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Circo Graffiti, após 15 anos, apresenta “Bossa Nova Cabaret Bar” no Teatro do Sesi SP

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Ary Brandi.

Depois de um hiato de quinze anos, o grupo paulistano Circo Graffiti estreia “Bossa Nova Cabaret Bar”, uma comédia de variedades com números musicais que trazem histórias livremente inspiradas em personagens, fatos e canções da Bossa Nova. A temporada segue até 4 de fevereiro de 2024 no Teatro do Sesi-SP, no Centro Cultural Fiesp (Av. Paulista, 1313, São Paulo, SP). Os ingressos são gratuitos.

No elenco estão Rosi Campos, Helen Helene, Rachel Ripani, Luciano Schwab, Conrado Caputo, Danilo Martho, Diego Gazin, Efraim Ribeiro, Flávia Teixeira, João Pedro Attuy, Larissa Garcia, Naiara de Castro e Paloma Rodrigues. A ideia é misturar gerações de atores, com suas diferentes características e experiências, para falar de amor e de música.

O texto e a direção geral são de dois fundadores do Circo Graffiti, Helen Helene e Pedro Paulo Bogossian, que criaram um espetáculo de quadros que se passa em um bar com cenas inspiradas em canções do período inicial da Bossa Nova – principalmente entre o final de 1958 e 1963, justamente os anos que marcam os primeiros álbuns de João Gilberto. Cada cena traz um elemento teatral, circense ou de cabaré, misturando a linguagem sofisticada da bossa nova com o escracho, a poesia, as cores e a alegria do carnaval e se comunicando com públicos de diferentes idades e situações de vida.

Como é característico no trabalho do grupo, “Bossa Nova Cabaret Bar” traz o estilo de décadas de atuação do Circo Graffiti: ênfase na comédia musical, o texto inédito e muita música com arranjos inéditos. No caso do novo espetáculo, foi criada uma carnavalização da Bossa Nova sob o filtro do humor e do lirismo.

“Bossa Nova Cabaret Bar” é uma comédia musical cujo tema central, é claro, a Bossa Nova. A ação acontece no fictício espaço do “Copacabana Cabaret Bar”, em cenário criado por Attilio Martiñs, onde uma trupe de comediantes, atores e cantores faz um show sobre a Bossa Nova. Em cena, a banda formada por piano (Pedro Paulo Bogossian), Contrabaixo (Giullia Assmann), Bateria (Rodrigo Mardegan), Percussão (Jesum Biasin), Sax e Flauta (Ana Eliza Colomar) compõem este cenário, que traz ainda referências dos bares que revelaram muitos dos músicos da Bossa Nova, como uma paisagem básica do bairro carioca de Ipanema.

Cenário e figurino, assim como o texto, não buscam ser um documentário da época, mas trazer referências que fazem o espectador identificar o movimento. Por se tratar de uma comédia de quadros, cada um deles muitas vezes têm a sua estética, às vezes um pouco circense, um pouco clownesca, que também fazem parte da linguagem do grupo. É uma mistura desses elementos todos – a atmosfera de cabaret dos anos 1930, a música dos anos 1960, o trabalho do clown e do teatro de revista. “Nosso maior objetivo é o entretenimento do público através desse formato particular que é a marca registrada dos nossos espetáculos”, adianta Helen Helene. São vários episódios encadeados como uma revista musical e inspirados em shows de cabaré europeu e no teatro brasileiro. As músicas e os fatos desta época compõem o tema de cada cena formando o arco dramático. “A gente ri, se emociona e compartilha com prazer cada momento dessa viagem que é a cara do Brasil”, conta.

