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Parque Ecológico de Indaiatuba recebe espetáculo “Derico Music Truck”

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Arte: divulgação/PMI.

Indaiatuba, município da Região Metropolitana de Campinas, recebe no próximo dia 26 de agosto o “Derico Music Truck”. Na ocasião, o Duo Sciotti apresentará uma coletânea com sucessos de artistas nacionais e internacionais. O show acontecerá no Parque Ecológico, localizado na Alça Nilson Cardoso de Carvalho, a partir das 16h. O evento é de realização do Governo Federal via Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo Federal, e conta com o apoio da Prefeitura de Indaiatuba, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.

O projeto traz um caminhão equipado com palco para realização do show que está em turnê em todo o interior paulista. O repertório conterá canções dos artistas Lulu Santos, Tim Maia, Roberto Carlo, João Bosco, Milton Nascimento, Ivete Sangalo, Chitãozinho & Xororó e variados gêneros musicais. As musicas internacionais  incluem Phil Collins, Michael Jackson, Eric Clapton, Elton John e Beatles, todos na linguagem instrumental.

Formado por Derico Sciotti e Sérgio Sciotti, o Duo Sciotti foi criado em 1982 para pequenas apresentações em festas e convenções. Com o sucesso e reconhecimento do público, abriu espaço para shows em teatros e casas noturnas em todo o país. Depois de gravar seu 1º CD ao vivo em 2001, soma oito álbuns lançados. Ao todo, são 41 anos de parceria musical.

(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)

Sesc Santana recebe a pianista Eudóxia de Barros

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Katia Hatiya.

A intérprete Eudóxia de Barros traz todo seu talento e amor à música brasileira ao palco do Sesc Santana. No dia 23 de agosto, quarta-feira, às 15h, o público poderá apreciar as extensas virtudes desta pianista que transita com vigor e destreza entre as composições brasileiras e a europeias.

O show integra o programa de trabalho social com idosos realizado pelo Sesc SP; portanto, o ingresso é gratuito para pessoas acima de 60 anos, que podem retirá-lo presencialmente em qualquer unidade da rede Sesc . Para as demais faixas etárias, os ingressos estão disponíveis para venda no aplicativo Credencial Sesc SP, na CDR Central de Relacionamento Digital e presencialmente nas bilheterias das unidades do Sesc.

Eudóxia de Barros nasceu em São Paulo, em 1937. Estudou piano com vários professores renomados no Brasil, França, Estados Unidos e Alemanha, aperfeiçoando-se ao longo dos anos. É também presidente do Centro de Música Brasileira em São Paulo e ocupa uma cadeira na Academia Brasileira de Música.

Serviço:

Dia 23/8 – quarta, às 15h

Sesc Santana – Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Jd. São Paulo – São Paulo (SP)

Local: Teatro – 330 lugares – Livre

Ingressos: R$40,00 (inteira), R$20,00 (meia), R$12,00 (credencial plena) e grátis para pessoas acima de 60 anos

Duração: 90 minutos

Acesso para pessoas com deficiência – estacionamento

Estacionamento – R$12,00 a primeira hora e R$3,00 a hora adicional – desconto para credenciados

Paraciclo: gratuito (obs.: é necessária a utilização travas de seguranças) – 19 vagas

Para informações sobre outras programações, acesse o portal Sesc SP.

(Fonte: Sesc SP)

Theatro Municipal de São Paulo comemora 112 anos com a apresentação de três óperas e programação repleta de diversidade musical

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Rafael Salvador.

O Theatro Municipal de São Paulo, palco paulistano das principais óperas dos últimos tempos, celebra seus 112 anos de existência com nada menos que três óperas: todas elas consideradas recentes, feitas nos séculos XX e XXI. As récitas contam com a participação de diversos corpos artísticos da casa em espetáculos que mesclam o minimalismo e tecnologia, promovendo o protagonismo feminino em um novo momento para criação dos textos das óperas, mas sem deixar de homenagear a tradição.

