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Pinacoteca de São Paulo realiza a maior exposição individual de J. Cunha, expoente baiano do tropicalismo

São Paulo, por Kleber Patricio

Obra ‘Beira-mar’ (2014). Foto: Márcio Lima.

A Pinacoteca de São Paulo apresenta, a partir de 4 de maio até 29 de setembro, uma retrospectiva de J. Cunha (Salvador, 1948), a maior já realizada em sua carreira. Com cerca de 300 itens, entre pinturas, desenhos, cartazes, estampas, objetos e documentos, ‘J. Cunha: Corpo Tropical’ apresenta a trajetória do artista acompanhando seus percursos pela Bahia, onde nasceu e vive até hoje, e sua projeção nacional e internacional. Localizada no quarto andar da Pina Estação, a mostra enfatiza o caráter experimental, a diversidade das linguagens e o compromisso político do artista e de sua obra.

Como ponto alto está a obra ‘Códice’ (2011-2014), um painel de três por sete metros que nunca foi exposto em São Paulo e apenas três vezes apresentado ao público de forma completa. Trata-se de uma pintura realizada ao longo de quatro anos reunindo 525 símbolos por meio dos quais Cunha cria um panteão de divindades afro-brasileiras. Essa é também a primeira vez em que se vê um número expressivo de projetos de cenografia do artista que, por décadas, foi um ativo colaborador do Teatro Castro Alves, em Salvador. Na mostra, são apresentadas também algumas obras inéditas dos anos 1970, além de um expressivo conjunto de tecidos estampados para o Ilê Aiyê, produzidos entre os anos 1980 e 2000.

J. Cunha é um artista tropicalista. Isso o levou a experimentar diversos meios e linguagens, sempre pensando em maneiras de tornar sua arte verdadeiramente popular. Criou dezenas de cartazes, gravou filmes, fez vitrines de loja e capas de disco, até encontrar no carnaval uma forma de exercitar seu espírito irreverente. Em 1980, concebeu o logo do Ilê Aiyê, bloco afro que havia sido fundado poucos anos antes por jovens do bairro do Curuzu, na periferia de Salvador, sob a vigilância da Yalorixá Mãe Hilda Jitolu, importante liderança religiosa da cidade. A partir dali, o artista criou estampas que, por 25 anos consecutivos, vestiram os frequentadores do bloco, cuja tônica era (e segue sendo) aliar a valorização da beleza negra à história da contribuição negra para as culturas do mundo. Cunha também elaborou elementos decorativos para diversos carnavais e festas populares de Salvador.

No início da carreira, ele foi bailarino e, pouco a pouco, passou a atuar também nas áreas de cenografia e figurino das companhias com as quais colaborava. Nos anos 1970, participou da Pré-Bienal de São Paulo, que aconteceu no Recife, e da Bienal Latinoamericana de São Paulo, quando fez os elementos cenográficos e os figurinos da segunda encenação do espetáculo ‘Aos pés do caboclo’, de Lia Robatto. Nesse momento, ao ganhar o espaço público, ele faria uma manobra radical em sua carreira, alimentando um interesse que culmina em sua entrada no Ilê Aiyê. Cunha, no entanto, nunca deixou de pensar e de operar como pintor. Mesmo quando precisou criar estampas que vestiriam mais de 3 mil pessoas dançando em cortejo pelas ruas, era na cor, na linha e na composição que ele pensava. Essa inclinação nunca se arrefeceu: até hoje, momento em que o artista se dedica a projetos de painéis e equipamentos monumentais, é como pintura que tudo nasce.

Próximo de completar exatos 60 anos de carreira, J. Cunha recebe sua maior exposição individual. “Dentro das minhas imagens e memórias ao longo do tempo, penso que estou convivendo com um grupo de pessoas e instituições que elevam a questão da cultura brasileira presente em meu trabalho. Para mim, trata-se de um reconhecimento do que eu produzi ao longo destes anos”, diz o artista.

Nas palavras do curador Renato Menezes, “a Pinacoteca adquiriu recentemente ‘Paulicéia Diva-Irada’ (2021), uma obra do artista para o acervo do museu. Sua entrada tardia em nossa coleção diz mais sobre as lacunas de nosso acervo do que sobre sua importância. Por isso, considero que esta exposição estimula um ajuste de contas com a história, reconhecendo em Cunha sua energia criativa singular, candente há pelo menos 60 anos, animando uma das carreiras mais prolíficas da arte brasileira atual.”

