“Não se combate a violência com um único modelo de enfrentamento. Cada geração exige uma abordagem diferente”, segundo advogado criminalista Davi Gebara


São Paulo
Sucesso da reintrodução acontece quando os animais soltos geram descendentes, que, por sua vez, devem ser férteis. Fotos: João Bachur/Onçafari.
A reintrodução de animais na natureza começa a ganhar força por meio de ações como as realizadas pelo Onçafari. O projeto, criado para o estudo e conservação de onças-pintadas, por meio de sua frente Rewild (Reintrodução), desenvolvida em parceria com o Cenap/ICMBio, iniciou esse trabalho com felinos em 2014. Com dois recintos destinados à reabilitação e soltura, localizados no Refúgio Ecológico Caiman, no Pantanal e na Pousada Thaimaçu, na Amazônia, a reintrodução já demonstra resultados. Duas onças-pintadas, as irmãs Isa e Fera, que passaram pelo processo, já geraram descendentes, totalizando oito animais a mais na natureza até dezembro de 2020.
As irmãs Isa e Fera perderam a mãe ainda filhotes e foram recebidas pelo Onçafari, para iniciar o processo de reintrodução no Pantanal, em 2014. O processo durou exatamente um ano e, durante esse tempo, Isa e Fera foram observadas, estimuladas para aprenderem a caçar e, pouco a pouco, foram se tornando cada vez mais aptas à vida na natureza. Quando chegou o momento de soltura, ambas receberam um rádio colar individual para monitoramento. “O sucesso acontece quando os animais soltos geram descendentes, que, por sua vez, devem ser férteis. O processo começou a gerar resultados em 2018, com o nascimento dos primeiros filhotes em vida livre. Em 2020, nasceram as segundas crias e a Isa ainda se tornou avó, confirmando o êxito da reintrodução. No total, são três filhotes da Fera e dois da Isa, que também ganhou um neto. Sendo assim, são oito onças a mais no Pantanal. É a primeira vez no mundo que este tipo de iniciativa deu certo”, destaca Lilian Rampim, bióloga do Onçafari.
Como funciona? | O processo pode durar cerca de um ano ou até mais, dependendo das especificidades de cada caso, sendo uma importante ferramenta para a recuperação de populações em risco de extinção. Maior felino das Américas e terceiro maior felino do mundo, atrás apenas do tigre (Panthera tigris) e do leão (Panthera leo), a onça-pintada (Panthera onca), por exemplo, é considerada “quase ameaçada” pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
Fera e um dos filhotes no Pantanal sul-mato-grossense.
Assim que acontece o resgate, são avaliados a saúde e o comportamento dos animais e verificado se há condição de reintroduzi-los com sucesso à vida selvagem. “Em seguida, os felinos são inseridos em uma área de semi-cativeiro, com as mesmas características do habitat natural, para que possam aprender a caçar e interagir com o ambiente como qualquer animal selvagem. Trata-se de um espaço onde podem ser observados, compreendidos e avaliados constantemente pelos coordenadores do projeto”, explica Mario Haberfeld, fundador do Onçafari.
Se considerados aptos para serem reintroduzidos na natureza, os animais são equipados com rádio colares dotados de GPS para o monitoramento após a soltura e reintroduzidos no habitat natural. “O Onçafari monitora as onças para avaliar se estão conseguindo lidar com os desafios na natureza. No caso de não se adaptarem, há um novo resgate. Entretanto, essa ação não foi necessária até o momento”, ressalta Haberfeld.
Pandora e Vivara – as irmãs amazônicas | Mais uma ação com resultados positivos teve início em 2016. Resgatadas com poucos dias de vida e ficando sob cuidados de profissionais do NEX, em Brasília (DF), as onças-pintadas Pandora e Vivara estrearam o recinto de reintrodução de aproximadamente 15 mil metros quadrados na base do Onçafari, na Amazônia, construído a tempo para recebê-las, quando tinham um ano. No local, viveram por 12 meses, sendo observadas e tendo seus instintos de caça desenvolvidos, para depois serem soltas na Reserva do Cachimbo, área de preservação da Força Aérea Brasileira (FAB), e poderem viver livremente.
