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Gestão de resíduos é um dos grandes desafios globais

São Paulo, por Kleber Patricio

Cidades consomem mais de 75% de todo recurso natural explorado no planeta. Foto: divulgação.

O mundo vai gerar 3,4 bilhões de toneladas de resíduos por ano até 2050, aumento de 70, segundo estudo da organização sem fins lucrativos International Solid Waste Association (ISWA). Em 2016, foram produzidas cerca de dois bilhões de toneladas. O destino e reaproveitamento desses resíduos dentro da proposta de economia circular é um dos grandes desafios globais.

A entidade Circle Economy propõe dobrar a circularidade da economia global até 2032, ampliando dos atuais 8,6% para 17% a reutilização dos resíduos no mundo, o que resultaria em redução de 39% das emissões de gases de efeito estufa. O coordenador do Movimento Circular, professor doutor Edson Grandisoli, aponta que o grande desafio mundial atual está ligado às mudanças do clima e as cidades têm papel fundamental no enfrentamento desse cenário, uma vez que emitem cerca de 75% dos gases de efeito estufa relacionados à energia.

“Considerar essa questão como central deve levar população, empresas e governos a atuarem de forma conjunta sobre temas como planejamento urbano, mobilidade, gestão da água e resíduos, obtenção de energia e inclusão”, afirma Grandisoli. A maior parte da população mundial vive nas cidades. Ele estima que, no Brasil, mais de 90% da população seja urbana.

As cidades consomem mais de 75% de todo recurso natural explorado no planeta. “O metabolismo urbano está intimamente ligado a diferentes tipos de impactos ambientais, sociais e econômicos. Dentro desse cenário, planejar e criar cidades sustentáveis e resilientes é fundamental se desejamos garantir uma melhor qualidade de vida para todos”, afirma Grandisoli.

Professor Edson Grandisoli, coordenador do Movimento Circular. Foto: Fabricio Junqueira.

A Economia Circular colabora com o presente e o futuro porque pretende reduzir a retirada de matéria-prima do ambiente e, no final da cadeia produtiva, reduzir também consumo e descarte, diminuindo a quantidade de resíduos gerados todos os dias. As propostas de desenvolvimento sustentável devem considerar diferentes aspectos.

Desenvolver economia circular e sustentabilidade exige adotar pensamento sistêmico e integrado. “É preciso entender da melhor forma a cadeia de produção, consumo e descarte e como cada um dos diferentes atores sociais participa dessa cadeia. Pensar em circularidade é obrigatoriamente pensar em conexões. Um diagnóstico integrado e multisetorial pode revelar pontos importantes de ação”, comenta Grandisoli.

Público, privado e cidadão

O professor explica que a criação de políticas públicas é fundamental para o avanço na economia circular, assim como investimentos, coparticipação e corresponsabilização, por meio de parceria com as indústrias, empresas e cidadãos. Além disso, se destacam três aspectos: a necessidade de infraestrutura, investimentos e mudança de mentalidade.

Cidadãs e cidadãos contribuem na construção desse projeto cobrando transparência de informações das empresas e governos para fazer as melhores escolhas no dia a dia, avaliando constantemente suas prioridades e reais necessidades de consumo. “Refletir e recusar são dois dos mais importantes Rs para o consumidor”, aponta Grandisoli.

De acordo com o professor, a circularidade é colaborativa e participativa. “Em muitos casos, o que é lixo para um, é insumo para outro”, defende. Para isso, é fundamental a criação de espaços de diálogo e colaboração. O coordenador do Movimento Circular aponta que criar cidades sustentáveis e resilientes é um processo que tem data para começar, mas não para acabar.

“Diagnósticos podem apontar diferentes demandas, necessidades, carências e oportunidades. Alguns países da Europa, como a Alemanha, possuem altas taxas de reciclagem, cerca de 70%, mas ainda incineram parte de seus resíduos, o que colabora para as mudanças climáticas globais. Sempre há o que melhorar”, afirma.

