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François Dossa compartilha em livro lições para humanizar lideranças

São Paulo, por Kleber Patricio

Capa. Fotos: Divulgação.

O que faz um líder verdadeiramente inspirador? Para François Dossa, executivo franco-brasileiro com trajetória marcante no mercado global, a resposta vai além de estratégias corporativas e metas de negócios. Em ‘O Construtor de Pontes – Onde a liderança autêntica e humana traz alta performance’, lançamento da Citadel Grupo Editorial, o autor compartilha os bastidores de sua jornada pessoal e profissional para mostrar que a habilidade de liderar só pode ser nutrida a partir da autenticidade, da compaixão e do compromisso genuíno com as pessoas.

Com passagens por empresas como Nissan, Renault, Jaguar Land Rover e Société Générale, Dossa ocupou cargos de alto escalão e liderou transformações significativas em diversos setores. Sua visão de sucesso, porém, sempre esteve pautada em algo maior: a capacidade de construir pontes – entre culturas, times, desafios e oportunidades. No livro, o autor revela como a diversidade e a sustentabilidade podem ser motores de inovação e crescimento, ao mesmo tempo em que criam ambientes corporativos mais humanos e produtivos.

Criado por quatro mulheres extraordinárias – mãe, avó, tia e a irmã –, Dossa destaca que a influência feminina teve um papel essencial na sua formação. Foi com elas que aprendeu desde cedo sobre resiliência, empatia e força. Esses valores foram essenciais não apenas para a trajetória profissional, mas também para a sua jornada de autoconhecimento e aceitação, incluindo o processo de assumir sua homossexualidade e se tornar um defensor ativo da inclusão no ambiente corporativo.

Esse lançamento é um convite à transformação. A cada capítulo, o executivo propõe novos passos de um plano de ação, permitindo que os leitores coloquem em prática os ensinamentos abordados. Entre os temas explorados estão a importância de abraçar a aprendizagem contínua, praticar a autenticidade, cultivar a compaixão e celebrar as conquistas pessoais e coletivas. Fala, ainda, sobre a importância de se manter curioso, de aplicar o aprendizado na prática, de compartilhar o que se sabe e de engajar-se na busca por conhecimento, seja de maneira formal ou informal.

A obra também resgata momentos marcantes da carreira de François, como sua chegada ao Brasil, em 2001, a experiência transformadora na Nissan Brasil, entre 2012 e 2017, a revolução sustentável que liderou na Jaguar Land Rover, de 2021 a 2024, e os desafios atuais como conselheiro da Tata Consulting Services (TCS). Com um olhar sensível e estratégico, mostra como a liderança pode ser um ato de coragem e humanidade, e como as empresas do futuro precisam estar fundamentadas na valorização das pessoas.

O Construtor de Pontes se revela um verdadeiro tratado sobre liderança com propósito. Diferente dos modelos tradicionais, François Dossa defende que liderar com amor é essencial para alcançar resultados duradouros. Uma leitura indispensável para enxergar a liderança como um exercício de conexão, aprendizado e transformação. Afinal, como ele mesmo afirma, os melhores mentores são aqueles que constroem pontes – e não barreiras – entre indivíduos e seus potenciais.

Ficha técnica

Título: O Construtor de Pontes – Onde a liderança autêntica e humana traz alta performance

Editora: Citadel Grupo Editorial

Autor: François Dossa

ISBN: 978-6550475703

Páginas: 144

Preço: R$ 64,90

Onde encontrar: Amazon e nas principais livrarias do país

Sobre o autor | François Dossa nasceu no sul da França, na cidade de Nîmes. Formou-se em Economia na HEC-Paris com especialização em Finança Internacional. Fez carreira em empresas multinacionais como Altom, Banque Paribas, Société Générale, Nissan, Renault, Jaguar Land Rover e Tata Consulting Services. Francois viajou o mundo. Criou o Instituto Société Générale de Responsabilidade Social, Instituto Nissan e Foundation JLR, além de ser membro de conselhos de ONGs como Casa do Zezinho e Gol de Letra. Recebeu condecorações na França como Chevalier de la Légion d’Honneur e no Brasil com a Grande Medalha de Tiradentes. Foi patrocinador master dos Jogos Olímpicos Rio 2016. É casado com Jonathan há oito anos. LinkedIn