Depois que as irmãs amazônicas foram soltas, continuaram sendo monitoradas por meio de rádio-colares e armadilhas fotográficas. “Hoje, elas vivem totalmente adaptadas ao habitat e integradas ao ecossistema exatamente como a natureza pede”, comenta Haberfeld.
Onça-parda passa pela reintrodução no Pantanal | Primeira onça-parda sob os cuidados do Onçafari, a Cacau foi acolhida pelo projeto no segundo semestre de 2020, no Pantanal, depois de viver toda a vida em um espaço de poucos metros quadrados. Arisca e independente, o que contribui para o processo, a Cacau está passando por um trabalho intenso de observação comportamental somado ao treinamento para a caça, com a expectativa de que em breve se integrará novamente ao seu habitat. “A fragmentação de habitats, a caça em retaliação à predação de animais domésticos e de corte e a perda de áreas de floresta em razão da ação humana são as principais ameaças às onças. Áreas desmatadas para a produção agropecuária e a expansão de cidades diminuem as áreas de vida desses predadores, diminuindo também a disponibilidade de presas naturais. Por isso, acreditamos ser fundamental esse trabalho de resgate e reabilitação dos animais, associado com ações educativas para que a população entenda a importância de cada indivíduo no ecossistema”, finaliza Haberfeld.
Sobre o Onçafari | O Onçafari atua no Pantanal, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica com o objetivo de promover a conservação do meio ambiente e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está inserido por meio do ecoturismo e de estudos científicos. O projeto é focado na preservação da biodiversidade em diversos biomas brasileiros, com ênfase em onças-pintadas e lobos-guarás.
Fotos: divulgação.
O programa CCBB Educativo – Arte & Educação dá sequência às ações do mês de janeiro com uma programação destinada a todos os públicos, com visitas educativas, cursos, oficinas, encontros e práticas culturais que podem ser presenciais com o número de participantes reduzidos, respeitando os protocolos e as orientações de segurança e no formato digital, que, por ser à distância, possibilita acesso de públicos do Brasil e do mundo.
Para comemorar o Dia Nacional da História em Quadrinhos, haverá no CCBB São Paulo, no dia 30/1, às 13h, uma oficina sobre a prática dessa técnica, que visa promover a leitura e iniciação da produção de HQ, linguagem que mistura elementos textuais e visuais em sequenciamento de cenas. Além disso, o público também poderá acompanhar, de forma remota, o Laboratório de Crítica: O Cinema Feminino e a Escrita Crítica de Cinema Brasileiro, que fará uma reflexão sobre o trabalho das mulheres negras, indígenas e LGBTs no cinema brasileiro contemporâneo.
Programação é acessível também em Libras.
A programação presencial também conta com visitas mediadas e patrimoniais e, ainda, as propostas do Lugar de Criação. O público também poderá realizar, no formato digital, os cursos Transversalidades e Processos Compartilhados, assim como os encontros na plataforma Múltiplo Ancestral. Confira a programação completa abaixo.
Para mais informações sobre a programação e inscrições para as atividades, acesse o site https://www.ccbbeducativo.com.
PROGRAMAÇÃO PRESENCIAL CCBB SÃO PAULO
16 a 31 de janeiro, às 10h30 e às 16h30 – Visitas Patrimoniais
Nessa atividade, os educadores se juntam ao público para dialogar e compartilhar narrativas com ênfase no patrimônio e na história do Banco do Brasil e do CCBB São Paulo.
Visita 1: O Centro Cultural Banco do Brasil e a cidade de São Paulo
Os participantes poderão acompanhar um percurso para conhecer a história do CCBB em São Paulo, explorando aspectos de sua arquitetura e território em diálogo com a cidade, o triângulo histórico e a memória do centro que constituem um importante patrimônio das artes e cultura.