Planares

Na economia circular, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) também tem importante função. Ele apresenta estratégias de curto, médio e longo prazos para colocar em prática o que foi definido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), mas já está atrasado, segundo Grandisoli. “O Planares levou mais de 10 anos para ser disponibilizado. Temos um déficit sério com relação à gestão de resíduos na maior parte dos municípios brasileiros”, afirma.

As diretrizes do Planares e da PNRS valorizam a circularidade na economia, em especial na ponta final da cadeia de consumo, com estímulo à reciclagem e logística reversa. “Apesar disso, ainda falta um longo caminho nessa direção. Financiamentos, novas políticas públicas e parcerias são fundamentais para avançarmos”, diz o professor.

Mesmo com todas essas ferramentas, ainda não é possível prever quanto tempo as cidades brasileiras vão levar para adotar a economia circular de forma mais ampla. “É preciso começar e avançar, considerando-se as severas consequências das mudanças climáticas sobre as populações mais vulneráveis. Isso tem tudo a ver como construímos, vivemos e consumimos nos centros urbanos”, alega.

Sobre Edson Grandisoli | Coordenador pedagógico do Movimento Circular, é Mestre em Ecologia, Doutor em Educação e Sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), pós-doutor pelo Programa Cidades Globais (IEA-USP) e especialista em Economia Circular pela ONU (UNSSC).

Sobre o Movimento Circular | Criado em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar empresas, governos e cidadãos a colaborar na transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da economia circular, conceito-base do movimento. O movimento tem o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes. Site: https://movimentocircular.io/.

(Fonte: Betini Comunicação)

Raquel Anastásia e Igor Kovalewski estreiam espetáculo “Coro dos Amantes” no SESC Pinheiros

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Milton Galvani.

De 9 de março a 1º de abril de 2023, de quinta a sábado, às 20h, a Cia Santa Cacilda realiza a temporada de estreia do espetáculo “Coro dos Amantes”, no Auditório (3º andar) do SESC Pinheiros. Os ingressos são a partir de R$9,00 e podem ser adquiridos por meio do site do SESC SP ou nas bilheterias das unidades do SESC em São Paulo.

“Coro dos Amantes” é um poema teatral sobre a passagem do tempo e sobre o sentir físico e emocional que uma experiência de quase morte pode trazer, abrindo possibilidades de mudança porque “ainda temos tempo”.

Com Raquel Anastásia e Igor Kovalewski em cena e trilha-sonora executada ao vivo pelo maestro e pianista Paulo Maron, a obra traz uma reflexão profunda sobre o modo de vida asfixiante vivido nas grandes cidades, fazendo-nos pensar sobre a urgência de nos reconectarmos com a natureza – apresentando-a não como um simples objeto de conhecimento, mas como um lugar de experiência e de celebração da vida.

De autoria do grande dramaturgo português e atual diretor do Festival d’Avignon, Tiago Rodrigues, “Coro dos Amantes” é uma obra polifônica inédita no Brasil. O texto escolhido reúne inúmeras qualidades; entre elas, podemos citar: o poema, o senso comunitário da sua escrita e a presença de questões urgentes ligadas à humanidade e à natureza.

Escrita e apresentada em Lisboa em 2007, “Coro dos Amantes” é a primeira peça de Tiago Rodrigues, revisitada por ele 13 anos depois de sua criação. Considerado um dos artistas mais inovadores da cena contemporânea portuguesa, Tiago vem se destacando e consolidando seu trabalho também na cena internacional recebendo inúmeros prêmios, entre eles o XV Prêmio Europa Realidades Teatrais, em 2018, e o Prêmio Pessoa, em 2019.

O projeto “Coro dos Amantes” é uma idealização da artista Raquel Anastásia, que foi integrante do Centro de Pesquisa Teatral, dirigido por Antunes Filho, integrou a Cia Livre e já atuou com importantes nomes das artes cênicas. Formada pela Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3, finalizou a sua pesquisa sobre a presença da performance nos trabalhos de Ivo van Hove e Angélica Liddell, sendo orientada pelo professor e diretor do departamento de Estudos Teatrais, Monsieur Pierre Longuenesse, autor de vários artigos e livros sobre o teatro contemporâneo e o poema teatral.