Menezes ressalta ainda que vida e obra de J. Cunha são indissociáveis e evoca um exemplo concreto: “Trata-se de um raro caso de artista que foi dançarino e que idealizou figurinos para espetáculos. Quando ele concebe um figurino para um espetáculo de dança, ele não o faz de maneira técnica, seguindo manuais de figurinos ou costumes, mas a partir de sua própria experiência cênica como bailarino, como alguém que conhece as possibilidades oferecidas pelo palco. J. Cunha é um artista da experiência empírica, do corpo a corpo.”

Sobre a exposição

A exposição se divide em três partes, organizadas de maneira cronológica:

Parte 1: ‘Made in Brasil’ (na entrada desta sala, o ‘s’ está grafado de maneira invertida, tal como o artista fazia em suas pinturas dos anos 1970). Neste momento vemos o início da carreira do artista, dividido entre a pintura e a dança, preocupado em refletir sobre o Nordeste e em criticar o avanço do capitalismo e a perda das identidades locais. Vemos sua atuação junto ao Etsedron, grupo contracultural que se propunha pensar um Nordeste às avessas, como o próprio nome do grupo sugere – Etsedron é ‘Nordeste’ ao contrário.

Parte 2: ‘Passar por aqui’. Neste momento são apresentados os 25 anos seguintes de sua carreira, dos anos 1980 a 2005, período marcado pelo aprofundamento de sua atividade gráfica, tanto sobre cartazes quanto sobre tecidos. Na parte central desta sala, foi criado um sistema de painéis que evocam a forma de um búzio da costa, elemento muito recorrente em sua obra. No centro do búzio, suas pinturas em formato doméstico; fora dele, projetos de cenografia e materiais gráficos produzidos para o Ilê Aiyê dão conta de mostrar a versatilidade de um artista que sabe muito bem trabalhar em diferentes escalas, tanto em termos de tamanho quanto de produção.

Parte 3: ‘Neobarroco Afro-pop’. Nesta última parte, é apresentada a fase mais madura do artista, desde os anos 2000 até os dias atuais. Sua pintura ganha escala, sua atenção volta-se para os grafismos caboclos, ícones pop e símbolos do cangaço. Pinturas monumentais e projetos de monumentos dialogam frontalmente. Nesta sala aparece também seus interesses nas expressões do catolicismo popular e nos símbolos e ferramentas dos Orixás, que figuram, por exemplo, no Códice, obra que encerra a exposição.

Sobre J. Cunha | Nascido na Península de Itapagipe, em Salvador, em 1948, José Antônio Cunha ingressou no curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia aos 18 anos de idade. Foi cenógrafo e figurinista do grupo folclórico Viva Bahia, colaborou com o Balé Brasileiro da Bahia, Balé do Teatro Castro Alves e, durante 25 anos, assinou a concepção visual e estética do bloco afro Ilê Aiyê, além de decorações dos Carnavais de rua de Salvador. Artista plástico, designer gráfico, cenógrafo, dançarino e figurinista, Cunha participou de bienais, integrou exposições coletivas e realizou mostras individuais nos Estados Unidos, na África e na Europa.

Sobre a Pinacoteca de São Paulo | A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais em seus três edifícios: a Pina Luz, a Pina Estação e a Pina Contemporânea. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.

Serviço:

J. Cunha: Corpo Tropical

Período: 4 de maio a 29 de setembro de 2024

Curadoria: Renato Menezes

Edifício Pina Estação

Endereço: Largo General Osório, 66, Santa Efigênia

O edifício da Pina Estação se localiza no Complexo Cultural Júlio Prestes, conectado com a Sala São Paulo e a São Paulo Escola de Dança e se beneficia de fácil acesso com a linha de trens da CPTM/Metrô Luz.

De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)

Gratuitos aos sábados – R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso.

(Fonte: Assessoria de imprensa da Pinacoteca de São Paulo)

Adriana da Conceição desloca objetos de suas funções e cria obras de arte

Campinas, por Kleber Patricio

Adriana da Conceição. Série Estruturas Invisíveis, fotografia, 0,10 x 0,15cm, 2017.