A primeira ópera, inédita, é “Tristão/Isolda”. Com música e libreto escritos por duas brasileiras, Clarice Assad (música) e Márcia Zanelatto (libreto), será encenada nos dias 15/9 (sexta-feira), 17/9 (domingo), 19/9 (terça-feira), 20/9 (quarta-feira), 22/9 (sexta-feira) e 23/9 (sábado), com direção musical de Alessandro Sangiorgi, que rege a Orquestra Sinfônica Municipal, e direção cênica de Guilherme Leme. Participa ainda o Coral Paulistano, sob a regência de Maíra Ferreira.

Nesta versão do mito medieval celta, o cenário é uma região de fronteira dos tempos atuais, na qual um grupo de refugiados estão numa espécie de não-lugar, impossibilitados de cruzar a fronteira para um novo território ou retornarem a seu país de origem. Ali, onde o tempo parece não passar, Isolda chega a um campo de refugiados para resgatar a mãe e acaba se envolvendo no deslocamento de todo um grupo à colônia em que vive seu marido e seu sobrinho Tristão, enfrentando inúmeros desafios.

Nas mesmas noites acontece, em formato double bill, a apresentação de “Ainadamar”, ópera composta em 2003 pelo argentino Osvaldo Golijov, com libreto do norte-americano David Henry Hwang, que conta a história da atriz catalã Margarita Xirgu (1888–1969), exilada da Espanha pela ditadura franquista e naturalizada uruguaia. No derradeiro dia de sua vida, em Montevidéu, Xirgu relembra a amizade com o dramaturgo e poeta Federico García Lorca, fuzilado durante a Guerra Civil Espanhola. Ainadamar, em árabe, significa fonte de lágrimas e é também o nome do lugar em que ocorreu a execução do poeta, em Granada, na Espanha. A regência da Orquestra Sinfônica Municipal e a direção musical também são de Alessandro Sangiorgi. O espetáculo tem a direção cênica de Ronaldo Zero e participação do Coro Lírico Municipal, com regência de Mário Zaccaro. A classificação indicativa é 12 anos.

Já a terceira ópera integra o projeto Ópera Fora da Caixa, que leva montagens para fora dos espaços cênicos habituais. “De Hoje para Amanhã (Von Haute Auf Morgen)”, de autoria do austríaco Arnold Schoenberg e libreto de Max Blonda, pseudônimo de sua então esposa Greta Kolisch, será encenada nos dias 21, 22 e 23 (quinta, sexta e sábado), e 27, 28 e 19 de setembro (quarta, quinta e sexta), sempre às 21h. O espetáculo, que será encenado na cúpula do Theatro Municipal, é antecedido pela apresentação dos DJS Fractal Mood, duo composto pelos produtores Guilherme Picorelli e Henrique D’Marte, que trarão um set de techno house, a partir das 19h. Os ingressos vão de R$25 (meia) a R$50 (inteira), a classificação indicativa é 16 anos e a duração, 80 minutos sem intervalo.

Com concepção da Associação SÙ de Cultura e Educação, a ópera tem direção musical e a regência dos músicos da Orquestra Experimental de Repertório é de Marcos Arakaki. A direção cênica é do italiano radicado no Brasil Alvise Camozzi. Na história, a quebra constante de paradigmas também no âmbito do comportamento e costumes relacionado a relações conjugais, tabus sexuais e a moralidade vigente acabam sendo discutidas juntamente aos padrões artístico-musicais. Comicidade e crítica convivem na história, que conta a volta de uma festa de O Marido e A Esposa. Eles comentam neste itinerário sobre duas pessoas que lá encontraram, O Cantor e A Amiga. Provocativamente, insinuam que flertes cruzados aconteceram durante a noite. O jogo chega ao ápice quando A Amiga e O Cantor aparecem na casa do Marido e da Esposa propondo uma diversão a quatro.

