No último dia 23 de abril 23 de abril, educação amazonense viveu um momento histórico


Manaus
Um dos grandes festivais de música da América Latina, a 40ª Oficina de Música de Curitiba, contará com show de Carlinhos Brown na edição especial de inverno. O cantor, compositor e multi-instrumentista baiano se apresentará no dia 5 de julho no Teatro Positivo, com participação da Orquestra à Base de Sopro de Curitiba.
Brown levará para a capital do Paraná alguns de seus grandes sucessos em seu show ‘Umbalista’, no qual se apresenta com mais dois músicos no palco e, além de cantar, toca percussão.
A 40ª Oficina de Música – Edição Inverno acontecerá ao longo de duas semanas, de 25 de junho a 9 de julho, e ocupará diversos espaços culturais da cidade, oferecendo uma programação diversificada com apresentações de vários gêneros musicais e cursos destinados a diferentes práticas do conhecimento musical. Além de Carlinhos Brown, também se apresentarão no evento nomes como Lenine, Paula Lima, Christian Bud e Diane White Clayton, entre outros nomes das cenas erudita e popular.
Serviço:
Carlinhos Brown e Orquestra à Base de Sopro de Curitiba
40ª Oficina de Música de Curitiba
Data: 5 de julho
Horário: 20h
Local: Teatro Positivo (Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido – Curitiba – PR)
Ingressos: R$140 e R$70 (plateia baixa)/ R$80 e R$40 (plateia alta)
Vendas pelo site Disk Ingressos.
(Fonte: Lupa Comunicação)
No aniversário de 114 anos, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com o patrocínio Ouro Petrobras e realização AATM, abre as portas para o público com intensa programação gratuita e faz a pré-estreia de uma das obras mais populares do repertório operístico: “Carmen”, de Georges Bizet. Com direção musical e regência do maestro titular do TMRJ, Felipe Prazeres, e concepção e direção cênica de Julianna Santos, a ópera contará com a participação do Coro, Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro, além dos solistas Luisa Francesconi e Lara Cavalcanti (Carmen), Eric Herrero e Ivan Jorgensen (Don José), Flavia Fernandes e Mariana Gomes (Micaela), Leonardo Neiva e Fernando Lorenzo (Escamillo), Michele Menezes e Carolina Morel (Frasquita), Fernanda Schleder e Noeli Mello (Mercedes), Geilson Santos (Remendado), Ciro d’Araújo (Dancaire), Leonardo Thieze (Zuniga) e Calebe Faria (Morales).
A temporada segue até o dia 30 de julho, em dias alternados, totalizando sete récitas. “A volta de Carmen aos nossos palcos é um presente de aniversário para o público que frequenta o Theatro Municipal. Em julho, o Theatro completa 114 anos e ‘Carmen’ faz parte de uma série de atividades comemorativas a serem realizadas no dia 14, data de fundação do TMRJ”, celebra a presidente da Fundação Teatro Municipal, Clara Paulino.
“Para essa comemoração dos 114 anos do nosso Theatro Municipal, trouxemos um título francês que o público pediu muito em nossas redes sociais: ‘Carmen’, de George Bizet. Para tal celebração, teremos os três corpos artísticos do TMRJ de mãos dadas: Coro, Orquestra Sinfônica e Ballet do Theatro Municipal. Com esse intuito, resgatamos uma antiga tradição: a inclusão do Ballet no 4° ato. Uma oportunidade de ouro para o público neste mês de enorme importância para o maior teatro lírico do país”, destaca o Diretor Artístico da Fundação Teatro Municipal, Eric Herrero.
“No seu 114º aniversário, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro trará um dos títulos mais celebrados dos últimos tempos. ‘Carmen’, de Georges Bizet, ocupa um lugar de honra entre todos no gênero. Sua música genial é envolvente do início ao fim, atrelada a um realismo que fez história na Ópera. Venham celebrar conosco essa obra-prima”, enaltece o diretor musical e maestro titular da OSTM Felipe Prazeres.