Visita 2: Descobrindo o Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Nesse encontro, a visita vai percorrer os espaços do CCBB abordando a história do prédio, suas referências e curiosidades; serão mostrados os processos de restauração e reforma para instalação do Centro Cultural na virada do século, além da visita ao cofre secreto.
Atividade tem 1h de duração | lotação de 6 pessoas | acessível em Libras somente aos sábados | CCBB São Paulo | quartas, sextas, sábados e domingos
Todos os sábados, às 14h30 – Lugar de Criação
Essa atividade propõe realizar o convívio e o diálogo com as artes e temáticas atuais em vivências que acolhem crianças, jovens e adultos em processos e experiências de pesquisa e criação a partir de materiais disponíveis em casa e do estímulo ao diálogo com procedimentos artísticos.
Dia 16/1- Oficina de Saberes
Encontros de produção de narrativas a partir dos imaginários culturais dos participantes, em diálogo com a cidade onde vivem e as exposições em cartaz.
Dia 23/1 – Jogos de Arte
Encontros voltados à criação em artes, explorando brincadeiras e jogos de criação que envolvem estratégias das artes visuais, teatro, música, práticas corporais e escrita.
Dia 30/1 – Oficina de Artes
Exercícios de experimentação de materiais, sons e movimentos em processos artísticos voltados à criação de imagens.
Capacidade: 10 pessoas, mediante agendamento prévio pelo site/app da Eventim. Para esta atividade é emitido apenas um ingresso por CPF e o representante pode estar acompanhado por até 4 pessoas de sua família.
30/1 – às 13h – Dia Nacional da História em Quadrinhos
No dia nacional da história em quadrinhos, participe de uma prática dessa linguagem. A oficina visa promover a leitura e iniciação da produção de HQ, linguagem que mistura elementos textuais e visuais em sequenciamento de cenas.
Atividade tem 1h de duração | Capacidade: 10 pessoas, mediante agendamento prévio pelo site/app da Eventim. Para esta atividade é emitido apenas um ingresso por CPF e o representante pode ser acompanhado por até 4 pessoas de sua família | Local: no mezanino ou auditório | Classificação: indicado para pessoas acima de 5 anos.
PROGRAMAÇÃO ONLINE
14/1, quinta, às 14h – Laboratório de Crítica (Digital)
O Cinema Feminino e a Escrita Crítica de Cinema Brasileiro
O laboratório de crítica propõe uma reflexão sobre arte, incluindo a esfera do jornalismo cultural, memória e patrimônio. Neste encontro, a curadora Mariana Souza irá compartilhar o trabalho das mulheres negras, indígenas e LGBTs no cinema brasileiro contemporâneo e os processos de revisão das imagens canônicas.
Duração de 4h | Evento gratuito | Link para inscrição no endereço www.ccbbeducativo.com
16/1, sábado, às 10h – Múltiplo Ancestral (Digital)
O tema do Múltiplo Ancestral do mês de janeiro é música. A canção inédita Dançar, dançar, produzida para o CCBB Educativo, é uma homenagem a uma das maiores expressões culturais do Brasil: a dança. Fernando Leme, ator e diretor de teatro, apresenta com toda a sua diversidade e pluralidade ritmos propriamente brasileiros como o samba, o forró, o maracatu, a dança é uma manifestação democrática independente de raça e presentes em todas as regiões do país.
Classificação indicativa: para pessoas acima de 3 anos | Local: redes do CCBB e site do CCBB Educativo (https://www.ccbbeducativo.com)
20/1, quarta, às 19h – Transversalidades (Digital)
Educação e Natureza
Nesse encontro, os educadores Fred Beherends e Kau Clarke apresentam o curso, voltado para professores e educadores, que aborda temas transversais aos campos da educação e da arte conectando as questões presentes nas exposições às urgências e reflexões cotidianas.
