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Livros: Tom Cardoso resgata a intimidade de Nara Leão, uma mulher que revolucionou a cultura brasileira

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Nara Leão certamente foi uma das artistas mais importantes e influentes da cultura brasileira; não só pela sua obra, mas pelo que representou para a mulher e a sociedade como um todo. Filha caçula de Dr. Jairo e dona Tinoca e irmã da modelo e famosa personagem da cena carioca Danuza, a jovem tímida, quieta e cheia de neuroses ficou marcada na história como uma das mais produtivas intérpretes da MPB dos agitados anos 1960 aos 1980, além de ser responsável por definir os costumes e a expressão política da época. A cantora faria 80 anos na próxima quarta-feira, 19/1, e ganhou série documental no Globoplay, O canto livre de Nara Leão, em homenagem à data. Na biografia Ninguém pode com Nara Leão, Tom Cardoso reconstrói a vida da artista que participou ativamente dos mais importantes movimentos musicais surgidos a partir da década de 1960, que, tratada como ‘café com leite’ pela patota que se reunia no apartamento da família em Copacabana, deixou a bossa nova para se juntar à turma politizada do CPC e do Cinema Novo e foi a primeira estrela da MPB a falar abertamente contra a ditadura militar.

Na biografia, que traz prefácio de Tárik de Souza, um dos mais respeitados críticos da MPB, Tom apresenta passagens da infância de Nara marcadas pela angústia e reclusão, detalhes da inimizade com Elis Regina, dos famosos encontros no apartamento da Av. Atlântica, onde a bossa nova ganhou corpo, cara e nome, do relacionamento com Ronaldo Bôscoli, da amizade com figuras como Vinicius de Moraes, Roberto Menescal e Ferreira Gullar, por quem nutria admiração mutua e teve um affair. No livro, Tom relata que Nara inclusive chegou a sugerir que ele largasse a mulher e os filhos e viajasse com ela pelo Brasil.

À frente de seu tempo, Nara foi uma das primeiras adolescentes do Rio a fazer análise, por necessidade e curiosidade, e a obra Opinião de Nara, lançada sete meses após o Golpe de 1964, foi o primeiro trabalho de uma estrela da MPB a colocar o dedo no nariz da ditadura. Além disso, Nara foi a primeira do segmento a atacar diretamente o regime ao afirmar em entrevista ao Diário de Notícias que “o Exército não servia para nada” e que “podiam entender de canhão e metralhadora, mas não pescavam nada de política”.

O livro também acompanha o relacionamento de Nara com o cineasta Cacá Diegues, na época em que se aproximou do CPC e dos expoentes do Cinema Novo. Ele foi o responsável por apresentar a ela um outro mundo musical, fazendo-a se impressionar com artistas como Carmen Miranda, Ary Barroso e Luiz Gonzaga. Ela e Cacá se casaram em cerimônia íntima e recebendo convidados como Danuza e Samuel Wainer, Chico Buarque e Marieta Severo, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Aloysio de Oliveira e Flávio Rangel. Foi também com o cineasta que Nara se exilou na França e teve dois filhos, Isabel e Francisco.

Nara morreu por conta de um tumor no cérebro na manhã de quarta-feira do dia 7 de junho de 1989, aos 47 anos, e deixou um legado que extrapolou o cenário musical na época em que viveu. “Amo Nara Leão. Nara e Narinha. Essa mulher sabe tudo do Brasil 1964. Essa mulher é a primeira mulher brasileira. Essa mulher não tem tempo a perder. Atenção: ninguém pode com Nara Leão”, escreveu Glauber Rocha em uma carta enviada a Cacá Diegues no período do exílio.

Por que ninguém podia com Nara Leão?

1 – A despeito do ar de desencanto e da quase displicência, Nara participou ativamente dos mais importantes movimentos musicais surgidos a partir da década de 1960 – e saiu de todos eles sem se despedir.