Um olhar atento, telas protetoras de construção, detalhes de ornamentos em escadas, restauros de prédios e até mesmo um acidente doméstico fazem parte da pesquisa da artista visual Adriana da Conceição. O resultado das observações e produção dela, com cinco obras de arte inéditas, será apresentado na exposição individual ‘Dialéticas arquitetônicas [des] construídas’, que conta com a curadoria de Andrés I. M. Hernández. A mostra abre no dia 9 de maio, quinta-feira, às 19h, no AT AL 609 – Lugar de Investigações Artísticas.

Arquiteta de profissão, Adriana divide sua rotina, desde 1998, entre a arte e os projetos de seus clientes – o que não deixa de ser um fazer artístico. Após um tombo em casa, em 2016, ela fraturou o braço e precisou fazer uma cirurgia para o implante de uma prótese de aço com 15 parafusos. Um insight no momento do curativo que estavam fazendo em seu braço lhe deu a visão do quanto sua pesquisa artística engloba suas vivências e seu entorno. “Ver aquele ‘desenho’ sendo trançado fez com que eu ‘lincasse’ tudo dentro do meu processo criativo. Ali estava a tela de proteção e a escada que ajuda a estruturar a circulação entre os pisos da arquitetura. Afinal, a cirurgia e a prótese estavam servindo para reestruturar o que havia se rompido”, declara ela.

Adriana da Conceição. Série Estruturas Invisíveis, fotografia, 0,10 x 0,15cm, 2017.

E é a partir do reconhecimento da importância da prótese de aço para sua recuperação que a artista passa a falar também sobre o corpo, além das estruturas arquitetônicas. Nesta nova mostra, ela traz obras inéditas a partir da estrutura da prótese reproduzida em argila e madeira em diversas escalas. Outras obras que ainda não participaram de nenhuma mostra também estarão lá, como os 70 pequenos degraus que Adriana retirou das várias camadas exploradas do objeto escada. A artista fará uma performance da série ‘Enraizado, em mim’ logo na abertura da mostra. Três vídeos, sendo dois da série ‘Entre o vão e o acesso’ e um da ‘Vias de passagens’ ainda inéditos também serão exibidos.

O espaço expositivo de aproximadamente 46 metros quadrados recebe a expografia criada por Hernández apresenta desde fotografias a performance, passando por pinturas, colagens, croquis, desenhos, livros de artista e instalações – e um conjunto de obras foi selecionado para dialogar com o espectador. Há objetos de diversos tamanhos e escalas, desde uma reprodução de um pequeno degrau, até uma tela em acrílico de 1,20 x 1,00 m na parede. Falando sobre seu processo artístico, a artista aponta que tudo começa com um registro fotográfico, depois passa pelo croqui em pequena escala e, ao final, pode se transformar em um objeto na escala 1:1, como ‘Carimbo’ que estará na mostra.

Adriana da Conceição. Série Estruturas Invisíveis, fotografia, 0,10 x 0,15cm, 2017.

Hernández acompanha a artista há alguns anos como curando suas exposições como ‘Estratégias visuais no site arquitetônico’, na Rabeca Cultural, em 2017. No ano seguinte, organizou duas mostras: ‘Vias de passagem’, no Subsolo-Laboratório de Arte, e ‘Estratégias visuais [em um novo] site arquitetônico’, na Sociedade Hípica de Campinas, além de ter apresentado as obras da artista no Canadá. Para ele, “a exposição em questão evidencia uma sólida evolução e maturidade na trajetória de Adriana como artista visual”.

Material de reuso

Voltando às restaurações e reformas em imóveis, Adriana diz se interessar pelas construções antigas, porque aqueles que ela observa estão sendo restaurados para serem preservados. “A tela de proteção de construção para mim significa um cuidado que estão tendo com aqueles quase ‘indivíduos’”, diz. E, ao reproduzir no desenho aquelas estruturas, percebeu que tinham volume e que ali estava a memória deles. “E é isso o que me importa”, ressalta.

Há anos a artista optou por utilizar material de reuso, explorando múltiplas modalidades artísticas – fotografia, pintura, colagem, cerâmica – e várias escalas usadas na arquitetura. E essa escolha repercute em suas obras continuamente como em um diálogo, sendo possível ver essa transmissão de uma obra para outra. Esse processo também repercutiu na residência artística que participou em 2023 do grupo internacional Broken Forest, em Paranapiacaba, quando usou as telas de proteção, tão presentes em sua pesquisa, para embrulhar os troncos das árvores mantendo seu discurso de preservação e cuidado com a natureza, com a questão do descarte, e o reuso de material.

