Concurso retorna mais uma vez ao Brasil, Colômbia e México para fortalecer compromisso das escolas que estão deixando uma marca positiva em suas comunidades


São Paulo
O arroz com feijão, prato queridinho dos brasileiros até bem pouco tempo atrás, está perdendo cada vez mais espaço para refeições prontas, pobres em nutrientes e ricas em gorduras, como os chamados fast foods. Em um período de dez anos, a substituição de alimentos tradicionais por comidas ultraprocessadas e de preparo rápido pode ter contribuído no aumento do excesso de peso e da obesidade entre homens e mulheres. É o que aponta artigo publicado nesta segunda (6), na “Revista de Nutrição”, por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
A pesquisa também constatou redução no consumo de frutas, café e chá, peixes e frutos do mar, carnes processadas, leite e derivados. Por outro lado, houve aumento no consumo de frango e ovos.
Para entender a atual dinâmica alimentar dos brasileiros, os cientistas compararam dados dos blocos de consumo alimentar das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2008 e 2018. Do total de entrevistas, foram selecionados cerca de 50 mil questionários respondidos por homens e mulheres, de 20 a 59 anos, residentes em todo o território nacional, contemplando os diferentes perfis geográficos e socioeconômicos da população.
Segundo a pesquisa, o consumo médio de arroz por homens, por exemplo, diminuiu de 209 gramas por dia registrados em 2008 para 174 gramas em 2018, enquanto o consumo de feijão e outros legumes caiu de 250 gramas para 231 gramas por dia. Já o consumo de fast food aumentou de 31 para 48 gramas diárias no mesmo período. “Essa mudança nos padrões alimentares sugere um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, que estão associados a indicadores de obesidade com tendências positivas, independentemente do sexo e da faixa etária”, explica llana Nogueira Bezerra, pesquisadora da Uece e uma das autoras do estudo.
A pesquisadora lembra que o ganho de peso excessivo está associado também a fatores como “comportamento sedentário, diminuição da prática de atividade física e aumento no número de pessoas residindo em áreas urbanas, onde as atividades laborais e o deslocamento tendem a ser mais sedentários”.
Quando a comparação é de gênero, o levantamento mostra que a proporção de homens com sobrepeso é maior do que a das mulheres, mas o aumento ao longo dos anos entre as mulheres foi maior do que entre os homens. Para elas, o aumento foi de seis pontos percentuais, de 29%, em 2008, para 35%, em 2018. Enquanto entre os homens, o aumento foi de cerca de quatro pontos percentuais, de 38,4% para 42%. Quando o parâmetro é a obesidade, as mulheres apresentam maior proporção que os homens, mas não houve diferença significativa no período, passando de 16,2% para 17,2%. Já os homens, passaram de 9,8% para 12,9%.
Na mudança de comportamento alimentar, as mulheres apresentaram aumento da ingestão de vegetais e também de bebidas alcoólicas. O aumento do consumo de álcool também foi registrado entre os homens.
Para a autora do artigo, uma das estratégias para resgatar a cultura alimentar do nosso país é priorizar os alimentos consumidos e preparados em ambiente familiar diante do aumento de serviços de vendas online e delivery de comidas feitas fora de casa. Além disso, são fundamentais iniciativas como “adequações na rotulagem nutricional, tributação de itens ultraprocessados e regulamentação da publicidade e promoções relacionadas a esses produtos”, conclui Bezerra.
(Fonte: Agência Bori)
No dia 9 de maio, às 20h, o Teatro Municipal Castro Mendes recebe a Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) e a Cia Ópera São Paulo para uma homenagem aos 100 anos de morte de Giacomo Puccini com a ópera ‘Suor Angélica’.
Sob a regência e direção musical de Cinthia Alireti, a peça contará a história comovente de Angélica, uma jovem nobre de Florença enviada a um convento após ter um filho fora do casamento.
O concerto, organizado pelo Consulado Geral da Itália em São Paulo e pelo Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, traz uma oportunidade imperdível para apreciarmos uma das obras mais tocantes de Puccini.
A entrada é gratuita e os portões serão abertos 30 minutos antes do início do espetáculo. A classificação é de 12 anos.
Serviço:
Ópera Suor Angelica, de Giacomo Puccini
Data e horário: 09 de maio, às 20h
Local: Teatro Municipal Castro Mendes, Campinas – SP
Endereço: Rua Conselheiro Gomide, 62 – Vila Industrial, Campinas – SP
Classificação: 12 anos.