Duração de 2h | acessível em Libras | Vagas: 500 | encontro em formato webnário na plataforma Zoom | Livre para todos os públicos | Inscrições: www.ccbbeducativo.com.
22/1, sexta, às 10h – Lugar de Criação (Digital)
A Escala de Cores da Minha Casa
Visando a criação e o diálogo com a arte para as crianças e suas famílias, o Lugar de Criação é um projeto dedicado ao público infantil com interesse na experimentação da arte e das linguagens contemporâneas. A proposta é descobrir as cores das casas de alguns artistas a partir da arquitetura, dos objetos e ao redor.
Classificação indicativa: para pessoas acima de 3 anos | Local: redes do CCBB e site do CCBB Educativo.
26/1, terça, às 10h – Com a Palavra (Digital)
Nesta edição, Giulia Giovani, da Lacicor/Cecor(Laboratório de Ciência da Conservação), vai abordar a produção artística presente na exposição Ivan Serpa: a expressão do concreto. O debate se desenvolve desde a produção de Serpa no período concreto da década de 1950, sua metodologia de trabalho, atuação como professor, pesquisador e experimentador, perpassando a temática de técnicas e materiais utilizados pelo artista, até os desafios ligados à conservação e restauração de algumas de suas obras.
Duração de 1h | Classificação indicativa: para pessoas acima de 10 anos | acesso e inscrição no www.ccbbeducativo.com.
28/1, quinta, às 14h – Processos Compartilhados (Digital)
A Produção de Trailer no Cinema
Nesta atividade, Ricardo Mehedff, montador, diretor e produtor, vai investigar as origens dos trailers desde a década de 1930 e sua evolução nos últimos 80 anos, as técnicas usadas para criação e montagem do trailer e também do teaser. Além disso, o diretor apresentará um pouco sobre sua trajetória nesse ramo, trabalhos realizados em Hollywood e na indústria do cinema brasileiro desde os anos 90.
Classificação: indicada para pessoas acima de 16 anos | Evento gratuito | 100 vagas | Link para inscrição: www.ccbbeducativo.com.
Imagem de Andreas Breitling por Pixabay.
Em dezembro de 2020, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência lançou a pesquisa Pessoa com Deficiência e Emprego. A ação tem como objetivo traçar novas estratégias e implantar ações que potencializem o processo da inclusão profissional das pessoas com deficiência.
Devido ao aumento da taxa de desemprego ocasionada pela atual crise econômica disparada pela pandemia do novo coronavírus e pelo histórico de exclusão do acesso da pessoa com deficiência ao mercado de trabalho, a Secretaria quer conhecer os principais desafios encontrados, o interesse em qualificação profissional e as principais barreiras no acesso e permanência da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.
Segundo a Base de Dados dos Direitos da Pessoa com Deficiência, há mais de 3 milhões de pessoas com deficiência no estado de São Paulo, sendo apenas 1,17% desta população ativa no mercado de trabalho. Ainda, de acordo com dados do Caged do terceiro trimestre, houve um saldo negativo no número de pessoas com deficiência admitidas e demitidas de 8.244. “Cada um com o seu talento, pode e deve desenvolver suas aptidões. Neste quesito, a empregabilidade é o melhor caminho; com isso, a pesquisa Pessoa com Deficiência e Emprego, feita pelo Governo de SP por meio da nossa Secretaria, busca exatamente conhecer o perfil deste segmento e entender as dificuldades e barreiras que impedem essas pessoas de estarem no mercado de trabalho”, ressaltou a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Célia Leão.
Destinada exclusivamente às pessoas com deficiência, a pesquisa pode ser respondida até 31 de janeiro de 2021 por meio do link https://bit.ly/PesquisaEmprego. Pesquisa totalmente acessível em Libras: https://bit.ly/PesquisaEmpregoLibras.
Imagem de Pexels por Pixabay.
