata-se de um lugar onde materiais recuperados – principalmente madeira, ferro, terra e plantas coletadas do lixo urbano – são transformados em instalações, esculturas, pinturas e ambientes que fomentam as tecnologias do encontro, espécies de jardins que falam da continuidade da vida, do eixo que sustenta o todo, da cultura em constante movimento.

“Matéria prima”.

Mata Adentro é um nome escolhido para expandir a autoria de um único artista em ações de processos coletivos, pois somos indivíduos inseridos em ambientes colaborativos.

O estúdio tem mostrado seu trabalho no país e no exterior há mais de vinte anos, com obras em sua maioria tridimensionais, vivas e imersivas que se relacionam com o vínculo da natureza e humanos, sobrepondo narrativas ancestrais e energias fluídas, voltadas à cura vibracional e a experimentação educativa.

Serviço:

Rodrigo Bueno – Pedrinha Miúda

Texto: Lilia Moritz Schwarcz

Abertura: sábado, 26 de agosto de 2023, 11h–16h

Exposição: 26/8/23 – 7/10/23

Local: Galeria Marilia Razuk – Sala 1

Rua Jerônimo da Veiga, 131, Itaim Bibi, São Paulo (SP)

Segunda a sexta, 10h30–19h

Sábado, 11h–16h

Entrada gratuita

https://www.galeriamariliarazuk.com.br | www.instagram.com/galeriamariliarazuk/.

(Fonte: Marmiroli Comunicação)

KLM anuncia novo ciclo do menu assinado pelo chef Rodrigo Oliveira

São Paulo, por Kleber Patricio

Salada Caipira com jiló beringela assada e costela bovina com purê de mandioca, brócolis, castanhas e molho de cana-de-açúcar. Fotos: divulgação.

Passageiros da World Business Class e da Premium Comfort da KLM – Royal Dutch Airlines terão sua experiência gastronômica renovada com o atual cardápio assinado pelo chef que elevou a culinária brasileira à alta gastronomia, Rodrigo Oliveira, com pratos elaborados para ressaltar a experiência de prazer a bordo.

Nesta jornada de sabor, cada prato é uma obra-prima cuidadosamente concebida para trazer prazer aos sentidos durante o voo. Com ingredientes selecionados que refletem a autenticidade e qualidade tanto da KLM quanto do chef Rodrigo, a experiência culinária a bordo se torna um tributo à excelência. Cada mordida é uma homenagem à originalidade e à diversidade dos sabores brasileiros, transformando o avião em um palco de deleite gastronômico.

Salada de abóbora, castanhas caramelizadas e rúcula.

Ao unir os talentos de Rodrigo Oliveira à dedicação da KLM em proporcionar viagens memoráveis, a companhia está redefinindo a forma como a brasilidade pode ser apreciada nos céus. A cada refeição, os passageiros são convidados a embarcar em uma viagem sensorial pelo Brasil, onde a tradição encontra a inovação e o prazer se une à excelência.

Rodrigo Oliveira assina todos os ciclos de menus que são servidos ao longo do ano pela companhia. No atual, disponível até outubro, o menu assinado pelo chef contempla os seguintes pratos na World Business Class:

Entradas: Salada de abóbora, castanhas caramelizadas e rúcula | Sopa de tomate com funcho e laranja | Salada Caipira com milho e jiló berinjela assada.

Gnocchi de abóbora, com cogumelos, berinjela, quinoa, brócolis, salsinha e mandioca frita.

Pratos Principais: Gnocchi de abóbora, com cogumelos, berinjela, quinoa, brócolis, salsinha e mandioca frita | Combinação de deliciosos petiscos locais: peixadinha com arroz de coentro, tomate assado, farofa de coco e castanhas, arroz preto e salada de tomate | Costela bovina com purê de mandioca, brócolis, castanhas e molho de cana-de-açúcar.

Sobre Rodrigo Oliveira | Há 20 anos Rodrigo Oliveira comanda o Mocotó, premiado restaurante tradicional de comida sertaneja localizado na Vila Medeiros e que conta a história de sua família. O espaço está na lista Bib Gourmand do Guia Michelin e já ganhou o prêmio de melhor cozinha brasileira em diversos veículos nacionais, como Veja SP e Prazeres da Mesa, além de já ter feito parte do Latin America’s 50 Best Restaurants da revista britânica Restaurant. Rodrigo comanda ainda o Balaio IMS, além do Mocotó D, Mocotó Vila Leopoldina e Mocotó Café, todos em São Paulo.

*Atualmente, a Premium Comfort está disponível apenas em voos de/para o Rio de Janeiro.