(Fonte: Ciddic/Unicamp)
Com música de Tchaikovsky, espetáculo está de volta ao palco do Municipal sob a regência do maestro Tobias Volkmann. Foto: Daniel Ebendinger.
Um dos maiores sucessos dos ballets de repertório do mundo, O Lago dos Cisnes, com música de Tchaikovsky, está de volta ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro sob a regência do maestro Tobias Volkmann, com o patrocínio oficial da Petrobras por meio do Programa Petrobras Cultural. A montagem terá concepção e adaptação de Hélio Bejani e Jorge Texeira a partir de Marius Petipa e Lev Ivanov. No elenco, além do Corpo de Baile e Solistas, os primeiros bailarinos do BTM. No total, haverá onze récitas, sendo um ensaio geral e uma apresentação para escolas: 15 de maio (ensaio geral), 16 (estreia), 17,18, 22, 23, 24 e 25 às 19h, dias 19 e 26, às 17h e no dia 21, às 14h (Projeto Escola).
“O Lago dos Cisnes é um dos ballets mais populares e aclamados do repertório clássico mundial, conhecido por sua bela música e coreografia deslumbrante. Nessa nossa versão, assinada por mim e pelo maître de ballet Jorge Texeira, trazemos um peso artístico que transcende a técnica pura e simplesmente, possibilitando que nossos bailarinos atuem dentro da principal característica da nossa Companhia: a técnica através da emoção”, ressalta o Diretor do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Hélio Bejani.
A primeira bailarina Claudia Mota e o bailarino convidado Davi Motta Soares na montagem feita no TMRJ em 2022. Foto: Daniel Ebendinger.
“Remontar O Lago dos Cisnes é sempre um desafio por se tratar de uma das mais difíceis criações de Marius Petipa (coreografia) e Tchaikovsky (música). Considero uma celebração, pois é uma obra que permanece sendo dançada desde 1876. Assinei essa remontagem pela primeira vez em 2012 para a Cia Brasileira de Ballet, que se apresentou em diversos teatros pela Brasil e ainda na cidade de Villavicêncio, na Colômbia. A partir de 2019, com a Cia BEMO e em 2022, com o BTM, iniciei uma nova fase de remontagens em parceria com meu amigo Hélio Bejani e com uma nova safra de talentosos jovens bailarinos”, afirma Jorge Texeira, Maître de Ballet e Ensaiador (BTM).
Sinopse | Encenado em quatro atos, o ballet conta a história da princesa Odette, uma jovem aprisionada no corpo de um cisne pelo bruxo Von Rothbart. Vivendo no entorno de um lago, para se libertar dessa condição, ela precisa que um jovem virgem lhe declare amor e fidelidade. E, caso essa jura de amor seja quebrada, Odette permanecerá para sempre como cisne.
Elenco:
PRIMEIROS PAPÉIS
Odette/Odile & Siegfried
– Juliana Valadão e Cicero Gomes
– Marcella Borges e Gustavo Carvalho
– Manuela Roçado e Filipe Moreira
Sobre o maestro Tobias Volkmann | Tobias Volkmann já esteve como convidado à frente de mais de 30 orquestras na Europa, Estados Unidos e América do Sul, foi maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e também principal regente convidado da Orquestra Sinfônica Nacional UFF. Em 2022 fundou a Orquestra Rio Villarmônica e desde 2023 é diretor artístico da Orquestra Sinfônica da UNCuyo, em Mendoza, Argentina. Em 2024 assumiu o posto de diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo. Vencedor de prêmios internacionais na Finlândia e na Rússia, Volkmann estreou na sala Gewandhaus de Leipzig em 2015 como convidado da temporada oficial do Coro e Orquestra Sinfônica da Rádio MDR. Em poucos anos, foi convidado a dirigir em concerto um grande número de orquestras, destacando-se, entre elas, a Orquestra Sinfônica Estatal de São Petersburgo, Filarmônica de Pilsen, Orquestra Sinfônica do Porto Casa da Música, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Filarmônica de Montevidéu, Orquestra Sinfônica do SODRE, Orquestra Sinfônica Nacional do Peru, Orquestra Sinfônica Nacional do Chile, Orquestra Sinfônica de Xalapa, Orquestra Sinfônica Brasileira, Filarmônica de Minas Gerais e Filarmônica de Goiás. Em 2024 estreia na temporada de concertos internacionais do Teatro Colón como convidado da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires.
