No último dia 23 de abril 23 de abril, educação amazonense viveu um momento histórico


Manaus
Com direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, textos de Ésquilo, Eurípides e Pier Paolo Pasolini, a Prezada Companhia de Teatro estreia ‘oresteia.br’ dia 16 de março de 2023, às 19h no TUSP – Teatro da Universidade de São Paulo (R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo). A temporada vai até 09 de abril com apresentações de quinta a domingo, com ingressos a R$40 e R$20 (meia).
oresteia.br nasce da tentativa de elaborar algumas perguntas, em meio a tanta perplexidade a nos tomar. O que ainda podemos fazer juntos? Quem integra o coro? Qual o valor de uso da mentira? Como pronunciar palavras propícias? Ao texto de Ésquilo somamos trechos de Eurípides (Ifigênia em Áulis) e de Pasolini (Pílades), compondo um material que nos permite cravar na encruzilhada-Brasil nossos corpos em estado de combate.
“Olhar no olho da tragédia” – assim Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, esboçava os termos de um programa de trabalho (interrompido pela morte precoce em 1974) que visava à compreensão daquilo que, à época, chamavam “vida nacional”. Agora, em 2023, voltamos à tragédia e, certamente, é com os olhos do presente que lançamos nossas perguntas ao material. Isto, num momento em que as práticas de extermínio confrontam as perspectivas democráticas. Na contramão da visão trágica grega, a “nossa tragédia” evidencia: o sofrimento nada ensina.
Para o diretor José Fernando Peixoto de Azevedo, “resta-nos um pouco de uma certa consciência trágica: reconhecer a distância que separa aquilo que imaginamos ser daquilo que nos tornamos e escolher seguir. Alguns ainda dão, a essa fratura, o nome de Brasil”. Carmina Juarez, diretora musical da peça, acredita que “oresteia.br é uma travessia de resistência pelas invocações: do prelúdio às bengaladas, do balbucio às vociferações”.
A Prezada Companhia de Teatro surgiu a partir de um processo de montagem na Escola de Arte Dramática da USP. A peça era a “Oresteia”, de Ésquilo, e a direção era de José Fernando Peixoto de Azevedo.
José Fernando Peixoto de Azevedo foi fundador e diretor artístico do Teatro de Narradores; escreveu e dirigiu trabalhos com o grupo Os Crespos. Seus mais recentes trabalhos no teatro são “Um inimigo do povo”, “Navalha na Carne Negra” e “As mãos sujas”, com projetos também em Berlim.
Mostra Teatro Pós-Trauma
A mostra Teatro Pós-Trauma, um projeto do TUSP – Teatro da Universidade de São Paulo, faz uma amostragem de espetáculos recentes que, em comum, se originaram dentro da Universidade de São Paulo e que tratam verticalmente dos traumas recentes do país. Entre março e junho de 2023, a mostra traz à sede do TUSP na capital três espetáculos gerados em diferentes âmbitos dentro da USP, que, por distintos olhares, encaram de frente a crise da democracia no Brasil e o horror dos últimos anos. Além de oresteia.br, da Prezada Companhia de Teatro, “Um Memorial para Antígona”, com direção de Vicente Antunes Ramos, e “Verdade”, do grupo Tablado SP e direção de Alexandre Dal Farra, integram a programação, que vai até junho de 2023.
Sinopse | Em cena, a saga dos Átridas, desde o sacrifício de Ifigênia pelo pai, o rei Agamêmnon, como condição para a partida das frotas até a destruição de Tróia e o resgate de Helena, sequestrada por Páris. Dez anos depois, em seu retorno, Agamêmnon é assassinado pela rainha Clitemnestra e seu amante Egisto, como vingança pela morte da filha. Tempos depois, o filho, Orestes, com a ajuda da irmã, Electra, vinga a morte do pai assassinando a mãe, o que o leva a um julgamento no contexto de um novo tribunal, instaurado pela deusa Atena.