A peça é encenada também por Igor Kovalewski, ator e produtor cultural com uma longa trajetória atuando entre o teatro, o cinema e a televisão, com 34 peças, sete longas, cinco curtas e séries, sob a direção de nomes como Aimar Labaki, Reginaldo Nascimento, Ricardo Rizzo, Vivien Buckup, Daniel Sommerfeld, André Garolli, Luis Louis, Sérgio Ferrara, Heitor Goldflus e Paulo Faria.

Sobre a Cia Santa Cacilda

Formada por artistas com experiências múltiplas, a Cia Santa Cacilda surge focada na investigação sobre a dramaturgia contemporânea e na busca por uma criação artística que dialogue com questões pertinentes ao nosso tempo.

Seguindo estes princípios, a companhia estreou sua primeira peça, “O Horla”, com dramaturgia de Paulo Rogério Lopes e direção de Raquel Anastásia, no Teatro Aliança Francesa. O trabalho seguinte foi “Plínio Contra as Estrelas”, que teve como pesquisa-base a simulação da experiência virtual em detrimento da experiência real. O espetáculo, de autoria de Paulo Santoro, foi idealizado e produzido pela atriz Raquel Anastásia e fez sua temporada de estreia no SESC Consolação. Em seguida, o espetáculo foi apresentado no SESC Vila Mariana, na Oficina Mário de Andrade e na Virada Cultural de Bauru, além de ter sido indicado ao Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro, na categoria Dramaturgia.

“Motel Rashômon”, de autoria de Marcos Gomes, também idealizado e produzido por Raquel Anastásia, foi contemplado com o Prêmio ProAC de produção e temporada de espetáculo inédito, estreou na SP Escola de Teatro, realizou 24 apresentações e também foi apresentado no SESC Piracicaba.

Em 2020, iniciou uma série de leituras e estudos sobre o coro e a coralidade – esse último, presente na escrita do renomado dramaturgo, diretor de teatro e atual diretor do Festival d’Avignon Tiago Rodrigues. Mais informações: Instagram: @corodosamantes.

Ficha Técnica – Idealização: Raquel Anastásia | Texto: Tiago Rodrigues | Atores-encenadores: Raquel Anastásia e Igor Kovalewski | Criação música original e execução ao piano: Maestro Paulo Maron | Figurinos: Marichilene Artisevskis | Objetos cênicos: Marcelo Guarrata | Desenho de Luz e operação: Jorge Leal | Iluminadora Assistente: Gabriele Souza | Palestrante: Leonardo Gandolfi | Práticas Coro/Coralidade: Roberto Morettho | Voz: Madalena Bernardes | Intérprete de Libras: Marisa Peres | Fotos: Milton Galvani |Registro fotográfico do espetáculo: Bob Sousa | Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini | Assistentes de Produção: Carol Centeno e Victoria Blat | Filmagem: Bruta Flor Filmes | Coordenação geral: Raquel Anastásia e Igor Kovalewski | Realização: SESC.

Serviço:

Estreia de “Coro dos Amantes”, com Cia Santa Cacilda

Sinopse: Poema teatral sobre a passagem do tempo, sobre o sentir físico e emocional da morte próxima e a possibilidade de mudança que ela traz, porque ainda “temos tempo”. A obra traz uma reflexão profunda sobre o modo de vida asfixiante vivido nas grandes cidades, fazendo-nos pensar sobre a urgência de nos reconectarmos com a natureza. Apresentando-a não como um simples objeto de conhecimento, mas como um lugar da experiência e da celebração da vida. Duração: 55 minutos.

De 9 de março a 1º de abril de 2023 – quinta a sábado, às 20h

Duração: 55 minutos

Local: Auditório (3º andar) | Capacidade: 98 lugares | 12 anos

Ingressos: R$30 (inteira); R$15 (meia) e R$10 (credencial plena). Venda no Portal SESC no dia 28/2, a partir das 12h. Venda nas bilheterias no dia 1/3, a partir das 17h.

Onde: SESC Pinheiros – R. Paes Leme, 195 – Pinheiros, São Paulo – SP.

(Fonte: Assessoria de Imprensa Luciana Gandelini)

Fanfarra Cornucópia Desvairada se apresenta no pátio central do Museu da Casa Brasileira

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Divulgação/Cornucópia Desvairada.