Mais que um aniversário, uma celebração da diversidade artística. Outras linguagens como projetos de sucesso já reconhecidos da casa também farão parte dessa festa. É o caso do projeto trimestral Rima Falada, que visa democratizar e ampliar o acesso de importantes nomes do hip hop nacional ao Theatro. O Salão Nobre da casa recebe no dia 2 de setembro, às 17h, em sua terceira edição do ano, a artista Brisa de La Cordillera, mais conhecida como Brisa Flow. Artista transdisciplinar atua como cantora, produtora musical, performer e pesquisadora, misturando o rap com cantos ancestrais, jazz, eletrônico e neo-soul. A mediação é de Kailany Gomes. O espetáculo é gratuito, a entrada é livre. A duração é de 60 minutos.

As cordas de Brahms e Piazzolla também serão destaque na Sala do Conservatório da Praça das Artes, durante o mês de aniversário. O Trio Astor se apresenta no domingo, dia 3 de setembro, às 11h. O trio é formado por Edgar Leite, no violino, Alberto Kanji, no violoncelo e Cecília Moita no piano. No repertório, “As Quatro Estações Portenhas”, de Astor Piazolla e Oblivion. A segunda parte do concerto contrasta com a música europeia de Brahms em “Brahms Trio Nº 1 Op. 8 em Si Maior”. O projeto foi selecionado por meio de Chamamento Artístico Interno do Complexo Theatro Municipal de São Paulo. Os ingressos custam R$32 (inteira) e R$16. A classificação é livre e a duração total é de 60 minutos.

Retomando uma parceria que foi um grande sucesso, o Coletivo Ateliê Vivo, coletivo artístico transdisciplinar independente de práticas manuais têxteis e vestuário, retorna para residência no Theatro, dessa vez com o projeto Repertório das Mãos, que ocupa o vão da Praça das Artes nas quartas-feiras entre 6/9 e 25/10, sempre às 14h. Nos encontros semanais de 180 minutos de duração, as integrantes do coletivo investigam junto aos participantes, por meio de linhas, retalhos, desenhos e agulhas, nossos mundos interiores. Os ingressos são gratuitos e os encontros são livres para todos os públicos. O projeto é contemplado pelo edital de Residência Artística e Mediação Cultural do Complexo do Theatro Municipal e é coordenado pelo Núcleo de Educação.

No dia 9 de setembro, sábado, às 11h, a Orquestra Experimental de Repertório se apresenta na Sala São Paulo, sob a regência de Richard Kojima, participando da série de concertos matinais da casa. No programa, “Três Movimentos para Orquestra Sinfônica”, do próprio regente, abertura do “Festival Acadêmico Op. 80”, de Johannes Brahms, e a “Sinfonia n.5”, de Beethoven. Os ingressos estarão disponíveis no site da Sala São Paulo, a classificação indicativa é livre e o concerto tem duração de 60 minutos.

Para os amantes de piano, no domingo, 10 de setembro, a sala de espetáculos do Theatro Municipal de São Paulo recebe a segunda edição do Festival Chopin, às 11h, com a participação do espanhol Martin Garcia Garcia, terceiro colocado do Concurso Chopin em 2021. No programa, “4 Mazurkas Op. 33” (10′), “Prelúdios Op. 28” (9′) e “Sonata Op. 35 in B flat minor” (22′), de Chopin, e “Sonata No. 3 in F minor Op. 5” (36′), de Johannes Brahms. Os ingressos vão de R$42 (meia) a R$84 e o concerto, com duração de 97 minutos, é livre para todos os públicos. O Festival tem o patrocínio da Casa Sanguszko da Cultura Polonesa e parceria com o Theatro Municipal de São Paulo e o Narodowy Instytut Fryderyka Chopina em Varsóvia.

