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Exposição ‘Tempos de uma Casa’ na Casa Museu Ema Klabin revela os bastidores de uma residência antes de se tornar museu

São Paulo, por Kleber Patricio

Ema Klabin ao lado da pequena Ema Lopes, filha de uma funcionária, que recebeu esse nome em sua homenagem. Nascida na residência, viveu ali com a família por 11 anos, no quarto que hoje abriga a sala do curador. Atualmente, é farmacêutica. Foto: Divulgação/Arquivo Ema Lopes, reprodução Arquivo Casa Museu Ema Klabin.

Até 24 de agosto, a Casa Museu Ema Klabin apresenta a exposição ‘Tempos de uma casa’. A mostra convida o público a conhecer os bastidores da residência de Ema Klabin (25/1/1907–27/1/1994) antes de sua conversão em museu, revelando aspectos pouco conhecidos de seu cotidiano. Com curadoria de Paulo de Freitas Costa, a exposição propõe um olhar mais íntimo e realista sobre a vivência na casa, rompendo com a imagem idealizada que muitas vezes envolve a vida de grandes colecionadores. Em contraste com narrativas romantizadas, Tempos de uma casa apresenta histórias reais, atravessadas por afetos, rotinas e relações construídas ao longo do tempo.

Aberta ao público desde 2007, a Casa Museu Ema Klabin acaba de completar 18 anos de funcionamento. Para além do diversificado acervo de mais de 1.600 obras, que inclui pinturas, mobiliário, livros raros, peças arqueológicas e de artes decorativas, o público terá acesso, pela primeira vez, a itens preservados na reserva técnica. Esses objetos, muitos de uso cotidiano, revelam aspectos singulares da dinâmica da casa e ajudam a reconstruir histórias que não costumam estar em destaque nas grandes coleções.

Antiga cozinha da casa, que não é aberta ao público, mantém parte de sua estrutura original e hoje serve como espaço para guarda-volumes e alimentação dos funcionários da instituição. Foto: Arquivo Casa Museu Ema Klabin.

Durante os 33 anos em que Ema Klabin viveu na casa da Rua Portugal, diversos funcionários fizeram parte de sua história. A exposição trará depoimentos e fotos de época dos funcionários. Ema Klabin desenvolveu uma relação de respeito e todos contribuíram de forma significativa para a manutenção e o funcionamento da casa e tiveram um papel fundamental na construção de um ambiente acolhedor, repleto de memórias e histórias que enriquecem a trajetória da casa e de sua proprietária.

Entre eles, destacam-se Maria Fabelina Ramos Martins, copeira que acompanhou Ema Klabin de 1960 a 1994, e Ema Lopes Rodrigues, filha de Cleonice e Bento Lopes Rodrigues, que recebeu seu nome em homenagem à colecionadora. Ema Lopes viveu ali com a família por 11 anos, no quarto que hoje abriga a sala do curador. Atualmente, ela é farmacêutica.

Convite endereçado a Ema Klabin para recepção em homenagem à Rainha Elizabeth II e ao Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, no Palácio dos Bandeirantes, em 1968. Arquivo Ema Klabin.

O público poderá conferir um conjunto de aproximadamente 80 documentos, mais de 60 fotografias históricas e 90 objetos pessoais e domésticos do acervo da instituição. A exposição inclui ainda depoimentos de ex-funcionários e visitantes, que ajudam a compor um retrato sensível e multifacetado da casa e de seu funcionamento.

Ema Klabin era uma anfitriã dedicada e realizou, ao longo das décadas, inúmeros jantares e almoços cuidadosamente planejados, que reuniram nomes importantes da cena cultural e intelectual brasileira. Entre os frequentadores de sua casa estiveram figuras como Assis Chateaubriand, Magda Tagliaferro, João Carlos Martins e José Mindlin, entre muitos outros.

Frascos de Perfumes, Séc. XVIII. Cristal transparente lapidado com tampas em ouro e prata. Foto: Sérgio Zacchi/Estúdio Massapê.