Ficha Técnica
Textos: Ésquilo, Eurípides e Pier Paolo Pasolini
Espaço de cena, dramaturgia e direção geral: José Fernando Peixoto de Azevedo
Elenco: Bruno Vaz, Caio Nogali, Daiane Gomes, Luisa Silva, Filippe Rosenno, Julio Aracack, Thai Muniz, Tricka Carvalho
Direção musical e práticas da voz: Carmina Juarez
Piano: Natália Nery
Câmera em cena/Imagens: André Voulgaris
Desenho de luz : Denilson Marques
Trilha Sonora: José Fernando Peixoto de Azevedo, Carmina Juarez, Prezada Companhia
Operação de imagens: Alex Brito
Operação de luz: Felipe Mendes e Geovanna Moreira
Operador de som: Camilo Muñoz e João Pedro Feijó
Figurino: José Fernando Peixoto de Azevedo, Prezada Companhia e Silvana Carvalho
Confecção de Figurino: Silvana Carvalho
Cenotécnica: Nilton Ruiz e Zito Rodrigues
Adereços/Objetos de cena: Paulo Basílio
Edição de vídeo: Caio Nogali
Preparação corporal e assistência de direção (Primeira Fase): Fernando Vicente
Preparação corporal (Segunda Fase): Ana Maria A. Miranda
Trabalho com máscaras: Bete Dorgam
Estilização de máscaras: Thai Muniz
Consultoria teórica: Beatriz de Paoli, JAA Torrano, Milena Faria e Sandra Sproesser
Traduções: Oresteia, de Ésquilo – Manuel de Oliveira Pulquério; JAA Torrano; Ifigênia, de Eurípides – JAA Torrano; Pílades, de Pier Paolo Pasolini – Alex Calheiros, Oresteia, o canto do bode – adaptação de Reinaldo Maia
Projeto gráfico: Dalua Criações
Fotografia: Caio Oviedo e Andréa Menegon
Colaboraram durante o processo (vídeo): Gabriel Siviero, Diego Oliveira, Igor Barreto e Rai do Sol
Produção: Corpo Rastreado, José Fernando Peixoto de Azevedo e Prezada Companhia
Apoio: Escola de Arte Dramática – EAD/ECA-USP
Espetáculo realizado originalmente no contexto da Escola de Arte Dramática.
Serviço:
oresteia.br
Temporada: 16 de março a 9 de abril de 2023
Quintas, sextas e sábados, 19h às 23h; domingos, das 17h às 21h
TUSP – Teatro da Universidade de São Paulo
Centro Universitário Maria Antônia
Rua Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo (SP)
Duração: 240 min (com dois intervalos) | 16 anos | 70 lugares
Ingressos: R$40 (inteira) + R$20 (meia)
Instagram: https://www.instagram.com/prezadaciadeteatro.
(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)
De 9 de março a 1º de abril de 2023, de quinta a sábado, às 20h, a Cia Santa Cacilda realiza a temporada de estreia do espetáculo “Coro dos Amantes”, no Auditório (3º andar) do SESC Pinheiros. Os ingressos são a partir de R$9,00 e podem ser adquiridos por meio do site do SESC SP ou nas bilheterias das unidades do SESC em São Paulo. “Coro dos Amantes” é um poema teatral sobre a passagem do tempo e sobre o sentir físico e emocional que uma experiência de quase morte pode trazer, abrindo possibilidades de mudança porque “ainda temos tempo”.
Com Raquel Anastásia e Igor Kovalewski em cena e trilha-sonora executada ao vivo pelo maestro e pianista Paulo Maron, a obra traz uma reflexão profunda sobre o modo de vida asfixiante vivido nas grandes cidades, fazendo-nos pensar sobre a urgência de nos reconectarmos com a natureza, apresentando-a não como um simples objeto de conhecimento, mas como um lugar de experiência e de celebração da vida.
De autoria do grande dramaturgo português e atual diretor do Festival d’Avignon, Tiago Rodrigues, “Coro dos Amantes” é uma obra polifônica inédita no Brasil. O texto escolhido reúne inúmeras qualidades; entre elas, podemos citar o poema, o senso comunitário da sua escrita e a presença de questões urgentes ligadas à humanidade e à natureza.
Escrita e apresentada em Lisboa em 2007, “Coro dos Amantes” é a primeira peça de Tiago Rodrigues, revisitada por ele 13 anos depois de sua criação. Considerado um dos artistas mais inovadores da cena contemporânea portuguesa, Tiago vem se destacando e consolidando seu trabalho também na cena internacional recebendo inúmeros prêmios; entre eles, o XV Prêmio Europa Realidades Teatrais, em 2018, e o Prêmio Pessoa, em 2019.