Responsável por 4,32% do PIB nacional e que reúne um universo de aproximadamente 60 mil empresas em todo o País, o setor de eventos de cultura e entretenimento inicia 2021 com duas pautas emergenciais: regulamentar as atividades onde as variáveis epidemiológicas permitam a realização com protocolos, evitando que a demanda seja atendida por eventos ilegais e clandestinos, que já vem sendo amplamente denunciados pela imprensa, e conquistar condições econômicas de sobrevivência para o segmento até que seja iniciada a campanha de vacinação, por meio, principalmente, da aprovação do Projeto de Lei que cria o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos – Perse.
“O setor de eventos é o mais sacrificado nesta pandemia do novo coronavírus. Cerca de 97% das atividades estão completamente paralisadas e mais de 450 mil postos de trabalhos formais, entre diretos e indiretos, já foram exterminados. As festas ilegais no final de ano, como mostrado pela imprensa, revelaram que há uma demanda que tende a se manter com as férias. O ideal é haja uma regulamentação para que os locais que apresentem condições epidemiológicas permitam a realização de eventos legais, seguindo corretamente os protocolos – de outro modo, o Estado estará empurrando toda a demanda para a ilegalidade, como temos visto. É o melhor caminho para se evitar a clandestinidade e os riscos à saúde pública”, alerta o empresário e presidente da Abrape, Doreni Caramori Júnior.
De autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB/PE), o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos – Perse abrange um conjunto de medidas que propõe garantir a sobrevivência do setor – que precisa seguir honrando suas despesas – até que suas atividades sejam retomadas sem restrições, bem como gerar a capacidade econômica para que assim que volte a operar e tenha condições de fazer frente ao capital de giro necessário. Tem o objetivo, também, de proporcionar margem para cobrir todo o endividamento contraído pelo segmento no período em que ficou paralisado.
Entre as medidas que o projeto abrange estão:
– Obrigar as instituições financeiras federais a disponibilizar, especificamente para as empresas do setor de eventos, linhas de crédito específicas para o fomento de atividades, capital de giro e aquisição de equipamentos e condições especiais para renegociação de débitos que eventualmente essas empresas tenham junto a essas instituições, mesmo se forem optantes do Simples Nacional.
– A extensão das condições da Lei Nº 14.046 sobre o adiamento e o cancelamento de serviços, de reservas e de eventos dos setores de turismo e de cultura em razão do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020 e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia da Covid-19.
– A extensão das condições da Lei 14.020 para manter a suspensão e redução dos contratos de trabalho do setor, uma vez que as atividades do setor não voltaram e não há condições de reintegrar os trabalhadores antes disso.
“A aprovação do Perse é essencial para promover crédito, preservação dos empregos, manutenção do capital de giro das empresas, financiamento de tributos e desoneração fiscal. Somente dessa forma será possível evitar o colapso total do setor”, reforça Doreni.
Sobre a Abrape
Criada em 1992 com o propósito de promover o desenvolvimento e a valorização das empresas produtoras e promotoras de eventos culturais e de entretenimento no Brasil, a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos – Abrape tem atualmente 400 associados, sediados em todos os Estados da Federação, que são verdadeiros expoentes nacionais na oferta de empregos diretos e indiretos e na geração de renda, movimentando bilhões de reais anualmente. A entidade congrega as principais lideranças regionais e nacionais do segmento e tem no portfólio de associados empresas como a Live Nation, Opus Entretenimento, T4F e mega eventos, como o Festival de Verão de Salvador e a Festa do Peão de Boiadeiros de Barretos.
Agrofloresta em implantação pelo Restaurante Vila Paraíso. Foto: divulgação.
Temas como preservação e conservação de áreas verdes e do clima estão atraindo cada vez mais a atenção e o interesse das pessoas e empresas ao redor do mundo, além de mudar os hábitos dos consumidores. Uma pesquisa realizada pela Ipsos apontou que para 85% dos brasileiros, a proteção do meio ambiente deve ser uma prioridade do governo no plano de recuperação do país pós-Covid-19. Outro levantamento, da empresa Visual GPS, revelou que 81% das pessoas ouvidas espera que as empresas sejam ambientalmente conscientes.