Adriana da Conceição – Série Enraizado em mim, fotografia, 0,21 x 0,15cm,2024.

A visão certeira de Adriana faz com ela explore, por exemplo, a estrutura e forma de uma escada para deslocar o objeto de sua função literal, apresentando-a em linhas, pontos e movimento. Enquanto na arquitetura as escadas são estruturas que dão acesso a algum lugar, na arte, Adriana vê ali movimento, a subida, a descida, as linhas. Nada é trabalho como um elemento unicamente literal. “As dialéticas sensoriais exploradas e projetadas contrapõem a concretude do fazer arquitetônico em espirais artísticos onde a mutabilidade do fazer e, do feito apropriado e/ou registrado, diluem os discursos dogmáticos nas artes visuais”. Com essas palavras, Hernández analisa o fazer, o criar da artista.

Adriana da Conceição

Adriana é campineira e é formada em arquitetura e urbanismo desde 1982 pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCamp) e logo começou a trabalhar na área. Em 1998, iniciou na aquarela com Vera Ferro, quando seguiu também para a pintura em tinta acrílica. Neste mesmo ano, fez sua primeira exposição individual em Lisboa e foi selecionada para expor no Banco Central, em Brasília. De lá para cá, não parou mais e afirma que a arquitetura a alimenta para sua pesquisa artística, porque ela está sempre reproduzindo o que vê na arquitetura dos prédios, dos objetos e outros fragmentos.

Serviço:

Abertura da exposição ‘Dialéticas arquitetônicas [des]construídas’, de Adriana da Conceição Curadoria: Andrés I. M. Hernández

Dia: 9 de maio – quinta-feira – Horário: 19h

Período de visitação: os interessados devem entrar em contato pelo Instagram @609atal ou pelo e-mail lugardeinvestigacoesartisticas@gmail.com

Local: AT AL 609 – Lugar de Investigações Artísticas – Rua Antônio Lapa, 609 – Cambuí – Campinas – SP.

(Fonte: AT AL 609)

Cinco restaurantes de luxo no mundo com hortas próprias e menu “do campo para a mesa”

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Restaurante Mina, Botanique Hotel Experience. Foto: Divulgação.

Em um mundo cada vez mais consciente da importância da procedência dos alimentos, a culinária ‘farm to table’ tem ganhado destaque, unindo ingredientes frescos e sazonais diretamente do campo para a mesa. Nessa jornada gastronômica, os sabores autênticos se encontram com a excelência culinária, resultando em experiências únicas e memoráveis. Confira aqui 5 sugestões no mundo para conhecer a tendência, sendo duas delas no Brasil.

Mina, Hotel Botanique – Mantiqueira Paulista, Brasil | Localizado no coração da deslumbrante Mata Atlântica, o restaurante Mina do Hotel Botanique Hotel Experience oferece uma experiência verdadeiramente indulgente. Sob a orientação do renomado chef Cristóvao Duque, com passagens em casas internacionais estreladas, incluindo Alan Ducasse, cada prato é uma obra-prima que celebra os ingredientes frescos e sazonais, colhidos diretamente dos jardins orgânicos da propriedade, por onde se espalham mais de 300 caixas de hortas. www.botanique.com.br

L’Arpège, Paris. Foto: Julie Anseau.

L’Arpège – Paris, França | Fundado pelo renomado chef Alain Passard, o L’Arpège é um templo gastronômico onde a simplicidade e a excelência se encontram. Localizado no coração de Paris, o restaurante é famoso por sua abordagem inovadora à culinária francesa, com um foco especial em vegetais frescos e orgânicos provenientes da própria fazenda do chef. Um vegetariano luxuoso, que excede as expectativas com propostas saborosas e inventivas onde simplicidade e qualidade fazem a festa do paladar.

Food Circle, Comporta, Portugal. Foto: Divulgação.

Food Circle, Comporta, Portugal | Para uma experiência gastronômica íntima e imersiva do hotel Sublime Comporta, Portugal, 12 convidados – uma mistura de visitantes internacionais e clientes portugueses regulares – se reúnem todas as noites de verão e início de outono ao redor de um balcão em um pavilhão ao ar livre localizado no coração do jardim orgânico de 16.000 metros quadrados do hotel. O chef Tiago Santos e seus assistentes criam um menu degustação diferente a cada dia com base nas 300 variedades de vegetais e ervas do jardim que estão em seu auge, além de peixes capturados de forma sustentável e carnes criadas a pasto fornecidas por fornecedores locais confiáveis.