“Carmen” teve a sua estreia na Opéra Comique de Paris, em 1875, e provocou um grande escândalo na época. O público se dividiu e a crítica massacrou. O motivo foi a escolha do tema e, principalmente, o “caráter transgressor da protagonista”. A consagração definitiva se deu naquele mesmo ano quando a ópera foi apresentada em Viena. Em pouco tempo, esta obra conquistou o mundo.
No Municipal, estreou em 1913 e foi uma das óperas que mais vezes subiram ao palco do Theatro, contando com quase 100 récitas desde então. Uma das maiores e mais frequentes intérpretes de “Carmen” no Municipal foi Gabriella Besanzoni. Famosa também foi a montagem protagonizada por Mario Del Monaco e Giulietta Simionato nos anos 50.
Solistas:
Carmen – Luisa Francesconi / Lara Cavalcanti (dia 23)
Don José – Eric Herrero / Ivan Jorgensen (dia 23)
Micaela – Flavia Fernandes / Mariana Gomes (dia 23)
Escamillo – Leonardo Neiva / Fernando Lorenzo (dia 23)
Frasquita – Michele Menezes / Carolina Morel (dia 23)
Mercedes – Fernanda Schleder / Noeli Mello (dia 23)
Remendado – Geilson Santos
Dancaire – Ciro d’Araújo
Zuniga – Leonardo Thieze
Morales – Calebe Faria
Ficha Técnica:
Música de Georges Bizet
Libreto de Ludovic Halévy e Henri Meilhac
Direção Musical e Regência – Felipe Prazeres
Coro e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal (OSTM)
Regência do Coro: Priscila Bomfim
Participação especial do Ballet do TMRJ
Coreografia: Hélio Bejani
Participação: Coro Infantojuvenil da UFRJ
Regência do Coro Infantojuvenil da UFRJ: Maria José Chevitarese
Concepção e Direção Cênica – Julianna Santos
Cenografia – Natália Lana
Figurinos – Marcelo Marques
Iluminação: Paulo Ornellas
Assistência de Direção e Coreografia do 2º ato: Bruno Fernandes e Mateus Dutra
Tradução do libreto: Bruno Furlanetto
Direção Artística do TMRJ: Eric Herrero.
Serviço:
Carmen de Bizet
Datas e horários:
Julho
14/7 (sexta) – pré-estreia de aniversário do TMRJ – 19h
16/7 – estreia (domingo), 23/7(domingo) e 30/7(domingo) – 17h
19/7 – exclusivo para escolas – 14h
21/7 (sexta), 26/7(terça) e 28/7(sábado) – 19h
Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Endereço: Praça Floriano, s/nº – Centro
Antes de cada récita haverá uma palestra gratuita.
Ingressos:
Frisas e Camarotes – R$80,00 (ingresso individual)
Plateia e Balcão Nobre – R$60,00
Balcão Superior – R$40,00
Galeria – R$20,00
Os ingressos poderão ser adquiridos através do site theatromunicipal.rj.gov.br ou na bilheteria do Theatro
Lei de incentivo à cultura – Patrocínio Ouro Petrobras
Apoio: Livraria da Travessa, Rádio MEC, Rádio SulAmérica Paradiso, Rádio Roquette Pinto – 94.1 FM
Realização Institucional: Fundação Teatro Municipal, Associação dos Amigos do Teatro Municipal
Realização: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Petrobras, por meio do programa Petrobras Cultural, Governo Federal.
(Fonte: Claudia Tisato Assessoria de Imprensa)
Sheroanawe Hakihiiwe Hema ahu – Teia de aranha com orvalho pela manhã – Spider Web with Dew in the Morning.
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 30 de junho a 24 de setembro de 2023, a mostra “Sheroanawe Hakihiiwe: tudo isso somos nós”, que ocupa a galeria localizada no 1º subsolo do museu. Com curadoria de André Mesquita, curador, MASP, e David Ribeiro, assistente curatorial, MASP, a exposição reúne 48 desenhos, monotipos e pinturas que resgatam tradições ancestrais, a memória oral e os saberes cosmológicos de sua comunidade yanomami, localizada no município de Alto Orinoco, na Amazônia venezuelana.