O que serviu de norte para a pesquisa musical foi o período áureo da Bossa Nova – entre 1958 e 1963. Essas canções geraram cenas e serviram de apoio de cenas que foram criadas independentemente da música. “De certo modo, nosso trabalho entende que a nossa comédia é gerada por alguns princípios que são o deslocamento, muitas vezes de época, de lugar. Então as canções vão receber um tratamento carnavalizado para compor essa nossa comédia”, conta Pedro Paulo Bogossian, diretor musical do espetáculo. Nenhuma canção aparece exatamente como ela foi gravada; elas receberam arranjos e instrumentações que muitas vezes dão aquele toque diferente. “Eu acredito que essas composições da bossa equilibram e revelam um modo de cantar brasileiro que foge dos cantores com as grandes vozes, o que causou na época um impacto muito grande e que segue até hoje. Na Bossa, se equilibram os instrumentos com a voz, um estilo de harmonia, ao mesmo tempo em que ela mistura ritmos como samba, jazz, e até um  toque de clássico”, completa Bogossian. Para retornar aos palcos em uma temporada longa (e gratuita), o Grupo escolheu como tema revalorizar a música brasileira. “A gente se considera um pouco herdeiro desse modo de fazer teatro, um teatro que passa pelas mudanças da sociedade, de como fazer comédia a partir desses elementos da revista”, diz Bogossian.

Isso resultou num projeto que é popular, falar do Brasil, da importância da música popular brasileira também para o mundo, como é a Bossa Nova. Também falar do hibridismo que vai fundar este estilo musical – que traz em sua formação o samba, o jazz e a coloquialidade de uma paisagem de uma determinada época, mas que vai se transformando também ao longo dos anos e está aí até hoje. “Também pensamos em trabalhar com atores mais jovens exatamente para haver essa troca sobre como fazer uma comédia musical nos dias de hoje e como esses atores jovens pensam no que seria como fazer uma comédia nesse estilo hoje”, conclui o artista.

Sobre o Teatro do Sesi-SP

 

O Teatro do Sesi-SP, do Centro Cultural Fiesp, um importante equipamento cultural de São Paulo, completa este ano 60 anos de atividades. Oferece ao seu público uma programação diversa, contundente e gratuita alinhada com os aspectos sociais e artísticos da contemporaneidade.

Com curadoria da equipe do Sesi-SP, os espetáculos apresentados, assim como toda a programação cultural da instituição, são captados por meio dos editais de chamamento lançados periodicamente, onde são selecionados projetos artísticos de todo o território nacional.

Em “Bossa Nova Cabaret Bar”, o Sesi-SP traz mais uma vez para o seu palco o genuíno teatro musical brasileiro, um resgate à nossa memória afetiva. É um agradável passeio ao universo da música popular brasileira, datada na memória de todos os que acompanharam este movimento artístico.

Sobre o Grupo Circo Grafitti

Formado pelas atrizes Rosi Campos, Helen Helene e pelo diretor musical Pedro Paulo Bogossian, o Circo Grafitti estreou em 1989 o espetáculo “Você Vai Ver O Que Você Vai Ver”, de Raymond Queneau, arrebatando 17 prêmios, inclusive o de melhor espetáculo representando o Brasil no exterior.

De lá para cá, a companhia lançou os espetáculos “Almanaque Brasil”, de Noemi Marinho (1993), “Ifigônia” (1994), “O Gato Preto” (2002), “Alô, Alô, Terezinha!” (2004) e uma variação deste musical, um remix, chamado “De Pernas Pro Ar!” (2006), que seguiu em viagem por diversas cidades. Todas as montagens ganharam muitos prêmios e indicações ao longo da trajetória do grupo.

Em paralelo, nestes quase 25 anos de estrada, seus integrantes estiveram em projetos artísticos diversos. Rosi Campos atuou em teatro, cinema e televisão. Helen Helene esteve em “Assembleia de Mulheres”, de Aristófanes, no SESI e em “Toda Nudez Será Castigada”, ambas dirigidas por Moacir Góes. Pedro Paulo Bogossian participou das montagens de diversos grupos paulistanos, tendo recebido o prêmio Shell em 2000 por “Filhos do Brasil”, espetáculo de Regina Galdino.

O trabalho do grupo se caracteriza por montagens de comédias musicais inéditas apoiadas em pesquisa e composição de textos e canções. Seus integrantes se valem da comicidade e do lirismo, mirando-se na tradição do teatro musical brasileiro do início do século XX. Seus espetáculos são marcados pela ausência da quarta parede, abertos a improvisos de momento, com humor refinado e perspicaz. Ao longo do tempo, seus integrantes aprimoraram suas potencialidades também como diretores, autores e produtores na área teatral.