O projeto Música no MCB, realizado pelo Museu da Casa Brasileira, realizará um pós-carnaval no pátio central do imóvel Solar Fábio Prado, no dia 11 de março, sábado, às 15h, com a Fanfarra Cornucópia Desvairada. O grupo conta com direção musical de Allan Martino e produção de Danilo Custô. A participação é gratuita.

A fanfarra Cornucópia Desvairada é um grupo musical de instrumentos de sopro e percussão inspirado na diversidade cultural presente na cidade de São Paulo. Realiza um repertório de versões instrumentais que abrange gêneros diversos e conhecidos da música brasileira, como coco, carimbó, forró, maracatu, samba, axé e brega, além de composições próprias e de parceiros com a mesma inspiração musical.

Os músicos, que estarão caracterizados com chifres na cabeça, apresentarão um show descontraído de músicas dançantes, em ampla interação com o público e fazendo com que a música seja o grande elemento de conexão espontânea entre as pessoas.

A Cornucópia é um tradicional símbolo representativo de fertilidade, riqueza e abundância. Um vaso em forma de chifre, com frutas e flores que dele extravasam profusamente. Da mesma forma, a Cornucópia Desvairada é um encontro de riqueza musical, abundância de alegria e celebração da coletividade na Pauliceia.

O grupo também é um bloco de carnaval e se apresenta nos mais diversos formatos, tendo participado de importantes festivais como Virada Cultural de São Paulo 2019, Festival Honk!, além de apresentações em unidades do SESC, na Pinacoteca do Estado, Teatro Oficina e em importantes casas de shows de São Paulo, como Mundo Pensante, Jazz nos Fundos e Estúdio Bixiga, entre outras.

Formação:

Allan Martino – Sousafone

Danilo Custô – Saxofone Tenor

Doremí – Trombone

Gabi Coelho – Saxofone Alto

Isabela Santos – Trompete

Javier Zonda – Saxofone Tenor

Julia Paccola – Trombone

Junior Breed – Caixa

Marcelo Moraes – Trompete

Mateus Humberto – Saxofone Alto

Mateus Levy – Alfaia

Matheus Rocha – Trombone

Pâmela Escolástico – Surdo

Pedro Igor de Almeida – Trombone

Priscila Ribeiro – Trompete

Rafael Valverde – Percusão general

Rogério Alves – Percusão general

Si. Sa Medeiros – Timbal

Tales de Deus – Saxofone Tenor

Tauane Brandão – Trompete.

Serviço:

Fanfarra Cornucópia Desvairada

Data: 11 de março, sábado, às 15h

Participação gratuita

Local: pátio central do Solar Fábio Prado – Museu da Casa Brasileira

Av. Brig. Faria Lima, 2.705 – Jardim Paulistano – São Paulo (SP)

Próximo à estação Faria Lima da Linha 4 Amarela do Metrô.

Sobre o MCB | O Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, administrada pela Fundação Padre Anchieta, dedica-se, há 52 anos, à preservação e difusão da cultura material da casa brasileira, sendo o único museu do país especializado em arquitetura e design. A programação do MCB contempla exposições temporárias e de longa duração, com uma agenda que possui também atividades do serviço educativo, debates, palestras e publicações contextualizando a vocação do museu para a formação de um pensamento crítico em temas como arquitetura, urbanismo, habitação, economia criativa, mobilidade urbana e sustentabilidade. Dentre suas inúmeras iniciativas destacam-se o Prêmio Design MCB, principal premiação do segmento no país realizada desde 1986 e o projeto Casas do Brasil, de resgate e preservação da memória sobre a rica diversidade do morar no país.

(Fonte: Museu da Casa Brasileira)

“Chão da praça: obras do acervo da Pinacoteca” inaugura Grande Galeria da Pinacoteca Contemporânea

São Paulo, por Kleber Patricio

“Kebranto” (2021), de Jonas Van e Juno B.