Récitas
Ensaio Geral – 15/5 – (quarta)
ODETTE – Manuela Roçado
SIEGFRIED – Filipe Moreira
1ª Récita – 16/5 (quinta)
ODETTE – Juliana Valadão
SIEGFRIED – Cícero Gomes
2ª Récita – 17/5 (sexta)
ODETTE – Manuela Roçado
SIEGFRIED – Filipe Moreira
3ª Récita – 18/5 (Sábado)
ODETTE – Juliana Valadão
SIEGFRIED – Cícero Gomes
4ª Récita – 19/5 (domingo)
ODETTE – Manuela Roçado
SIEGFRIED – Filipe Moreira
5ª Récita – PROJETO ESCOLA – 21/5 (terça)
ODETTE – Marcella Borges
SIEGFRIED – Gustavo Carvalho
6ª Récita 22/5 (quarta)
ODETTE – Marcella Borges
SIEGFRIED – Gustavo Carvalho
7ª Récita – 23/5 (quinta)
ODETTE – Juliana Valadão
SIEGFRIED – Cícero Gomes
8ª Récita – 24/5 (sexta)
ODETTE – Marcella Borges
SIEGFRIED – Gustavo Carvalho
9ª Récita – 25/5 (sábado)
ODETTE – Marcella Borges
SIEGFRIED – Gustavo Carvalho
10ª Récita – 26/5 (domingo)
ODETTE – Juliana Valadão
SIEGFRIED – Cícero Gomes
Ficha Técnica
O Lago dos Cisnes – ballet em 4 atos
Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Música: Pyotr Ilyich Tchaikovsky
Concepção e Adaptação: Hélio Bejani e Jorge Texeira d’après Marius Petipa e Lev Ivanov
Maître de Ballet (BTM) e Ensaiador: Jorge Texeira
Ensaiadora (Solistas Principais): Áurea Hammerli
Ensaiadores: Jorge Texeira/ Mônica Barbosa/ Celeste Lima/ Hélio Bejani
Iluminação: Paulo Ornellas
Cenários e Figurinos: Acervo FTM
Direção Geral: Hélio Bejani
Regência: Tobias Volkmann
Direção Artística do TMRJ: Eric Herrero
Serviço:
O Lago dos Cisnes com BTM e OSTM
Regência: Tobias Volkmann
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Endereço: Praça Floriano, s/n – Centro
Datas e horários: 15 de maio (ensaio geral), 16 (estreia), 17, 18, 22, 23, 24 e 25 às 19h/ 19 e 26 às 17h e 21 (Projeto Escola) às 14h
Duração do ballet: 2h – com 15 minutos de intervalo
Classificação: Livre
Ingressos:
Frisas e Camarotes – R$80,00 (ingresso individual) ou R$480,00 (6 lugares)
Plateia e Balcão Nobre – R$60,00
Balcão Superior – R$40,00
Balcão Superior Lateral – R$40,00
Galeria Central – R$20,00
Galeria Lateral – R$20,00
Ingressos pelo site www.theatromunicipal.rj.gov.br ou na bilheteria do Theatro a partir de terça-feira, 7 de maio, às 14h
Haverá uma palestra gratuita, na Sala Mário Tavares, anexo do TMRJ, uma hora antes do início do espetáculo
Patrocinador Oficial: Petrobras
Apoio: Livraria da Travessa, Rádio MEC, Rádio Amil Paradiso, Rádio Roquette Pinto – 94.1 FM
Realização Institucional: Fundação Teatro Municipal, Associação dos Amigos do Teatro Municipal
Lei de Incentivo à Cultura
Realização: Ministério da Cultura e Governo Federal, União e Reconstrução.
(Fonte: Assessoria de imprensa do Theatro Municipal)
A Pinacoteca de São Paulo apresenta, a partir de 4 de maio até 29 de setembro, uma retrospectiva de J. Cunha (Salvador, 1948), a maior já realizada em sua carreira. Com cerca de 300 itens, entre pinturas, desenhos, cartazes, estampas, objetos e documentos, ‘J. Cunha: Corpo Tropical’ apresenta a trajetória do artista acompanhando seus percursos pela Bahia, onde nasceu e vive até hoje, e sua projeção nacional e internacional. Localizada no quarto andar da Pina Estação, a mostra enfatiza o caráter experimental, a diversidade das linguagens e o compromisso político do artista e de sua obra.