Nos dias 14, 21 e 28 de setembro, sempre às quintas-feiras, às 14h às 17h, a artista da dança Laila Padovan apresenta o projeto “Pele: Entre o Corpo, a Rua e o Theatro”, no qual convida os participantes a se engajarem em ações performativas pelos espaços internos do Theatro Municipal e pelas ruas de seu entorno a fim de investigar as relações entre o corpo e as paisagens cotidianas e o dentro e o fora. O projeto conta ainda com a participação de Adriane de Luca, Maju Kaiser e Victor Isidro e integra o núcleo de educação. Foi contemplado pelo Edital de Residência Artística e Mediação Cultural, é gratuito e aberto a interessados em geral, com ou sem experiência artística em dança. A duração é de 180 minutos e há 30 vagas disponíveis.

Ainda como parte das comemorações dos 112 anos do Teatro Municipal, nos dias 14 e 16 de setembro, a gerência de Formação, Acervo e Memória realiza o 1º Encontro Ópera Presente | Futuro, com encontros e rodas de conversa sobre a importância da criação de novas óperas e as relações entre o gênero e a sociedade contemporânea: repensar diálogos possíveis, processos de criação e o papel dos profissionais neles envolvidos. O projeto conta com a coordenação do jornalista João Luiz Sampaio e da dramaturgista Ligiana Costa.

O Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo também reserva concertos especiais para esse mês de aniversário. Um dos corpos artísticos da casa criado por Mário de Andrade, então chamado de Quarteto Haydn, eles se apresentam no dia 14 de setembro, quinta-feira, com o concerto “Moderna Tradição”, com as obras de Beethoven “Quarteto Op. 18, nº 5” e “Quarteto Op. 59, “Razumovsky”, nº 1”. O programa tem duração total de 70 minutos, a classificação é livre e os ingressos custam R$32.

Os ritmos brasileiros mais ligados ao universo popular também não ficaram de fora da programação musical. O projeto Samba de Sexta volta no dia 15 de setembro, sexta-feira, às 19h, na Praça das Artes, entrada pelo Boulevard São João. Dessa vez, com o Samba da Revoada, um coletivo composto por oito músicos do Bixiga, que trazem em seu repertório estilos como partido alto, ijexá, maxixe e samba enredo, surpreendendo o público com uma seleção que vai de clássicos, passa por lados B e chega a composições autorais. O Samba da Revoada já recebeu artistas como Noca da Portela e Liniker. A entrada é gratuita, a classificação etária é livre e o show tem 90 minutos de duração.

Sucesso no ano de 2022, a parceria entre Theatro Municipal e Câmara Brasileira do Livro volta com o projeto Encontro com Autores, que aproxima público e escritores em um espaço voltado ao intercâmbio de ideias e que acontece sempre às quintas-feiras, às 19h, no Salão Nobre. O primeiro encontro acontece no dia 21 de setembro e trará a atriz, poeta e pesquisadora Luiza Romão. Autora do livro vencedor do Jabuti do Ano passado nas categorias Melhor Livro e Melhor Livro de Poesia e semifinalista do Prêmio Oceanos, “Também Guardamos Pedras Aqui” (Editora Nós, 2021). Os encontros são gratuitos, por ordem de chegada, e a duração é de 90 minutos.

Padovan também será responsável pela segunda residência artística Da Rua ao Theatro, uma performance itinerante que acontece nos dias 24 e 25 de setembro, entre 11h30 e 14h30, como consequência de seu trabalho nas quintas-feiras. Nela, o espectador é convidado a realizar uma trajetória que se inicia nas ruas e que irá adentrar os espaços internos do Theatro Municipal. A participação é livre, sem necessidade de retirada de ingressos e o início é no andar térreo do Sesc 24 de maio.