2 – Ela foi a primeira artista de sua geração a ridicularizar a passeata contra a guitarra elétrica, liderada por Elis Regina e Geraldo Vandré e endossada por Gilberto Gil.

3 – Filha de um advogado excêntrico, fez tudo que uma pré-adolescente de classe média alta carioca nos anos 1950 jamais sonhou fazer, como ir ao cinema, ao teatro e ter aulas de violão com um professor negro.

4 – Ela foi uma das primeiras adolescentes do Rio a fazer análise, por necessidade e curiosidade.

5 – Tratada como bibelô pelos machos alfa da bossa nova, deixou o movimento para se juntar à turma politizada do CPC e do Cinema Novo.

6 – No disco de estreia, recusou-se a pegar carona no sucesso da bossa nova e gravou um disco com sambas de Cartola, Zé Kéti e Nelson Cavaquinho.

7 – Apesar da decisão de dar um caráter mais político ao disco de estreia, tendo como fio condutor um gênero que estava associado diretamente às massas, ela se recusou a gravar uma letra machista de Cartola.

8 – Lançado sete meses após o Golpe de 1964, Opinião de Nara foi o primeiro trabalho de uma estrela da MPB a colocar o dedo no nariz da ditadura. Sem rodeios, sem metáforas. Um disco-manifesto, inserido no contexto político-social e em sintonia com o que se ouvia nas favelas do Rio, marginalizadas e discriminadas pela política higienista do governador Carlos Lacerda.

9 – O demolidor segundo disco serviu de inspiração para um dos mais revolucionários espetáculos musicais da história do país: o Opinião.

10 – Foi ela, em pesquisa musical pelo Brasil, quem abriu as portas do Sudeste para os talentos do Teatro Vila Velha, Caetano, Gil, Gal e Bethânia – essa última, com 17 anos, foi convocada para substituí-la no show Opinião.

11- Foi a primeira estrela da MPB a falar abertamente e de forma mais contundente contra a ditadura militar, ao afirmar, em 1966, que o “Exército não servia para nada”.

12- Ao ver nascer a expressão Esquerda Narista, ela, que sempre rejeitou ser porta-voz de qualquer coisa, decidiu gravar, só por provocação, uma singela marchinha de um compositor iniciante que mal abria a boca: Chico Buarque.

13 – Atendendo a um pedido de Nara, Chico compôs Com Açúcar, Com Afeto, a primeira de muitas canções em que a mulher assume a narrativa na primeira pessoa. Preso aos preceitos machistas da época, Chico recusou-se a interpretá-la, passando a tarefa para a cantora Jane Moraes. Nara, sempre na vanguarda, achou a atitude ridícula.

14 – Primeira artista da MPB a gravar no mesmo disco Ernesto Nazareth e Lamartine Babo, Villa-Lobos e Custódio Mesquita, Nara nasceu tropicalista antes do movimento existir – e ser gestado com a sua ajuda.

15 – Presidente do júri da polêmica e histórica edição do FIC 1972, o festival que revelou Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Walter Franco, pediu demissão por não aceitar a ingerência dos militares.

16 – Cansada de tudo e de todos, decidiu dar um tempo, no auge da carreira: “Uma hora eu sou a musa da bossa nova, outra a cantora de protesto e ainda tem essa coisa ridícula do joelho. Então me recuso a virar um sabonete e vou dar uma parada”.

17 – Decidida a estudar Psicologia na PUC, por um bom tempo não foi reconhecida pelos colegas de classe, dez anos mais novos.

18 – De volta aos estúdios, decidiu gravar um disco inteiramente dedicado ao cancioneiro de Roberto e Erasmo, ainda vistos como artistas menores por alguns medalhões da MPB.

19 – No fim da década de 1970, rodou o país numa perua Kombi, fazendo shows nos rincões do Brasil ao lado de uma nova e renovadora turma do choro carioca; entre eles, o violonista Raphael Rabello, de 15 anos.