Essa tradição de hospitalidade e refinamento é mantida até hoje na casa museu: a cada semestre, a mesa de jantar é posta novamente, com base em registros originais da própria colecionadora, recriando     os eventos históricos realizados na residência e permitindo que o público acesse informações sobre a atmosfera dos encontros promovidos por ela.

É justamente esse universo de encontros, detalhes e gestos de acolhimento que a exposição Tempos de uma casa busca reconstituir. Entre os objetos em exibição, estão itens que traduzem os hábitos e gostos da anfitriã: o caderno onde Ema registrava cada jantar com minúcia — da escolha das porcelanas ao arranjo de flores; um caderno de presentes dados e recebidos datado entre as décadas de 1950 e 1970; além de peças como uma licoreira, travessa de caviar, taças, um relógio de viagem, marcadores de lugar, porta caixa de fósforo e uma campainha de mesa; elementos que ajudavam a compor a experiência refinada das recepções na casa.

Mesa holandesa de madeira com marchetaria, séc XIX. Foto: Sérgio Zacchi/Arquivo Casa Museu Ema Klabin.

A mostra também reúne objetos curiosos do cotidiano, que revelam facetas mais íntimas da rotina doméstica: um delicado frasco de perfume em cristal lapidado com detalhes em ouro, um secador de cabelo de cúpula, uma mesa de jogos com tampo de marchetaria, um batedor de tapetes, entre outros. São peças que, além de funcionais, preservam histórias e atmosferas do tempo vivido por Ema Klabin em sua residência.

Entre os documentos mais reveladores estão convites para eventos históricos, como a recepção em homenagem à Rainha Elizabeth II e ao Príncipe Philip, o chá oferecido à Imperatriz do Irã e festas temáticas, como a curiosa ‘Deusas entre os homens’, em 1950. Há ainda cadernos minuciosamente preenchidos por Ema, com listas de vinhos e receitas; agendas pessoais, como a de 1963, com anotações sobre viagens e cursos; e registros bancários e administrativos da própria Fundação Ema Klabin, idealizada pela colecionadora. Entre os destaques jornalísticos, há matérias da época, como a cobertura da famosa ‘Noite dos Perfumes’ e da exposição de antiguidades de 1961, revelando sua atuação como mecenas e figura central da vida cultural paulistana.

Recipiente para servir carnes. Foto: Sérgio Zacchi/Arquivo Casa Museu Ema Klabin.

“O que esta exposição propõe é um olhar para além da elegância e do silêncio da casa: além de Ema Klabin, que construiu este espaço como extensão de sua personalidade, oito funcionários trabalhavam diariamente, cuidando de tudo com dedicação. Suas histórias ganham destaque na mostra, por meio de fotos, depoimentos e memórias que ajudam a reconstruir o cotidiano da residência. A casa também era ponto de encontro de empresários, artistas e autoridades, e tudo isso só acontecia graças ao trabalho discreto de quem estava nos bastidores. Embora Ema morasse sozinha, nunca viveu isolada: havia toda uma rede ao seu redor”, explica Paulo de Freitas Costa, curador da casa museu e dessa exposição.

Tempos de uma casa é um convite à escuta e à observação, resgatando memórias que habitam os espaços e que ajudam a compreender a trajetória da residência, e da própria colecionadora, empresária e mecenas Ema Klabin, para além da grandiosidade de sua coleção.

Serviço:

Exposição Tempos de uma casa, com curadoria de Paulo Costa

Até 24 de agosto de 2025

Visitação:

Visitas livres: quarta a domingo, das 11h às 17h, com permanência até às 18h

Visitas mediadas: quarta a sexta, às 11h, 14h, 15h e 16h. sábado, domingo e feriado, às 14h

R$ 20 (inteira) | R$ 10 (meia) para estudantes, idosos, PCD e jovens de baixa renda

Gratuidade para crianças de até 7 anos, professores e estudantes da rede pública

Rua Portugal, 43, Jardim Europa, São Paulo

Sobre a Casa Museu Ema Klabin

Casa Museu Ema Klabin. Foto: Nelson Kon/Arquivo Casa Museu Ema Klabin.