Sinopse | “Bossa Nova Cabaret Bar” é uma comédia de variedades retratada em formato de um show, no fictício Copacabana Cabaret Bar, conduzido por uma trupe de comediantes cantores. Livremente inspirado em fatos, personagens e músicas da Bossa Nova, o espetáculo apresenta as canções emblemáticas do movimento em forma de números de mágica, quadro de bonecos, números de cortina com vedetes, paródias e números de plateia, bem como variadas performances musicais com o rearranjo das composições. Com o selo de qualidade do grupo Circo Grafitti, o espetáculo busca, além de entreter e divertir por meio de um humor refinado, cumprir a função social de mostrar ao público uma comédia musical brasileira, seja por seu conteúdo temático, estilo ou construção composicional em oposição a fórmulas importadas de entretenimento cultural.

FICHA TÉCNICA

Texto e Direção Geral: Helen Helene e Pedro Paulo Bogossian

Direção de atores: Helen Helene

Direção Musical: Pedro Paulo Bogossian

Elenco: Rosi Campos, Helen Helene, Rachel Ripani, Luciano Schwab, Conrado Caputo, Danilo Martho, Diego Gazin, Efraim Ribeiro, Flávia Teixeira, João Pedro Attuy, Larissa Garcia, Naiara de Castro, Paloma Rodrigues

Músicos: Pedro Paulo Bogossian – Piano, Ana Eliza Colomar – Sax / Flauta, Giullia Assmann – Contrabaixo, Jesum Biasin – Percussão, Rodrigo Mardegan – Bateria, Assistência de Direção: Sandra Mantovani, Assistência de Direção Musical: Pedro Ascaleta,

Visualidades

Cenografia e Figurinos: Attilio Martiñs, Visagismo: Anderson Bueno, Adereços de Cenário e Figurino: Sidnei Caria, Design de Bonecos: Sidnei Caria e Fotografia: Ary Brandi

Corpo

Direção de movimento e coreografia: JC Violla; Assistência de coreografia: Nelly Guedes

Preparação e tradução de LIBRAS: Mirian Caxilé

Iluminação

Design de Luz: Guilherme Bonfanti

Assistência e Operação de Luz: Francisco Turbiani

Operação de Seguidor: Lays Ventura

Sonorização

Design de Som: Luciano Manson e Gabriel Bocutti

Operador de Mesa: Gilbel Silva

Microfonista: Adriana Lima

Técnicos de Palco

Coordenador de Palco: Flávio Rodriguez

Camareiros: Ana Lúcia Arruda e Wellington Oliveira

Contrarregras: Flores Ayra e Sérgio Sasso

Roadie: Roupa Nova

Comunicação: Assessoria de Comunicação: Canal Aberto – Márcia Marques, Carol Zeferino e Daniele Valério

Produção: Direção de Planejamento e Produção: Fá Almeida, Coordenação de Produção: Karina Cardoso, Produção Executiva: Daniel Aureliano, Assistência de Produção: Eduardo Barros,

Assessoria Jurídica: F&R Advogados e Realização: Grupo Circo Grafitti e Diorama Casa de Produção.

Bossa Nova Cabaret Bar, do Grupo Circo Graffiti

Até 4 de fevereiro de 2024, de quinta a sábado, 20h; domingos, às 19h

Local: Teatro do Sesi-SP, no Centro Cultural Fiesp

Endereço: Avenida Paulista, 1313 – Jardins, São Paulo/SP

Ingressos: gratuitos e liberados toda segunda-feira, a partir das 8h. Podem ser reservados no site www.sesisp.org.br/eventos

Duração: 100 minutos

Classificação indicativa:  12 anos

Acessibilidade: Sessões com Libras e Audiodescrição em 29/10, 26/11, 3/12 e 28/1.