Sheroanawe Hakihiiwe (Sheroana, Alto Orinoco, Amazônia venezuelana, 1971) é um artista visual yanomami que atualmente vive em Mahekoto Teri, também em Alto Orinoco. Hakihiiwe começou a produzir na década de 1990, depois de seu encontro com a artista mexicana Laura Anderson Barbata. Juntos, desenvolveram uma técnica de produção de papel com fibras vegetais nativas – material que o artista utiliza como suporte para seus desenhos. Desde então, o artista passou a desenvolver desenhos mínimos e delicados, com padrões e símbolos coloridos e texturizados sobre a vasta e intensa relação que sua comunidade tem com a paisagem, sendo sua obra uma revisão contemporânea da cosmogonia e do imaginário yanomami.
“O trabalho que faço nestes papéis é próximo de todo o universo que conheço com a uriji [floresta], que vejo quando ando por ela acompanhado das pessoas da comunidade e da família. As diferentes fontes das tintas que usamos para fazer os pigmentos. Também conheço os animais e as plantas, seus rastros e como se movem na floresta. O shapori [xamã] fala comigo e me conta sobre as coisas, animais falam por meio dos xamãs, os espíritos nos ajudam”, conta Sheroanawe Hakihiiwe.
Sheroanawe Hakihiiwe Huwe moshi 26 [Cobra-coral 26] [Coral Snake 26], 2018, Acrílica sobre papel de cana-de-açúcar [Acrylic on sugarcane paper] – 50 x 70 cm.
O universo simbólico de Hakihiiwe está diretamente relacionado ao sentido da sua produção. O curador André Mesquita conta que “o artista trabalha de modo contínuo criando pinturas, monotipos e desenhos únicos, séries sobre um mesmo tema e motivos visuais que se reiteram. O artista também tem um cuidado com a preservação: seu trabalho é um ato de memória redefinidor de relações, leituras, relatos e visões acerca das percepções e das noções de representação, arquivo, registro, observação, sonho, tecnologia, natureza, cotidiano e história. Para que não se percam, para que não se tornem invisíveis todos esses conhecimentos, ele busca preservá-los em um trabalho de defesa e persistência de uma memória coletiva reconstruída e materializada em sua obra”.
Nesse entrelaçamento de práticas, espécies, saberes e vidas, Hakihiiwe propõe um trabalho de tradução de imagens e materiais de valores culturais comunitários. Em diversos desenhos e pinturas, o artista usa tintas vegetais fabricadas artesanalmente e extraídas de folhas, frutas, animais e madeiras. Na monotipia “Jena riye riye” [Folha verde] (2021), Hakihiiwe traz 24 folhas verdes em uma disposição que lembra um tratado de botânica, com cuidado especial dado à representação de suas nervuras. “O trabalho denota o olhar extremamente minucioso que o artista lança sobre os elementos da natureza, mesmo quando tomados em uma de suas expressões mínimas: uma folha”, reflete o assistente curatorial David Ribeiro.
Sheroanawe Hakihiiwe Pisha hena [Folha] [Leaf], 2021, Monotipia sobre papel de cana-de-açúcar [Monotype on sugarcane paper] – 31 x 25.5 cm.
“Realizar uma exposição de Hakihiiwe no ano das Histórias indígenas, no MASP, significa apresentar ao público histórias de luta, sobrevivência e resistência, mas também de beleza, diversidade e criação, atentando para a responsabilidade, para a proteção, para os cuidados coletivos, para o pensamento crítico e para a preservação dos povos originários, de seus conhecimentos ancestrais e das pluralidades de suas culturas e territórios”, pontua Mesquita.
“Sheroanawe Hakihiiwe: tudo isso somos nós” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias indígenas. Este ano a programação também inclui mostras de Carmézia Emiliano, MAHKU, Paul Gauguin, Melissa Cody, além do Comodato MASP Landmann de cerâmicas e metais pré-colombianos e a grande coletiva Histórias indígenas.