A residência onde viveu Ema Klabin de 1961 a 1994 é uma das poucas casas museus de colecionador no Brasil com ambientes preservados. A Coleção Ema Klabin inclui pinturas do russo Marc Chagall e do holandês Frans Post, obras do modernismo brasileiro, como de Tarsila do Amaral e Candido Portinari, além de artes decorativas, peças arqueológicas e livros raros, reunindo variadas culturas em um arco temporal de 35 séculos.

A Casa Museu Ema Klabin é uma fundação cultural sem fins lucrativos, de utilidade pública, criada para salvaguardar, estudar e divulgar a coleção, a residência e a memória de Ema Klabin, visando à promoção de atividades de caráter cultural, educacional e social, inspiradas pela sua atuação em vida, de forma a construir, em conjunto com o público mais amplo possível, um ambiente de fruição, diálogo e reflexão.

A programação cultural da casa museu decorre da coleção e da personalidade da empresária Ema Klabin, que teve uma significativa atuação nas manifestações e instituições culturais da cidade de São Paulo, especialmente nas áreas de música e arte. Além de receber a visitação do público, a Casa Museu Ema Klabin realiza exposições temporárias, séries de arte contemporânea, cursos, palestras e oficinas, bem como apresentações de música, dança e teatro.

O jardim da casa museu foi projetado por Roberto Burle Marx e a decoração foi criada por Terri Della Stufa.

Acesse o site e redes sociais:

Site: https://emaklabin.org.br

Instagram: @emaklabin

YouTube: https://www.youtube.com/c/CasaMuseuEmaKlabin

Google Arts & Culture: https://artsandculture.google.com/partner/fundacao-ema-klabin

Facebook: https://www.facebook.com/fundacaoemaklabin

Linkedin: https://www.linkedin.com/company/emaklabin/?originalSubdomain=br

Vídeo institucional: https://www.youtube.com/watch?v=ssdKzor32fQ

Vídeo de realidade virtual: https://www.youtube.com/watch?v=kwXmssppqUU.

(Com Cristina Aguilera/Midia Brazil Comunicação)

Dia Nacional da Mata Atlântica: preservação e sustentabilidade nos Parques Horto Florestal e Cantareira

São Paulo, por Kleber Patricio

Parque Estadual Alberto Löfgren – Horto Florestal. Foto: Instituto de Pesquisas Ambientais.

No Dia Nacional da Mata Atlântica, celebrado em 27 de maio, a Urbia destaca a relevância dos parques urbanos, como o Parque Estadual Alberto Löfgren – Horto Florestal e o Parque Estadual da Cantareira, na preservação desse bioma essencial e na contribuição do Brasil para as metas ambientais do G20. Geridos pela concessionária desde 2021, essas áreas desempenham um papel fundamental no equilíbrio climático, na conservação da biodiversidade e na promoção de atividades socioambientais.

A floresta nativa e a biodiversidade local

O Parque Estadual da Cantareira, uma das maiores áreas verdes urbanas do mundo, abriga uma floresta nativa da Mata Atlântica que é um refúgio para uma rica biodiversidade. Estima-se que os parques sejam lar de pelo menos 220 espécies de fauna, incluindo aves, répteis, mamíferos e anfíbios, podendo chegar a 400 espécies devido à complexidade do bioma. Entre os animais emblemáticos encontrados estão o macaco-prego, o bugio-ruivo e o tucano-de-bico-verde, que desempenham papéis fundamentais no ecossistema, como polinizadores, dispersores de sementes e reguladores populacionais.

Para Leandro Aro Delbue, biólogo da Urbia, esses espaços são verdadeiros guardiões da fauna e flora brasileira. “Espécies raras como a onça-parda e a jaguatirica reforçam a importância desses parques como áreas de conservação e proteção para animais ameaçados de extinção”.

Benefícios climáticos e ambientais

Segundo pesquisa publicada na The Innovation, pequenas áreas verdes são eficazes na remoção de poluentes atmosféricos. Espaços como o Horto Florestal e a Cantareira podem reduzir a temperatura local de 2° C a 5°C e aumentar a umidade relativa do ar em até 10%. “Esses efeitos são essenciais para mitigar os impactos das ilhas de calor urbanas, especialmente em grandes cidades como São Paulo, promovendo um ambiente mais saudável e equilibrado”, explica Delbue.

