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Brasil leva pela primeira vez prêmio europeu Ópera XXI com montagem do Theatro Municipal de São Paulo

Madri, por Kleber Patricio

Foto: Rafael Salvador.

A ópera “O Guarani”, produzida pelo Theatro Municipal de São Paulo em maio de 2023, acaba de ganhar o prestigioso prêmio Ópera XXI, na categoria “melhor produção de ópera latino-americana”. A honraria foi anunciada no Teatro Real de Madrid e o prêmio será concedido a Andrea Caruso Saturnino, diretora-geral do Theatro Municipal de São Paulo e idealizadora do projeto, em cerimônia na capital espanhola, no mês de outubro. Com júri composto por alguns dos mais importantes críticos de ópera internacionais, a premiação destaca produções e artistas que contribuem para a relevância da ópera no Século XXI.

“O Guarani”, composta por Carlos Gomes, teve concepção geral de Ailton Krenak, direção cênica de Cibele Forjaz, direção musical de Roberto Minczuk e foi apresentada pela Orquestra Sinfônica Municipal, Coro Lírico Municipal e Orquestra e Coro Guarani do Jaraguá Kyre’y Kuery.

(Fonte: Theatro Municipal de São Paulo)

Urbia promove edições do tour ‘3 Parques em 1 Dia’ e da Caminhada Noturna em fevereiro

São Paulo, por Kleber Patricio

Imagem: Divulgação/Urbia Parques.

A Urbia, administradora dos Parques Ibirapuera, Horto Florestal – Parque Alberto Löfgren e Floresta da Cantareira – Parque Estadual da Cantareira, segue proporcionando uma programação repleta de atividades ao ar livre para os seus visitantes. Pensando nisso, no dia 17 de fevereiro, segundo sábado do mês, será promovida mais uma edição do tour 3 Parques em 1 Dia. Já no dia 24 de fevereiro, a empresa realizará a Caminhada Noturna, um dos passeios de maior sucesso no Parque Estadual da Cantareira, que garante uma experiência imersiva nos encantos noturnos da Mata Atlântica. Veja abaixo todas as informações:

Tour 3 Parques em 1 Dia

No dia 17 de fevereiro, a Urbia realizará mais uma edição do tour 3 Parques em 1 Dia. A atividade iniciará às 8h30 com o Ibiratour, um circuito guiado completo realizado com carrinhos elétricos no Parque Ibirapuera, no qual os visitantes conhecerão mais sobre a história e curiosidades do espaço, que é considerado um dos principais pontos turísticos da capital paulista.

Após o passeio no Ibirapuera, que é opcional, os visitantes devem ir de encontro ao transporte, que estará estacionado no Portão 3 do local para dar sequência ao tour com destino ao Parque Estadual Alberto Löfgren – Horto Florestal e o Parque Estadual da Cantareira, localizados na Zona Norte de São Paulo. A saída está prevista para às 9h30 e o retorno ocorrerá entre 17h e 17h30 no Centro de Visitantes do Horto, ponto de encontro final do grupo.

Além do Ibiratour, o pacote inclui uma caminhada mediada até o Palácio do Parque Estadual Alberto Löfgren – Horto Florestal, uma visita mediada ao Museu Florestal Octávio Vecchi e caminhada pela Trilha da Pedra Grande, no Parque Estadual da Cantareira. Para os visitantes que não queiram realizar a subida a pé até a Pedra Grande, a Urbia oferece gratuitamente a opção de transporte interno em veículo motorizado.

Com vagas limitadas por dia, o pacote com todas as atividades e transporte do Parque Ibirapuera pode ser adquirido pelo site da Urbia Pass. Crianças de até 3 anos são isentas de pagamento. A atividade é livre para pessoas de todas as idades; porém, menores de 18 anos devem estar acompanhados de seus responsáveis. Caso haja mau tempo ou outras adversidades, a política de cancelamento da Urbia permite que os participantes remarquem ou cancelem o ingresso até 24h antes da data do evento.