Pensando em formas de deixar um legado para a região e as pessoas e, ao mesmo tempo, produzir os próprios alimentos – naturais e sem agrotóxicos – servidos aos seus clientes, o grupo que administra o Restaurante Vila Paraíso e as duas unidades das Padocas do Vila, em Campinas (SP), decidiu investir no desenvolvimento de sistemas de agrofloresta.
Inicialmente, ela vai ocupar um terreno de 6 mil metros quadrados dentro de uma fazenda de 300 mil metros quadrados localizada em Área de Proteção Ambiental (APA) no Distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, onde estão o restaurante e uma das unidades das Padocas. O projeto teve inicio em dezembro e será implantado em dez fases.
Na agroflorestal serão plantados produtos consumidos pelo restaurante e nas Padocas, como alface, rúcula, pitanga, acerola, banana, frutas nativas, grumixama e cereja do Rio Grande dentre outras, com colheitas que acontecem a partir de ciclos curtos até ciclos mais longos. O plano prevê plantas medicinais e aromáticas e plantio de madeiras exóticas, que serão colhidas no longo prazo, abrindo espaço para que, futuramente, o sistema seja rejuvenescido.
Júlia Zanetti, uma das pessoas à frente do projeto, explica que agrofloresta é um meio de produção utilizando a observação da natureza e a inteligência humana para acelerar e otimizar os processos de desenvolvimento das plantas. Sem veneno, utiliza-se da diversidade, leva em consideração a necessidade de sol, o tempo que as plantas precisam para crescer e consórcios de plantas adequadas ao clima e região em que o sistema será implantado. “São muitos pontos positivos para o Meio Ambiente, porque beneficia o solo e permite que o mesmo absorva melhor a água, podendo até atrair novas nascentes e regenerar a natureza”, explica. “E já há casos em que este sistema transformou o microclima de uma região”.
Ricardo Barreira, um dos sócios do grupo e chef responsável das casas, lembra que agroflorestas começam a ganhar terreno no País. “O Vila e as Padocas talvez sejam pioneiros no sentido de querer oferecer os alimentos provenientes de sistemas agroflorestais para consumo nos restaurante e na padaria.”
Produção e meio ambiente
Ao mesmo tempo em que promove o plantio, cultivo e consumo de produtos naturais e livres de agrotóxicos, a agrofloresta também é uma importante aliada para o meio ambiente da região onde ela é implantada. Isso porque ajuda a preservar o solo, na recuperação de áreas degradadas, preservação e nascimento de novas nascentes e para evitar o chamado efeito estufa.
Júlia diz que o objetivo de ações ambientais como a agrofloresta é deixar um legado positivo; uma maneira de interação do homem com a natureza de maneira harmônica e respeitosa e que talvez sirva de inspiração e exemplo num momento em que, cada vez mais, fica claro que a natureza deverá ser o centro de tudo e, a partir disto, estabelecermos políticas corporativas que interajam com o mínimo impacto, favorecendo a todos. Ela lembra que o grupo vem trabalhando pilares de sustentabilidade, ecologia e meio ambiente. “Já utilizamos energia solar fotovoltaica, que é uma fonte de energia limpa. Há um ensaio para nos tornarmos Lixo Zero, fazendo a correta separação dos resíduos e, agora, queremos oferecer produtos com mais qualidade e menos impacto ambiental possível: sem tóxicos, minimizando a logística e fomentando o comércio local por meio de parceiros que envolvemos nesses processos”, diz Júlia.
O chef Ricardo ressalta que cada vez mais as pessoas procuram experiências e empresas acabam entregando isso a qualquer custo. “No nosso caso, nós queremos estar pautados em valores e ainda assim, entregar a experiência. É um olhar para dentro, é um passo atrás para outros muitos passos para frente. Queremos mudar o pequeno planeta em que estamos inseridos.”