A Pinacoteca de São Paulo inaugura principal sala expositiva da Pinacoteca Contemporânea, a Grande Galeria, com a mostra “Chão da praça: obras do acervo da Pinacoteca”. Com coordenação curatorial de Ana Maria Maia, curadora chefe da Pinacoteca, e Yuri Quevedo, a mostra reúne cerca de 60 obras do acervo de arte contemporânea em montagem pautada pelo desejo de falar sobre territórios, encontros e narrativas de atravessamento. A mostra tem inauguração prevista para o dia 4 de março e apresenta obras como “Modificação e apropriação de uma identidade autônoma” (1947/2023), de Gretta Sarfatty, “Parede da memória” (1994-2015), de Rosana Paulino, “Máscara de ritual Tukano I”, de Duhigó e “Estrutura dissipativa/Gangorra” (2013), de Rommulo Vieira Conceição.

A exposição nasce da articulação de uma variedade de suportes e abordagens, bem como da diversidade de artistas representados, pertencentes a diferentes gerações, perfis identitários, regiões do país e circuitos de produção. Em um campo fluido de presenças e relações, diversas gestualidades aparecem nas instalações e esculturas de grandes dimensões, que até então encontravam limites para serem expostas em outros espaços e foram, por isso mesmo, tomadas como uma das motivações para se construir a terceira sede do museu. Desenhos, pinturas, fotografias, vídeos e performances compõem a narrativa que é orientada por três grandes ideias: a de travessias, vizinhanças e transcendências.

“O desejo da curadoria é que os visitantes possam estabelecer seus próprios percursos e encontrar um ambiente convidativo para se relacionarem com cada obra. Como um dos projetos inaugurais da Pina Contemporânea, esta exposição deve servir-se ao início de um processo de interface e aprendizado com as experiências de um novo espaço, dotado de novos usos e públicos”, afirma Ana Maria Maia.

A exposição “Chão da Praça: obras do acervo da Pinacoteca” tem patrocínio do Bradesco, na cota Apresenta, e da Bloomberg, na cota Prata.

Travessias, vizinhanças e transcendências

A exposição é organizada a partir de três argumentos – travessias, vizinhanças e transcendências – encontrados nas diferentes obras e articulados em relações de proximidade. A ideia de travessia pode ser entendida tanto no sentido de percurso quanto de atravessamento, movimento que permite o confronto de estruturas socioculturais e históricas. Esse espectro está contemplado nas obras “Irruption Series” [Série irrompimento] (2010), de Regina Silveira (Porto Alegre – RS, 1939), e “Galinha d’Angola” (2017), de Paulo Nazareth (Governador Valadares – MG, 1977), marcadas pelos fluxos e contrafluxos de um caminhar incessante. Na performance “Modificação e apropriação de uma identidade autônoma” (1980), de Gretta Sarfatty (Atenas – Grécia, 1954), o deslocamento individual de uma mulher destitui as camadas de um cubo confeccionado para abarcar (e, nesta medida, comportar) seu corpo e sua subjetividade. Esta performance será apresentada na abertura da exposição e em uma segunda data a ser divulgada no decorrer do período de visitação. Nesta ocasião, não é a própria Gretta que se apresentará, mas a também artista Val Souza, convidada a interpretar o roteiro histórico trazendo-o para seu corpo e sua experiência.

Em outro conjunto de trabalhos da exposição, ganha força a ideia de vizinhança, tomada como medida para se pensar como as coletividades se dão nos territórios e, em específico, no território da Pina Contemporânea. A localização deste edifício amplia o perímetro urbano com o qual o museu dialoga diretamente, articulando seu programa ao Parque Jardim da Luz e reconfigurando a relação com o bairro do Bom Retiro. Situações de encontro e afeto dão a tônica de uma longa parede, ocupada em uma montagem densa e constelativa por obras de Lúcia Laguna (Campos de Goytacazes – RJ, 1941), Bené Fonteles (Bragança – PA, 1953), Matheus Rocha Pitta (Tiradentes – MG, 1982) e Yuli Yamagata (São Paulo – SP, 1989), entre outros nomes.