Além disso, a vegetação nativa desempenha um papel crucial na captura de carbono, contribuindo diretamente para reduzir os gases de efeito estufa e fortalecer os compromissos ambientais do Brasil junto ao G20.

Gestão compartilhada e iniciativas de educação ambiental

A gestão e a conservação dos parques são responsabilidades compartilhadas. A Urbia administra cerca de 3,6% da área total dos parques, limitada aos locais de uso público, enquanto as áreas de proteção integral contam com a atuação da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil). Essa colaboração entre diferentes entidades reforça o caráter democrático e sustentável da gestão desses espaços.

A concessionária também desenvolve diversas iniciativas socioambientais voltadas à conscientização da comunidade, como trilhas guiadas, oficinas e programas de educação ambiental, que têm como objetivo engajar os visitantes na preservação do bioma.

Impactos da Fauna nos Parques

A fauna dos parques desempenha papéis fundamentais no equilíbrio ecológico. Espécies como o caxinguelê e o cachorro-do-mato ajudam na dispersão de sementes e no controle de populações de outros animais, enquanto aves como os beija-flores e abelhas nativas sem ferrão auxiliam na polinização e na manutenção da biodiversidade.

Por outro lado, a interação inadequada dos visitantes com os animais, como alimentação ou tentativa de aproximação, pode causar impactos negativos na saúde e comportamento da fauna, tornando-os dependentes de recursos humanos e prejudicando sua capacidade de sobrevivência na natureza. A conscientização dos visitantes é essencial para garantir a preservação da vida selvagem e a manutenção de ambientes naturais saudáveis. “Os parques são verdadeiros laboratórios vivos, onde as pessoas podem aprender sobre a biodiversidade e compreender como suas ações impactam o meio ambiente. Nosso trabalho é inspirar e capacitar a sociedade para ser parte ativa na preservação da Mata Atlântica”, destaca Leandro Aro Delbue.

Ao proteger e revitalizar áreas como o Parque Horto Florestal e o Parque Cantareira, a concessionária apoia diretamente o Brasil no cumprimento de suas metas ambientais internacionais. “Nossa missão é garantir que esses espaços permaneçam seguros e democráticos, promovendo o equilíbrio entre a natureza e as pessoas”, afirma Samuel Lloyd, diretor comercial da Urbia.

Sobre a Urbia

Criada em 2019, pela Construcap, a Urbia Gestão de Parques nasce para valorizar, cuidar e preservar o patrimônio histórico e ambiental, enquanto oferece lazer qualificado, entretenimento e cultura a todos os visitantes. A dedicação da empresa se concentra em criar, a cada dia, um mundo melhor, com mais diversidade, inclusão e cidadania, reconectando as pessoas à natureza. Ao todo, há cinco concessões especializadas na gestão de parques públicos, urbanos e naturais, hoje concentrados nas regiões Sul e Sudeste do país. A primeira é a Urbia Gestão de Parques de São Paulo, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) criada para cuidar da gestão dos seis parques paulistanos (Ibirapuera, Tenente Brigadeiro Faria Lima, Jacintho Alberto, Jardim Felicidade, Eucaliptos e Lajeado). Apoiada no desenvolvimento sustentável, ela tem o objetivo de conectar pessoas por meio do lazer, entretenimento e cultura, e proporcionar momentos de imersão e harmonia com a natureza no meio urbano. Além destes, a Urbia também é responsável pela gestão dos Parques Estaduais do Horto Florestal (Alberto Löfgren) e da Cantareira, ambos localizados na zona norte de São Paulo/SP; dos Parques Nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral, considerando suas principais áreas de visitação – as áreas do Cânion Fortaleza, Cânion Itaimbezinho e Rio do Boi, situados em Cambará do Sul/RS e Praia Grande/SC; e das Cataratas do Iguaçu, Parque Nacional do Iguaçu em Foz do Iguaçu/PR, em parceria com o Grupo Cataratas, com os mesmos propósitos e modelos de gestão. Recentemente, também em parceria com o Grupo Cataratas, a Construcap sagrou-se vencedora da licitação do Parque Nacional de Jericoacoara, cujo contrato já foi assinado. Para mais informações, acesse: Site | Instagram | Facebook | Linkedin