Sobre Sheroanawe Hakihiiwe
Sheroanawe Hakihiiwe é um artista visual yanomami nascido em 1971, em Sheroana, Alto Orinoco, na Amazônia venezuelana, que atualmente reside em Mahekoto-Teri, na mesma região em que nasceu. Desde o ano de 2004, o trabalho do artista tem sido apresentado em exposições individuais na Venezuela e no Brasil, bem como em Londres, Madri, Barcelona e Lisboa. Sua primeira exposição individual no Brasil aconteceu em 2021, na Galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, no Rio de Janeiro. O artista também expôs em mostras coletivas como a 23ª Bienal de Veneza (2022) e a mostra Les Vivants (Fondation Cartier, França, 2022), além de diversas outras mundo afora, incluindo países como Alemanha, Bélgica, Argentina, Estados Unidos, Colômbia, Canadá, Austrália e Nepal. No Brasil, participou de Nosso Norte é o Sul (Gomide & Co., 2021), Uma história natural das ruínas (Pivô, 2021) e Bienal de Curitiba (2012). Hakihiiwe já recebeu prêmios e distinções; entre os quais, uma bolsa de residência do Piramidón (Barcelona, 2021); o prêmio Refresh Irinox, na feira de arte contemporânea Artissima (Turim, 2019) e o primeiro prêmio da Bienal Internacional de Artes Indígenas Contemporâneas de Conaculta (Cidade do México, 2012). Esta é a primeira exposição do artista em um museu no Brasil.
Catálogo | Acompanhando a exposição será publicado um catálogo em volume bilíngue (português/inglês) com a reprodução de obras do artista yanomami. O livro, organizado por Adriano Pedrosa, André Mesquita e David Ribeiro, inclui textos de André Mesquita, Catalina Lozano, David Ribeiro, Noraeden Mora Mendez e Trudruá Dorrico. Com design de Alles Blau, a publicação tem edição em capa dura.
Serviço:
Sheroanawe Hakihiiwe: tudo isso somos nós
Curadoria: André Mesquita, curador, MASP, e David Ribeiro, assistente curatorial, MASP
1º subsolo (galeria)
30/6 — 24/9/2023
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça grátis Bradesco, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório por este link
Ingressos: R$60 (entrada); R$30 (meia-entrada)
Site oficial | Facebook | Instagram.
(Fonte: MASP)
Apesar da vegetação de Mata Atlântica do Parque Estadual Nascentes do Paranapanema estar em excelente estado de conservação, 10% de suas espécies de árvores estão ameaçadas de extinção. Cientistas do Instituto de Pesquisas Ambientais do Estado de São Paulo chegaram a esse diagnóstico ao catalogar 204 espécies de árvores do parque, localizado na Serra de Paranapiacaba, em Capão Bonito, na região do Alto Vale do Ribeira, no interior de São Paulo. Os resultados dessa catalogação estão descritos em artigo publicado na sexta (30) na “Revista do Instituto Florestal”.
O estudo foi realizado de janeiro a abril de 2012 — ano em que o parque, que tem mais de 22 mil hectares, foi criado para garantir a preservação da região. As análises das espécies de árvores coletadas foram feitas no Herbário Dom Bento José Pickel. Das 21 espécies ameaçadas de extinção em nível estadual, nacional ou global, destaca-se o carvalho brasileiro Euplassa cantareirae, espécie classificada como extinta para São Paulo e em perigo para o Brasil. “A quantidade reduzida de espécies ameaçadas de extinção para o estado de São Paulo, Brasil ou mundialmente mostra a qualidade do ambiente e da floresta presente no parque”, aponta Frederico Arzolla, um dos autores do artigo. A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do planeta, restando apenas 12,4% da cobertura vegetal original no país, aponta a pesquisa.
Na área do Parque Estadual Nascentes do Paranapanema, quase 80% do território é formado por Floresta Ombrófila Densa, que ocorre principalmente na região litorânea paulista. “Nessa formação, as espécies são perenifólias, pois há água em abundância para as plantas”, afirma Arzolla. Para os pesquisadores, à medida que forem realizados estudos futuros na região envolvendo outros hábitos de plantas, a flora do parque pode alcançar mais de 600 espécies.
A área também apresenta mais de mil nascentes de rios bem preservadas. Manter a conservação do local ajuda a reduzir o efeito de borda; ou seja, diminui as mudanças que acontecem em áreas de floresta próximas de regiões desmatadas. Além das espécies vegetais, o Parque Estadual Nascentes do Paranapanema é casa de espécies de animais ameaçadas de extinção, como as onças-pintadas.