Ainda na seara dos ritmos brasileiros, a residência artística “Sala de Reboco”, com o Bando de Régia, será realizada no Saguão do Theatro Municipal com uma série de concertos didáticos que acontecem sempre às terças-feiras de setembro, às 14h30, contando a história do forró, ritmo associado à diáspora da população nordestina para o sudeste. Nela, serão apresentados resultados de pesquisas no acervo, nas quais a presença da música nordestina no Theatro Municipal foi investigada. Já no dia 26/9, De onde vem o baião? investiga o panorama dos ritmos e histórias do início do século XX até Luiz Gonzaga. O evento é gratuito, os ingressos são distribuídos por ordem de chegada até o limite de 100 participantes, a duração é de 120 minutos e a classificação, livre.

No final do mês, a dança toma conta do palco do Theatro com o espetáculo “Abayomi – Uma Agricultora!”, dia 26 de setembro, terça-feira, às 20h. Trabalho da Ayodele Cia. de Dança em dois atos, ele apresenta a história de uma mãe e uma filha (Djene-ba e Abayomi) na África do Oeste que, abaladas e inconformadas por uma morte ocorrida em família, são obrigadas a deixar a aldeia onde vivem, partindo para o exílio. A Cia Ayodele, por meio do trabalho do professor de balé Milton Kennedy, que assina direção, concepção e dramaturgia, busca em sua trajetória trazer corpos negros para o centro do palco, como protagonistas. O espetáculo tem 160 minutos, a faixa etária é livre e os ingressos são gratuitos.

Dia 28 de setembro, às 20h, na Sala do Conservatório da Praça das Artes, o Quarteto de Cordas da Cidade, composto por Betina Stegmann e Nelson Rios no violino, Marcelo Jaffé na viola e Rafael Cesário no violoncelo, apresentam “O que Se Falava na Câmara”, programa que apresenta as obras “Quinteto em Lá Maior” (10′), de Johann Christian Bach, “Introdução” e “Polonesa”, de Franz Clement e “La Pellegrina”, de Tarquinio Merula. O programa tem um total de 60 minutos, é livre e o preço do ingresso é R$32 (inteira).

Para os amantes dos mestres pianistas russos Stravinsky e Shostakovich, o mês se encerra com dois concertos imperdíveis, sob a regência de um dos mais importantes maestros gregos da atualidade: Myron Michailidis, com a participação da Orquestra Sinfônica Municipal, na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal. Na sexta-feira, 29 de setembro, às 20h e no sábado, 30 de setembro, às 17h, Michailidis rege um concerto com a suíte “Pulcinella”, de Ígor Stravinsky, e “Sinfonia nº 5 em ré menor”, op. 47, de Dmitri Shostakovich. Os ingressos vão de R$12 a R$64 e a classificação é livre para todos os públicos. A duração do concerto, com intervalo, é de 95 minutos.

(Fonte: Theatro Municipal de São Paulo)

Mario Quintana e sua relação com Porto Alegre: a influência da cidade escolhida como lar pelo escritor em seus poemas

Porto Alegre, por Kleber Patricio

Mario Quintana. Foto: Wikemedia Commons – https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:M%C3%A1rio_Quintana#/media/File:M%C3%A1rio_Quintana,_1966.tif. 

Mario Quintana é um dos escritores mais célebres da literatura do Brasil. Autor de dezenas de livros e centenas de poemas, ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores (1966), a medalha Negrinho do Pastoreio do governo estadual do Rio Grande do Sul (1976), o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras (1980) e o Prêmio Jabuti (1981). É conhecido pela simplicidade de sua escrita, construída com linguagem coloquial, liberdade de composição, narração do dia a dia e melancolia. Grande apreciador de sonetos, Quintana seguia o estilo de outros autores gaúchos cuja visão regionalista dissecava a relação da tradicionalidade do passado com a plástica dos tempos modernos. No sentido do localismo, a cidade de Porto Alegre sempre foi sua maior musa.