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)

Galeria Lume inaugura “Sobre Muros”, individual do fotógrafo Julio Bittencourt

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Julio Bittencourt.

Com a queda do Muro de Berlim, marcando de vez o fim da Guerra Fria, pintou-se no mundo a imagem de uma sociedade menos dividida, um só povo – chegavam ao fim as barreiras que nos separavam. Contudo, ao ajustarmos nosso foco de percepção podemos ver que, mais do que nunca, estamos cercados de barreiras, talvez agora mais sociais do que físicas, porém tão robustas quanto o antigo muro de concreto. Na exposição “Sobre Muros”, a ser inaugurada sábado, 21 de outubro, na Galeria Lume, o fotógrafo Julio Bittencourt apresenta obras que abordam as diversas formas que esses muros se constroem no cotidiano. A qualidade tangível de um muro já não é mais sua característica mais marcante. Os muros estão ao nosso redor, em tudo que vemos e vivemos, física ou virtualmente.

As paredes, tanto reais como virtuais ou psíquicas, tentam oferecer o que Heidegger chamou de “uma imagem tranquilizadora do mundo”, no qual todos devem existir segundo um modelo, uma integração sócio-psíquica única. Assim, em várias situações, a exclusão decorre sobretudo dos conflitos de identidade e da violência que eles podem envolver. Os muros explicitam uma realidade do mundo reduzida a uma clara distinção entre “nós” e “os outros “, entre dentro e fora, entre amigo e inimigo. Entre o lado bom e o lado ruim da parede, entre conhecido e desconhecido, entre rico e pobre, entre seguro e arriscado, entre desejado e indesejável. Nesse sentido, a parede marca a assimetria, materializa a diferença e o desequilíbrio produzidos por uma separação muitas vezes desejada e sofrida. Mas seria possível uma sociedade cujos muros de fato deixem de existir? Até mesmo o artista cria algumas paredes ao tentar simplificar o mundo enquadrando-o, como fazemos na fotografia.

Em sua terceira individual na Galeria Lume, mais uma vez colocando em questão temas caros à forma como convivemos em sociedade, Bittencourt expõe – em paredes – os muros incomuns que registra durante sua produção, de pontas de lança usadas nos topos dos portões ou o do muro da virtualidade da imagem, a rostos famosos que ilustram as cédulas do que talvez seja o maior dos muros do mundo em que vivemos: o dinheiro. Ao adentrar as salas da galeria, o visitante percebe o que o que se ignora ou finge desperceber: estamos cercados.

Sobre o artista Julio Bittencourt – São Paulo, 1980 | Vive e trabalha em Paris, França.

Julio Bittencourt nasceu em 1980 no Brasil e cresceu entre São Paulo e Nova York. Seus projetos foram exibidos em galerias e museus de diversos países e seus trabalhos publicados em veículos como Foam Magazine, GEO, TIME, The Wall Street Journal, Courrier International, C Photo, The Guardian, The New Yorker, Esquire, Financial Times, Los Angeles Times e Leica World Magazine, entre muitos outros. É autor de três livros: “Em uma janela do Prédio Prestes Maia 911”, “Ramos” e “Mar Morto”. Atualmente vive e trabalha em Paris.

Sobre a Galeria Lume

A Galeria Lume foi fundada em 2011 com a proposta de fomentar o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos ao lado de seus artistas e curadores convidados. Dirigida por Paulo Kassab Jr. e Victoria Zuffo, a Lume se dedica a romper fronteiras entre diferentes disciplinas e linguagens, através de um modelo único e audacioso que reforça o papel de São Paulo como um hub cultural e cidade em franca efervescência criativa.

A galeria representa um seleto grupo de artistas estabelecidos e emergentes, dedicada à introdução da arte em todas as suas mídias, voltados para a audiência nacional e internacional, por meio de um programa de exposições plural e associado a ideias que inspiram e impulsionam a discussão do espírito de época. Foca-se também no diálogo entre a produção de seus artistas e instituições, museus e coleções de relevância. A presença ativa e orgânica da galeria no circuito resulta na difusão de suas propostas entre as mais importantes feiras de arte da atualidade, além de integrar e acompanhar também feiras alternativas. A galeria aposta na produção de publicações de seus artistas e realização de material para pesquisa e registro. Da mesma forma, a Lume se disponibiliza como espaço de reflexão e discussão. Recebe palestras, performances, seminários e apresentações artísticas de natureza diversa.