Transcendências é a terceira ideia aglutinadora de trabalhos a serem mostrados. Em seguida às abordagens de travessias individuais e de relações interpessoais no espaço, convém pensar aberturas e conexões que se dão também no tempo. Na contramão do apagamento sistêmico das histórias e saberes da população negra no Brasil, a “Parede da memória” (1994-2005), de Rosana Paulino (São Paulo – SP, 1967) elabora uma identidade coletiva entremeando exercícios de lembrar e imaginar. Em obras como “Kebranto” (2021), de Jonas Van (Fortaleza – CE, 1989) e Juno B. (Fortaleza – CE, 1982), e “Yiki Mahsã Pâti” [Mundo dos espíritos da floresta] (2020), de Daiara Tukano (São Paulo – SP, 1982), somam-se maneiras de expressar percepções metafísicas e de se orientar a partir de escutas e cosmovisões da natureza.

Para privilegiar o ineditismo da visualização da Grande Galeria, a expografia criará o mínimo de construções no espaço. A implantação das obras objetiva sugerir afinidades e diálogos entre elas, mas sem expressar fluxos ou núcleos delimitados em textos setoriais de parede ou outras formas de dirigir a apreciação do público.

Em diálogo com a mostra, a obra “Tríade Trindade” (2001), trabalho de escala monumental do artista Tunga, inaugura a grande praça aberta da Pinacoteca Contemporânea, projetada para receber eventos das mais variadas linguagens. A obra contém as cargas simbólica e energética que particularizam a produção de Tunga. Tanto por sua constituição física, de uma estrutura composta de metais e imãs com cinco metros de altura e quatro toneladas de peso, como pelas representações de trança, cabelereira, sinos, caldeirão, tacape, jarras, taças e outros objetos recipientes. O trabalho se conecta à mostra “Chão da praça” não apenas pela grandeza de seu tamanho, mas também por sua conexão da arte com a vida.

Sobre a Pinacoteca de São Paulo | A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais. A Pina também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.

Artistas participantes da mostra:

Analívia Cordeiro (SP), Antonio Poteiro (Portugal), Bené Fonteles (BA), Brígida Baltar (RJ), Carmela Gross (SP), Carmélia Emiliano (RO), Castiel Vitorino Brasileiro (ES), Claudia Andujar (Suíça), Claudio Tozzi (SP), Cristiano Mascaro (SP), Daiara Tukano (SP), Delson Uchôa (AL), Djanira (SP), Duhigó (AM), Emanoel Araújo (BA), Emmanuel Nassar (PA), Ernesto Neto (RJ), Gisela Motta e Leandro Lima (SP), Gretta Sarfaty (Grécia), Hudinilson Jr (SP), Ilê Sartuzi (SP), Jonas Van e Juno B (CE), Laura Lima (MG), Lucia Laguna (RJ), Lygia Pape (RJ), Lygia Reinach (SP), Marepe (BA), Maria Bonomi (Itália), Martinho Patrício (PB), Matheus Rocha Pitta (MG), No Martins (SP), Paula Garcia (SP), Paulo D’Alessandro (SP), Paulo Nazareth (MG), Paulo Pjota (SP), Regina Silveira (RS), Renina Katz (RJ), Rommulo Vieira Conceição (BA), Rosana Paulino (SP), Sandra Cinto (SP), Sara Ramo (Espanha), Sidney Amaral (SP), Tiago Sant’Ana (BA), Vera Chaves Barcellos (RS), Yuli Yamagata (SP) e Zica Bérgami (SP).

Serviço:

Chão da praça: obras do acervo da Pinacoteca

Período: 4.3.2023 a 30.7.2023

Curadoria: Ana Maria Maia e Yuri Quevedo, com colaboração de Ana Paula Lopes, Horrana de Kassia Santoz, Pollyana Quintella, Renato Menezes, Thierry Freitas e Weslei Chagas

Pinacoteca Contemporânea (Grande Galeria)

De quarta a segunda, das 10h às 18h – R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia-entrada) – até junho de 2023

Gratuito aos sábados

A entrada será gratuita no primeiro mês de funcionamento do novo prédio

Ingressos no site a partir de março ou direto na bilheteria física da Pinacoteca Contemporânea.