Simone Ristorante. Foto: Divulgação.

Simone Ristorante, São Paulo | Em um enclave quase secreto na Rua Pedroso Alvarenga, Itaim, está o Simone Ristorante, do chef Simone Parattella, de Alba, região na Itália que mais concentra restaurantes estrelados no Michelin. No topo do sobrado, a horta do chef abastece a cozinha com temperos, legumes, frutos, verduras e flores comestíveis cultivadas organicamente. Tem ambiente elegante, com dois andares, cozinha aberta, paredes de mármore verde, mesas e balcão de onde se vê a equipe soltar belos preparos como o Crudo di Tonno (atum fresco batido na faca, Citronette de limão siciliano e Caviar Mujjol) e o Gnocchi a l’Ostriche e Tartufo (Gnocchi na manteiga italiana queimada, Ostras Frescas e Tartufo Nero da Estação). Uma bela adega exibe somente rótulos italianos de produtores premiados como Angelo Gaia e Antinori, apenas citando alguns.

Geranium, Kopenhagen. Foto: Claes Bech-Poulsen.

Geranium – Copenhague, Dinamarca | Sob a liderança do visionário chef Rasmus Kofoed, o Geranium é um ícone da culinária nórdica contemporânea. Colaborando de perto com agricultores, pescadores e ‘foragers’ locais, o restaurante oferece pratos que refletem a riqueza e a diversidade dos ingredientes encontrados na região e na horta que cultivam. A especialidade é a cozinha escandinava com ingredientes da estação servida no oitavo andar do estádio da capital dinamarquesa, com uma vista para um belíssimo parque, não para o gramado da arena Parken. Alguns dos delicados pratos do menu vêm enfeitados com gerânios, que dão nome ao restaurante, e outros tipos de flores.

(Fonte: Lucia Paes de Barros Assessoria de Imprensa)

Mudanças climáticas reduziram diversidade genética de pássaros na Amazônia nos últimos 400 mil anos

Amazônia, por Kleber Patricio

Estudo foi realizado com pássaros do gênero Willisornis, conhecidos no Brasil como rendadinhos ou formigueiros. Foto: Tony Catro/Wikimedia Commons.

As mudanças climáticas ocorridas ao longo dos últimos 400 mil anos gravaram seus efeitos no genoma de pássaros da Amazônia. Um artigo publicado na última quarta (24) na revista científica “Ecology and Evolution” mostrou que as linhagens de aves do gênero Willisornis residentes no sul, sudeste e leste da Amazônia têm menor diversidade genética e padrões de flutuação populacional mais variados em relação a grupos de outras regiões do bioma. Isto indica reduções bruscas no tamanho da população e fortes eventos de migração nos últimos milênios. A pesquisa tem participação de instituições nacionais, como a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Instituto Tecnológico Vale (ITV), e de instituições internacionais como a Universidade de Toronto.

O estudo foi realizado com pássaros do gênero Willisornis, conhecidos no Brasil como rendadinhos ou formigueiros. Os pesquisadores sequenciaram o genoma de nove indivíduos pertencentes a diferentes grupos encontrados na região amazônica. O processo envolveu a extração e análise de todas as informações contidas no DNA das aves. Com esses dados, modelos computacionais auxiliaram o grupo a estudar fatores como o impacto de mudanças ambientais ao longo de um determinado período histórico no tamanho das populações, relações de parentesco entre os indivíduos e diversidade genética.

Para Alexandre Aleixo, autor líder da pesquisa, o mecanismo natural de contração e expansão da cobertura vegetal da floresta amazônica tem grande papel nesse histórico. “A Amazônia é como uma sanfona que se expande e contrai dependendo do clima”, comenta o pesquisador. Ele explica que as regiões sul e sudeste estão localizadas justamente sobre a faixa de ‘sanfona’ e, lá, durante períodos secos, a floresta úmida se transforma em ambientes abertos, como cerrados. “Quando tem floresta, as populações dessa ave se instalam e, quando não tem, desaparecem ou diminuem bastante”, completa.