Mario Quintana nasceu em 30 de julho de 1906 no pequeno município de Alegrete, na região sudeste do Rio Grande do Sul, hoje com pouco mais de 72 mil habitantes. Em 1919, se mudou para a capital, Porto Alegre, para estudar no Colégio Militar (CMPA).

Antes de publicar seu primeiro livro, “A Rua dos Cataventos”, em 1940, trabalhou como tradutor para a Editora Globo adaptando para o português a obra de diversos escritores internacionais renomados, como Virginia Woolf, Giovanni Papini, Graham Greene e Edgar Wallace, entre outros. Em 2017, após “O Pequeno Príncipe” se tornar domínio público, a versão traduzida por Quintana em 1980 foi publicada pela Melhoramentos. De 1953 a 1977, também foi colunista de cultura do jornal Correio do Povo.

Apesar de ter sido reconhecido e homenageado por membros da Academia Brasileira de Letras, como Augusto Meyer e Manuel Bandeira, Quintana não conseguiu conquistar sua cadeira. Candidatou-se três vezes, mas não obteve a quantidade necessária de votos. Ao ser convidado para concorrer mais uma vez, sob a promessa de aceitação, ele recusou – disse que lamentava a politização da casa de Machado de Assis.

Mario Quintana nunca se casou e não teve filhos. Passou a vida adulta escrevendo e navegando entre os hotéis porto-alegrenses.

Porto Alegre de antes e depois

Quintana acompanhou as mudanças de Porto Alegre. Assistiu de perto a modernização e a expansão da cidade, dando origem a poemas com traços tristes e melancólicos. Por conta disso, estudiosos consideram Mario Quintana um escritor evasionista – que se alheia à realidade. Seu descontentamento com os acontecimentos que iam no sentido contrário de seus pensamentos localistas e nacionalistas era tão grande que suas obras buscavam elementos que fugiam da verdade, mas de maneira sensível e fantasiosa.

De acordo com o artigo Porto Alegre, a “pequena cidade grande” de Mario Quintana, de Anna Faedrich Martins para a revista científica Nau Literária, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ao dar enfoque à vida cotidiana, ele mostrava a magia daquilo que é banal, negando o que acontecia de fato para criar uma figura quase distópica de Porto Alegre.

Em “A Rua dos Cataventos”, Quintana logo avisa que a imagem da cidade é criação de sua imaginação, distanciando-se do mundo real para adentrar o mundo dos sonhos. O livro discorre sobre como era a cidade até os anos 1930 e como se transformou nas décadas de 50 e 60. O conforto de antes não existia mais, o que o obrigava a criar seu próprio universo.

Desta forma, ainda que Porto Alegre já fosse grande naquela época, Quintana a enxergava como uma cidadezinha. O apreço pelo silêncio e pelas coisas simples fez dele um saudosista. Em “Soneto II”, sua narração é de um lugar pequeno e tranquilo, mas que é apenas uma lembrança. Em “Soneto XXIII”, ele se coloca na posição do turista que admira uma cidade pacata.

O “vento de Desesperança” de “Soneto VIII” é visto como a representação das mudanças da nova paisagem urbana e a ânsia pelo passado: “Eu quero os meus brinquedos novamente!” Essa noção se torna cada vez mais acentuada ao longo dos poemas “Canção da ruazinha desconhecida”, “Topografia”, “Urbanismo e Barulho” e “Progresso”. Em “Antes e Depois”, ele cita sua musa diretamente:

Porto Alegre, antes, era uma grande cidade pequena.

Agora, é uma pequena cidade grande.

Arquitetura moderna

Como alguém tão desejoso pela austeridade de lugares pequenos – o “tempo de cadeiras na calçada”, como cita em “Tempos Perdidos” –, Mario Quintana se mostrava insatisfeito com a arquitetura moderna que invadia Porto Alegre. Ele escreve sem rodeios em Arquitetura Funcional:

Não gosto da arquitetura nova

Porque a arquitetura nova não faz casas velhas

[…]

Porque as casas novas não têm fantasmas

E, quando digo fantasmas, não quero dizer essas assombrações vulgares.