Como ponto alto está a obra ‘Códice’ (2011-2014), um painel de três por sete metros que nunca foi exposto em São Paulo e apenas três vezes apresentado ao público de forma completa. Trata-se de uma pintura realizada ao longo de quatro anos reunindo 525 símbolos por meio dos quais Cunha cria um panteão de divindades afro-brasileiras. Essa é também a primeira vez em que se vê um número expressivo de projetos de cenografia do artista que, por décadas, foi um ativo colaborador do Teatro Castro Alves, em Salvador. Na mostra, são apresentadas também algumas obras inéditas dos anos 1970, além de um expressivo conjunto de tecidos estampados para o Ilê Aiyê, produzidos entre os anos 1980 e 2000.
J. Cunha é um artista tropicalista. Isso o levou a experimentar diversos meios e linguagens, sempre pensando em maneiras de tornar sua arte verdadeiramente popular. Criou dezenas de cartazes, gravou filmes, fez vitrines de loja e capas de disco, até encontrar no carnaval uma forma de exercitar seu espírito irreverente. Em 1980, concebeu o logo do Ilê Aiyê, bloco afro que havia sido fundado poucos anos antes por jovens do bairro do Curuzu, na periferia de Salvador, sob a vigilância da Yalorixá Mãe Hilda Jitolu, importante liderança religiosa da cidade. A partir dali, o artista criou estampas que, por 25 anos consecutivos, vestiram os frequentadores do bloco, cuja tônica era (e segue sendo) aliar a valorização da beleza negra à história da contribuição negra para as culturas do mundo. Cunha também elaborou elementos decorativos para diversos carnavais e festas populares de Salvador.
No início da carreira, ele foi bailarino e, pouco a pouco, passou a atuar também nas áreas de cenografia e figurino das companhias com as quais colaborava. Nos anos 1970, participou da Pré-Bienal de São Paulo, que aconteceu no Recife, e da Bienal Latinoamericana de São Paulo, quando fez os elementos cenográficos e os figurinos da segunda encenação do espetáculo ‘Aos pés do caboclo’, de Lia Robatto. Nesse momento, ao ganhar o espaço público, ele faria uma manobra radical em sua carreira, alimentando um interesse que culmina em sua entrada no Ilê Aiyê. Cunha, no entanto, nunca deixou de pensar e de operar como pintor. Mesmo quando precisou criar estampas que vestiriam mais de 3 mil pessoas dançando em cortejo pelas ruas, era na cor, na linha e na composição que ele pensava. Essa inclinação nunca se arrefeceu: até hoje, momento em que o artista se dedica a projetos de painéis e equipamentos monumentais, é como pintura que tudo nasce.
Próximo de completar exatos 60 anos de carreira, J. Cunha recebe sua maior exposição individual. “Dentro das minhas imagens e memórias ao longo do tempo, penso que estou convivendo com um grupo de pessoas e instituições que elevam a questão da cultura brasileira presente em meu trabalho. Para mim, trata-se de um reconhecimento do que eu produzi ao longo destes anos”, diz o artista.
Nas palavras do curador Renato Menezes, “a Pinacoteca adquiriu recentemente ‘Paulicéia Diva-Irada’ (2021), uma obra do artista para o acervo do museu. Sua entrada tardia em nossa coleção diz mais sobre as lacunas de nosso acervo do que sobre sua importância. Por isso, considero que esta exposição estimula um ajuste de contas com a história, reconhecendo em Cunha sua energia criativa singular, candente há pelo menos 60 anos, animando uma das carreiras mais prolíficas da arte brasileira atual.”
Menezes ressalta ainda que vida e obra de J. Cunha são indissociáveis e evoca um exemplo concreto: “Trata-se de um raro caso de artista que foi dançarino e que idealizou figurinos para espetáculos. Quando ele concebe um figurino para um espetáculo de dança, ele não o faz de maneira técnica, seguindo manuais de figurinos ou costumes, mas a partir de sua própria experiência cênica como bailarino, como alguém que conhece as possibilidades oferecidas pelo palco. J. Cunha é um artista da experiência empírica, do corpo a corpo.”
Sobre a exposição
A exposição se divide em três partes, organizadas de maneira cronológica:
Parte 1: ‘Made in Brasil’ (na entrada desta sala, o ‘s’ está grafado de maneira invertida, tal como o artista fazia em suas pinturas dos anos 1970). Neste momento vemos o início da carreira do artista, dividido entre a pintura e a dança, preocupado em refletir sobre o Nordeste e em criticar o avanço do capitalismo e a perda das identidades locais. Vemos sua atuação junto ao Etsedron, grupo contracultural que se propunha pensar um Nordeste às avessas, como o próprio nome do grupo sugere – Etsedron é ‘Nordeste’ ao contrário.