Caminhada Noturna

Já no dia 24 de fevereiro, a Urbia realizará a próxima Caminhada Noturna no Parque Estadual da Cantareira, que se encontra em sua 14ª edição. A atividade é considerada uma das favoritas dos visitantes do espaço, que, além de terem contato profundo com a Mata Atlântica, podem desfrutar de uma vista panorâmica da cidade de São Paulo diretamente de um mirante natural com cerca de 1.010 metros de altitude. O passeio ocorrerá das 19h às 23h e será realizado pela trilha interativa da Pedra Grande.

O trajeto tem grau de dificuldade médio e totaliza 7km de distância, considerando ida e volta. Durante o percurso, que é mediado por educadores ambientais da Urbia, os participantes conhecerão as principais curiosidades sobre a fauna e flora do local, além de singularidades importantes da Mata Atlântica. Em busca de proporcionar mais comodidade aos visitantes, o café da Pedra Grande estará em funcionamento no momento do passeio comercializando salgados, snacks e bebidas.

O ponto de encontro inicial do grupo é no Centro de Visitantes do Horto Florestal, localizado ao lado do campo de futebol do Parque. Vale ressaltar que, por questões de segurança, é proibida a realização de caminhos alternativos ao roteiro definido pela Urbia. Além disso, menores de 18 anos podem participar somente com o acompanhamento de seus responsáveis.

Para garantir mais conforto a todos os participantes, é obrigatória a utilização de calçados fechados (como tênis ou botas de caminhada), calça, agasalho, garrafa de água e lanterna de mão. Em caso de mau tempo ou outras adversidades, a política de cancelamento da Urbia permite que os participantes remarquem ou cancelem o ingresso até 24h antes da data do evento.

O passeio conta com vagas limitadas e as inscrições podem ser realizadas pelo Urbia Pass. Quem optar por ir de carro poderá estacionar no local e a entrada para o estacionamento se dá pela Avenida José Rocha Viana, 62.

Transporte público, táxi ou carros de aplicativo | Quem optar pelo transporte público poderá acessar uma das linhas de ônibus que partem do Terminal Santana e Tucuruvi; as alternativas são: 2020/10 Metrô Tucuruvi – Horto Florestal (ponto final); 1018/10 Metrô Santana – Vila Rosa; e 1775/10 Metrô Santana – Vila Albertina. Já para quem for de táxi ou carros de aplicativo, o endereço é Rua do Horto, 931.

(Fonte: Urbia Parques)

“De Mãos Dadas Com Minha Irmã” reestreia conto de heroína Iorubá no Sesc Belenzinho

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Mariana Ser.

Com sessões especiais no carnaval, reestreou no dia 10 de fevereiro o espetáculo infanto-juvenil “De mãos Dadas Com Minha Irmã” em curta temporada no Sesc Belenzinho. O espetáculo, com a narração da atriz Léa Garcia (1933–2023), conta uma fábula inspirada na Orixá Obá, que dá nome à heroína da história, cuja missão é recuperar a memória e salvar seu povo de uma seca. As apresentações ocorrem nos dias 17 e 18, sábado e domingo, e encerram a temporada com as sessões dos dias 24 e 25.

Trata-se de uma história sobre irmandade feminina dirigida por Aysha Nascimento, escrita por Lucelia Sergio e com produção da Cia. Os Crespos. Com montagem que propõe uma interação entre o teatro e o audiovisual, a Cia. Os Crespos apostam em uma pesquisa de linguagem cheia de tecnologia. Lucelia Sergio é a única atriz em cena e interage com os cenários e personagens animadas, como em um “game” projetado em telas no palco.

Gestada desde meados de 2018, a peça, segundo Lucelia Sergio, representa um marco nos 19 anos de trajetória d’Os Crespos – companhia de teatro que fundou em parceria com o ator Sidney Santiago Kuanza e diversos outros artistas em 2005, quando frequentavam a Escola de Arte Dramática da USP. Após a Cia voltar-se por dois anos ao audiovisual devido ao período da pandemia, Lucelia retoma as temporadas de estreia nos palcos de São Paulo.