O projeto “Coro dos Amantes” é uma idealização da artista Raquel Anastásia, que foi integrante do Centro de Pesquisa Teatral, dirigido por Antunes Filho, integrou a Cia Livre e já atuou com importantes nomes das artes cênicas. Formada pela Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3, finalizou a sua pesquisa sobre a presença da performance nos trabalhos de Ivo van Hove e Angélica Liddell, sendo orientada pelo professor e diretor do departamento de Estudos Teatrais, Monsieur Pierre Longuenesse, autor de vários artigos e livros sobre o teatro contemporâneo e o poema teatral.
A peça é encenada também por Igor Kovalewski, ator e produtor cultural com uma longa trajetória atuando entre o teatro, o cinema e a televisão, com 34 peças, 7 longas, 5 curtas e séries, sob a direção de nomes como Aimar Labaki, Reginaldo Nascimento, Ricardo Rizzo, Vivien Buckup, Daniel Sommerfeld, André Garolli, Luis Louis, Sérgio Ferrara, Heitor Goldflus e Paulo Faria.
Sobre a Cia Santa Cacilda
Formada por artistas com experiências múltiplas, a Cia Santa Cacilda surge focada na investigação sobre a dramaturgia contemporânea e na busca por uma criação artística que dialogue com questões pertinentes ao nosso tempo.
Seguindo estes princípios, a companhia estreou sua primeira peça, “O Horla”, com dramaturgia de Paulo Rogério Lopes e direção de Raquel Anastásia, no Teatro Aliança Francesa. O trabalho seguinte foi “Plínio Contra as Estrelas”, que teve como pesquisa-base a simulação da experiência virtual em detrimento da experiência real. O espetáculo, de autoria de Paulo Santoro, foi idealizado e produzido pela atriz Raquel Anastásia e fez sua temporada de estreia no SESC Consolação. Em seguida, o espetáculo foi apresentado no SESC Vila Mariana, na Oficina Mário de Andrade e na Virada Cultural de Bauru, além de ter sido indicado ao Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro, na categoria Dramaturgia.
“Motel Rashômon”, de autoria de Marcos Gomes, também idealizado e produzido por Raquel Anastásia, foi contemplado com o Prêmio ProAC de produção e temporada de espetáculo inédito, estreou na SP Escola de Teatro, realizou 24 apresentações e também foi apresentado no SESC Piracicaba.
Em 2020, iniciou uma série de leituras e estudos sobre o coro e a coralidade, esse último presente na escrita do renomado dramaturgo, diretor de teatro e atual diretor do Festival d’Avignon, Tiago Rodrigues. Mais informações: Instagram: @corodosamantes.
Ficha Técnica – Idealização: Raquel Anastásia | Texto: Tiago Rodrigues | Atores-encenadores: Raquel Anastásia e Igor Kovalewski | Criação música original e execução ao piano: Maestro Paulo Maron | Figurinos: Marichilene Artisevskis | Objetos cênicos: Marcelo Guarrata | Desenho de Luz e operação: Jorge Leal | Iluminadora Assistente: Gabriele Souza | Palestrante: Leonardo Gandolfi | Práticas Coro/Coralidade: Roberto Morettho | Voz: Madalena Bernardes | Intérprete de Libras: Marisa Peres | Fotos: Milton Galvani |Registro fotográfico do espetáculo: Bob Sousa | Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini | Assistentes de Produção: Carol Centeno e Victoria Blat | Filmagem: Bruta Flor Filmes | Coordenação geral: Raquel Anastásia e Igor Kovalewski | Realização: SESC.
Serviço:
“Coro dos Amantes” com Cia Santa Cacilda
Sinopse: Poema teatral sobre a passagem do tempo, sobre o sentir físico e emocional da morte próxima e a possibilidade de mudança que ela traz, porque ainda “temos tempo”. A obra traz uma reflexão profunda sobre o modo de vida asfixiante vivido nas grandes cidades, fazendo-nos pensar sobre a urgência de nos reconectarmos com a natureza. Apresentando-a não como um simples objeto de conhecimento, mas como um lugar da experiência e da celebração da vida. Duração: 55 minutos.