De acordo com os cientistas, a área do parque se mantém bem conservada porque é de difícil acesso. “Existem várias atividades econômicas nessa região, como pecuária, agricultura e mineração, então foi uma descoberta positiva”, avalia Claudio Moura, também autor do artigo.
O Parque Estadual Nascentes do Paranapanema é aberto à visitação do público, mas é considerado de suma importância para cientistas que pesquisam diversos aspectos da Mata Atlântica e para mitigar efeitos das mudanças climáticas. “Criar unidades de conservação deveria ser uma atividade mais frequente”, opina Moura.
(Fonte: Agência Bori)
A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está dando apoio ao trabalho de assistência à população da Terra Indígena Yanomami (TIY). As ações de MSF ocorrem em parceria com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) do Ministério da Saúde e estão focadas no combate à malária na região de Auaris, no noroeste de Roraima.
A doença é endêmica na região e representa um grave problema de saúde que atinge adultos e crianças. Em função da incidência elevada, uma estratégia de busca ativa de casos foi adotada na região por MSF e pelo DSEI-Yanomami (Distrito Sanitário Especial Indígena), divisão do sistema de saúde pública indígena dedicado ao atendimento no território Yanomami. Diariamente, as equipes percorrem longas distâncias para chegar às comunidades e realizar a testagem da população.
“Estamos testando o maior número de pessoas possível, mesmo aquelas que não apresentam sintomas”, explicou a médica Raquel Simakawa, que acabou de retornar de Auaris depois de integrar a equipe que iniciou em maio os atendimentos médicos de MSF na região. “Só assim conseguimos detectar e tratar a malária o mais rápido possível, diminuindo o risco de complicações e também a taxa de transmissão”, afirmou.
O trabalho de busca ativa consiste na coleta entre as pessoas das comunidades de amostras de sangue, que podem chegar a 100 por dia por microscopista. A análise das lâminas coletadas é realizada geralmente no mesmo dia e todos que testam positivo iniciam imediatamente o tratamento. Dependendo do tipo de malária e caso a pessoa já tenha tido a doença anteriormente, a duração do tratamento pode variar de três dias a até duas semanas.
A malária é uma doença infecciosa causada por um parasita que é transmitido pela picada de um mosquito após o inseto ter picado uma pessoa já infectada. Para conter sua propagação, é necessário deter ao máximo a circulação do plasmódio causador da doença, tratando as pessoas doentes para ajudar a interromper o ciclo de transmissão. Outra frente de combate é diminuir a exposição aos insetos com a fumigação de áreas onde o mosquito esteja presente e o uso de mosquiteiros.
Profissional de MSF realiza coleta de material para testagem da malária na região de Auaris, no território Yanomami, em Roraima.
No período recente, houve um aumento dos registros de malária no território Yanomami. Nos quatro primeiros meses deste ano, foram notificados 7.227 casos, uma alta de 43% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Em anos anteriores, já era observada uma alta incidência da doença na TIY, em um contexto de escassez crescente de recursos humanos e de insumos dedicados à saúde indígena.
Paralelamente, o avanço da mineração ilegal criou uma situação de degradação ambiental que pode ter favorecido a propagação de mosquitos, vetores da malária. Com a declaração da emergência sanitária no território, no início deste ano, ficou ainda mais evidente a grande incidência da malária entre as comunidades.
Se não for adequada e oportunamente tratada, a malária pode causar diversas complicações, como anemia grave, desconforto respiratório, letargia e prostração, podendo inclusive, nos casos mais graves, levar à morte, especialmente em indivíduos que já estejam debilitados.
“É preciso que nossa estratégia de detecção de casos e tratamento seja muito consistente”, explicou a médica de MSF. Por isso, são realizadas visitas semanais das equipes de saúde às comunidades para que a testagem seja repetida e a frequência dos testes só é diminuída quando a doença é efetivamente controlada. Apenas nas duas primeiras semanas de atividades foram realizados mais de mil testes, com cerca de 200 casos positivos.