Sobre a KLM – Royal Dutch Airlines | Por mais de um século, a KLM tem sido pioneira no setor de aviação civil. A KLM é a companhia aérea mais antiga ainda operando com seu nome original e tem como objetivo ser a companhia aérea europeia líder em foco no cliente, eficiência e sustentabilidade. A malha aérea da KLM conecta a Holanda com todas as principais regiões econômicas do mundo e é um poderoso motor que impulsiona a economia holandesa. A KLM também é membro da aliança global SkyTeam, que tem 19 companhias aéreas associadas. Para obter mais informações sobre a KLM, visite KLM, KLM Newsroom, Facebook, Instagram e LinkedIn.

(Fonte: Race Comunicação)

Alunos da Baixada Fluminense recebem ‘Teatro Cego’

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Elenco: Luma Sanches, Paulo Palado e Ghell Silva. Foto: Teatro Cego.

Depois de passar pela cidade de Cubatão (SP), chegou a vez das crianças de escolas públicas da Baixada Fluminense absorverem uma experiência diferente e inclusiva. Elas terão a chance de serem expectadoras do espetáculo “Clarear – Somos todos diferentes” (2016), da Companhia de Teatro Cego – uma peça de teatro em que os atores são portadores de deficiência visual e, por meio de aromas, música e sensações táteis, entram na história através dos outros sentidos (olfato, paladar, tato e audição).

Com texto de Sara Bentes, direção de Paulo Palado e elenco formado por Luma Sanches, Ghell Silva e Paulo Palado, “Clarear – Somos todos diferentes” é uma peça leve e bem-humorada que vai mexer com a sensibilidade dos alunos. Nesta montagem, além das experiências sensoriais, o tema também é totalmente voltado para a questão da integração. Cinco jovens dividem a mesma república. Uma deficiente visual, um deficiente auditivo, uma cadeirante, um argentino e uma torcedora fanática de um pequeno time local (em cada cidade será nomeado o time para qual ela torce). Com muito bom humor, a trama mostra a superação de dificuldades de comunicação e convivência, através da sinergia da amizade, em um espetáculo de 40 minutos que conquista a plateia com um paradoxo entre a complexidade e a simplicidade do tema.

A peça teatral tem em seu elenco atores com deficiência visual, cumprindo, assim, um papel social através da arte. Porém, para que haja uma integração, o elenco nunca é formado só por atores com deficiência visual.

Apresentado gratuitamente, o espetáculo de 40 minutos estreou em terras fluminenses no Teatro Firjan SESI DC nos dias 15, 16 e 17/8. Já nos dias 29, 30 e 31/8, o espetáculo acontece em Japeri, na Quadra esportiva de Nova Belém (R. Augusto Batista de Carvalho – Nova Belém), seguindo depois, nos dias 12, 13 e 14/9, para Nova Iguaçu, com apresentações no Teatro Sylvio Monteiro (Rua Getúlio Vargas 51 – Centro) – com apresentações abertas também para o público, gratuitamente. O projeto prevê apresentações em Juiz de Fora (MG), Macaé (RJ) e Cascavel (PR).

“O processo de criação do Teatro Cego é todo baseado na desconstrução de personagens e espaços. E essa reconstrução é feita a cada espetáculo, diante do público”, adianta o diretor Paulo Palado.

Personagens de “Clarear – Somos todos diferentes” – Gibi do Teatro Cego.

Os ingressos para a peça teatral são gratuitos e distribuídos para escolas do município contatadas previamente. Também será disponibilizado transporte gratuito (escola/teatro/escola) e alimentação (kit lanche) para todos os jovens participantes. Cada aluno receberá um gibi em quadrinhos que tratará de temas como inclusão de pessoas com deficiência e demais temas explanados no espetáculo (gibis: https://encurtador.com.br/apCFK).

Os professores ganharão uma cartilha que abrangerá a questão da acessibilidade e inclusão social aos portadores de deficiência, para posterior discussão em sala de aula, enriquecendo ainda mais o tema proposto (guia do professor: https://encurtador.com.br/dGHQW).

O que é o Teatro Cego? www.teatrocego.com.br

Desde 2012, a C-Três Projetos Culturais vem desenvolvendo o Teatro Cego, um formato teatral onde a peça acontece completamente no escuro, proporcionando, por meio da arte e do entretenimento, uma experiência única ao público, convidando-o a abdicar da visão e a compreender a trama por meio de seus outros sentidos (olfato, paladar, tato e audição), utilizando-se de aromas, música e sensações táteis.

Os espetáculos ”O Grande Viúvo”, ”Acorda, Amor!” e ”Um Outro Olhar” emocionaram espectadores em vários teatros do Brasil e tornaram-se grandes sucessos de público e de crítica.

