De acordo com Dr. Matheus Trilico, especialista no tratamento de adultos com TEA, é hora de desconstruir estereótipos ultrapassados


São Paulo
Uma das mais tradicionais mostras coletivas de arte contemporânea do circuito paulista, a 53ª Anual de Arte FAAP fica em cartaz até 17 de março de 2024 no Salão Cultural MAB FAAP, em Higienópolis, em São Paulo.
A seleção reúne 44 trabalhos de 31 alunos e alunas do Centro Universitário Armando Alvares Penteado FAAP nas mais variadas linguagens, meios e suportes artísticos. As obras foram selecionadas por uma comissão formada pelos professores Georgia Kyriakakis, Luana Fortes, Marcos Moraes e Thiago Honório, a partir das 173 inscritas pelos estudantes. Os critérios de seleção levam em consideração a qualidade das obras, o caráter experimental, o domínio das linguagens utilizadas e a coerência com os referenciais da contemporaneidade.
Os alunos e alunas do Centro Universitário Armando Alvares Penteado FAAP selecionados são Ana Mae Kawakami, Ana Luiza Lima Sasaki, Ana Pacheco Gavião, Agnaldo Bauerman Schunck Junior, Beatriz Freitas Fernandes Távora Filgueiras, Carolina Basile Heise, Carolina Sommer Guidotti, Clara Helena Sobieski Tafner, Cora Pereira Hors, Daniela Eorendjian Torrente, Giovanna Freire Ferrante Mussolin, Isabela Martinez Vatavuk, Joana de Fátima Barreto, Juliana Fernandes Berto, Laura Garjulli Agresti, Lev Preiori Serodio Conehero, Luisa Cal Burza, Luiza Corá Buso, Manuela Julian Gontijo Alves Pinto, Marina Schmidt Kehl, Maria Tereza Thomaz Bomfim, Maria Vitória Accorsi Rausch Souto, Miguel Pongitor Galan, Nicole Ribeiro Morsa, Raquel Liberman Lopes, Rayane Gomes Borges, Rodrigo Dishchekenian Lahoud, Samanta Franco Martins, Tarsila Freire D’Abronzo, Tomás Martos Hernandez e Thomas Yassuda Braeckman.
Realizada pela primeira vez em 1965, a exposição tem por objetivo incentivar, estimular e divulgar a atividade artística como manifestação integradora da visualidade contemporânea, reunindo trabalhos em diferentes linguagens, suportes e materiais, como pinturas, desenhos, vídeos, performances, gravuras, fotografias, tridimensionais e publicações, entre outras formas de práticas e manifestações artísticas, privilegiando um caráter experimental.
Artistas convidadas
Esta edição contará com a presença de duas artistas convidadas: Isabella Beneducci e Rafaela Foz, que participaram do programa da Residência Artística FAAP – Paris. O Programa de residência da FAAP seleciona todo semestre estudantes, artistas formados pela instituição ou professores para ocupar o estúdio 1422, que a instituição mantém desde 1997 na Cité Internationale des Arts, uma residência internacional localizada às margens do Rio Sena.
O conjunto de trabalhos de Isabella Beneducci que integram a sala especial das artistas convidadas, reúne desenhos, diários, anotações visuais, registros fotográficos, amuletos e objetos pessoais. “Todos os trabalhos têm em comum um tempo específico, atravessado por episódios políticos e pessoais, como as eleições de 2022 no Brasil ou o momento de partida para a cidade de Paris. Os trabalhos transitam entre a guerra e o cuidado, o grito e o mistério, a irmandade e o inimigo. É também uma exposição-saudação às forças, presenças e lutas alicerçadas e conjugadas no feminino”, afirma Isabella.
Rafaela Foz participou, neste ano, do programa que a Residência Artística FAAP – Paris, que a Fundação mantém na Cité Internationale des Arts, em Paris, onde pesquisou a iconografia da mulher que lê, além de investigar essa produção imagética no decorrer da história, como a alfabetização da mulher, sua independência intelectual e a difusão dos romances, entre outros aspectos. Parte da produção resultante da pesquisa será apresentada na sala especial das artistas convidadas da 53ª Anual de Arte FAAP. São trabalhos que tomaram forma a partir dessa pesquisa e da experiência de viver por oito meses na capital francesa.