Mesmo assim, não era imune às seduções da modernidade, embora não estivesse totalmente convencido. Ao mencionar “[…] mudanças do Tempo, / Que ora nos traz esperanças / Ora nos dá incerteza” em “Eu escrevi um poema triste”, a divisão é evidente.

Em “O Mapa”, o interesse pelo novo é exibido novamente, mas o poeta se entristece por não conhecer a cidade como antes e imagina tudo o que não viu e que nunca verá:

Olho o mapa da cidade

Como quem examinasse

A anatomia de um corpo

[…]

Sinto uma dor infinita

Das ruas de Porto Alegre

Onde jamais passarei…

Em “Notas da Cidade”, sua insatisfação é mais forte e escancarada:

O mais triste da arquitetura moderna é a resistência do seu material

[…]

Esses tetos baixos me abafam… De modo que só resido em casas antigas. Acontece é que as casas velhas têm proprietários velhos, muito velhos aliás e por isso mesmo muito morredores. E seus herdeiros resolvem sempre vendê-las a construtores de edifícios. Resultado: há anos que venho me mudando: sou uma pobre vítima do surto do progresso e do clamor público.

Legado de Mario Quintana em Porto Alegre

Na zona nordeste de Porto Alegre, o bairro Mario Quintana foi criado em 1998. Hoje, tem 37.234 habitantes.

O centro abriga a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), inaugurada em 1990. O prédio era antes o Hotel Majestic, onde o escritor morou por um bom tempo. O espaço é voltado à literatura, cinema, música, artes visuais, teatro e realização de oficinas e eventos culturais.

Mario Quintana está enterrado no Cemitério São Miguel e Almas, também na zona central, onde é possível visitar seu túmulo e homenageá-lo com presentes e coroas de flores em Porto Alegre. Outros grandes escritores gaúchos estão enterrados no mesmo cemitério, como Érico Veríssimo e Caio Fernando de Abreu.

(Fonte: Mario Reis/Hedgehog Digital)

Pedágio Ambiental na Serra do Japi mobiliza moradores sobre conservação da área

Jundiaí, por Kleber Patricio

Pedágio ambiental ocorreu em frente ao Cream com distribuição de material impresso e mudas de árvores. Fotos: Flávio Grieger.

O projeto Olhos da Serra realizou no último sábado (19/8) durante toda a manhã, em frente ao Cream (Centro de Referência de Educação Ambiental), em Jundiaí, um pedágio ambiental. Com feira de artesanato, distribuição de material impresso com informações ambientais e mudas nativas da Mata Atlântica, além de roda de discussões com moradores da Serra do Japi, a atividade intensificou a comunicação também com os visitantes e reforçou a necessidade de preservação da área, um dos últimos trechos de floresta contínua do Estado de São Paulo.

Com a finalidade de conscientizar a comunidade sobre a relevância ambiental da Serra do Japi, o evento faz parte da segunda etapa do Olhos da Serra, realizado pelo Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ) em parceria com a Fundação Serra do Japi e patrocínio de Coca-Cola Brasil e Coca-Cola FEMSA.

Os visitantes e moradores que passavam pela Rua Atilio Gobo, em frente ao Cream, puderam pegar mudas de árvores nativas das espécies Pau-Brasil, paineira e espécies variadas de ipê (branco, amarelo, rosa e roxo). Também receberam um folder com explicações sobre o Projeto Olhos da Serra impressos em papel semente – que após a leitura podem ser plantados – e lixinhos sustentáveis para carro.

Pedágio ambiental envolveu também moradores de áreas localizadas na Serra do Japi.

As rodas de conversas deram detalhes sobre a segunda etapa do projeto e formas de os moradores locais participarem e contribuírem. Está aberto o cadastro para interessados cadastrarem suas propriedades para receberem as atividades de saneamento rural e recomposição florestal, por meio do link https://bit.ly/olhosdaserra-cadastro.