20 – Diagnosticada com um tumor no cérebro que lhe impôs uma série de complicações, nunca deixou de produzir compulsivamente, gravando praticamente um disco autoral por ano.

Sobre o autor | Tom Cardoso, nascido no Rio de Janeiro, é jornalista com vasta passagem pela imprensa paulistana. Autor, entre outras obras, das biografias do jornalista Tarso de Castro, do jogador Sócrates e do político Sérgio Cabral, foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2012 com o livro-reportagem O cofre do Dr. Rui, que narra o assalto ao cofre de Adhemar de Barros, em 1969, comandado pela VAR-Palmares.

FICHA TÉCNICA

Título: Ninguém pode com Nara Leão – uma biografia

Autor: Tom Cardoso

240 páginas

Livro físico: R$49,90

E-book: R$30,90

Editora Planeta.

(Fonte: Assessoria de Imprensa | Editora Planeta)

Projeto Pescar inicia 13ª turma em Santa Cruz do Sul

Santa Cruz do Sul, por Kleber Patricio

Foto: divulgação/website Projeto Pescar.

Realizado desde 2010, o Projeto Pescar já qualificou 170 jovens, propiciando formação gratuita sócio profissionalizante para estudantes do ensino médio, de baixa renda, com o objetivo de ampliar as oportunidades no mundo do trabalho e para o exercício da cidadania. O Projeto Pescar e sua rede colaborativa atuam há 45 anos e estão presentes em cinco países, sendo a Mercur uma das empresas apoiadoras institucionais. No Brasil, cerca de 33 mil jovens já tiveram a oportunidade de participar da qualificação.

Desde 2020, o Projeto passou por adaptações devido a Pandemia da Covid-19 e, para que todos tivessem as condições de participar, passou a ter os encontros de forma remota. Neste ano, com o avanço da vacinação e a reabertura dos espaços de sociabilização e educação, a qualificação retomará os encontros presenciais seguindo todos os protocolos estabelecidos pela legislação vigente. As atividades acontecem no período da tarde e iniciaram no dia 17 de janeiro com previsão de encerramento em 2 de dezembro de 2022.

O curso Serviços de Comércio, disponibilizado na Mercur, tem uma carga horária total de 800h, sendo composto 60% com conteúdo de Desenvolvimento Pessoal e Cidadania e 40% da carga horária se refere ao desenvolvimento de conhecimentos técnicos que podem estar relacionados à área de atuação da organização parceira. Nesse sentido, Adriana Isamar Boer, coordenadora do Projeto Pescar na Mercur, afirma que “os participantes saem qualificados para desempenhar todas as atividades do comércio, desde atendimento a atividades em grupo, vendas, logística e cuidados com meio ambiente, entre outros” e acrescenta: “Acredito que o principal diferencial seja o jovem se reconhecer como sujeito, saber identificar as suas habilidades e competências para poder desenvolver-se melhor. Entender as relações de trabalho, conhecer direitos e deveres e poder fazer as suas escolhas”.

Para saber mais sobre o Projeto Pescar acesse www.projetopescar.org.br.

Serviço:

Projeto Pescar – Mercur e Fundação Projeto Pescar

Período: Início em 17 de janeiro até 2 de dezembro de 2022

Para quem: jovens de baixa renda

Como: Encontros presenciais, no turno da tarde, com uma carga horária de 800h, sendo composto 60% da carga horária com conteúdo de Desenvolvimento Pessoal e Cidadania e 40% da carga horária se referem ao desenvolvimento de conhecimentos técnicos, que podem estar relacionados à área de atuação da organização parceira.

(Fonte: Engaje! Comunicação)

40 anos sem Elis Regina: João Marcello Bôscoli traz relatos inéditos sobre os 11 anos que conviveu com a mãe

São Paulo, por Kleber Patricio

Elis Regina e seu filho João Marcelo, autor do e-book disponível no Skeelo. Foto: Silvio Correia/Agência O Globo.