“Estamos com sede de palco. Esse flerte com o audiovisual foi fundamental para esse retorno, através de um espetáculo multilinguagens, com teatro, dança, música e vídeo”, afirma Lucelia Sergio, que dirigiu ao lado de Cibele Appes o curta-metragem da companhia, “Dois Garotos que se Afastaram Demais do Sol” (2021), vencedor do prêmio do Júri de “Melhor Curta-Metragem” do 29º Festival Mix Brasil.

Para “De Mãos Dadas com Minha Irmã”, a companhia aposta em projeções mapeadas de cenários e personagens virtuais que contracenam com Lucelia no palco para dialogar com crianças e jovens. A direção musical fica por conta de Beth Beli, do Bloco afro Ilú Obá de Min e conta com as vozes de Ailton Graça, Fabiana Cozza, Alzira Espíndola e Lenna Bahule, entre outros, para as canções e personagens animadas. Léa Garcia, referência para artistas negras e negros, que nos deixou em agosto deste ano, dá voz à narradora da peça e fará sua estreia póstuma através de personagem virtual criada para a atriz.

Sobre o processo criativo  

“Não é à toa que a pessoa tem os olhos voltados para fora, enxergar por dentro exige outra compreensão”, trecho de aforismo das sabedorias de terreiro.

As ilustrações são criadas de forma autoral para o espetáculo, assim como a dramaturgia e a música, que partem de contos e ritmos afro-brasileiros para narrar a trajetória de uma heroína negra.

O nome do espetáculo parte de um capítulo do livro “Ensinando a Transgredir” da escritora estadunidense bell hooks e busca valorizar conceitos de matrilinearidade e de irmandade entre mulheres. O espetáculo se nutre da filosofia iorubá dos povos nagô, para a qual as águas representam a feminina. E é a partir desta ideia que a dramaturgia traça um paralelo entre um mundo devastado pela seca e a desvalorização das mulheres em nossa sociedade.

“Há vinte anos temos a lei 10673/03, que institui a obrigatoriedade do ensino da história afro-brasileira nas escolas, e ainda encontramos muitas barreiras para sua real aplicação. Para nós, é urgente não só contar as nossas histórias, mas entender as filosofias que balizam a cultura negra no Brasil, preservando nossas memórias. Ainda hoje é um trabalho quase arqueológico falar sobre nós mesmos, mas esperamos que os jovens e crianças de agora possam ter outras oportunidades”, afirma Lucelia.

Sinopse | Obá é uma heroína que sai de sua terra com a missão de salvar seu povo de uma terrível seca. Longe da sua gente, ela perde a memória e tudo o que sabe sobre si é o pouco que lhe contam. Ela terá de entrar no fundo da floresta das feiticeiras ancestrais para encontrar água e reencontrar sua identidade. Mas, para salvar a si mesma e ao seu povo, Obá terá de escutar todas as águas do universo.

Sobre a Cia Os Crespos

Os Crespos é um coletivo teatral de pesquisa cênica e audiovisual, debates e intervenções públicas composto por artistas negros e negras. Formou-se na Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP e está em atividade desde 2005. A Cia. trabalha, há dezoito anos, a construção de um discurso poético que debata a sociabilidade do indivíduo negro na sociedade contemporânea, seus desdobramentos históricos e a construção de sua identidade, aliado a um projeto de formação de público e aperfeiçoamento estético.

A Cia circulou com espetáculos, intervenções e palestras por diversas cidades e estados do país, além de apresentações na Alemanha e Espanha. Tem em seu repertorio 7 espetáculos teatrais; 11 intervenções urbanas; a elaboração e publicação da revista de teatro negro Legítima Defesa, que está em seu quarto número; a Mostra Cinematográfica Faz lá o Café em parceria com o Grupo Clariô de Teatro; os curtas D.O.R, Nego Tudo e Imagem Autoimagem e, desde 2018, a Cia promove as “Segundas Crespas”, encontros entre artistas para discutir arte negra e é uma das organizadoras do Fórum de Performance Negra de São Paulo.