A artista utiliza referências de pinturas dos séculos 17, 18 e 19 para produzir um livro de artista e objetos; utiliza, ainda, fragmentos e cenas de filmes e de arquivos para produzir obras em formatos diversos, como o livro de artista, objeto, colagem e vídeo.
Além da produção artística das convidadas, serão apresentados materiais processuais documentando a pesquisa desenvolvida pelas artistas ao longo dos seis meses em que estiveram em residência. Essa prática, convite das artistas, ocorre em todas as edições desde 2008, com uma coletiva, e desde 2009, com convidadas duplas (ou individuais em casos especiais).
Premiação
Entre os trabalhos selecionados serão distribuídos sete prêmios: três bolsas de estudo de 90%, duas bolsas de estudo de 75% e duas bolsas de estudo de 60%, válidas para o ano seguinte ao da premiação em cursos de graduação, pós-graduação e extensão. Além disso, dentre os premiados, uma comissão indicada pela Fundação, incluindo representante do MAB, escolherá trabalhos que passarão a integrar a coleção do Museu.
“O programa de exposição – já que podemos compreendê-lo nessa condição pela proposta, longevidade e atividades em que atua – pode ser entendido como forma de privilegiar o potencial experimental, criador e de valorização da diversidade, diretamente conectado com o projeto institucional da Fundação Armando Alvares Penteado como incentivadora e apoiadora da produção artística e cultural”, explica o professor Marcos Moraes, coordenador do curso de Artes Visuais da FAAP e da mostra.
53ª Anual de Arte FAAP
Período de visitação: até 17 de março de 2024
Horário: segundas, quartas, quintas e sextas das 10h às 18h – última entrada às 17h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h – última entrada às 17h30. Fechado todas as terças-feiras, mesmo quando feriado.
Local: Salão Cultural – MAB FAAP (Rua Alagoas, 903 – Higienópolis – São Paulo – SP)
Informações: (11) 3662-7198
Entrada gratuita
Redes sociais: Armando Alvares Penteado FAAP @nafaap | Museu de Arte Brasileira @mabfaap
(Fonte: Marmiroli Comunicação)
No próximo dia 24 de fevereiro, às 15h, a Casa Museu Ema Klabin entra no ritmo de Carnaval com o espetáculo “A sombra e a sombrinha”, com o grupo Cia. Casa de Farinha. Integrando versos, gingados, mamulengos, cordéis e cirandas, o espetáculo celebra a história do frevo desde os tempos das ruas de Recife e Olinda até os dias atuais.
Considerada uma das principais danças tradicionais brasileiras, o frevo é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas (Unesco), com objetivo de proteger essa tradição do Nordeste brasileiro para que ela se mantenha viva.
Sobre a Cia. Casa de Farinha | A Cia. Casa de Farinha atua com artistas, educadores e brincantes utilizando a linguagem do teatro de rua, com brincadeiras, cordéis e mamulengos. O grupo é formado pelo educador e multiartista Jorge Luciano da Silva, mais conhecido como mestre Fofão; Rodrigo Cristalino (sanfona) e Robson Petezera (percussão).
Serviço:
Espetáculo de frevo com a Cia. Casa de Farinha – A Sombra e a Sombrinha
sábado, 24 de fevereiro de 2024 – 15h
100 lugares (ocupação por ordem de chegada)
Rua Portugal, 43 – Jardim Europa – São Paulo, SP
Entrada franca*
Acesse as redes sociais
Instagram: @emaklabin
Facebook: https://www.facebook.com/fundacaoemaklabin
Linkedin: https://www.linkedin.com/company/emaklabin/?originalSubdomain=br
YouTube: https://www.youtube.com/c/CasaMuseuEmaKlabin
Site: https://emaklabin.org.br
Vídeo institucional: https://www.youtube.com/watch?v=ssdKzor32fQ
Vídeo de realidade virtual: https://www.youtube.com/watch?v=kwXmssppqUU
*Como em todos os eventos gratuitos, a Casa Museu Ema Klabin convida quem aprecia e pode contribuir para a manutenção das suas atividades a apoiar com uma doação voluntária via pix: 51204196000177.