“Você se lembra da sua mãe?” — Essa pergunta, muitas vezes feita ao filho mais velho de Elis Regina, João Marcello Bôscoli, inspirou uma das obras mais completas sobre a vida da cantora fora dos palcos. A ‘pimentinha’, como era carinhosamente conhecida, marcou a história da música e do Brasil não só por sua voz, mas também pelo seu posicionamento em assuntos polêmicos, como política. Nesta quarta, dia 19, completam-se 40 anos da morte de uma das maiores cantoras do país.

Longe dos palcos, Elis tinha uma vida quase que normal; realizava suas tarefas de casa e criava os filhos, além de administrar sua carreira. No livro Elis e Eu: 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe, publicado pela editora Planeta e disponível em e-book no Skeelo, Bôscoli relata uma Elis sob a ótica da criança que conviveu poucos anos com essa mulher que ele sequer sabia da grandiosidade.

No início do livro, o filho lembra do principal legado da cantora. “Elis Regina é a parte pública da minha mãe, uma de suas faces. Embora suas entrevistas e canções iluminem muitas coisas, o olhar de uma criança, de um filho, durante onze anos, pode revelar outros contornos da mulher que me deu a vida, daquela que é o amor da minha vida. E o amor, aprendi com ela, é a única força realmente transformadora”. Em outro trecho, ele relata uma Elis vulnerável, bem desconhecida do público em geral. “Lembrei-me da imagem dela, no ano anterior, tirando um roupão, ficando nua para uma amiga e perguntando: ‘Eu sou uma merda?’. Algo detonara sua autoestima. Ciúme, insegurança, traições, carência. Nada que parecesse ter relação com tudo representado por Elis Regina”, conta o filho.

A obra também traz o olhar do menino Bôscoli sobre o dia da morte da cantora e o desespero do filho no processo de luto. Elis Regina é uma das maiores artistas do Brasil e suas obras transcendem o tempo. Suas músicas, por exemplo, ultrapassam um bilhão de views no YouTube.

Com prefácio de Rita Lee, amiga de Elis e outra grande cantora importante do cenário nacional, o e-book é uma oportunidade de conhecer um outro lado dessa artista. O livro em versão digital está na área premium do aplicativo Skeelo, disponível para download nas lojas Apple Store e Google Play. Quem quiser também pode acessar o site https://skeelo.app/.

(Fonte: Maxima Assessoria de Imprensa)

O segredo para comer bem? Aposte nos alimentos in natura

Oslo, por Kleber Patricio

Foto: Marcos Santos/USP Imagens.

Por Marit Kolby — O clássico O guia do mochileiro das galáxias, de Douglas Adams, conta a história de um humanoide hiperinteligente que começa a construir um computador do tamanho de um pequeno planeta. Sua ideia era encontrar a resposta para a questão definitiva da vida, do universo, de tudo. Após milhões de anos de processamento, o computador afirmou: “Eu tenho uma resposta para você, mas você não vai gostar dela. A resposta é 42”. O resultado, é claro, não fez sentido, e o computador explicou: “Acho que o problema é que você simplesmente não entendeu a pergunta”.

É tentador fazer um paralelo dessa história com a área da ciência nutricional. Pesquisadores têm usado métodos cada vez mais complexos para tentar responder à nossa versão da questão definitiva – o que devemos comer? Dados gerados por ciências como genômica, transcriptômica, proteômica e metabolômica são alimentados pela nossa versão de supercomputador: a biologia de sistemas. É a nossa busca pela resposta definitiva. Mas temos chegado a respostas contraditórias e, entre os profissionais da área, o debate é polêmico e controverso. Quem está certo (se é que alguém está)?