Entre os principais trabalhos, estão “Anjo Negro + A Missão” (2006) dirigida pelo alemão Frank Castorf, diretor do Teatro Volksbühne; “Ensaio Sobre Carolina”, texto e direção de José Fernando Peixoto de Azevedo (2007); a trilogia “Dos Desmanches Aos Sonhos” (2011-2013), que investiga o impacto da escravidão na forma de amar dos brasileiros e é composta pelos espetáculos “Além do Ponto”, com direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, “Engravidei, Pari cavalos e Aprendi a Voar sem Asas” e “Cartas à Madame Satã ou me Desespero Sem Notícias Suas”, ambos com direção de Lucelia Sergio. “Os Coloridos” (2015), texto de Cidinha da Silva e direção de Lucelia Sergio e “Alguma Coisa a Ver Com Uma Missão” (2016), que tem dramaturgia de Allan da Rosa e direção coletiva do grupo.

Em 2019 a Cia realiza ss Terças Crespas no Centro Cultural São Paulo, com a qual concorre ao Prêmio Aplauso Brasil 2019, na categoria Destaque. E em 2021 estreou seu novo filme “Dois Garotos que se Afastaram Demais do Sol”, premiado na 29ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, como Melhor Curta-Metragem – Prêmio do Público.

Para este ano, em que completa 18 (dezoito) anos de atividades ininterruptas, a Cia apresenta seu mais novo espetáculo juvenil “De mãos dadas com minha irmã”. Outras ações também estão no escopo da Cia, como o lançamento do quinto número da “Legítima Defesa – Uma Revista de Teatro Negro” e a estreia do espetáculo adulto “A Solidão do Feio”, a partir da vida e obra de Lima Barreto.

Serviço: 

De mãos dadas com minha irmã com a Cia Os Crespos

Temporada até 25 de fevereiro – sábados, domingos e feriados, às 12h

Ingressos: R$10 (credencial plena), R$15 (meia entrada) e R$30 (inteira) – crianças até 12 anos não pagam

Duração: 80 min | Classificação Livre.

Ficha técnica  

Criação e produção – Cia Os Crespos

Direção – Aysha Nascimento

Direção Visual – Lucelia Sergio

Direção Musical – Beth Beli

Dispositivo Cênico – Lucelia Sergio e Ramon Zago

Dramaturgia e Roteiro de vídeo – Lucelia Sergio

Narração – Léa Garcia

Atriz – Lucelia Sergio

Dançarinas – Jazu Weda e Brenda Regio

Trilha sonora – Beth Beli, Dani Nega e Teo Ponciano

Elenco em Voz Off – Ailton Graça, Ayô Tupinambá, Aysha Nascimento, Alzira Espíndola, Dirce Thomaz, Fabiana Cozza, Flávio Rodrigues, Negra Rosa, e Rafael Ferro.

Instrumentos – Griot Toumani Kouyaté (Korá), Matheus Crippa, Ilú Obá de Mim – Adriana Aragão, Nenê Cintra, Adriana Quedas, Mônica Mendes, Talita Beltrame, Thaíssa Barbosa, Giselle de Paula, Ariane Carmo, Bárbara Magalhanis e Diana Maria.

Cantoras – Lenna Bahule, Matheus Crippa, Adriana Moreira, Jéssica Gaspar, Sara Hana, Negra Rosa, Janaína Cunha, Beth Beli, Adriana Aragão e Lucelia Sergio

Composições – Lucelia Sergio e Lenna Bahule

Desenho de som – Viviane Barbosa

Captação Sonora – Dani Nega, Maurício Caetano, Henrique Leoni e Teo Ponciano

Mixagem – Maurício Caetano e André Papi

Iluminação – Wagner Pinto e Gabriel Greghi

Personagens e Cenários em vídeo – Nirvana Santos, Alexandre Brejão, Ramon Zago e Felipe Domingos