Parte 2: ‘Passar por aqui’. Neste momento são apresentados os 25 anos seguintes de sua carreira, dos anos 1980 a 2005, período marcado pelo aprofundamento de sua atividade gráfica, tanto sobre cartazes quanto sobre tecidos. Na parte central desta sala, foi criado um sistema de painéis que evocam a forma de um búzio da costa, elemento muito recorrente em sua obra. No centro do búzio, suas pinturas em formato doméstico; fora dele, projetos de cenografia e materiais gráficos produzidos para o Ilê Aiyê dão conta de mostrar a versatilidade de um artista que sabe muito bem trabalhar em diferentes escalas, tanto em termos de tamanho quanto de produção.
Parte 3: ‘Neobarroco Afro-pop’. Nesta última parte, é apresentada a fase mais madura do artista, desde os anos 2000 até os dias atuais. Sua pintura ganha escala, sua atenção volta-se para os grafismos caboclos, ícones pop e símbolos do cangaço. Pinturas monumentais e projetos de monumentos dialogam frontalmente. Nesta sala aparece também seus interesses nas expressões do catolicismo popular e nos símbolos e ferramentas dos Orixás, que figuram, por exemplo, no Códice, obra que encerra a exposição.
Sobre J. Cunha | Nascido na Península de Itapagipe, em Salvador, em 1948, José Antônio Cunha ingressou no curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia aos 18 anos de idade. Foi cenógrafo e figurinista do grupo folclórico Viva Bahia, colaborou com o Balé Brasileiro da Bahia, Balé do Teatro Castro Alves e, durante 25 anos, assinou a concepção visual e estética do bloco afro Ilê Aiyê, além de decorações dos Carnavais de rua de Salvador. Artista plástico, designer gráfico, cenógrafo, dançarino e figurinista, Cunha participou de bienais, integrou exposições coletivas e realizou mostras individuais nos Estados Unidos, na África e na Europa.
Sobre a Pinacoteca de São Paulo | A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais em seus três edifícios: a Pina Luz, a Pina Estação e a Pina Contemporânea. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.
Serviço:
J. Cunha: Corpo Tropical
Período: 4 de maio a 29 de setembro de 2024
Curadoria: Renato Menezes
Edifício Pina Estação
Endereço: Largo General Osório, 66, Santa Efigênia
O edifício da Pina Estação se localiza no Complexo Cultural Júlio Prestes, conectado com a Sala São Paulo e a São Paulo Escola de Dança e se beneficia de fácil acesso com a linha de trens da CPTM/Metrô Luz.
De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)
Gratuitos aos sábados – R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso.
Um olhar atento, telas protetoras de construção, detalhes de ornamentos em escadas, restauros de prédios e até mesmo um acidente doméstico fazem parte da pesquisa da artista visual Adriana da Conceição. O resultado das observações e produção dela, com cinco obras de arte inéditas, será apresentado na exposição individual ‘Dialéticas arquitetônicas [des] construídas’, que conta com a curadoria de Andrés I. M. Hernández. A mostra abre no dia 9 de maio, quinta-feira, às 19h, no AT AL 609 – Lugar de Investigações Artísticas.
Arquiteta de profissão, Adriana divide sua rotina, desde 1998, entre a arte e os projetos de seus clientes – o que não deixa de ser um fazer artístico. Após um tombo em casa, em 2016, ela fraturou o braço e precisou fazer uma cirurgia para o implante de uma prótese de aço com 15 parafusos. Um insight no momento do curativo que estavam fazendo em seu braço lhe deu a visão do quanto sua pesquisa artística engloba suas vivências e seu entorno. “Ver aquele ‘desenho’ sendo trançado fez com que eu ‘lincasse’ tudo dentro do meu processo criativo. Ali estava a tela de proteção e a escada que ajuda a estruturar a circulação entre os pisos da arquitetura. Afinal, a cirurgia e a prótese estavam servindo para reestruturar o que havia se rompido”, declara ela.
E é a partir do reconhecimento da importância da prótese de aço para sua recuperação que a artista passa a falar também sobre o corpo, além das estruturas arquitetônicas. Nesta nova mostra, ela traz obras inéditas a partir da estrutura da prótese reproduzida em argila e madeira em diversas escalas. Outras obras que ainda não participaram de nenhuma mostra também estarão lá, como os 70 pequenos degraus que Adriana retirou das várias camadas exploradas do objeto escada. A artista fará uma performance da série ‘Enraizado, em mim’ logo na abertura da mostra. Três vídeos, sendo dois da série ‘Entre o vão e o acesso’ e um da ‘Vias de passagens’ ainda inéditos também serão exibidos.