“O pedágio ambiental alcançou tanto as pessoas que visitam quanto os moradores da Serra do Japi”, afirma Eduardo Paniguel, gestor do Olhos da Serra. “A perspectiva com esta e outras iniciativas é conscientizar sobre a preservação da Serra do Japi para a sobrevivência das populações. O projeto também quer levar até os moradores que possuem áreas na serra os dois projetos pilotos de recomposição florestal e o de saneamento rural individual”, completa.

Superintendente da Fundação Serra do Japi, Vânia Plaza Nunes destacou a importância do envolvimento da comunidade durante o pedágio ambiental e do compartilhamento de informações ambientalmente corretas entre visitantes e comunidade local. “As ações do Olhos da Serra contribuem para que se entenda a relevância de preservar um local tão importante para o Estado de São Paulo e também para o Brasil”, destaca.

Artesã e moradora da Serra do Japi, Carla Crizol participou do pedágio ambiental e ressaltou que a iniciativa ajuda a orientar a população que frequenta o local. “Os eventos realizados pelo projeto Olhos da Serra são importantes para que os moradores e visitantes possam receber informações que muitas vezes passam despercebidas sobre preservação e conservação da área. Levar mais uma muda de árvore nativa para casa é reforçar esse compromisso com a natureza”, fala.

Projeto Olhos da Serra

Evento faz parte da segunda etapa do projeto, que tem como objetivo conscientizar a comunidade sobre a relevância ambiental da Serra do Japi.

Conduzido pelo Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ), com patrocínio de Coca-Cola Brasil e Coca-Cola FEMSA Brasil, o Olhos da Serra tem o propósito de conservar os recursos hídricos na região. Como prioridade total no projeto, a preservação dos recursos naturais compreende, entre outras atividades, o combate a incêndios, com formação de brigadistas e aplicação de curso de capacitação profissional pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a educação ambiental, o monitoramento de invasões humanas, a promoção de ações de reflorestamento e saneamento rural, com a implantação de uma propriedade modelo com tratamento de efluentes, gestão de resíduos e de água cinza. O Olhos da Serra também conta com a parceria das seguintes instituições: Prefeitura Municipal de Jundiaí (Diretorias de Meio Ambiente, de Agronegócios e de Parcerias Estratégicas, Guarda Municipal – Divisão Florestal e Defesa Civil); Fundação Serra do Japi; DAE Jundiaí; Fundação Florestal; Embrapa; Instituto Cerrados; Associação dos Amigos dos Bairros de Santa Clara, Vargem Grande, Caguassu e Paiol Velho (SAB Santa Clara); Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA); Conselho Gestor da Serra do Japi (CGSJ); Companhia de Informática de Jundiaí (Cijun) e Aliados pela Água.

Consórcio PCJ

O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ) é uma associação de usuários de água, de direito privado e sem fins lucrativos, integrada por 41 municípios e 23 grandes empresas. A entidade possui independência técnica e financeira para a realização de atividades de recuperação e preservação dos mananciais das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, as Bacias PCJ (UGRHI 5).

Segundo o presidente da entidade e prefeito de Limeira (SP), Mario Botion, “nossa visão é a de contribuir para uma sociedade mais justa, economicamente viável e sustentável, que respeite a água em todos os seus usos e potenciais em atenção às mudanças climáticas. Desta forma, nossa missão é a de integrar todos os setores da sociedade em prol da gestão eficiente da água, do saneamento e do meio ambiente”.

O Consórcio PCJ é referência nacional e internacional na gestão de recursos hídricos, membro de importantes instituições ligadas à área, como o Conselho Mundial da Água, as Redes Internacional, Latina e Brasileira de Organismos de Bacias (RIOB, RELOB e REBOB), além de ser o único representante das Bacias PCJ no Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

(Fonte: MXP Comunicação)