Animação – Ramon Zago, Nirvana Santos e Felipe Domingos

Edição de vídeo – Ramon Zago

Consultoria de Arte – Telumi Hellen

Figurinos e Adereços – Tairone Porto e Guilherme Santti

Jóias – Ojire Art

Costureiras – Diamu Fallow Diop (Mama Nossa Cultura), Larissa Alves, Valéria Zago, Edna Moreira e Enrique Casas

Cenografia – Wanderley Wagner

Cenotécnicos – Fernando Zimolo, Joaquim Francisco, Tatiane Peixoto

Maquiagem – Guilherme Santti e Tasia de Paula

Fotografia – Isabel Praxedes e Mariana Ser

Dramaturgismo e assistência de direção primeira etapa – Willi Versi

Orientação Teórica – Onisajé

Palestrantes – Katiuscia Ribeiro e Aza Njeri

Preparação Corporal e coreografias – Janette Santiago

Preparação Corporal primeira etapa – Tainara Cerqueira e Luciane Ramos

Apoio de cena primeira etapa – Niara Ngozi

Preparação Vocal – Raniere Guerra

Operação Som – Mau Caetano e Lana Scott

Operação Luz – Felipe Thaça e Bruna Tovian

Operação de Vídeo – Ramon Zago

Contrarregragem – Joaquim Francisco

Direção de Produção – Rafael Ferro e Lucelia Sergio

Produção – Alencar Francisco, Mariana Mollys, Rafael Ferro e Ramon Zago

Designer – Bruno Marcitelli

Assessoria – Pedro Madeira e Rafael Ferro

Este projeto foi realizado com apoio do 35ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo (2020/ 2021) – Secretaria Municipal de Cultura em sua primeira etapa.

Sesc Belenzinho 

Endereço: Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo (SP)

Telefone: (11) 2076-9700

Estacionamento: de terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 9h às 18h.

Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$5,50 a primeira hora e R$2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$12,00 a primeira hora e R$3,00 por hora adicional.

Transporte Público: Metrô Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m).

(Fonte: Sesc SP)

Pesquisadores de universidade na Bahia desvendam qual é o menor anfíbio do mundo – e ele é brasileiro

Bahia, por Kleber Patricio

Encontrado no sul da Bahia, o Brachycephalus pulex – ou sapo pulga – é o menor anfíbio do mundo. Foto: Renato Gaiga.

Todos sabem que a baleia azul é o maior animal do mundo, mas, quando se trata dos menores, fica mais difícil perceber, então é preciso recorrer aos especialistas. Embora existam formas microscópicas de vida, quando falamos de animais vertebrados terrestres, até recentemente, o menor do mundo era um sapinho da Papua-Nova Guiné, com adultos medindo apenas 7,7 mm.

Porém, em 2019, a bióloga Wendy Bolaños, então mestranda do Programa de Pós-graduação em Zoologia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), estudou o sapinho pulga, Brachycephalus pulex, um diminuto anfíbio encontrado apenas em topos de morro na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Serra Bonita, em Camacan, e no Parque Nacional Serra das Lontras, em Arataca, ambos no Sul da Bahia. Ela mediu e determinou o sexo de 46 exemplares e constatou que o menor macho adulto media apenas 6,45 mm. Isso o torna o menor anfíbio do mundo.

No entanto, a sobrevivência dessa espécie não está garantida, como explica o Professor Mirco Solé, da UESC: “É positivo que esse diminuto sapinho ocorra em duas áreas de conservação, mas sua vulnerabilidade às mudanças climáticas é preocupante. Espécies de baixada podem escapar do aumento de temperatura deslocando-se para áreas de montanha, mas as que habitam os topos de morro não têm para onde ir”.