PROGRAMA
1 – Cabelo de fogo – Maestro Nunes
2 – Cordel – Rodrigo Cristalino
3 – Valentões – Jorge Fofão
4 – Cordel – Rodrigo Cristalino
5 – Marinheiro só – Clementina de Jesus
6 – Cordel – Rodrigo Cristalino
7 – Capiba – Jorge Fofão
8 – Madeira que cupim não rói – Capiba
9 – De chapéu de sol aberto – Capiba
10 – Vassourinha – Matias da Rocha
11 – Cirandas de domínio público: Praia do Janga | Cirandeiro | Minha ciranda | Achei bom bonito | Tava em Recife.
(Fonte: Mídia Brazil Comunicação Integrada)
O espetáculo-filme “De Piaf a Elis: música e dança flamenca no cinema” é uma emocionante jornada que atravessa fronteiras culturais, unindo os universos da música brasileira e francesa por meio das inigualáveis interpretações das cantoras Edith Piaf e Elis Regina. Sob a idealização de Luciano Câmara, Renata Chauvière e da bailarina franco-israelense Sharon Sultan, esta produção é um convite desafiador para explorar as paixões nacionais e os ícones que simbolizam nações e povos. O filme, além de explorar caminhos sensoriais, mergulha em abordagens híbridas, incorporando o movimento com a força da música e da dança flamenca. Ciça Salles, Andressa Abrantes e Tatiana Bittencourt, artistas solistas brasileiras com experiência internacional, revelam a complexidade artística do espetáculo de modo peculiar.
Com direção de Elissandro de Aquino, a montagem teve sua estreia marcante em 2017, no Teatro Maison de France e na Sala Municipal Baden Powell – Residência Artística de João Donato – no Rio de Janeiro, com lotação esgotada. Devido ao grande sucesso, foi programada uma nova edição; porém, precisou ser readequada por conta da Pandemia. Assim, saiu do palco do teatro e foi criada uma linguagem para o cinema. Agora, a Première chega à tela grande no dia 26 de fevereiro, segunda-feira, às 21h, no Estação Net Botafogo, apenas para convidados. As sessões abertas ao público acontecerão no dia 29 de fevereiro, quinta-feira, às 13h e às 18h, na Sala Mário Tavares, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Aquino destaca a dificuldade daquele período: “Entramos em estúdio com todas as precauções e seguranças de um período em que se relacionar poderia ser nocivo. Havia um misto de emoção: uma alegria, uma esperança de um retorno, mas ao mesmo tempo, medo. O que, de alguma forma está impresso no filme. Produção e direção partiram para reuniões virtuais e formataram o projeto. O primeiro encontro, com a equipe do Brasil, se deu no estúdio onde foi feito o registro para o cinema. A parte coreografada foi filmada no ateliê do cenógrafo e artista plástico Sergio Marimba, no Rio Comprido, no Rio. O espaço se tornou uma instalação para as performances das bailarinas que dançam as músicas: ‘Fascinação’, ‘La Vie en Rose’, ‘Me Deixas Louca’, ‘Ne me quitte pas’, ‘Atrás da Porta’, ‘L’accordeoniste’, ‘Dois pra lá Dois pra cá’, ‘Hymn a l’amour’ e ‘Non, Je ne Regrette Rien’, entre outras, e ganham versões inéditas ao assumir peculiaridades do flamenco, que em 2010 recebeu o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco”.
“O flamenco abarca em seu canto, toque e dança tanto a alegria quanto o desespero, tanto a agressividade quanto a suavidade, tanto o amor quanto a solidão. Temas igualmente presentes nas canções de Edith e de Elis. Uma novidade foi a inclusão da música ‘Onze Fitas’, canção de Fátima Guedes em diálogo com ‘Menino’, de Ronaldo Bastos e Milton Nascimento. Esse encontro incomum e inusitado abre brechas para explorar caminhos sensoriais, revisitar a pátria num projeto híbrido composto por pintura em cena aberta, cordas, acordeom, vozes e percussão, além de castanhola e sapateado flamenco”, ressalta o diretor musical Luciano Câmara.