Serviço:

Sobre Muros

Texto crítico: Paulo Kassab Jr.

Local: Galeria Lume

Abertura: 21 de outubro, sábado, das 11h às 17h

Período expositivo: 21 de outubro de 2023 a 25 de novembro de 2023

Horário de visitação: segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 15h

Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa, São Paulo – SP

Entrada gratuita

Informações para o público: tel.: 55 (11) 4883-0351

e-mail: contato@galerialume.com

www.instagram.com/galerialume/

www.facebook.com/GaleriaLume

www.galerialume.com/.

(Fonte: Galeria Lume)

Exposição “Estupefaciente” de Shirley Cipullo busca desvendar impactos da Internet na saúde mental da juventude

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

A artista visual Shirley Cipullo apresenta na Casa das Caldeiras, em São Paulo, a exposição “Estupefaciente”. Provocativa e instigante, a mostra é uma imersão no mundo tóxico que a internet pode se tornar quando utilizada de maneira excessiva, especialmente por crianças e adolescentes. A mostra ocorre até 29 de outubro, de quinta a domingo.

Ao explorar os efeitos da era digital em nosso cotidiano, Shirley desvenda os fios intrincados da web trazendo à tona discussões sobre a aceleração do tempo e o distanciamento das relações fora do “mundo real”. A exposição é uma chamada à reflexão sobre os impactos nocivos e muitas vezes inadvertidos que a internet pode ter em nossa saúde mental.

Para criar esta exposição, a artista se aprofundou em estudos, leituras, documentários e palestras, além de consultar instituições médicas, pediátricas e psicanalíticas com o objetivo de trazer à tona as evidências sobre os desafios que a era digital impõe à saúde mental. Como resultado, traz uma coleção de obras utilizando materiais diversos como tinta, tecidos, cordas, barbantes e fios de internet.

Por meio de QR codes, os  visitantes têm a oportunidade de ouvir explicações em forma de áudio gravados pela própria artista sobre as obras expostas. Além disso, a mostra contará com visitas guiadas às quintas e sextas-feiras das 17h às 21h e, aos sábados e domingos, das 15h às 19h. Para participar basta agendar pelo e-mail atelieshirleycipullo@gmail.com.

Exposição Estupefaciente

Data: até 29 de outubro – quinta a domingo

Horário: quintas e sextas-feiras, das 17h às 21h; sábados e domingos, das 15h às 19h

Local: Casa das Caldeiras. Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 2000 – Água Branca, São Paulo (SP)

Visitas guiadas:

Quintas e sextas-feiras: 17h às 21h; sábados e domingos: 15h às 19h – Agendar pelo e-mail: atelieshirleycipullo@gmail.com

Para mais informações: (11) 99562-7630 | Instagram | e-mail: atelieshirleycipullo@gmail.com

Sobre Shirley Cipullo | É artista visual, ítalo-hispânica, descendente de imigrantes, com mais de 15 anos de carreira. Nascida no Brasil, teve seu primeiro contato com o fazer artístico em 2004. Desde então, passa a trabalhar com esculturas fazendo uso de diversos materiais como argila, bronze, resina, mármore, pintura em telas e instalações onde ousa experimentar novos materiais como fios, tecidos, redes, colagens e cordas.

(Fonte: Camila Barbosa Comunicação)

Como a seca na Amazônia afeta a segurança alimentar da região

Amazônia, por Kleber Patricio

Seca em outubro de 2023 no Rio Negro, no Amazonas. Foto: Prefeitura de Manaus.

Por Gabriel Costa Borba — Na Amazônia, estima-se que a pesca produza em média 173 mil toneladas de peixe por ano, gerando cerca de 389 milhões de reais. A região é considerada uma das maiores do mundo em consumo de peixe, que varia de 135 a 292 kg per capita ao ano, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Esse contexto de pesca abundante está em risco por causa da seca dos rios da região.