O Professor Iuri Ribeiro Dias, que também participou da pesquisa, alerta que mais de 40% dos anfíbios do mundo já estão ameaçados. “Infelizmente, na última reavaliação do status de ameaça feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza, o sapinho pulga foi classificado como em perigo de extinção. Está em nossas mãos garantir que ele não desapareça e que as futuras gerações de brasileiros ainda possam se orgulhar de ter o menor anfíbio do mundo vivendo na Bahia”, alerta.

As pesquisas tiveram apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Mohamed bin Zayed Species Conservation Fund. O artigo científico que revela o sapinho pulga como o menor anfíbio do mundo foi publicado na revista Zoologica Scripta, uma das mais conceituadas na área de zoologia e editada em nome da Academia Norueguesa de Ciências e Letras e da Real Academia Sueca de Ciências. Leia aqui o artigo na íntegra: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/zsc.12654.

(Fonte: Laboratório de Herpetologia Tropical | Livia Cabral Assessoria de Imprensa)

[Artigo] Como começou a luta dos povos indígenas no Brasil, por Viktor Waewell

São Paulo, por Kleber Patricio

Se você ouvir alguém dizer que nós tivemos décadas de grandes batalhas em todo litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, no mar e em terra, talvez ache exagero – mas foi exatamente isso que aconteceu. Essa foi a Confederação dos Tamoios, na segunda metade do século XVI, bem no começo da invasão pelos portugueses da América. Mas o que houve exatamente?

Os portugueses se instalaram na capital em Santos e logo conseguiram fazer aliança com caciques da região do Planalto de Piratininga. O principal deles era o cacique Tibiriçá, da aldeia Inhapuambuçu, que ficava bem onde é hoje o centro da cidade de São Paulo. Por sinal, foi com autorização do cacique Tibiriçá que os jesuítas instalaram o colégio que existe até hoje e é considerado o marco zero da atual metrópole.

O negócio na época – quer dizer, o que dava dinheiro para os fidalgos portugueses – era, junto com seus caciques aliados, capturar outros povos indígenas e vendê-los como escravos para os senhores de Pernambuco que começavam a plantar cana caiana. Não à toa, o Porto de Santos, na época, era chamado de Porto dos Escravos.

Acontece que quando essa avalanche escravista chegou à atual região do estado do Rio de Janeiro, numa época em que nenhuma cidade ou vila portuguesa havia sido fundada ali, os nativos da região decidiram lutar contra a escravidão. Toda a baía de Guanabara era pontilhada por muitas e muitas aldeias, em grande parte inimigas entre si desde tempos imemoriais. E foi aí que aconteceu algo inédito entre os nativos do nosso país. Antes inimigos viscerais, eles se uniram para lutar contra o inimigo em comum que vinha de São Paulo.

De diversas etnias, eles se autointitularam tamoios, que em tupi significa “aqueles que estiveram aqui antes”. Ou seja, uma maneira de se diferenciar dos que chegaram depois, os brancos. Os nativos entenderam que, mesmo de diferentes povos, possuíam uma história e um destino em comum, o que passava pela resistência contra os invasores brancos e seus aliados locais. Essa ideia, de união entre os indígenas, correu as trilhas e navegou os rios. Povos distantes gostaram dela.

Viktor Waewell.

O Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas relembra o 7 de fevereiro de 1756, quando morreu Sepé Tiaruju, uma liderança dos Sete Povos das Missões. Unidos, eles lutaram contra a divisão das suas terras ancestrais entre portugueses e espanhóis, que cortavam o continente ao seu gosto. Essa ideia de que os povos nativos americanos possuem uma identidade em comum segue até o dia de hoje, depois de séculos, e é base para a luta desses povos por direitos, seja para manter as suas terras, preservar a sua cultura e ir ao encontro dos seus sonhos, como todos os humanos.

Um viva ao Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas. Nós, brasileiros que não somos indígenas, temos a obrigação moral de conhecer a nossa história e apoiar a luta dos nossos irmãos nativos.

Víktor Waewell é autor de ficção histórica, inclusive o livro “Guerra dos Mil Povos”, uma história de amor e guerra durante a nossa maior revolta indígena.

(Fonte: LC Agência de Comunicação)