Texto: Tiago Rodrigues. Encenação e atuação: Raquel Anastásia e Igor Kovalewski
De 9 de março a 1º de abril de 2023 – quinta a sábado, às 20h
Duração: 55 minutos
Local: Auditório (3º andar) | Capacidade: 98 lugares | 12 anos
Ingressos: R$30 (inteira); R$15 (meia) e R$10 (credencial plena).
(Fonte: SESC SP)
Em 2015, com a intenção de avançar na implementação de práticas sustentáveis com metas específicas, a ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável para compor a Agenda 2030. Em âmbito educacional, o tema sustentabilidade vem também ganhando relevância, com práticas que visam incorporar à grade curricular os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Os 17 objetivos estão divididos em erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero, água potável e saneamento, energia limpa e acessível, trabalho decente e crescimento econômico, indústria, inovação e estrutura, redução das desigualdades, cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção sustentáveis, ação contra a mudança global do clima, vida na água, vida terrestre, paz, justiça e instituições eficazes e parcerias e meios de implementação.
Para que sejam concretizadas nas práticas escolares, a divulgação das metas entre estudantes tornou-se imprescindível e necessária; afinal, são hábitos que serão indispensáveis, fundamentais e que influenciarão para o futuro do planeta ser equilibrado nos pilares da sustentabilidade, que envolvem o meio ambiente, desenvolvimento social e econômico. Sendo assim, é extremamente importante que os estudantes conheçam com propriedade cada um dos ODS, transforme-os em hábitos e disseminem entre as pessoas de seu convívio.
A sustentabilidade deve ser ensinada desde os primeiros anos aos estudantes; assim, será possível mudar hábitos enraizados socialmente, conscientizando sobre ações positivas com o objetivo de garantir um futuro mais sustentável ao planeta. Ao entender que integrar no currículo escolar os ODS é um caminho significativo para a construção de um futuro sustentável, percebe-se que a inclusão destes novos hábitos vem vinculados à criação de uma nova cultura e deve ser construída não somente com estudantes, mas em toda comunidade em que estão inseridos socialmente.
Na Escola Luminova, por exemplo, uma das práticas de sustentabilidade mais significativas acontece na aula de Relações Sociais, no Fundamental I, onde crianças entre seis e dez anos, aprendem sobre o que são os ODS e como podem aplicar esses conhecimentos na rotina. Os alunos se tornam agentes da propagação da sustentabilidade por meio da conjugação de teoria e prática. Os ODS também são trabalhados como tema transversal, adaptando-se a abordagem a cada etapa do ensino.
A criação dessa cultura é um dos primeiros desafios no ambiente escolar para refletir sobre todos os aspectos e pilares da sustentabilidade, indo além da associação de que sustentabilidade envolve apenas as práticas ambientais. É claro e inegável que este é um dos pilares fundamentais, mas é importante destacar que a sustentabilidade engloba muitas outras pautas dentro da agenda da ONU e reforçar a criação de uma gestão educacional e de uma cultura na comunidade escolar que preza pelos direitos humanos, pela qualidade de vida e redução das desigualdades.
Outro desafio encontrado para a inserção adequada da sustentabilidade na prática escolar é a necessidade de ações que sejam feitas em todos os ciclos escolar e aproveitando, inclusive, os novos itinerários formativos para a inclusão de assuntos relacionados. Apresentar propostas práticas de interdisciplinaridade e evidenciar que esses estudantes são grandes responsáveis por ações econômicas é uma possibilidade que faz com que as propostas saiam da teoria e permite que os estudantes possam ser agentes multiplicadores e transformadores da economia criativa.
O estudante precisa entender seu papel como agente ativo no ciclo da sustentabilidade. Somente por meio dessa rotina é que a Agenda 2030 será cumprida e a garantia de um futuro sustentável será efetiva.
*Carla Lyra Jubilut é Arte-educadora, Comunicadora Social e Pedagoga. Especialista em Metodologias Ativas e Psicopedagogia pelo Instituto Singularidades. É coordenadora pedagógica na Escola Luminova Vila Prudente, e advocate e mentora do Global Schools Program – um programa da Unesco que defende a implementação dos ODS na comunidade escolar.