A captura de peixe é fortemente dependente das flutuações no nível de água, com períodos de águas baixas e altas que regulam a disponibilidade de alimento e abrigo para os peixes nos rios amazônicos. Esses rios estão em risco devido ao impacto de atividades humanas – ao alterar as flutuações no nível de água e o padrão de chuvas, os eventos climáticos extremos geram drásticas consequências para a pesca.

Além de rios com menos água, temos, no atual contexto, péssimas condições hídricas, como temperatura elevada e falta de oxigênio, o que resulta em uma maior mortalidade natural de peixes. Com menos peixes disponíveis, a própria segurança alimentar de populações locais se vê ameaçada.

O interessante de se observar é que ainda não temos total conhecimento sobre os prejuízos gerados pelos cenários de seca deste mês na pesca da região. A resposta das populações de peixe sob efeito de flutuações no nível de água leva um tempo, ou seja, os impactos da frequência e intensidade de eventos extremos nas últimas décadas só serão mapeados, totalmente, mais para a frente.

As espécies disponíveis para a captura no momento estiveram sob influência das flutuações no nível de água de anos anteriores. Por exemplo, o jaraqui, peixe emblemático da região amazônica que é capturado hoje, levou, em média, dois anos para atingir um tamanho corporal para ser pescado. Se os anos anteriores foram adequados para a espécie, com disponibilidade de alimento e abrigo, esse jaraqui sobreviveu e se desenvolveu, sendo capturado para fins comerciais.

Há, no entanto, uma percepção geral nas comunidades tradicionais indígenas e não indígenas da Amazônia de que houve uma diminuição na captura de espécies e uma redução do tamanho de peixes de interesse comercial nos últimos anos. Para elas, a pesca é fonte de subsistência importante, gerando renda e alimento.

O contexto se torna ainda mais drástico num país que não tem monitoramento oficial de desembarque pesqueiro na Amazônia desde o ano de 2011. O monitoramento tem o objetivo de conhecer quais são as comunidades pesqueiras que utilizam o acesso próximo ao porto para desembarque da sua produção, gerar informações e dados estatísticos sobre o desembarque pesqueiro e gerar análises dos possíveis impactos dos eventos climáticos extremos na pesca. A falta de dados afeta a capacidade de resposta de comunidades e a tomada de decisões políticas para preservar a pesca na região em tempos de eventos climáticos extremos.

Para enfrentar essa situação, é preciso criar planos de manejo da pesca adequados ao contexto de crise climática, unindo conhecimento tradicional e científico sobre a atividade e as flutuações no nível de água. Só assim se poderá minimizar os graves danos às populações locais que comercializam peixes e veem, agora, sua subsistência ameaçada.

Sobre o autor: Gabriel Costa Borba é doutorando em Fish and Wildlife Conservation na Virginia Tech e mestre em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

(Fonte: Agência Bori)

Influência da mudança do clima foi maior do que El Niño na onda de calor de setembro, diz estudo

Brasil, por Kleber Patricio

Estudo de atribuição quantificou contribuição do aquecimento global para o episódio que elevou as temperaturas para mais de 40 graus no Brasil. Foto: Shutterstock.

Um estudo publicado no dia 10 de outubro pela iniciativa World Weather Attribution concluiu que a influência da mudança do clima foi muito maior do que o atual fenômeno El Niño para a ocorrência de extremos de temperatura que atingiu a região central do Brasil. A onda de calor registrada em setembro foi a responsável por recordes temperatura para o período dos últimos 63 anos em São Paulo e Cuiabá.

Segundo a análise, assinada por 12 autores, incluindo pesquisadores brasileiros, europeus e norte-americanos, a onda de calor do início da primavera foi ao menos 100 vezes mais provável devido à mudança do clima causada pela ação humana.