O que é o projeto?

O projeto Clarear Para a Juventude é muito mais do que simplesmente uma temporada de um espetáculo teatral. O objetivo é criar um verdadeiro ciclo social e cultural, organizando debates com o intuito de discutir com o público presente nas apresentações teatrais soluções para questões como acessibilidade e inclusão social, já que o espetáculo Clarear trata exatamente de questões que envolvem temas ligados à experiências sensoriais, sendo totalmente voltado para a integração entre as pessoas.

O projeto está sendo realizado por meio da Lei Rouanet, com patrocínio da NTS, e conta com uma equipe que está entrando em contato com escolas e entidades interessadas em participar do programa e organizando toda a logística, desde a saída dos jovens de suas escolas até o retorno às mesmas. Além da entrada franca, será disponibilizado também, transporte gratuito (escola / teatro / escola) e alimentação (kit lanche) para todos os jovens participantes. Cada aluno receberá, também, um gibi em quadrinhos que tratará de temas como inclusão de pessoas com deficiência e demais temas explanados no espetáculo. Os professores receberão ainda uma cartilha que abrangerá a questão da acessibilidade e inclusão social aos portadores de deficiência para posterior discussão em sala de aula, enriquecendo ainda mais o tema proposto.

No local, os jovens serão recepcionados por monitores. Após cada uma das apresentações, na completa escuridão, acontecerá uma palestra seguida de uma roda de bate-papo, onde, privado da visão, o público vai participar de um debate com os artistas e produtores do espetáculo e, também entre si, surgirão questões como a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, acessibilidade em locais públicos para cegos, deficientes auditivos e cadeirantes, políticas públicas voltadas ao bem-estar de portadores de necessidades especiais, entre outras. “O propósito é fazer com que surjam, através desses debates, novas ideias e possibilidades que possam vir a ser colocadas em prática, com o intuito de criar novas expectativas e possibilidades às pessoas com deficiências”, reflete o diretor Paulo Palado.

Companhia de Teatro Cego

Foto: Teatro Cego.

A Companhia de Teatro Cego surgiu no Brasil em 2012. O formato foi originalmente criado em Córdoba, na Argentina, em 1990. Em 2010, o ator e diretor Paulo Palado esteve em Buenos Aires para conhecer o formato e decidiu trazer a ideia para o Brasil. Porém, não existe nenhum vínculo – a não ser o de amizade – com o Teatro Ciego argentino. A ideia é fazer espetáculos teatrais completamente no escuro, convidando o público a abdicar da visão e a usar os seus outros quatro sentidos, além da intuição, para assistir à peça. Para isso, sons, vozes, aromas e sensações táteis são utilizados para colocar o público dentro da trama. O formato de apresentação também não é o tradicional. A plateia é distribuída em cadeiras que intercalam cenários e objetos de cena e o público tem uma proximidade muito grande com os atores, que circulam entre as cadeiras. Por acontecer completamente no escuro, a peça conta com alguns atores com deficiência visual. Porém, a ideia é que nenhum espetáculo aconteça somente com esses atores, mas sim, que haja sempre uma integração com atores videntes.

A Companhia de Teatro Cego é uma parceria entre o ator e diretor Paulo Palado e o produtor cultural Luiz Mel e conta ainda com os produtores Lourdes Rocha e Carlos Righi. Os atores da companhia, com deficiência visual, são Sara Bentes, Edgard Jacques, Luma Sanches, Giovanna Maira e Ghell Silva. Os atores videntes são Ana Righi, Flávia Strongolli, Ian Noppeney, Leonardo Santiago, Manoel Lima e Paulo Palado. A companhia ainda é formada pelos produtores responsáveis pela contrarregragem e efeitos, Zan Martins e Rosana Antão e pelo sonoplasta Luiz Jurado.

Os Espetáculos | O primeiro espetáculo da companhia, “O Grande Viúvo”, estreou no Teatro TucaArena em 2012, com texto de Paulo Palado, adaptando o conto homônimo de Nelson Rodrigues. Em 2014, a companhia estreou sua segunda peça, “Acorda, Amor!”. Esse espetáculo é costurado por canções de Chico Buarque executadas ao vivo pela banda Social Samba Fino, composta por sete músicos. Em 2016, a companhia estreou a peça “Clarear – Somos Todos Diferentes”, com texto de Sara Bentes, que também é atriz em todas as peças. O espetáculo fala sobre cinco jovens com diferentes características (uma garota com deficiência visual, um rapaz com deficiência auditiva, uma cadeirante, um argentino e uma torcedora fanática de um pequeno time de futebol) que dividem a mesma república. Em 2022, a companhia estreou o espetáculo “Um Outro Olhar’’, que conta a história de uma empregada doméstica e sua patroa que passam, ao mesmo tempo, por um tratamento contra o câncer. Todas as peças da companhia são dirigidas por Paulo Palado e produzidas pela C-Três Projetos Culturais.