(Fonte: Markable Comunicação)
A memória afetiva é uma parte substancial do desenvolvimento de crianças e adolescentes. É por meio daquele brinquedo querido na infância ou de lembranças simbólicas com amigos e familiares que entendemos os sentimentos, as emoções e criamos o registro de sensações agradáveis. Esse processo é uma etapa fundamental para o crescimento saudável de meninos e meninas. Entretanto, nem todos têm a oportunidade de experienciar uma infância com condições ideais de afeto. Diante dessa problemática e com o objetivo de promover e registrar bons momentos, a Aldeias Infantis SOS iniciou o projeto “Memórias e Afetos” em Campinas (SP), voltado para crianças e adolescentes em acolhimento.
Realizada desde 2021, a iniciativa busca registrar, por meio de áudio e vídeo, as atividades significativas desenvolvida com as crianças e os adolescentes, como passeios anuais de caráter lúdico e cultural e festas que marquem o momento de emancipação do jovem na Aldeias Infantis SOS, entre outras atividades.
O projeto é mais uma forma de promover o cuidado e a estabilidade emocional e física de meninos e meninas que lá estão, ressaltando que estão em um ambiente familiar e seguro e que a saída da Organização não acaba com os laços afetivos construídos. Além disso, o estímulo e o registro de lembranças felizes aceleram e ressignificam a assimilação das memórias traumáticas, que precederam o acolhimento, resultando em uma visão positiva do futuro e em uma emancipação sensível e tranquila. “O Memórias e Afetos se enquadra como uma ferramenta de promoção humana e bem-estar social ao oferecer recursos para auxiliar crianças e adolescentes que perderam o cuidado parental a superar o seu passado de violações de direito. E isso é possível por meio do contato com registros de memórias presentes e dos afetos constituídos”, explica Regiane Maximiamo de Moraes, gerente regional da Aldeias Infantis SOS e responsável pelos serviços de Campinas, Limeira e Lorena.
A gestora acrescenta ainda que um exemplo dessas memórias positivas é a festa de emancipação e a entrega do enxoval, “que demonstram um processo sensível, gentil e carinhoso, do qual poderão se recordar como um ‘até breve’ humanizado, que prenuncia a possibilidade de um futuro feliz no qual todos acreditamos ser possível”, conclui Regiane.
Atuação em Campinas
A Aldeias Infantis SOS iniciou seus trabalhos em Campinas em 2009. Desde então, acolhe e protege crianças, adolescentes e jovens que perderam o cuidado parental. Atualmente, o programa cuida de 46 crianças e adolescentes, sendo 30 deles com idades superiores a 14 anos.
A Organização disponibiliza 17 profissionais no centro de acolhimento da cidade, entre técnicos, educadores e cuidadores treinados para atuar com os registros e edições do projeto “Memórias e Afetos”. A iniciativa terá a duração de dois anos e presenteará cada beneficiário com um foto-livro, imagens avulsas e um vídeo com os melhores momentos do período dos registros. “Do número total de crianças e adolescentes acolhidos no município, anualmente há uma parcela cada vez maior de adolescentes, o que nos coloca diante da necessidade da construção de estratégias eficazes para apoiá-los no processamento de suas experiências passadas, muitas das quais envolvem violação de direitos, considerando os desafios para a preparação para a vida adulta e para a emancipação do acolhimento”, complementa Regiane.
Sobre a Aldeias Infantis | A Aldeias Infantis SOS (SOS Children’s Villages) é uma organização global, de incidência local, que atua no cuidado e proteção de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. A organização lidera o maior movimento de cuidado infantil do mundo e atua junto a meninos e meninas que perderam o cuidado parental ou estão em risco de perdê-lo, além de dar resposta a situações de emergência. Fundada na Áustria, em 1949, está presente em 137 países. No Brasil, atua há 55 anos e mantém mais de 80 projetos em 31 localidades de Norte ao Sul do país. Ao trabalhar junto com famílias em risco de se separar e fornecer cuidados alternativos para crianças e jovens que perderam o cuidado parental, a Aldeias Infantis SOS luta para que nenhuma criança cresça sozinha.