Nutricionismo | Desde o início da ciência nutricional, que deu seus primeiros passos há cerca de um século, com a descoberta das vitaminas, nossa abordagem sobre alimentos tem sido reducionista. É claro que a área nos deu um conhecimento vital sobre comida, mas também criamos a ilusão de que combinar nutrientes é tudo o que importa. Esse pensamento, hoje, é conhecido como nutricionismo. No mundo do nutricionismo, leite é o mesmo que cálcio e peixes gordurosos se resumem a ômega-3. E, com base no conteúdo nutricional, damos conselhos sobre como seguir uma dieta saudável. Mas isso é insuficiente para entendermos como os alimentos realmente nos afetam.

Orientações nutricionais feitas pela maioria das autoridades de saúde avaliam a comida com base em calorias, gordura saturada, sal e fibras. Nessa lógica, por exemplo, a manteiga não é saudável – tem alto teor de gorduras saturadas. Na prática, outros fatores interferem em como populações lidam com a alimentação.

Hoje, a obesidade é o principal fator de desenvolvimento de doenças relacionadas à alimentação – com isso, questões sobre alimentos que engordam ou emagrecem estão no centro do debate. Nesse sentido, populações costumam ignorar orientações dietéticas oficiais emitidas pelos governos. Na mídia, nutricionistas autodidatas (e, por vezes, com viés comercial) têm liderado o caminho. Eles facilmente apontam certos alimentos – como frutas ou mel – como fonte ou solução de nossos problemas de saúde. Com este cenário, a confusão está completa.

Você é o que você come | Todos temos opiniões sobre alimentos e nutrição porque todos comemos – e o que comemos nos define. Nas mesas, encontramos diferentes ideologias dietéticas representadas. Alguns comem low-carb (a dieta com baixo teor de carboidratos), enquanto outros optam pela dieta cetogênica (quase totalmente sem carboidratos). Alguns são veganos devotos, alguns flexitarianos (vegetarianos flexíveis) e outros nadam contra a corrente da sustentabilidade e encontram novos significados para uma dieta carnívora – baseada somente em alimentos de origem animal. Na busca pela dieta perfeita, o prazer, a cultura e as tradições acabam sendo deixados de lado.

O grau de processamento importa | Kevin Hall, pesquisador-sênior do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, cansou-se da “guerra de dietas” e criou um estudo com uma nova abordagem na ciência nutricional. A pesquisa testou o efeito de alimentos ultraprocessados (opções processadas na indústria a ponto de perder seu potencial de benefícios à saúde) em comparação a alimentos minimamente processados (como arroz ou feijão, que passam apenas por colheita, limpeza, separação, ensacamento).

No estudo, voluntários saudáveis foram mantidos em isolamento por um mês e divididos em dois grupos. Nas primeiras duas semanas, um grupo se alimentou de uma dieta não processada, enquanto o outro recebeu uma dieta ultraprocessada. Nas duas semanas seguintes, as dietas foram invertidas. Ambos os cardápios eram similares em termos de calorias, gordura, proteína, carboidratos, sal e fibras – e os participantes podiam comer o quanto quisessem.

E então, o que aconteceu? Ao serem expostos alimentos ultraprocessados, os participantes comeram mais e ganharam peso. Quando expostos à dieta não processada, houve perda de peso, mesmo sem restrição de alimentos. Os resultados deste estudo deram novas ideias aos profissionais de nutrição do mundo todo. Mas isso não é, realmente, uma novidade.

Populações tradicionais já sabiam | Durante a maior parte da existência da humanidade, a resposta para a pergunta sobre o que devemos comer era: qualquer coisa que estiver disponível. Dietas foram determinadas pela geografia local e sua flora e fauna. Se você tivesse nascido na Groenlândia, sua dieta teria animais marinhos, terrestres e pássaros. A maior parte da energia viria da gordura. Se você fosse da Bolívia, arroz, milho, raízes e frutas estariam no menu, acompanhados, esporadicamente, de carne e peixe. A maior parte da energia viria, então, de carboidratos.