Teaser: https://drive.google.com/drive/folders/1Sp09DgsFo3155E0ZJ5eg4di87qUSBzsh
Ficha Técnica
Idealização e Roteiro: Renata Chauvière, Luciano Câmara e Sharon Sultan
Direção Artística: Elissandro de Aquino
Direção Musical: Luciano Câmara
Direção de Fotografia: Lucas Loureiro
Direção de Arte: Margo Margot
Ateliê Instalação: Sérgio Marimba
Coreografias e baile: Tatiana Bittencourt, Ciça Salles e Andressa Abrantes
Músicos: Ciça Salles – voz | Bárbara Sut – voz | Luciano Câmara – violão | Georgia Câmara – percussão | João Bittencourt – acordeon | Maria Clara Valle – violoncelo
Edição: Clara Chroma
Som: Bruno Dalton
Mixagem e Masterização: João Ferraz
Assistente de Fotografia: Jhonatas Araújo
Logger: Giulia Donato
Design Gráfico: B Partes Studio
Assessoria de Imprensa: Alexandre Aquino e Cláudia Tisato
Direção de Produção: Elissandro de Aquino
Produtora Associada: Chamon Produções
Produção: Viramundo.
Serviço:
De Piaf a Elis: música e dança flamenca no cinema
Data: 26 de fevereiro (segunda-feira) – Première para convidados
Horário: 21h
Local: Estação Net Rio
Endereço: Rua Voluntários da Pátria, 35. Botafogo, Rio de Janeiro (RJ)
Lotação: 100 lugares
Data: 29 de fevereiro (quinta-feira) – aberto ao público
Sessões: 13h e 18h
Local: Sala Mário Tavares – anexo do Theatro Municipal
Endereço: Av. Alm. Barroso, 14/16 – Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Lotação: 160 lugares
Ingressos: R$40 (inteira) e R$20 (meia) por meio da plataforma Sympla
Classificação: Livre.
(Fonte: Claudia Tisato Assessoria de Imprensa)
O Pavilhão Hãhãwpuá – como é referido o Pavilhão do Brasil nesta edição da Biennale – marca sua presença na 60ª Bienal de Veneza com a exposição intitulada “Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam”, com curadoria de Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana. O título Ka’a Pûera faz alusão a duas interpretações interligadas: em primeiro lugar, ele se refere a espaços de roça que, após a colheita, ficam adormecidos, surgindo um lugar com vegetação baixa, revelando potencial de ressurgimento; além disso, a capoeira é também conhecida pelos Tupinambá como uma pequena ave que vive em florestas densas, camuflando-se no ambiente.
Nesta edição da Bienal italiana – dirigida pela primeira vez por um sul-americano, o brasileiro Adriano Pedrosa – o Pavilhão Hãhãwpuá destaca-se ao apresentar os povos originários e sua produção artística, em especial a resistência dos saberes e práticas dos habitantes do litoral. A exposição aborda questões de marginalização, desterritorialização e violação de direitos, convidando à reflexão sobre resistência e a essência compartilhada da humanidade, pássaros, memória e natureza. Glicéria Tupinambá, artista já anunciada, trabalha com a Comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro e Olivença, na Bahia, para a realização de suas obras.
Compõem também o Pavilhão obras dos artistas Olinda Tupinambá e Ziel Karapotó. “A mostra reúne a Comunidade Tupinambá e artistas pertencentes a povos do litoral – os primeiros a serem transformados em estrangeiros no seu próprio Hãhãw (território ancestral) – a fim de expressar uma outra perspectiva sobre o amplo território onde vivem mais de trezentos povos indígenas (Hãhãwpuá). O Pavilhão Hãhãwpuá narra uma história da resistência indígena no Brasil, a força do corpo presente nas retomadas de território e as adaptações frente às urgências climáticas”, afirmam os curadores.
Os Tupinambá eram considerados extintos até o ano de 2001, quando finalmente o Estado Brasileiro reconheceu que esse povo não só nunca havia sido exterminado, como está ativo na luta para reaver seu território e parte de sua cultura que fora retirada pela colonização.
“A exposição é realizada no ano em que um dos mantos tupinambá retorna ao Brasil depois de um longo período no exílio europeu, onde estava desde 1699 como um preso político. A vestimenta atravessa tempos e atualiza as problemáticas da colonização, enquanto os Tupinambá e outros povos continuam suas lutas anticoloniais em seus territórios – como Ka’a Pûera, pássaros que andam sobre florestas que ressurgem”, complementam os curadores.
Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, ressalta que “vivemos um momento de convergência entre o passado, o presente e o futuro para encontrarmos um caminho para modos de vida sustentáveis e a repactuação das relações humanas. As questões levantadas pelo trabalho dos curadores e artistas apontam para caminhos relevantes para o árduo processo que temos pela frente”.
As obras
Glicéria Tupinambá convoca os mantos de seu povo para formar a instalação “Okará Assojaba”. Okará é uma assembleia da sociedade Tupinambá cujo objetivo é criar um conselho de escuta onde se reúnem os líderes que são portadores dos mantos tupinambá: as mulheres, os pajés e os caciques. A instalação faz referência a essa assembleia ao trazer um manto tupinambá produzido por Glicéria de modo coletivo com sua família e a Comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, acompanhado por mantos/tarrafas (redes de pesca). A instalação ainda é composta por onze cartas escritas por Glicéria, assinadas em conjunto com a Associação dos Índios Tupinambá da Serra do Padeiro e enviadas aos museus que possuem mantos tupinambá e outras partes de sua cultura em seus acervos.
Em “Dobra do tempo infinito”, uma videoinstalação com sementes, terra, redes de arrasto e jererés, Glicéria Tupinambá cria conexões entre as tramas das redes de pesca e a dos trajes tradicionais. Segundo o pensamento desse povo, os cruzamentos dos pontos das redes de pesca e das vestes também conectam os tempos: aquele que é tradicional e o presente. Na obra, a artista nos convida a conhecer os mestres da sua comunidade e a dialogar com os jovens, somando mais pontos nessa dobra temporal.
Com a videoinstalação “Equilíbrio”, Olinda Tupinambá, por sua vez, amplia a voz de Kaapora – entidade espiritual vigilante da nossa relação com o planeta e que também dá nome ao projeto de ativismo ambiental conduzido por ela na Terra Indígena Caramuru. A obra apresenta um retrato da condição humana na Terra e uma discussão crítica da relação destrutiva da civilização com o planeta do qual depende. Cuidar desse planeta, interagindo de forma respeitosa com os outros seres vivos, é a única forma de nos tornarmos realmente civilizados.
Ziel Karapotó, por fim, confronta processos coloniais em “Cardume”, uma instalação que une, com uma rede de tarrafa, maracás de cabaça e réplicas de projéteis balísticos envolvidos por uma paisagem sonora com sons de rios e torés (cantos tradicionais do povo Karapotó) que se misturam a sons de disparos de armas de fogo. “Cardume” evoca a luta pelos territórios frente aos processos de genocídio que se atualizam nos últimos 523 anos, mas sobretudo reforça a resistência indígena por meio da vida: os torés afirmam a espiritualidade; a rede de pesca representa as correntezas dos rios, mares e a fartura de peixes e, finalmente, o maracá conecta os povos indígenas à terra onde vivem.
O termo Hãhãwpuá | Nesta edição, o Pavilhão do Brasil é referido pelos curadores como Pavilhão Hãhãwpuá, simbolizando o Brasil como território indígena, com “Hãhãw” significando “terra” na língua patxohã. O nome “Hãhãwpuá” é usado pelos Pataxó para se referirem ao território que, depois da colonização, ficou conhecido como Brasil, mas que já teve e tem muitos outros nomes.
Sobre a Fundação Bienal de São Paulo | Fundada em 1962, a Fundação Bienal de São Paulo é uma instituição privada sem fins lucrativos e vinculações político-partidárias ou religiosas, cujas ações têm como objetivo democratizar o acesso à cultura e estimular o interesse pela criação artística. A Fundação realiza a cada dois anos a Bienal de São Paulo, a maior exposição do hemisfério Sul, e suas mostras itinerantes por diversas cidades do Brasil e do exterior. A instituição é também guardiã de dois patrimônios artísticos e culturais da América Latina: um arquivo histórico de arte moderna e contemporânea que é referência (Arquivo Histórico Wanda Svevo), e o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, sede da Fundação, projetado por Oscar Niemeyer e tombado pelo Patrimônio Histórico. Também é responsabilidade da Fundação Bienal de São Paulo a tarefa de idealizar e produzir as representações brasileiras nas Bienais de Veneza de arte e arquitetura, prerrogativa que lhe foi conferida há décadas pelo Governo Federal em reconhecimento à excelência de suas contribuições à cultura do Brasil.