(Fonte: Máquina Cohn&Wolfe)
A Pinakotheke São Paulo vai inaugurar em 18 de março de 2023 a exposição Frans Krajcberg (1921-2017) – “(…) ao acordar a natureza estava preta e branca”. As vinte obras – esculturas, pinturas e trabalhos em papel, como seus relevos – de Frans Krajcberg estarão em diálogo com o ensaio fotográfico do artista feito em 1996 por Luiz Garrido (1945), em Nova Viçosa, Bahia, onde Frans Krajcberg morava e trabalhava.
Com planejamento e organização de Galciani Neves e Max Perlingeiro, a exposição é uma realização da Pinakotheke Cultural em colaboração com a Associação de Amigos de Frans Krajcberg. “Ele foi um precursor na defesa do meio ambiente. Krajcberg se revoltou com a destruição da natureza que conheceu em suas viagens pelo país e sua indignação não esmoreceu até o fim de sua vida, aos 96 anos”, destaca Marcia Barrozo do Amaral, presidente da AmaFrans.
O público poderá ver ainda Krajcberg em ação em Nova Viçosa, indo ao mangue buscar material sobre o seu trabalho, rindo e conversando, em um vídeo de 10 minutos que será exibido em looping. O registro feito por Luiz Garrido e seu assistente Carlos (Kaká) Hansen, em 1996, com uma filmadora Video8, analógica, foi restaurado, digitalizado e editado especialmente para a exposição.
Lançamento do livro | Na abertura da exposição será lançado o livro homônimo, bilíngue (port/ingl), com 172 páginas e formato 21 x 27 cm, com imagens das obras de Frans Kracberg e as fotografias de Luiz Garrido. Os textos são de Marcia Barrozo do Amaral, presidente da Associação de Amigos de Frans Krajcberg; Galciani Neves, Max Perlingeiro, Bené Fonteles, Jaider Esbell, e Pierre Restany – um dos autores do célebre “Manifesto do Rio Negro doNaturalismo Integral”, escrito em 1978 também por Frans Krajcberg e Sepp Baendereck (1920-1988) – uma entrevista de Advânio Lessa dada a Valquíria Prates e uma cronologia do artista.
“… Ao acordar, a natureza estava preta e branca”
Marcia Barrozo do Amaral ouviu de Krajcberg a frase “Sonhei, e ao acordar a natureza estava preta e branca. (…) O branco vela o negrume das arvores queimadas”. Ela registrou na memória para nunca esquecer. Ela conta ainda que ouviu incontáveis vezes Krajcberg dizer “A estética não me basta. É necessário que a obra possa ecoar e reverberar o grito que trago no peito”. Judeu de origem polonesa, ele chegou ao Brasil em circunstâncias trágicas, aos 27 anos, buscando superar os horrores da Segunda Grande Guerra, conflito no qual esteve pessoalmente envolvido e que lhe roubou a família, dizimada nos campos de concentração. “Aqui, neste país tropical, de natureza exuberante, Krajcberg encontrou mais do que inspiração para sua obra”, diz Marcia. “Além de excepcional artista – premiado em importantes Bienais, como Veneza e São Paulo, e com obras nos acervos de importantes museus, como o Beaubourg, em Paris – Krajcberg foi um combatente, um ativista ambiental, quando ainda pouquíssimos se sensibilizavam pelo tema e por suas drásticas consequências. Impossível examinar suas esculturas, pinturas e relevos sem a conexão profunda e indissociável com a causa que o artista abraçou, integral e decididamente ao longo de sua vida. Nesse caso, não há forma dissociada do conteúdo, do contexto em que fora recolhido o suporte natural”, afirma. Para ela, a obra de Krajcberg “é o alerta de um pioneiro na defesa e preservação de nossos biomas naturais e dos remanescentes povos originários e uma exortação dolorosamente atual ante a colapsada fiscalização e controle ambiental sob responsabilidade do Estado brasileiro”.
Max Perlingeiro diz que “a produção de Krajcberg encerra um impressionante libelo pela preservação do patrimônio ambiental, bem de uso comum do povo e consagrado à subsistência e proveito da humanidade”.