Diferenças do tipo também seriam encontradas no Quênia, na Tanzânia e nas ilhas do Pacífico. Populações tradicionais desses lugares tinham peso corporal normal e boa saúde, mesmo tendo dietas totalmente diferentes do ponto de vista da ciência nutricional. O denominador comum era o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados. Refeições eram preparadas na hora do consumo e os alimentos eram preservados com métodos simples, que mantinham intacta a qualidade dos alimentos.

Qualidade, e não quantidade, no centro da avaliação nutricional | A ciência nutricional tem buscado por quantidades certas de caloria, gordura, proteínas, carboidratos, sal e fibras, e as respostas têm sido conflitantes. Será que nós, como o personagem de Douglas Adams, simplesmente não entendemos a pergunta?

A questão sobre o que devemos comer não passa apenas por nutriente, mas deve incluir temas como a preservação da qualidade dos alimentos frescos. Não se pode atingir isso apenas mudando o tipo de gordura, retirando sal ou adicionando fibra a produtos industriais ultraprocessados. A pesquisa em nutrição já nos deu uma resposta que faz sentido e que está de acordo com o que temos praticado na maior parte de nossa história evolucionária: refeições frescas preparadas com alimentos in natura ou minimamente processados. Mas talvez você não goste da resposta.

Sobre a autora: Marit Kolby é cientista de alimentos e bióloga nutricional pela Universidade de Oslo, na Noruega – este artigo foi originalmente publicado no Morgenbladet, um jornal semanal norueguês que cobre assuntos como política, cultura e ciência.

(Fonte: Agência Bori)

Rir auxilia na recuperação de pacientes, afirma especialista

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: Poison_Ivy/Pixabay.

A expressão popular está correta: rir é o melhor remédio e, além disso, tem efeito analgésico e pode acelerar a recuperação de pacientes. No Dia Internacional do Riso, comemorado em 18 de janeiro, a coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera, professora Gláucia Karen de Sousa, afirma que risadas e bom humor podem ser utilizados como auxílio para restabelecer a saúde de pessoas em tratamento.

Um estudo da Universidade de Oxford mostra que o efeito de dar risadas é capaz de aliviar dores. “Diferentes pesquisas apontam que terapias alterativas de cunho lúdico causam mudança no comportamento de enfermos e estimulam a melhora nos quadros clínico e emocional, além de reduzir o estresse no período de internação”, explica a enfermeira. “O poder do riso é tão eficiente quanto o da acupuntura, da meditação e até de exercícios físicos”, completa.

O paciente sente benefícios instantâneos ao dar risadas. O cérebro começa a liberar uma dose de endorfina e de serotonina no organismo, substâncias que chegam à corrente sanguínea e proporcionam um leve estado de euforia. Com isso, as gargalhadas provocam uma reação química que ameniza a sensação de dor, aumenta a autoestima e promove o bem-estar.

Ocorre, também, a diminuição nos níveis de cortisol, produzido pela parte superior das glândulas suprarrenais. O hormônio do estresse, como é popularmente conhecido, tem efeito imunossupressivo quando está em abundância no corpo. “Se a pessoa em tratamento está de mau humor, então ela está mais propensa a desenvolver tensões musculares, enfraquecimento do sistema imunológico, pressão alta e outras doenças”, ressalta Gláucia.

O riso como prevenção | A especialista afirma que expressar o bom humor com sorrisos e risadas tem efeitos positivos para o organismo e pode prevenir problemas de saúde. “Além de promover o bem-estar e de reduzir o estresse, o simples gesto de rir movimenta nossa musculatura e causa relaxamento no corpo”, reflete a enfermeira.

Segundo a docente, as gargalhadas protegem o sistema cardíaco, uma vez que as paredes das artérias ficam flexíveis e dilatadas, e trazem melhora na circulação e na função vascular, além de limpar e fortalecer os pulmões. “Com um número grande de estímulos gerados, é possível aumentar a longevidade e a qualidade de vida quando rimos com mais frequência”, completa.

(Fonte: Ideal H+K Strategies)