(Com Emilly Moreira/Máquina Cohn & Wolfe)

OSU e Orquestra do Departamento de Música da Unicamp interpretam a Sinfonia nº 3 de Brahms em dois concertos gratuitos

Campinas, por Kleber Patricio

A Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) se une à Orquestra do Departamento de Música do Instituto de Artes para apresentar a célebre Sinfonia nº 3 em Fá maior, Op. 90, de Johannes Brahms. Sob a regência de Carlos Fiorini, os concertos acontecem nos dias 29 e 30 de maio, com entrada gratuita.

O primeiro concerto será realizado no dia 29/5 (quinta-feira), às 20h, no Clube Bonfim Recreativo e Social, em Campinas. Já no dia 30/5 (sexta-feira), às 12h30, a apresentação ocorre no saguão do IMECC – Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Unicamp.

Além da poderosa orquestração de Brahms, o concerto contará com a participação dos solistas Adonhiran Reis (violino) e Lars Hoefs (violoncelo), músicos reconhecidos por sua atuação artística e pedagógica.

A união entre a OSU e a Orquestra do Departamento de Música reflete o compromisso do CIDDIC e do Instituto de Artes da Unicamp com a formação acadêmica e a excelência musical. A programação reforça o papel da universidade como agente cultural ativo no interior paulista, democratizando o acesso à música erudita.

Serviço:

Concerto Brahms: Sinfonia nº 3

Quando: 29 de maio de 2025, às 20h

Local: Clube Bonfim Recreativo e Social

Endereço: Rua Bento da Silva Leite, 330 – Jardim Chapadão, Campinas

Entrada: gratuita

Quando: 30 de maio de 2025, às 12h30

Local: Saguão principal do IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e Computação

Científica da Unicamp)

Endereço: Rua Sérgio Buarque de Holanda, 651 – Cidade Universitária, Campinas

Entrada: gratuita.

(Fonte: Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural da Unicamp/CIDDIC)

Redes sociais após a morte: herança digital pode ganhar novas regras

Curitiba, por Kleber Patricio

Foto: Divulgação.

O que acontece com as senhas de redes sociais, acesso ao banco, programa de milhas e outros bens da mesma ordem quando o usuário morre? Está em pauta no Congresso Nacional uma alteração no Código Civil Brasileiro no qual a herança de bens digitais passa a fazer parte do patrimônio a ser dividido posteriormente a morte do titular e, desta forma, se tornam objeto de sucessão, tornando a lei mais conectada com universo digital.

O Código Civil em vigor é de 2002, período em que a internet atingia 5% dos domicílios brasileiros e tanto as redes sociais quanto os serviços digitais não faziam parte do cotidiano. O atual Código Civil gera impasses práticos e jurídicos, como a dificuldade de acesso de herdeiros a contas digitais do falecido, conflitos sobre o que deve ser transmitido por sucessão ou apagado definitivamente, limitações impostas pelas políticas de privacidade das plataformas e a ausência de distinção clara entre bens com valor econômico e bens meramente afetivos.

De acordo com o advogado Bruno Fuentes, do escritório GMP | G&C Advogados Associados, o principal desafio do poder legislativo será conectar o ritmo do avanço tecnológico com o rito institucional. “O processo do legislativo é moroso e com várias etapas, passando pela proposta até ser finalizada a lei. E com isto a tecnologia avança em ritmo acelerado e as mudanças propostas inicialmente podem ficar ultrapassadas”, diz o especialista. A proposta, até ser publicada a lei, para o novo Código Civil tem o intuito de acompanhar e se adequar as inovações tecnológicas, digitais e consequentemente sociais.

Apesar do compasso diferente, a mudança é necessária para regular as novas relações jurídicas e proteger o cidadão. “A atualização do Código Civil é uma oportunidade histórica de alinhar o direito à realidade digital, equilibrando os direitos dos herdeiros, a vontade do falecido e a proteção da privacidade pós-morte”, destaca Bruno.