(Fonte: Pinacoteca de São Paulo)

Japan House São Paulo apresenta instalação botânica que expressa a relação do povo japonês com a natureza

São Paulo, por Kleber Patricio

Crédito das fotos: Atsunobu Kataguiri/Divulgação.

Enquanto a flora brasileira é vasta, exuberante e até agressiva em sua magnitude e diversidade, a delicadeza é uma das principais características encontradas nas plantas e flores que compõem a flora japonesa. É a partir dessas diferenças e contradições que o artista e mestre em Ikebana Atsunobu Katagiri cria uma instalação botânica inédita para ocupar o térreo da Japan House São Paulo de 7 de março a 30 de abril. Sob o nome “ESSÊNCIA: Jardim Interior – Atsunobu Katagiri”, a exposição gratuita é um convite a um momento de contemplação na agitada Avenida Paulista, dando a oportunidade para que os visitantes possam refletir sobre a presença essencial da natureza em todos os âmbitos da vida.

Conhecido por sua abordagem contemporânea no uso de plantas e flores, Katagiri combina em seu trabalho aspectos criativos tradicionais e questões atuais. Em seu projeto “Sacrifício”, resultado de sua experiência como artista convidado para o “Hama-dori, Naka-dori & Aizu Tri-Regional Culture Collaboration Project (2013)”, projeto da  Agência de Assuntos Culturais do Governo Japonês, o artista instalou-se na cidade de Minamisoma, em Fukushima, região afetada pelo grande terremoto de 2011. Nesta região, Katagiri foi arrebatado por emoções conflituosas; pois, ao mesmo tempo em que observava a destruição recente, notava a natureza retomando seu crescimento, reencontrando uma espécie de flor nativa que havia desaparecido devido à ação humana. Nesse ambiente, coletou e criou arranjos florais exuberantes colocando as ruínas como cenário, como se tentasse representar esta regeneração.

Na Japan House São Paulo, sua instalação ocupa o andar térreo da instituição, cuja parede de vidro será coberta por imagens de flores de várias origens que foram selecionadas, escaneadas e ampliadas pelo próprio artista, criando um clima mais intimista e acolhedor no espaço. Os visitantes encontrarão um ambiente com diversas plantas, flores e substratos, como musgo, por exemplo, vegetação que requer pouca manutenção. No Japão, eles possuem grande importância, sendo elementos essenciais nas florestas e jardins, representando conceitos como beleza, simplicidade e sofisticação, além da estética do wabi-sabi (transitoriedade e imperfeição). “A natureza é de onde viemos e para onde vamos; é elemento fundamental para a existência de qualquer ser vivo, mas também para nossa sanidade. A inserção na obra do Katagiri instiga o contato com nossos pensamentos, esse mundo todo que habita dentro de nós, e possibilita resgatar nossa percepção de bem-estar quase como se estivéssemos dentro de um santuário. É uma forma de conexão e compreensão da magnitude dessa relação e, sobretudo, um alerta para sua fragilidade e finitude. Afinal somos, nós, natureza”, comenta Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da Japan House São Paulo e curadora da exposição.

Por se tratar de uma instalação viva, ao longo de oito semanas será possível observar os diferentes ciclos de vida de cada elemento; espécies que se desenvolvem e outras que chegam ao seu fim. Mais do que trazer a natureza para dentro da cidade, o artista, que expõe pela primeira vez na América Latina, faz uma homenagem à sua força regeneradora, sem domá-la. A exposição contará com extensa programação paralela com a participação de Katagiri, como palestras, workshops e visitas guiadas. Dentro do programa JHSP Acessível, a exposição “ESSÊNCIA: Jardim Interior – Atsunobu Katagiri” conta com recursos de audiodescrição, libras e bancada com elementos táteis para tornar a visita mais inclusiva.

Sobre Atsunobu Katagiri

Nascido em Osaka em 1973, Katagiri tornou-se mestre da escola Misasagi Ikebana aos 24 anos e é conhecido por incorporar abordagens tradicionais e modernas em seu trabalho de ikebana e por sua colaboração com artistas de diferentes esferas. Sua atuação é marcada pela criação de pequenas composições usando flores silvestres, mas também peças majestosas feitas com flores de cerejeira.  Katagiri transita entre a tradição e questões atuais, como pode ser visto em muitos de seus trabalhos, como seu projeto chamado “Sacrifício”, resultado de sua experiência na cidade de Minamisoma, em Fukushima, região devastada pelo terremoto de 2011. Ali, Katagiri notou a resistência e o crescimento da vegetação nativa da região, mesmo após um desastre, o que o impulsionou a criar arranjos de flores no meio das ruínas como uma forma de expressar e homenagear tal contradição.