A exposição esteve na Pinakotheke Cultural Rio de Janeiro de 25 de julho a 27 de agosto de 2022.
Luiz Garrido por Frans Krajcberg
Frans Krajcberg disse sobre a obra de seu amigo Luiz Garrido: “A técnica não é tudo e, sim, a participação do artista na obra. Na fotografia me impressiona essa relação do fotógrafo com a máquina, a maneira como ele cria, a percepção da luz, o enquadramento da imagem, o momento exato do clique. Conheci o Garrido, em Paris, em 1968, quando ele estudava fotografia, e nossa amizade desenvolveu-se a partir dos muitos encontros, nos quais sempre discutíamos bastante sobre o assunto. Depois de alguns anos, descobri, já no Rio de Janeiro, o fotógrafo Garrido e fiquei impressionado com o seu trabalho. Um artista captando, com a máquina fotográfica, uma imagem muito própria, criando sua obra. Isso me impressiona sempre, o talento e o desejo de criar uma obra própria, o trabalho de pesquisa, o domínio da técnica como instrumento e não como fim. A máquina não é tudo, o artista sim. Os retratos, foco de seu atual interesse e que fazem parte dessa exposição, são a síntese dessa união entre técnica, luz, imagem, percepção de um momento fugaz de um olhar, um gesto, uma postura que dizem algo além da imagem retratada. Em resumo, é a participação, por inteiro, de artista, em sua obra, são os retratos do ponto de vista Garrido, é a fotografia como forma de expressão, arte, uma obra que foi cuidadosamente elaborada e que transcende a imagem retratada”.
Sobre Frans Krajcberg
Frans Krajcberg foi escultor, pintor, gravador e fotógrafo. Autor de obras que têm como característica a exploração de elementos da natureza, destaca-se pelo ativismo ecológico, em que associa arte à defesa do meio ambiente. Em toda sua trajetória, participou seguidamente de exposições em importantes museus no Brasil e no exterior e foi premiado várias vezes. Participou de Bienais em vários países – França, Cuba, Uruguai. Foi premiado na Bienal de Veneza, em 1964, integrou muitas edições da Bienal Internacional de São Paulo, desde a primeira, em 1951, e continuamente as de 1953, 1955, 1957, 1961, 1963, 1977, 1979, 1989 e 2000.
Frans Krajcberg nasceu em 12 de abril de 1921 em Kozienice, na Polônia, filho de um modesto comerciante e de mãe militante comunista. É o terceiro de cinco filhos: dois irmãos e duas irmãs. Por ser judeu, sofre preconceitos e perseguições pelos nazistas. Toda sua família foi morta no Holocausto. Preso, consegue fugir. Integra-se ao exército russo, aquartelado na Polônia, seguindo para Vilna, de onde é enviado à Romênia. Depois de tentar ingressar sem sucesso na Escola de Belas-Artes de Vitebsk, desloca-se para Leningrado, onde começa a estudar engenharia hidráulica e belas-artes na universidade, em1940. Em 1941, quando os alemães invadem a URSS, Krajcberg integra-se à Resistência Polonesa, incorporando-se a seguir ao exército polonês, apoiado pelos russos. Com a patente de oficial, ajuda a construir pontes de emergência nas frentes de batalha. No fim da guerra, vai pra Alemanha, estuda com Willi Baumeister (1889-1955), professor da Bauhaus, na Escola de Belas-Artes de Stuttgart. Expõe no Centro de Refugiados da cidade. Em 1948, migra para o Brasil aos 27 anos, incentivado pelo amigo e também artista plástico Marc Chagall. Sem dinheiro e sem saber falar português, dorme ao relento durante alguns dias na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, então partindo para São Paulo, onde, recomendado por Francisco Matarazzo, é contratado para trabalhar como operário na manutenção do Museu de Arte Moderna. Expõe duas pinturas na I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951,época em que trabalhava na montagem da exposição no pavilhão Trianon, como funcionário do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Participa do I Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Expõe individualmente na Galeria Domus, em São Paulo. Em 1952, por indicação de Lasar Segall, que dele comprara um desenho, vai trabalhar como engenheiro-desenhista nas indústrias de papel Klabin em Monte Alegre, no Paraná. Contudo, abandona esse emprego para se isolar nas matas para pintar. Ali, no interior do Paraná, Krajcberg testemunha desmatamentos e queimadas nas florestas. Participa da II e da III Bienal de São Paulo e, em 1956, se muda para o Rio de Janeiro, onde produziu os seus primeiros trabalhos, fruto do contato direto com a natureza. Em 1964, criou suas primeiras esculturas com madeiras mortas. Realizou diversas viagens à Amazônia e ao Pantanal, fotografando e documentando os desmatamentos, além de recolher materiais para as suas obras, como raízes e troncos calcinados. Em 1969, participa de exposições em vários países e passa a ser internacionalmente conhecido. Em 1975, ganha uma exposição individual no Centro Nacional de Arte Contemporânea e no Centro Georges Pompidou, em Paris.