Bens digitais

Os bens digitais se dividem em duas categorias claras. Começando por ativos financeiros, como criptomoedas, contas em serviços de streaming, programas de milhas aéreas ou fidelidade, saldos em aplicativos de bancos digitais e canais monetizados, como o Youtube. E os ativos afetivos, que são os perfis em redes sociais, arquivos armazenados em nuvem e domínios digitais. “A ausência de uma regulamentação específica gera insegurança jurídica. Algumas necessidades são urgentes, como a classificação jurídica dos bens digitais. É fundamental distinguir entre bens com valor patrimonial, que devem ser transmitidos, e bens com valor afetivo, cujo destino pode ser a transmissão ou o descarte correto destes”, detalha o especialista.

Além disso, é necessário o reconhecimento da vontade do falecido, onde a lei precisa assegurar que a pessoa em vida possa decidir sobre o destino de seus dados, perfis e ativos digitais, seja por testamento ou mecanismos online (como os já oferecidos por Google e Facebook). A reforma também aborda o dever das plataformas digitais, na qual as empresas devem ter regras claras sobre o fornecimento de informações aos herdeiros. Isso inclui permitir a recuperação de dados ou a exclusão definitiva de contas. “A proteção da privacidade pós-morte é outro ponto, pois a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) não trata expressamente da proteção de dados pessoais de falecidos. A reforma pode corrigir essa lacuna e especificar melhor esse direito”, completa Bruno.

(Com Maria Emilia Silveira/P+G Trendmakers)

Carnaval de Pernambuco é oficialmente reconhecido como manifestação da cultura nacional

Pernambuco, por Kleber Patricio

Fotomontagem: Divulgação.

Ao som do frevo e do maracatu, embalado pelas características sombrinhas coloridas pernambucanas, o Brasil dá mais um passo na valorização de sua diversidade cultural. Na última quinta-feira (22/5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que reconhece oficialmente o Carnaval de Pernambuco como manifestação da cultura nacional.

A nova legislação, publicada no Diário Oficial da União, consagra o que o povo pernambucano já sabia há muito tempo: que o carnaval vivido nas ladeiras de Olinda, nos becos do Recife Antigo e em cada agremiação espalhada pelo estado é patrimônio vivo da cultura brasileira.

O reconhecimento engloba expressões icônicas como o frevo, o maracatu, o caboclinho e outras tradições que fazem do carnaval pernambucano um espetáculo único, carregado de história, resistência e identidade popular. A partir de agora, essa riqueza imaterial passa a ter respaldo legal, fortalecendo iniciativas de preservação e fomento à cultura regional.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, destacou a importância do reconhecimento para o fortalecimento do turismo cultural no país. Segundo ele, “a valorização da nossa cultura, nossos ritmos e nossa história é estratégica para marcarmos o Brasil como um país plural que atrai, a cada ano, mais visitantes do mundo todo”, explicou.

O carnaval de Pernambuco, especialmente nas cidades do Recife e Olinda, é conhecido pela grande movimentação turística e econômica. Em 2025, a festa atraiu mais de 2,3 milhões de turistas e gerou uma movimentação econômica de cerca de R$ 3,3 bilhões, um aumento de 10% em relação ao ano anterior.

Segundo a Secretaria de Turismo e Lazer do Estado, 80,9% dos turistas vieram ao estado motivados pelo Carnaval, um crescimento de 6,67% em comparação a 2024. A taxa de ocupação da rede hoteleira foi de 96,16%, enquanto o Aeroporto do Recife registrou mais de 300 mil passageiros. Ainda de acordo com os números apresentados, 93,78% dos turistas pretendem voltar ao Carnaval de Pernambuco.

Com a promulgação da Lei nº 15.136, o Carnaval de Pernambuco ganha um novo status, reforçando sua importância no cenário cultural brasileiro e assegurando maior apoio para sua preservação e promoção.

(Com Livia Cunha Albernaz/Assessoria de Comunicação – Ministério do Turismo)