PROGRAMAÇÃO PARALELA

Visita Guiada “ESSÊNCIA: Jardim Interior” com Atsunobu Katagiri

Quando: 7 de março (terça-feira) na Japan House São Paulo

Horário: 15h

Duração: 60 min

Atividade livre

Vagas limitadas. Participação mediante retirada de senhas na recepção com 30 minutos de antecedência. Visita contará com Libras como recurso de acessibilidade.

Workshop “I am Flower – adornos florais” com Atsunobu Katagiri

Quando: 12 de março (domingo) na Japan House São Paulo

Horários: 10h; 11h30; 14h; 15h30

Duração: 60 min

Atividade para família, indicada para crianças entre 6 e 12 anos acompanhadas de adulto responsável.

Vagas limitadas. Participação mediante retirada de senhas na recepção com 30 minutos de antecedência.

Palestra “A arte da Ikebana: seu passado e presente” com Atsunobu Katagiri

Quando: 14 de março (terça-feira) – Evento Online

Horário: 16h

Duração: 90 min

Atividade livre

Transmissão canal YouTube da Japan House São Paulo

Workshop “I am Flower – adornos florais” com Atsunobu Katagiri

Quando: 18 de março (sábado) na Fazenda Serrinha

Endereço: Estr. Mun. José Vaccari, Km 1.5 – Zona Rural, Bragança Paulista

Horários: das 10h às 16h

Atividade livre

Vagas limitadas. Participação mediante inscrição prévia no https://bit.ly/iamflower

Atividade realizada em parceria com Arte Serrinha, projeto cultural em Bragança Paulista

Serviço:

Exposição “ESSÊNCIA: Jardim Interior – Atsunobu Katagiri”

Período: de 7 de março a 30 de abril de 2023

Local: Japan House São Paulo – Avenida Paulista, 52 – São Paulo, SP

Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das 9h às 18h

Entrada gratuita. Reservas online antecipadas (opcionais): https://agendamento.japanhousesp.com.br/.

Sobre a Japan House São Paulo (JHSP)

A Japan House é uma iniciativa internacional com a finalidade de ampliar o conhecimento sobre a cultura japonesa da atualidade e divulgar políticas governamentais. Inaugurada em 30 de abril de 2017, a Japan House São Paulo foi a primeira a abrir suas portas, seguida pelas unidades de Londres e Los Angeles. Estabelecida como um dos principais pontos de interesse da celebrada Avenida Paulista, a JHSP destaca em sua fachada proposta pelo arquiteto Kengo Kuma, a arte japonesa do encaixe usando a madeira Hinoki. Desde 2017, a instituição promoveu mais de trinta exposições e cerca de mil eventos em áreas como arquitetura, tecnologia, gastronomia, moda e arte, para os quais recebeu mais de dois milhões de visitantes. A oferta digital da instituição foi impulsionada e diversificada durante a Pandemia de Covid-19, atingindo mais de sete milhões de pessoas em 2020. No mesmo ano, expandiu geograficamente suas atividades para outros estados brasileiros e países da América Latina. A JHSP é certificada pelo LEED na categoria Platinum, o mais alto nível de sustentabilidade de edificações; e pelo Bureau Veritas com o selo SafeGuard – certificação de excelência nas medidas de segurança sanitária contra a Pandemia de Covid-19.

Confira as mídias sociais da Japan House São Paulo:

Site: https://www.japanhousesp.com.br

Instagram: https://www.instagram.com/japanhousesp

Twitter: https://www.twitter.com/japanhousesp

YouTube: https://www.youtube.com/japanhousesp

Facebook: https://www.facebook.com/japanhousesp

LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/japanhousesp.

(Fonte: Suporte Comunicação)