O espaço expositivo de aproximadamente 46 metros quadrados recebe a expografia criada por Hernández apresenta desde fotografias a performance, passando por pinturas, colagens, croquis, desenhos, livros de artista e instalações – e um conjunto de obras foi selecionado para dialogar com o espectador. Há objetos de diversos tamanhos e escalas, desde uma reprodução de um pequeno degrau, até uma tela em acrílico de 1,20 x 1,00 m na parede. Falando sobre seu processo artístico, a artista aponta que tudo começa com um registro fotográfico, depois passa pelo croqui em pequena escala e, ao final, pode se transformar em um objeto na escala 1:1, como ‘Carimbo’ que estará na mostra.
Hernández acompanha a artista há alguns anos como curando suas exposições como ‘Estratégias visuais no site arquitetônico’, na Rabeca Cultural, em 2017. No ano seguinte, organizou duas mostras: ‘Vias de passagem’, no Subsolo-Laboratório de Arte, e ‘Estratégias visuais [em um novo] site arquitetônico’, na Sociedade Hípica de Campinas, além de ter apresentado as obras da artista no Canadá. Para ele, “a exposição em questão evidencia uma sólida evolução e maturidade na trajetória de Adriana como artista visual”.
Material de reuso
Voltando às restaurações e reformas em imóveis, Adriana diz se interessar pelas construções antigas, porque aqueles que ela observa estão sendo restaurados para serem preservados. “A tela de proteção de construção para mim significa um cuidado que estão tendo com aqueles quase ‘indivíduos’”, diz. E, ao reproduzir no desenho aquelas estruturas, percebeu que tinham volume e que ali estava a memória deles. “E é isso o que me importa”, ressalta.
Há anos a artista optou por utilizar material de reuso, explorando múltiplas modalidades artísticas – fotografia, pintura, colagem, cerâmica – e várias escalas usadas na arquitetura. E essa escolha repercute em suas obras continuamente como em um diálogo, sendo possível ver essa transmissão de uma obra para outra. Esse processo também repercutiu na residência artística que participou em 2023 do grupo internacional Broken Forest, em Paranapiacaba, quando usou as telas de proteção, tão presentes em sua pesquisa, para embrulhar os troncos das árvores mantendo seu discurso de preservação e cuidado com a natureza, com a questão do descarte, e o reuso de material.
A visão certeira de Adriana faz com ela explore, por exemplo, a estrutura e forma de uma escada para deslocar o objeto de sua função literal, apresentando-a em linhas, pontos e movimento. Enquanto na arquitetura as escadas são estruturas que dão acesso a algum lugar, na arte, Adriana vê ali movimento, a subida, a descida, as linhas. Nada é trabalho como um elemento unicamente literal. “As dialéticas sensoriais exploradas e projetadas contrapõem a concretude do fazer arquitetônico em espirais artísticos onde a mutabilidade do fazer e, do feito apropriado e/ou registrado, diluem os discursos dogmáticos nas artes visuais”. Com essas palavras, Hernández analisa o fazer, o criar da artista.
Adriana da Conceição
Adriana é campineira e é formada em arquitetura e urbanismo desde 1982 pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCamp) e logo começou a trabalhar na área. Em 1998, iniciou na aquarela com Vera Ferro, quando seguiu também para a pintura em tinta acrílica. Neste mesmo ano, fez sua primeira exposição individual em Lisboa e foi selecionada para expor no Banco Central, em Brasília. De lá para cá, não parou mais e afirma que a arquitetura a alimenta para sua pesquisa artística, porque ela está sempre reproduzindo o que vê na arquitetura dos prédios, dos objetos e outros fragmentos.
Serviço:
Abertura da exposição ‘Dialéticas arquitetônicas [des]construídas’, de Adriana da Conceição Curadoria: Andrés I. M. Hernández
Dia: 9 de maio – quinta-feira – Horário: 19h
Período de visitação: os interessados devem entrar em contato pelo Instagram @609atal ou pelo e-mail lugardeinvestigacoesartisticas@gmail.com
Local: AT AL 609 – Lugar de Investigações Artísticas – Rua Antônio Lapa, 609 – Cambuí – Campinas – SP.
(Fonte: AT AL 609)