“Enquanto muitas pessoas relacionam o El Niño para explicar a onda de calor em partes da América do Sul, esta análise apresenta que a mudança do clima é um dos fatores principais para a intensidade e a magnitude do calor. Nós queremos ser claros: o fenômeno El Niño poderia ter contribuído com algum calor, mas sem a mudança do clima, a intensidade da onda de calor da primavera não seria tão intensa”, afirmou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Lincoln Alves.

A onda de calor extremo analisada compreendeu o período de 17 a 26 de setembro, período esse onde uma grande massa de ar quente prevaleceu nas regiões sudeste e centro-norte do país. O pico de calor foi registrado em 25 de setembro, com anomalias de temperatura 7 graus Celsius acima da média para o período, como foi registrado no sul da Bahia, leste de Goiás e Mato Grosso do Sul e norte do Paraná. Além disso, um domo de calor se instalou entre o Paraguai e o meio-este e sudeste do Brasil.

Com ajuda de três bases de dados e de multimodelos climáticos, os pesquisadores analisaram a onda de calor em uma área territorial que abrange, além do Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina. Eles também analisaram os dados sobre temperaturas máximas em São Paulo entre 1961 e 2023 a partir de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Para conseguir atribuir o calor extremo à mudança do clima, os pesquisadores calcularam o período de retorno, mudança na intensidade e razão de probabilidade entre 2023 e um clima com 1.2°C mais frio, ou seja, sem o aquecimento global antropogênico. De acordo com o estudo, todos os três conjuntos de dados mostram um claro aumento na frequência e intensidade de eventos quentes.

Para a análise, os pesquisadores selecionaram o período de retorno de 30 anos. Os dados indicaram que a intensidade ou magnitude de um evento de 10 dias que aconteceu em 2023 teria sido muito menor no passado. Além disso, eles calcularam que o evento de calor foi aproximadamente um evento de 1 em 30 anos no clima de hoje, ou seja, considerando o aquecimento global.

O pesquisador do Instituto Meteorológico Real dos Países Baixos, Izidine Pinto, destacou que não foi calculado o percentual exato de contribuição de cada fenômeno – El Niño e mudança do clima. Contudo, segundo ele, as contribuições do El Niño foram inferiores às da mudança do clima.

Com o aquecimento global, a perspectiva é de que ondas de calor se tornarão ainda mais comuns e com extremos de temperatura cada vez maiores. A temperaturas médias globais de 2°C acima dos níveis pré-industriais, um evento de calor como este será cerca de cinco vezes mais provável e 1,1 a 1,6 °C mais quente do que hoje.

O perigo das ondas de calor

Segundo especialistas, ondas de calor são a principal causa de mortes no mundo associadas a eventos extremos. No verão europeu de 2022, mais de 61 mil pessoas morreram de calor, de acordo com as estimativas do Instituto de Saúde Global de Barcelona divulgadas em julho deste ano.

Os pesquisadores defendem que os impactos humanos podem ser evitáveis por meio da execução de planos de adaptação ao calor extremo, evitando redução da morbidade e mortalidade. A diretora do Cento de Clima da Cruz Vermelha, Julie Arrighi, destacou que muitos locais ainda não dispõem de planos de adaptação, mas que “cidades e governos ao redor do mundo estão tentando desenvolver planos de ação”. Ela citou o plano de ação desenvolvido por Paris, que envolve longo prazo e ações de baixo custo. Entre os exemplos está a possibilidade de fontes de água serem abertas ao público em momentos de calor para que a população possa se refrescar.

Estudos de atribuição

Os estudos de atribuição ainda são poucos no Brasil. A atribuição é quanto um fator contribuiu para a ocorrência de um fenômeno. De acordo com o pesquisador Lincoln Alves, a proposta é analisar o evento extremo logo após o ocorrido e seguindo protocolos muito bem definidos para sensibilizar a sociedade sobre o que está acontecendo.

Fundada em 2015, a iniciativa World Weather Attribution conta com colaboração internacional para analisar e comunicar a possível influência da mudança do clima em eventos climáticos extremos, como tempestades, extremos de precipitação, ondas de calor e secas. Mais de 50 estudos de atribuição já foram realizados pela iniciativa.

(Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI)