No último dia 23 de abril 23 de abril, educação amazonense viveu um momento histórico


Manaus
Vista da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. Fotos: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo.
A Fundação Bienal de São Paulo anuncia a abertura da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, com projeto arquitetônico e expográfico desenvolvido pelo escritório de arquitetura Vão. Com 121 participantes, a 35ª edição reafirma sua tradição de colocar a cidade de São Paulo no centro das atenções da arte contemporânea pelos próximos três meses. Sobre o projeto curatorial, você pode encontrar mais informações aqui.
Desde 6 de setembro, aproximadamente 1.100 obras dos 121 participantes estão em exibição no Pavilhão do Parque Ibirapuera. Após uma extensa pesquisa sobre as urgências dos nossos tempos, os curadores afirmam: “Nosso objetivo foi criar uma edição sem categorias ou estruturas limitadoras. Essa visão nasceu em nossa equipe curatorial, onde abraçamos um sistema descentralizado, afastando-nos das normas tradicionais. Escolhemos conscientemente não ter um curador-chefe, buscando dissolver estruturas hierárquicas. Nossa lista abrange um amplo espectro de formas artísticas e vozes de vários territórios ao redor do mundo. Então, a pergunta que permanece é: como as impossibilidades de nossa vida cotidiana refletem na produção artística? As coreografias do impossível nos ajudam a perceber que diariamente encontramos estratégias que desafiam o impossível, e são essas estratégias e ferramentas para tornar o impossível possível que encontraremos nas obras dos artistas”. A lista completa de participantes está disponível aqui.
A respeito desta primeira Bienal de São Paulo pós-Covid, José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, complementa: “É com convicção que afirmo que uma Bienal com características tão marcantes e desafiadoras nos dá a oportunidade de alcançar outros patamares de percepção do mundo. Encontramo-nos em um momento verdadeiramente singular. O mundo atual clama por soluções para questões urgentes, e a capacidade da arte em nos estimular a encontrar algumas dessas respostas é notável, como demonstra a 35ª Bienal de São Paulo”.
Um novo trajeto | Além do fechamento do vão central do segundo andar, a 35ª Bienal apresenta uma novidade: uma proposta inovadora de percurso. Os visitantes poderão seguir diretamente do primeiro andar – chamado de andar verde – para o terceiro andar – ou andar azul –, utilizando as icônicas rampas internas do Pavilhão projetado por Oscar Niemeyer, e finalizar o trajeto no segundo andar (roxo), utilizando os acessos externos. A intenção dos arquitetos responsáveis, do grupo Vão, é criar uma nova dinâmica para o espaço, explorando e desafiando a obra modernista. “Desde o princípio, nossa intenção foi conceber um projeto que se situasse entre o desejo de não reproduzir a coreografia espacial anterior e a necessidade de não impor uma coreografia totalmente nova, desvinculada das lógicas internas. Nossa abordagem consistiu em dialogar com a estrutura existente e as possibilidades disponíveis. Isso implicou não apenas a atenção na reutilização de materiais remanescentes de exposições passadas, mas também a criação de espaços com base nos elementos construtivos que moldam o próprio Pavilhão”.
Programação pública
Como parte da experiência enriquecedora proporcionada pela 35ª Bienal, foi meticulosamente elaborada uma programação pública que abrange uma variedade de elementos, incluindo apresentações musicais, ativações de obras, performances, encontros com artistas e mesas de discussão.
A primeira semana da mostra, de 5 a 11 de setembro, foi marcada por eventos como a mesa de abertura com os curadores, Gladys Tzul Tzul e Leda Maria Martins, bem como performances de Aline Motta, Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda., Ana Pi, Benvenuto Chavajay, Guadalupe Maravilla, Luiz de Abreu, Rubiane Maia e Will Rawls. Além disso, serão realizadas ativações na obra de Ibrahim Mahama, envolvendo tanto os artistas da exposição quanto os curadores. A obra “Sauna Lésbica” também terá sua ativação, acompanhada por palestras, conversas e uma festa. Outras atividades incluem um workshop com Tejal Shah, ativações nas obras de Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, ativação da obra de Denise Ferreira da Silva, com presença de Sadiya Hartmann, uma palestra sobre Wilfredo Lam ministrada por Jacques Lenhard, e um concerto com Niño de Elche. Mais informações e inscrições podem ser feitas aqui.
Veja abaixo o que será preparado para o público ao longo dos três meses de exposição:
Performances e ativações de obras | As participações de Aline Motta, Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda., Ana Pi, Benvenuto Chavajay, Davi Pontes e Wallace Ferreira, Denilson Baniwa, Guadalupe Maravilla, Inaicyra Falcão, Luiz de Abreu, Marilyn Boror Bor, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Niño de Elche, Ricardo Aleixo, Rubiane Maia, Sauna Lésbica, The Living and the Dead Ensemble, Ventura Profana e Will Rawls envolvem a realização de performances e ativações ao longo de todo o período expositivo. Acompanhe a programação em 35.bienal.org.br/agenda.
Mesas e oficinas | Para esta Bienal, a programação de conversas e oficinas é bastante intensa e importante. Não deixe de conferir as atividades que envolvem convidados especiais no auditório do Pavilhão e nos espaços das obras de Cozinha Ocupação 9 de Julho – MTSC, Denise Ferreira da Silva, Denilson Baniwa, Ibrahim Mahama, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, e na Sauna lésbica.
Programa de ativações da equipe de educação | Os encontros contam com diversas atividades, como conversas com convidados, coreografando novos movimentos da publicação educativa, além de ativações de obras da exposição e visitas temáticas. Acompanhe a progamação em 35.bienal.org.br/educação.
A programação pública da 35ª Bienal é apoiada pela Open Society Foundations.
Histórias da Bienal
A Bienal reafirma seu compromisso de estender sua programação para além do Pavilhão. Em uma colaboração conjunta entre a Fundação Bienal de São Paulo e o canal Arte1, com apresentação da Bloomberg, o programa Histórias da Bienal está pronto para apresentar uma série de relatos inéditos ao público em geral. Com seis episódios de meia hora cada, o programa aborda temas que vão desde a criação da Bienal, a relação entre arte e política, a participação de povos originários nas exposições até o papel dos curadores na arte contemporânea e a presente edição. A série estreou dia 3 de setembro no Arte1, com lançamentos semanais, e também pode ser vista, a partir dessa data, no Arte1 Play, no YouTube da Fundação Bienal e no espaço de estudos da 35ª Bienal, no terceiro pavimento. Além disso, o material será continuamente utilizado pela equipe de educação da Fundação Bienal em ações de difusão.
José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal, expressa o significado dessa iniciativa: “O meio audiovisual continua sendo uma das maneiras mais eficazes de se conectar com o público e, aqui na Bienal, temos muito a compartilhar. Somos um dos eventos culturais mais reconhecidos globalmente e detentores do título de segunda Bienal mais antiga do mundo. Possuímos um estoque abundante de histórias a serem compartilhadas, as quais, sem dúvida, despertarão a curiosidade e o orgulho do público em relação à trajetória singular da Bienal e sua significância e esperamos que, também, sirvam como um convite a visitar a 35ª edição da mostra.”
Publicações
O catálogo da 35ª Bienal possui 352 páginas e abrange textos e imagens das obras dos 121 participantes desta edição, incluindo contribuições exclusivas dos artistas, bem como ensaios escritos por autores convidados e pelos curadores. O guia da 35ª Bienal, composto por 288 páginas, também reúne textos e imagens das obras dos participantes, e está disponível para compra na Livraria da Travessa e na Loja da Bienal, localizadas no térreo. Adicionalmente, o folder-mapa, fornecido gratuitamente no balcão de informações do térreo, contém o mapa da exposição juntamente com informações úteis aos visitantes.
Este ano, a Bienal introduz uma novidade igualmente gratuita: a distribuição mensalmente atualizada da agenda de programação pública, publicação criada dada a importância dos eventos que acompanham esta edição.
Compõem o rol de publicações lançadas o segundo movimento da publicação educativa da 35ª Bienal, que será lançado no dia 14 de setembro às 19h em conversa aberta com a artista Rosana Paulino. Intitulado “meu modo de pensar é um pensar coletivo/antes de estar em mim, já esteve nelas”, o segundo movimento conta com contribuições de Rosana Paulino, Sueli Carneiro, Geni Núñez e Kênia França, bem como de artistas participantes desta edição.
Visitas mediadas | Em uma experiência de visita mediada, um profissional da Bienal atua como um guia que não apenas explora as obras em exposição, mas também cria um diálogo enriquecedor com os visitantes, estabelecendo uma genuína troca de conhecimentos e percepções. As visitas mediadas desdobram-se em uma variedade de abordagens: podem ser agendadas previamente para grupos, realizadas de maneira espontânea nos horários designados ou até mesmo iniciadas pelos próprios visitantes, que têm a oportunidade de se dirigirem aos mediadores nos espaços dedicados à intermediação. Saiba mais sobre o programa de mediação aqui.
A Bienal em áudio: audioguia inclusivo da 35ª Bienal | Com vozes de Dandara Queiroz, Isa Silva, Luanda Vieira, Renan Quinalha e Stephanie Ribeiro, o audioguia inclusivo da 35ª Bienal passa por vinte obras que compõem a mostra. Ao seguir o percurso proposto – desde a obra “Parliament of Ghosts” [Parlamento de fantasmas], de Ibrahim Mahama, na entrada da exposição, até “Outres”, de Daniel Lie, no andar roxo –, o visitante será guiado por todo o Pavilhão. Cada uma das faixas apresenta histórias relacionadas às obras e comenta os processos dos participantes. Como é um audioguia inclusivo, ele também está disponível em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os conteúdos podem ser acessados pelo site 35.bienal.org.br/audioguia ou pelos QR Codes disponibilizados nas legendas das obras selecionadas.
Acessibilidade e inclusão | Além das visitas mediadas e do audioguia da 35ª Bienal, há outras iniciativas de inclusão, todas planejadas com o apoio da consultoria especializada em acessibilidade Mais Diferenças.
Textos em braile e em fonte ampliada | A Fundação Bienal preparou um percurso acessível para pessoas cegas e com baixa visão, que pode ser complementado por textos curatoriais e textos sobre as obras impressos em braile e em versão com fonte ampliada e contraste. Basta procurar os espaços de educação – mediação para ter acesso ao material.
Maquetes táteis | No espaço de educação – mediação do andar verde, o visitante encontra maquetes táteis do Parque Ibirapuera e do Pavilhão Ciccillo Matarazzo para auxiliar na compreensão das dimensões do edifício.
Cartaz e plantas táteis | Em cada andar, o visitante encontra uma planta tátil do espaço e versões táteis do cartaz da mostra, desenhado pela artista Nontsikelelo Mutiti.
Acessibilidade física | A Bienal conta com elevadores, rampas de acesso, banheiros adaptados e sistema de sonorização de emergência. Além disso, cadeiras de rodas são disponibilizadas para uso durante as visitas – basta pedir a um orientador de público na entrada do Pavilhão.
Guia digital | Para facilitar a experiência de visitação da mostra, a Fundação Bienal firmou uma parceria com a Bloomberg Connects, um aplicativo gratuito com guias para mais de duzentos museus e espaços culturais por todo o mundo. Basta baixar o aplicativo para ampliar sua visita com informações e detalhes sobre esta Bienal, como textos, fotos e vídeos sobre os participantes e suas obras, assistir a vídeos sobre arte contemporânea, descobrir a localização dos participantes na mostra e acompanhar a programação pública.
Vozes Bienal | Com um grupo de 32 embaixadores virtuais conhecidos como Vozes, a Bienal ecoa seus valores no mundo digital e reflete sobre os assuntos trazidos à tona pelas obras e pelos participantes da mostra. Acesse nossos destaques no Instagram e conheça as Vozes: Ana Carolina Ralston, Ana Hikari, Astrid Fontenelle, Bárbara Alves, Dandara Queiroz, Djamila Ribeiro, Facundo Guerra, Fernanda Simon, Gilson Rodrigues, Isa Silva, Janaron Uhãy Pataxó, Johanna Stein, Kananda Eller, Kevin David, Laís Franklin Vieira, Luanda Vieira, Luísa Matsushita, Luiza Adas, Mari Stockler, Maria Carolina Casati, Maria Prata, Mel Duarte, Paulo Borges, Rachel Maia, Regina Casé, Renan Quinalha, Rita Carreira, Sabrina Fidalgo, Stefano Carta, Stephanie Ribeiro, Thai de Melo, Vivi Villanova.
Campanha publicitária | Com o slogan “Bienal de São Paulo: o ponto de encontro de todos os pontos de vista”, a campanha publicitária da 35ª Bienal de São Paulo, elaborada pela agência DOJO e produzida pela Iconoclast, estará presente em todos os principais meios de comunicação e na cidade. Com o objetivo de destacar o Pavilhão como um espaço de encontros diversos, a campanha utilizará a linguagem em primeira pessoa das redes sociais (o POV) para ilustrar como a mostra acolhe uma ampla variedade de interações com a arte.
Sobre a Fundação Bienal de São Paulo | Fundada em 1962, a Fundação Bienal de São Paulo é uma instituição privada sem fins lucrativos e vinculações político-partidárias ou religiosas cujas ações têm como objetivo democratizar o acesso à cultura e estimular o interesse pela criação artística. A Fundação realiza a cada dois anos a Bienal de São Paulo, a maior exposição do hemisfério Sul, e suas mostras itinerantes por diversas cidades do Brasil e do exterior. A instituição é também guardiã de dois patrimônios artísticos e culturais da América Latina: um arquivo histórico de arte moderna e contemporânea que é referência na América Latina (Arquivo Histórico Wanda Svevo), e o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, sede da Fundação, projetado por Oscar Niemeyer e tombado pelo Patrimônio Histórico. Também é responsabilidade da Fundação Bienal de São Paulo a tarefa de idealizar e produzir as representações brasileiras nas Bienais de Veneza de arte e arquitetura, prerrogativa que lhe foi conferida há décadas pelo Governo Federal em reconhecimento à excelência de suas contribuições à cultura do Brasil.
35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível
Curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel
6 setembro – 10 dezembro 2023 ter, qua, sex, dom: 10h – 19h (última entrada: 18h30); qui, sáb: 10h – 21h (última entrada: 20h30)
Pavilhão Ciccillo Matarazzo Parque Ibirapuera · Portão 3
Entrada gratuita.
(Fonte: Index Conectada)
O Museu de Arte Urbana de Belém começou a ganhar forma no último dia 5 de setembro, quando 21 artistas visuais iniciaram o trabalho de grafitagem nos muros, fachadas e paredes de prédios localizados no Complexo do Ver-o-Rio. A iniciativa é uma ação voltada para a valorização e fortalecimento do movimento conhecido como street art (arte urbana), mas também integra uma série de eventos que vêm aquecendo o turismo na região amazônica em ritmo de prévia do que será a COP 30 – a capital paraense foi escolhida a sede do maior evento sobre mudanças climáticas em 2025.
Serão cerca de 15 dias de grafitagem no MAUB, que promete ser um dos maiores museus a céu aberto do país. Os artistas que terão sua arte gravada nos espaços foram selecionados via edital publicado no site. O chamamento também incluiu, dentre as atividades a serem realizadas pelos contemplados, 14 oficinas de arte urbana para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, visitas guiadas gratuitas e um festival de música. A inauguração do complexo de obras está prevista para 24 deste mês com um grande festival de música e gastronomia.
O projeto foi aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e patrocinado pelo Instituto Cultural Vale e pelo Nubank, e conta com o olhar do renomado fotógrafo e curador de arte William Baglione. “Além da altíssima qualidade dos artistas, conseguimos fazer um line-up inclusivo: são 12 nortistas, amazônidas, três nordestinos, quatro sudestinos, um sulista e um centro-oestino. As mulheres também são maioria: 12 mulheres e nove homens”, diz Baglione. “Foi muito interessante fazer a curadoria a partir de um edital público, porque apesar de termos convidado vários deles a se inscreverem, outros foram ótimas surpresas”.
Na foto (de Vam Gonçalves), o artista Santareno Kadois em ação no projeto Street River Brasil na ilha do Combu, Belém, 2022; ele foi um dos 21 artistas selecionados para o MAUB.
Foram levados em consideração, além da qualidade artística, a experiência, estilo e perfil de cada artista. Baglione ressalta que o maior painel medirá impressionantes 22 metros de altura por 56 de largura, demandando um artista experiente, cujo estilo seja compatível com o tamanho da obra.
Gibson Massoud, da Sonique Produções, responsável e idealizador do projeto, conta que agora seus esforços estão no festival do dia 24 de setembro: “Ao mesmo tempo em que uma parte da equipe está focada em dar todo o apoio aos artistas, outra está fazendo a curadoria do festival, que vai inaugurar o MAUB no dia 24 com muita música e gastronomia. Além, é claro, de um período de visitas guiadas pelas obras e oficinas para jovens em situação de vulnerabilidade social”.
Confira os artistas selecionados no site.
(Fonte: 2Pró Comunicação)
No dia 1º de setembro, a Companhia de Teatro Heliópolis estreou o espetáculo “Quando o Discurso Autoriza a Barbárie” no Sesc Belenzinho. Com encenação de Miguel Rocha, a montagem coloca em cena fragmentos de períodos históricos do Brasil que elucidam as barbáries praticadas pelo Estado, “justificadas” e naturalizadas pelo discurso político nas mais diferentes esferas públicas e que continuam sendo direcionadas aos mesmos corpos.
O espetáculo é resultado de pesquisa da Companhia de Teatro Heliópolis sobre como o Estado brasileiro, há mais de cinco séculos, desde o início da colonização portuguesa até o atual cenário político-social, vem autorizando a barbárie e seus atravessamentos justificando privilégios, hierarquias e opressões. A Companhia compreende que investigar as origens da violência social implica compreender como a história se repete: primeiro, como tragédia; depois, como farsa, conforme Karl Marx já assinalara.
“Quando o discurso autoriza a barbárie” desvela, em cena, muito desse conjunto de visualidades e enunciados que sustenta a violência estatal e institucional no Brasil contemporâneo. Ao radicalizar a pesquisa ético-estética desenvolvida nos últimos anos, a Companhia de Teatro Heliópolis aposta numa encenação híbrida apoiada no desdobramento de imagens-síntese, em que os corpos das atrizes e dos atores em diálogo com o próprio espaço cênico e suas materialidades compõem o eixo dramatúrgico principal. E assim põe em xeque a organização lógica de eventos que compõem a história oficial do Brasil.
O desafio de construir uma dramaturgia sem o texto propriamente dito traz uma abordagem nova para essa reflexão. Enquanto criadores, os integrantes da companhia aprofundam na linguagem do corpo, constroem partituras com ações corporais e jogo relacional que potencializa a simbologia da violência, considerando que apenas a palavra pode já não ser elemento suficiente para expor o discurso de forma contundente.
A construção poética das cenas, em narrativa não linear, surpreendem pela concretude, pela força e sutileza ao conjugar ações físicas, atitudes, gestos e sequências corográficas, onde a iluminação (Guilherme Bonfanti) em perfeita harmonia com a música e o canto (trilha sonora original criada por Peri Pane) tem papel fundamental. A encenação lança mão também de artifícios como vídeos e áudios gravados para compor a dramaturgia. “A investigação do espetáculo constata que a barbárie e a violência sempre foram patrocinadas pelo Estado, desde a exploração e dizimação dos indígenas, do uso mão escrava, da exploração das riquezas naturais a qualquer custo e da repressão na ditadura militar. Para discutirmos essas e outras questões sociais, culturais e políticas contemporâneas, precisamos voltar o olhar para o passado, para a origem, pois elas sempre estiveram presentes”, comenta o encenador Miguel Rocha.
A Companhia de Teatro Heliópolis | Com 13 trabalhos no repertório, a Companhia de Teatro Heliópolis é um grupo atuante reconhecido nacionalmente que realiza trabalho ininterrupto e consistente desde o ano 2000 em Heliópolis, uma das maiores favelas da capital paulistana. Em 2022, o espetáculo “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos” foi agraciado com os prêmios: APCA – categoria Dramaturgia, indicado também em Direção; Prêmio SHELL de Teatro – categorias Dramaturgia e Música, indicado também em Direção; VI Prêmio Leda Maria Martins – categoria Ancestralidade e ainda indicado pela Folha de S. Paulo como um dos Melhores Espetáculos de 2022. O grupo, como artistas e também moradores da região, tem estabelecido diálogo vivo e dinâmico com o local onde atua.
FICHA TÉCNICA – Concepção e encenação: Miguel Rocha. Provocação dramatúrgica: Alexandre Mate. Provocação cênica e texto para programa: Maria Fernanda Vomero. Elenco: Álex Mendes, Anderson Sales, Dalma Régia, Davi Guimarães, Fernanda Faran, Isabelle Rocha e Walmir Bess. Direção de movimento e estudo da Ideokinesis: Érika Moura. Direção musical: Peri Pane. Trilha sonora: Peri Pane e Otávio Ortega. Músicos (ao vivo): Alisson Amador e Jennifer Cardoso. Iluminação: Guilherme Bonfanti. Assistência de iluminação: Giorgia Tolaini. Cenografia: Eliseu Weidi. Figurino: Samara Costa. Assistência de figurino: Paula Knop. Preparação vocal: Bel Borges e Edileuza Ribeiro. Dança: Sayô Pereira e Flávia Scheye. Organização de roteiro e edição de vídeo: Gabriel Fausztino. Animação: Teidy Nakao. Sonoplastia e operação de som: Lucas Bressanin. Operação de luz: Nicholas Matheus. Operação de vídeo: Allysson do Nascimento. Canções originais: “Invento” (Eunice Arruda e Peri Pane), “Canto da Partida” (Lucina e Peri Pane), “Liquidação Total” (Peri Pane), “Sobre os Ossos” (Marion Hesser e Peri Pane), “Coro” (Edileuza Ribeiro). Participações: Catarina Nimbopy’rua, Edileuza Ribeiro e Tata Orokzala. Estúdio / gravação de trilha: Estúdio 100 Grilos, por Otávio Ortega. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Assessoria Jurídica: Martha Macrus de Sá. Fotografia: Rick Barneschi. Direção de produção: Dalma Régia. Idealização e produção: Companhia de Teatro Heliópolis. Realização: Sesc São Paulo.
Serviço:
Espetáculo “Quando o Discurso Autoriza a Barbárie” com a Companhia de Teatro Heliópolis
Temporada: 1º de setembro a 1º de outubro de 2023
Horários: sexta e sábado, às 20h, e domingo e feriado, às 17h
Local: Sala I (120 lugares) – com acessibilidade.
Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia-entrada) e R$10,00 (credencial Sesc)
Duração: 90 minutos. Classificação: 16 anos. Gênero: Experimental.
Instagram: ciadeteatroheliopolis | Facebook: companhiadeteatroheliopolis
Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho – São Paulo / SP
Telefone: (11) 2076-9700 | Belenzinho.
Estacionamento: de terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$5,50 a primeira hora e R$2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$12,00 a primeira hora e R$3,00 por hora adicional.
Transporte Público: Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m).
(Fonte: Verbena Assessoria)
A Terra Indígena Caititu, território do povo Apurinã, é um refúgio que estoca e absorve carbono da atmosfera em Lábrea, cidade do sul do Amazonas, que é a primeira no ranking das 50 cidades brasileiras que mais desmataram nos últimos quatro anos, segundo levantamento recente do MapBiomas. Próxima ao centro do município e cercada pelo desmatamento, o povo Apurinã implementou 37 unidades de Sistemas Agroflorestais (SAFs), distribuídas em 21 aldeias em seu território, somando uma área de 41,6 hectares, que estão em plena produção de frutos, feijões, tubérculos e outros alimentos.
Os SAFs são uma modalidade de plantio agroecológico que produz alimentos sem desmatar ou usar agrotóxicos. É uma iniciativa que contribui para a remoção de gases de efeito estufa da atmosfera e conserva ecossistemas, além de garantir segurança alimentar e geração de renda por meio da comercialização dos produtos e subprodutos obtidos. A implementação dos sistemas agroflorestais protagonizada pelo povo Apurinã é apoiada pelo projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN), com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal.
Maria dos Anjos e Marcelino Apurinã, referências na implementação de SAFs na Terra Indígena Caititu. Foto: Adriano Gambarini.
O cultivo dos SAFs auxilia também na recuperação de espaços anteriormente exauridos e transforma o ambiente. “Os SAFs já têm contribuído de maneira significativa para melhorar a qualidade do solo, a microbiota, a sensação térmica e o fornecimento de alimentos saudáveis para as aldeias”, explica Valdeson Vilaça, indigenista da OPAN e responsável pelo apoio técnico e monitoramento dos SAFs junto ao povo Apurinã.
“A gente já plantava, mas o conhecimento e a experiência do SAF enriqueceu nosso plantio, passamos a plantar vários tipos de frutas e reflorestamos a natureza. O SAF veio para abrir os olhos da gente e enriquecer nossa mente”, relata Maria dos Anjos, conhecida na Terra Indígena Caititu como a “rainha dos SAFs”.
Combate às queimadas ilegais e articulação para a proteção dos SAFs
Com a chegada do período da estiagem na Amazônia, a preocupação com queimadas ilegais aumenta, já que os incêndios impactam diretamente os sistemas agroflorestais e a saúde de todos os indígenas e das demais populações que vivem no entorno.
Grupo formado por indígenas Apurinã que atua voluntariamente no combate a incêndios florestais na TI Caititu. Foto: Francisco Padilha Apurinã.
Por isso, os Apurinã estão se articulando para a criação da 1º Brigada Indígena Voluntária Apurinã. Em um esforço conjunto entre a Associação de Produtores Indígenas da Terra Caititu (APITC), a OPAN e a Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) Médio Purus (CR – Médio Purus), os indígenas vêm realizando capacitações desde 2022 e este ano solicitaram ao Ibama/PrevFogo a aplicação da formação teórica e prática avançada para brigadistas. A solicitação está em tramitação e aguarda resposta do órgão. O trabalho do grupo formado por indígenas Apurinã e que já atua voluntariamente no combate a incêndios florestais na TI Caititu é essencial para a proteção dos SAFs.
(Fonte: DePropósito Comunicação de Causas)
O Guia para Empresas: Como Combater as Desigualdades no Brasil, elaborado pelo Instituto Ethos, reúne dez iniciativas efetivas para que as empresas no país exerçam papel de protagonismo no enfrentamento às desigualdades. As diretrizes estão em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030 da ONU) e outros compromissos e metas globais no âmbito do Pacto Nacional Pelo Combate às Desigualdades, iniciativa coletiva da qual o Instituto Ethos faz parte e que foi lançado no último dia 30 de agosto em evento no Congresso Nacional (DF). O Pacto, coordenado pela Rede ABCD – Ação Brasileira de Combate às Desigualdades – que reúne várias organizações da sociedade civil, sindicatos, entidades de classe, instâncias governamentais do Executivo e Legislativo federal, estadual e municipal, e do Poder Judiciário – tem o objetivo de construir uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável.
O Brasil possui desafios enormes no combate às desigualdades – por exemplo, a parcela 1% mais rica da população ganha 32,5 vezes mais do que a população mais pobre, segundo dados do IBGE (2022). Diante deste quadro, tornam-se urgentes ações estruturadas, tanto do setor público quanto do privado, que deem conta do enfrentamento às desigualdades do país.
“O Guia para Empresas considera as várias nuances das desigualdades no Brasil. Há disparidades regionais e de acesso à infraestrutura, como a falta de saneamento ou a exclusão digital, que afetam a dignidade e a perspectiva de vida de milhões de brasileiros e brasileiras desde os primeiros anos de vida. Mas a disparidade mais implacável se mostra nos recortes raciais e de gênero. Para dar conta desse cenário, as ações do setor privado são fundamentais”, diz Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos.
As 10 iniciativas para empresas
O Guia para Empresas: Como Combater as Desigualdades no Brasil apresenta um conjunto de ações efetivas para que as empresas exerçam a responsabilidade social no enfrentamento das desigualdades multidimensionais. O documento traz, para cada uma das iniciativas, recomendações de como agir internamente na empresa e na sua cadeia de valor, além de oferecer diretrizes para que as empresas possam contribuir com políticas públicas de combate às desigualdades.
Conheça as 10 iniciativas:
1 – Promover o trabalho decente e gerar oportunidades e renda justa – A agenda de trabalho decente surge na sociedade como um dos caminhos para alcançar a justiça social e como estratégia de combate à pobreza e à fome.
*Exemplos de como as empresas podem agir neste tema: atuando em conformidade com a legislação trabalhista (Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT) e não buscando meios de burlá-la, desenvolvendo políticas de salários dignos, de transparência às remunerações e renda justa e equitativa gerando oportunidades, entre outras iniciativas.
2 – Promover a diversidade, equidade e inclusão – A sociedade brasileira é considerada uma das mais diversas do mundo, mas essa diversidade não está representada nos principais pilares da sociedade, como na liderança das empresas e em cargos políticos.
*Exemplos de como agir: desenvolvendo políticas de diversidade, equidade e inclusão que alcancem os recortes de raça/etnia, origem, idade, gênero, pessoas com deficiência e população LGBTI+, cuja premissa básica seja a equidade; desenvolvendo postura de combate ao racismo e outras formas de discriminação e violência, como machismo, homofobia e capacitismo contra pessoas com deficiência; desenvolvendo políticas antidiscriminatórias, que acolham denúncias e atuem de forma transparente na prevenção e na responsabilização de violações de direitos, entre outras iniciativas.
3 – Combater a fome e promover a segurança alimentar – Durante a pandemia houve um acréscimo momentâneo na mobilização das empresas em torno de ações filantrópicas para distribuição de alimentos, mas as práticas corporativas podem ser mais consistentes.
*Exemplos de como agir: gerando renda digna, por ter uma questão direta com acesso à alimentação, promovendo a educação para o consumo de alimentos e estimulando o fortalecimento da agricultura familiar (pequeno produtor), entre outras iniciativas.
4 – Prevenir e combater a corrupção, fraudes empresariais e promover a transparência corporativa – Requer ações coordenadas que envolvam, além da aplicação das leis sobre o tema, a conscientização da sociedade e o engajamento do setor empresarial.
*Exemplos de como agir: aderindo ao Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção, fazendo parte de programas de fomento à integridade, integrando ações coletivas setoriais, desenvolvendo programas de integridade e conformidade dentro das empresas que se ampliem à sua cadeia de valor/produtiva, entre outras iniciativas.
5 – Promover a saúde e bem-estar – A promoção de um padrão de vida que garanta saúde e bem-estar à família é considerado um direito humano pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU).
*Exemplos de como agir: promovendo medidas de conciliação entre trabalho, família e vida pessoal, destinadas a proporcionar uma maior compatibilização entre as responsabilidades familiares e as responsabilidades laborais. São exemplos de medidas já adotadas por empresas: ampliação da licença maternidade, ampliação da licença paternidade com campanhas de conscientização sobre paternidade responsável, licenças parentais, auxílio-creche para trabalhadores e trabalhadoras, licenças para acompanhar filhos e filhas e outros familiares dependentes, flexibilidade de horário e outras acomodações para que seja cumprido o direito da criança à amamentação, entre outras iniciativas.
6 – Fortalecer o acesso à educação – Para pensar em estratégias de diversidade, equidade e inclusão, as empresas podem avaliar práticas que antecedem o mercado de trabalho, como incentivar e fortalecer os espaços educacionais.
*Exemplos de como agir: desenvolvendo programas de bolsas de estudo para estudantes de baixa renda e oportunidades de estágio para jovens em situação de vulnerabilidade social, garantindo acesso a experiências práticas e oportunidades de aprendizado e desenvolvimento para as juventudes, estabelecendo parcerias com escolas, universidades, cursinhos populares e organizações não governamentais que trabalham com educação em comunidades de baixa renda, entre outras iniciativas.
7 – Promover a gestão responsável e transparente da cadeia de valor – Expandir a atuação da responsabilidade social e ambiental para a cadeia de valor multiplica o alcance e o potencial transformador das empresas.
*Exemplos de como agir: implementando o mapeamento de riscos em consonância com as legislações e marcos internacionais capazes de evidenciar potenciais riscos de violação de direitos e permitir a construção de diretrizes, políticas e práticas empresariais, desenvolvendo o pensamento de prevenção a todo e qualquer risco potencial na cadeia de valor, desenvolvendo a responsabilidade em casos de violações de direitos na cadeia de valor, contribuindo com processos de investigação e dando transparência às tomadas de decisões, entre outras iniciativas.
8 – Conservar os ecossistemas e combater o desmatamento – As empresas têm papel crucial na implementação e fortalecimento de práticas que visam a redução do desmatamento.
*Exemplos de como agir: estabelecendo compromissos de desmatamento ilegal zero nas cadeias de valor; investindo em práticas sustentáveis, estabelecendo parcerias com comunidades locais, povos indígenas e organizações da sociedade civil para promover o desenvolvimento sustentável em áreas de uso coletivo, entre outras iniciativas.
9 – Promover a justiça climática – Combater as desigualdades sociais deve levar em consideração o avanço da mudança do clima sobre as dinâmicas dos territórios.
*Exemplos de como agir: reduzindo o seu impacto de acordo com compromissos internacionais: Acordo de Paris e Acordo de Escazú, analisando os impactos da sua empresa, ou seja, o quanto sua empresa vem contribuindo para a acentuação da mudança do clima e das desigualdades sociais, como emissões de gases de efeito estufa, desmatamento ilegal na empresa e na cadeia de valor, supressão de biodiversidade e descarte incorreto de rejeitos; advogando junto a sua cadeia de valor para redução do impacto ambiental nos territórios em que sua empresa e fornecedores estão inseridos, entre outras iniciativas.
10 – Fortalecer a democracia no país – A defesa e o fortalecimento da democracia são de responsabilidade de todos os atores sociais.
*Exemplos de como agir: posicionando a importância e defesa da democracia como base social para a garantia dos direitos e da dignidade humana para todo mundo, colaborando com governos, organizações da sociedade civil e outras partes interessadas no enfrentamento de desafios sociais de maneira conjunta, entre outras iniciativas.
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Sobre o Instituto Ethos | O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é a organização da sociedade civil brasileira pioneira na mobilização de empresas por uma atuação justa e responsável. O Ethos nasceu ASG (ESG), pois desde 1998, as pautas da responsabilidade social, da ética e da sustentabilidade guiam todas as suas atividades. O Instituto desenvolve indicadores para auxiliar as empresas a compreenderem a sua situação e os caminhos para se tornarem mais diversas, inclusivas e éticas. Com mais de 400 associadas, o Ethos realiza diversas atividades de advocacy colaborativo como a coordenação da Conferência Brasileira de Mudança do Clima ao lado das principais organizações do setor, além de desenvolver estudos que norteiam as práticas empresariais e políticas públicas, como o desenvolvimento do Perfil das 1100 maiores empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas (2023/2024).
(Fonte: Analítica Comunicação)