Cada um desses eventos de migração ou redução populacional deixa uma marca no material genético das linhagens. Grupos menores, por exemplo, tendem a apresentar taxas maiores de cruzamentos entre parentes, o que resulta em uma baixa diversidade genética e, consequentemente, menor resistência a possíveis mudanças do ambiente. O caso do estudo, no entanto, mostrou que, mesmo com baixa variabilidade genética, as populações de Willisornis foram capazes de resistir às contínuas perturbações climáticas na floresta tropical, trazendo à tona um importante questionamento. “A gente quer entender se existem genes relacionados com essa maior resistência”, pontua Aleixo.

O passado registrado no DNA desses pássaros pode estar prestes a se repetir. O artigo explica que a floresta tropical no sul e no leste da Amazônia está, atualmente, próxima de seus limites climáticos e que um aquecimento global de 3 a 4ºC poderia representar uma nova mudança para um ambiente de vegetação aberta. Nesse contexto, pesquisas genéticas também podem contribuir para estratégias de conservação. “Podemos encontrar no genoma das populações que sobreviveram às mudanças climáticas passadas características que permitam que elas resistam às mudanças futuras, assim como identificar grupos mais diversos que podem ser matrizes para reintrodução em outros locais”, diz o autor.

O estudo abre caminho para novas investigações sobre o efeito das mudanças climáticas e da cobertura vegetal na história genética dos seres vivos. “Esse foi o primeiro trabalho que aponta para uma resiliência dentro de algumas populações de espécies da Amazônia. Agora, queremos explorar isso melhor”, releva Aleixo. O pesquisador pontua que o grupo já está em contato com outras instituições de pesquisa para desenvolver trabalhos mais amplos, levando em conta espécies de répteis e plantas, por exemplo.

(Fonte: Agência Bori)

Uso noturno de telas está associado a alimentação menos saudável de crianças e adolescentes

Florianópolis, por Kleber Patricio

Foto: FreePik.

Crianças e adolescentes que usam mais celulares, videogames e televisão à noite tendem a consumir menos alimentos saudáveis nas refeições noturnas. Em vez de frutas, verduras e legumes, a dieta desses jovens pode conter mais alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares e gorduras, como doces, hambúrguer e pizza. A conclusão está em artigo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) publicado na sexta (3) na “Revista de Nutrição”. Segundo a pesquisa, aqueles que usam até um dispositivo costumam consumir menos frutas, verduras e legumes; o uso de até dois dispositivos resulta em maior chance de ingerir doces e usar três ou mais dispositivos está associado ao consumo de mais ultraprocessados e lanches.

A análise envolveu 1.396 escolares com idades entre 7 e 14 anos, com e sem sobrepeso, de 19 escolas públicas e 11 instituições particulares, localizadas em regiões diversas de Florianópolis (SC). Informações sobre seus hábitos cotidianos foram coletadas por meio do questionário Consumo Alimentar e Atividade Física de Escolares, aplicado de forma virtual entre novembro de 2018 e dezembro de 2019 como parte do Estudo da Prevalência da Obesidade em Crianças e Adolescentes de Florianópolis.

Conduzido desde 2002 na capital catarinense, o estudo monitora sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes, buscando entender fatores associados a eles. Suas edições anteriores apontaram para tendências de aumento do sobrepeso e obesidade neste público, que foi de 30%, em 2002, para quase 34% no levantamento mais recente.

O uso de telas se destaca como fator associado ao ganho de peso que pode ser modificado. “A utilização das telas pode vir acompanhada de propagandas de alimentos ultraprocessados, que estimulam sua compra e consumo e que devem ser evitados”, ressalta a pesquisadora Patricia Hinnig, pesquisadora da UFSC e uma das autoras do estudo. Ela destaca a necessidade de orientação acerca do uso de telas e da alimentação saudável. “Essas ações podem ser realizadas no ambiente escolar como parte do Programa Saúde nas Escolas ou de atividades de Educação Alimentar e Nutricional. É fundamental que alcancem também as famílias e estejam associadas a outras ações de promoção da saúde no âmbito da Atenção Primária à Saúde”, indica.

A próxima edição do estudo sobre prevalência de obesidade em crianças e adolescentes de Florianópolis está prevista para 2025, a primeira desde a pandemia de Covid-19. “Será possível avaliar o comportamento da obesidade nos escolares após a pandemia. Com dados de consumo alimentar, atividade física e uso de telas, poderemos avaliar as tendências ao longo do tempo”, explica a pesquisadora.

(Fonte: Agência Bori)