Para realizar esse trabalho, MSF possui atualmente uma equipe de cerca de dez pessoas na região de Auaris, com médicos, equipe de enfermagem e um microscopista, apoiados por uma antropóloga e um especialista em logística. As atividades são realizadas em parceria com o DSEI, que conta com equipes que incluem médicos, enfermeiros e agentes de saúde indígena.
O trabalho de busca ativa de casos é feito todos os dias e a tarefa pode exigir horas de deslocamento por rios e também longas caminhadas a pé até chegar às comunidades. “Essa parceria tem sido importante para que tenhamos um bom acesso às comunidades e qualidade nos diagnósticos, o que é essencial para conseguirmos curar os pacientes e impedir que a doença se expanda”, explica o coordenador de operações de MSF na América do Sul, Fábio Biolchini.
A região de Auaris, onde MSF está trabalhando, é uma das mais populosas da TIY, com mais de 4 mil pessoas do total estimado de 30 mil indígenas em todo o território, cuja área é maior do que a de Portugal. A maior parte da população da TIY pertence ao povo Yanomami, que compreende diversos grupos. Em Auaris, o grupo mais numeroso é o dos Sanöma (pronuncia-se “Sanumá”), que compartilha uma origem comum com os Yanomami, mas se reconhece como um grupo à parte. Na região também estão presentes os Ye’kwana (pronuncia-se “Iecuana”), que possuem origem e cultura diferentes.
Profissional de MSF manipula lâminas com amostras de sangue para testagem de malária no território Yanomami, em Roraima.
Mesmo com recursos limitados e atuando em uma área de grande extensão territorial e com desafios logísticos, Biolchini acredita que experiências anteriores podem ajudar no trabalho atual. “MSF tem uma extensa experiência na implementação de estratégias de prevenção e tratamento de malária, adquirida ao longo de muitos anos”, lembra ele. Apenas no ano passado, a organização tratou mais de 4,2 milhões de casos da doença em todo o mundo.
Um dos locais onde a organização já implementou uma resposta a um surto de malária foi o Brasil. “Na década de 1990, contamos com um grande apoio de comunidades indígenas de Roraima para implantar uma estratégia bem-sucedida de detecção e tratamento de malária”, lembrou a diretora-geral de MSF, Renata Reis. “A grave crise de saúde vivida no território Yanomami é um desafio imenso, mas temos confiança de que poderemos enfrentá-lo melhor atuando em conjunto com nossos parceiros e, principalmente, em sintonia com as necessidades expressadas pelas comunidades que estamos atendendo”, afirmou ela.
CASAI Yanomami
Além do território indígena Yanomami, uma equipe de MSF também trabalha na assistência médica aos indígenas que estão na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (CASAI-Y), localizada em Boa Vista. A CASAI é parte da estrutura de saúde para indígenas. Eles são geralmente encaminhados para lá quando não há disponibilidade de atendimento dentro do próprio território indígena para aguardar consultas eletivas nos hospitais e consultórios de Boa Vista. Casos mais graves são transferidos diretamente aos hospitais, sendo depois encaminhados de volta para a CASAI, onde os pacientes aguardam a logística para retorno às comunidades.
Devido à grave situação sanitária no TIY, a CASAI vem absorvendo um número elevado de pacientes e tem trabalhado com uma ocupação muito superior à capacidade das instalações. Por isso, a atuação de MSF tem sido importante para aliviar a sobrecarga de pacientes no local. MSF tem oferecido consultas médicas e de saúde mental aos indígenas alojados na CASAI.
MSF iniciou suas atividades no Brasil em 1991, atuando no combate a uma epidemia de cólera na região amazônica. Na sequência, a organização trabalhou no combate a um surto de malária no estado de Roraima, contando com apoio crucial de agentes de saúde e microscopistas indígenas. Mais recentemente, durante a pandemia de Covid-19, MSF atendeu à população indígena nos estados do Mato Grosso do Sul, Amazonas e Roraima. Além das atividades na TIY e CASAI, MSF possui, desde 2018, um projeto de apoio ao sistema de saúde de Roraima em função da chegada de migrantes venezuelanos ao estado. A organização também atua no município de Portel, na região da ilha do Marajó (Pará), reforçando o sistema de saúde local, principalmente para melhoria do atendimento a populações vulneráveis.
(Fonte: Médicos Sem Fronteiras)