Parceiros | Durante esses onze anos de atividades, a Companhia de Teatro Cego trabalhou em parceria com diversas instituições. Entre elas, o BOS – Banco de Olhos de Sorocaba, Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, Laramara (Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual), Fundação Dorina Nowill para Cegos e Cabelegria (ONG que recebe doação de cabelos e fabrica perucas que são doadas principalmente para mulheres que perderam seus cabelos durante o tratamento quimioterápico).

O processo de criação

A criação parte sempre do texto. Dos quatro textos montados até agora, três são de Paulo Palado e um de Sara Bentes e já são escritos pensando no Teatro Cego, pois as falas dão indicação de muitos elementos e situações que o espectador não conseguiria identificar sem a visão. O espaço para sons e aromas muito característicos também é priorizado para que a produção possa atuar de forma consistente durante o espetáculo. Porém, tudo isso é feito de maneira que não haja exagero. Não se pode permitir que os meios justifiquem os fins.

A ocupação do espaço também é uma preocupação que vem logo no início do processo. A trama tem que ser encenada sempre no mesmo lugar, pois os espectadores estão sentados em suas cadeiras junto com os cenários. As mudanças de cenas são feitas através de músicas e ou aromas. Uma mesma música é repetida sempre que a cena volta para um mesmo cenário. O mesmo pode acontecer com um aroma. O cenário, apesar da escuridão, é de extrema importância para a compreensão do espaço. Portas, armários, mesas, cadeiras, escadas, louça, talheres, camas. Os objetos cenográficos se mostram presentes através de seus sons ou por simples citação dos personagens.

Uma característica muito importante do espaço cênico é a forma da sua apresentação. Ao contrário de uma peça convencional, onde o espectador vê primeiro o cenário, que depois vai sendo preenchido por movimento e vida, no Teatro Cego tudo começa em uma escuridão profunda e total. Após a entrada dos atores, com a movimentação e utilização dos espaços, é que o cenário vai se revelando. Os espetáculos são sempre compostos por atores com deficiência visual e atores videntes. A ideia é integrar. Imagine ter que criar um acesso a cadeirantes para um andar acima do piso térreo. Não cadeirantes podem subir facilmente pela escada. Então cria-se um elevador para as pessoas com deficiência física. Isso é acessibilidade. Porém, uma rampa serviria muito bem aos dois públicos. Isso é integração.

O processo de criação dos personagens começa com a leitura branca do texto em uma mesa, como em qualquer outra montagem convencional. Enquanto alguns atores se utilizam do tradicional texto no papel, riscado com lápis e grifado com marca-texto, outros leem em braile. Outros ainda contam com aplicativos leitores de tela em um celular ligado ao ouvido por um fone e falam por cima do que ouvem. É como um ponto. Entre essas leituras, os atores e o diretor praticam exercícios de cognição, criando conexões entre os personagens através de códigos inconscientes. Isso ajuda a desconstruir a comunicação rasa que utilizamos na maior parte do tempo e desfaz alguns vícios, tanto de expressão quanto de compreensão.

Os ensaios vão então para um espaço demarcado, determinando os locais de cenografia e público. Algumas marcas são colocadas para guiar os atores. O cenário será uma das referências. Em alguns locais, o piso tátil é usado. Os atores com deficiência se locomovem, a princípio, com bengalas (guias) ou com a ajuda da produção. Quando o espaço é completamente dominado, apagam-se as luzes e retiram-se as bengalas dos atores com deficiência. Enquanto isso, a produção está pesquisando aromas e sons. Quando os cenários são montados, junta-se tudo nos ensaios finais.

Clarear – Teatro Cego é um projeto da C-Três Projetos Culturais com patrocínio da NTS, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Serviço:

Teatro Cego apresenta espetáculo “Clarear – Somos todos diferentes” (para alunos da rede municipal e aberto ao público)

– Dias 29, 30 e 31/8 – Japeri – Quadra esportiva de Nova Belém (R. Augusto Batista de Carvalho – Nova Belém)

– Dias 12, 13 e 14/9 – Nova Iguaçu – Teatro Sylvio Monteiro (Rua Getúlio Vargas 51 – Centro)– Horários: 18h e 20h – entrada gratuita para o público.

(Fonte: Claudia Tisato Assessoria de Imprensa)