A partir de 1972, viveu no sul da Bahia, onde manteve o seu ateliê no Sítio Natura, no município de Nova Viçosa. Chegou ali a convite do amigo e arquiteto Zanine Caldas (1919-2001), que o ajudou a construir sua morada: uma casa, a sete metros do chão, no alto de um tronco de pequi com 2,60 metros de diâmetro. À época, Zanine sonhava em transformar Nova Viçosa em uma capital cultural e a sua utopia.
Em 1978, durante 32 dias, Frans Krajcberg, o artista Sepp Baendereck e o crítico Pierre Restany cruzaram em um barco o Rio Negro, na região amazônica. Durante o trajeto eles refletiam sobre uma nova maneira de ver, sentir e fazer a arte dentro de uma ótica voltada para a realidade brasileira. Os dois artistas, Baendereck e Krajcberg, então já cidadãos brasileiros e declaradamente apaixonados pela nossa biodiversidade, convidaram o crítico Pierre Restany para que ele aprofundasse sua relação com o Brasil e pudesse perceber melhor a grandeza de nosso país. No final do empreendimento, além de um “Diário de Viagem”, Restany produziu o “Manifesto do Rio Negro”, que foi divulgado em outubro de 1978 em todo o mundo.
Em 1996, participa da exposição “Villette-Amazone/Manifesto para o Meio Ambiente no Século XXI”, no Grande Halle de la Villette, em Paris. “A obra de Krajcberg é um grito contra a destruição da Floresta Amazônica e tem uma força universal”, diz Jacques Leenhardt, sociólogo e filósofo francês que divide com Bettina Laville a organização da exposição. A ideia foi a de transformar o Parc de la Villette em um “território ecológico”. Logo ao entrar, o visitante depara com as esculturas monumentais de Krajcberg, que ocupam, com murais, colagens e fotografias, um espaço de 1.800 m2, totalizando 141 peças.
Por sua luta para a preservação do meio ambiente, mundialmente reconhecida, Frans Krajcberg recebe em 2012 do prefeito Bertrand Delanoë, a mais alta honraria de Paris, a Medalha Vermeil – prêmio de agradecimento pela contribuição às artes. Krajcberg é o único artista vivo não francês que possui um espaço dedicado às suas obras mantidas pela prefeitura parisiense.
Frans Krajcberg morreu em 15 de novembro de 2017 e seu desejo é cumprido: em um domingo, suas cinzas são depositadas no tronco de uma árvore escolhida por ele no sítio Natura, em Nova Viçosa, onde ele viveu desde 1972.
A obra de Krajcberg reflete a paisagem brasileira, em particular a floresta amazônica e a sua constante preocupação com a preservação do meio ambiente. Ao longo de sua carreira, o artista denunciou queimadas no estado do Paraná, a exploração de minérios no estado de Minas Gerais e o desmatamento da Amazônia e do Pantanal. No final da vida, ele focou em fotografia, reproduzindo o desmatamento e o descaso com o meio ambiente.
Serviço:
Exposição Frans Krajcberg (1921-2017) – “(…) ao acordar a natureza estava preta e branca.” Em diálogo com Luiz Garrido
18 de março a 6 de maio de 2023
Pinakotheke Cultural São Paulo
Rua Ministro Nelson Hungria, 200, Morumbi, São Paulo (SP)
Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábados das 10h às 16h
Entrada gratuita
Telefone: (11) 3758-0546.
(Fonte: CWeA Comunicação)