(Fonte: Index Conectada)
Mosquito transmissor da dengue cresce em ambientes com resíduos e água parada, em volumes tão pequenos quanto uma colher de chá. Foto: Joziana Paiva Barçante/Arquivo pesquisadores.
Por Joziana Muniz de Paiva Barçante — Nas últimas décadas, a incidência de dengue e de outras doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos tem aumentado em várias partes do mundo. Doença febril aguda causada por um vírus transmitido aos humanos pelas fêmeas dos mosquitos Aedes albopictus e Aedes aegypti, a dengue está presente em pelo menos 129 países, incluindo 22 países europeus.
Em 2023, foram registrados surtos significativos de dengue em países como Bangladesh, Sri Lanka, Tailândia, Vietnã, Peru e Bolívia e Brasil — este último concentrou mais de 75% de todos os casos das Américas. Para 2024 o cenário é ainda mais preocupante. Só no primeiro mês do ano, são mais de 217 mil casos já registrados, um aumento de 233% em relação ao mesmo período do ano passado.
A crise climática, sem dúvida, tem uma conexão direta com o aumento da incidência de dengue e de outras arboviroses, como Chikungunya e Zika. Isso porque temperaturas elevadas têm o potencial de estimular a eclosão dos ovos e acelerar o desenvolvimento das larvas do mosquito, reduzindo o tempo até a emergência dos adultos e sua reprodução. Além disso, a elevação da temperatura amplia a frequência de picadas pelas fêmeas.
Em climas mais quentes, a distribuição dos mosquitos no tempo e no espaço é afetada. Temperaturas mais altas favorecem a permanência dos insetos para além das estações do ano tradicionalmente mais quentes. Regiões no país consideradas, no passado, livres da dengue hoje têm um clima favorável ao desenvolvimento do mosquito, que tem uma vida dependente da água e cresce em volumes tão pequenos quanto uma colher de chá.
As condições climáticas extremas, como excesso de chuva, tempestades e inundações, podem aumentar as populações de mosquitos Aedes, pois geram poças de água rasas e paradas necessárias para sua reprodução. A seca também representa perigo, pois durante esses períodos as pessoas tendem a armazenar água em embalagens que podem servir como criadouros, aumentando o número de focos do mosquito.
Uma das estratégias do mosquito A. aegypti que favorece o aumento do número de focos é que a fêmea não deposita todos os seus ovos de uma única vez. Ela faz posturas parceladas e em diferentes locais. Assim, quanto mais embalagens, potes e outros materiais que acumulem água disponíveis no ambiente, maior a possibilidade de novos focos. Além disso, uma vez depositados, os ovos podem ficar viáveis por mais de um ano no local. Ovos podem ser postos tanto em água limpa, quanto em água poluída com resíduos químicos, incluindo sal.
As fêmeas costumam picar as pessoas de manhã e final de tarde, mas mudanças do comportamento humano fazem com que elas adotem outros hábitos. Na ausência de uma fonte de alimentação nesses horários, a fêmea se adapta e pica os indivíduos à noite. Como agravante, o uso de repelentes ou inseticidas domésticos tem sido cada vez menos eficiente. A ocorrência de insetos resistentes a diferentes grupos de inseticidas tem sido registrada em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil.
A vacina contra a dengue foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas ela não protege contra outros vírus transmitidos pelo mesmo inseto e está restrita a crianças de 10 a 14 anos. A melhor estratégia de prevenção ainda é a eliminação dos criadouros do mosquito. Mais de 75% dos focos estão dentro de casa e eliminá-los é uma responsabilidade de todos.
Sobre a autora | Joziana Muniz de Paiva Barçante é professora e pesquisadora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Biomédica (Nupeb/UFLA) e presidente do V Simpósio Brasileiro de Doenças Negligenciadas e I Simpósio Mundial de Doenças Negligenciadas.
(Fonte: Agência Bori)