Sobre a editora | Transformar a vida das pessoas. Foi com esse conceito que o Citadel Grupo Editorial nasceu. Mudar, inovar e trazer mensagens que possam servir de inspiração para os leitores. A editora trabalha com escritores renomados como Napoleon Hill, Sharon Lechter, Clóvis de Barros Filho, entre outros. As obras propõem reflexões sobre atitudes que devem ser tomadas para quem quer ter uma vida bem-sucedida. Com essa ideia central, a Citadel busca aprimorar obras que tocam de alguma maneira o espírito do leitor.

Redes sociais da editora:

Site: www.citadel.com.br

Instagram: @citadeleditora

Facebook: Citadel Grupo Editorial

YouTube: Citadel Grupo Editorial.

(Com Misael Freitas/LC Agência de Comunicação)

Rede internacional de hotéis de luxo e Victoria and Albert Museum fecham parceria para promover artistas emergentes

Londres, por Kleber Patricio

Foto: Divulgação.

A rede de hotéis de luxo The Peninsula Hotels anuncia uma colaboração estratégica com o Victoria and Albert Museum (V&A), de Londres, em uma iniciativa inovadora para fomentar a arte contemporânea. Por meio do programa ‘Art in Resonance’, a parceria tem como objetivo oferecer suporte a artistas emergentes e ampliar o acesso a experiências culturais no setor hoteleiro de alto padrão.

Com início no último mês de março, as marcas lançaram uma série de instalações de arte contemporânea com curadoria do V&A Museum, estreando com uma exposição no The Peninsula Hong Kong durante a Art Basel Hong Kong 2025, um dos mais relevantes eventos artísticos do mundo. “Não poderíamos estar mais animados em trabalhar com o V&A, um dos principais apoiadores das arte no mundo”, afirmou Gareth Roberts, diretor executivo e diretor de operações do The Peninsula, The Hongkong and Shanghai Hotels, Limited. “De muitas maneiras, essa parceria parece ser o próximo passo natural para o nosso programa ‘Art in Resonance’, por meio do qual buscamos proporcionar uma imersão artística inovadora para nossos hóspedes e para o público em geral.”

O programa Art In Resonance nasceu de um comprometimento da rede de hotéis em promover os aspectos culturais dos países onde suas unidades estão localizadas, por meio do apoio a novos talentos e acolhimento de artistas locais. Através da parceria com o Victoria and Albert Museum, o The Peninsula Hotels busca garantir um olhar diferenciado e novas perspectivas sobre a produção artística contemporânea, além de oferecer acesso global a novos artistas em ascensão por meio do programa. “A visão criativa compartilhada por esses artistas selecionados incorpora perfeitamente o espírito de nossa nova parceria”, afirmou Tim Reeve, Diretor Adjunto e Diretor de Operações do V&A. “Trabalhar com o The Peninsula para ampliar o alcance dessas obras reflete a missão do V&A de promover o design e a criatividade em todas as suas formas, ampliar o conhecimento cultural e inspirar criadores, artistas e inovadores em todos os lugares.”

Inaugurada durante a Semana de Arte de Hong Kong e exposta até maio deste ano, a primeira edição da colaboração apresentará três obras distintas, incluindo uma peça inédita com curadoria da Dra. Xiaoxin Li, do Departamento da Ásia do V&A, e duas novas criações de artistas do programa Art in Resonance. As instalações trarão uma nova interpretação dos espaços icônicos do The Peninsula Hong Kong, permitindo que arte e arquitetura dialoguem em harmonia. Os artistas selecionados são Phoebe Hui, de Hong Kong; Lin Fanglu, da China; e h0nh1m, especialista em novas mídias.

Apresentação das obras da primeira edição do Art In Resonance 2025

A primeira peça é o Lunar Rainbow, uma instalação de grande escala com temática estrelar, criada pela artista Phoebe Hui (Hong Kong, China). A obra apresenta imagens fragmentadas da lua, impressas digitalmente em painéis de alumínio, desenvolvidas a partir de um programa personalizado que rastreia a evolução da representação lunar, desde ilustrações científicas do século XVII até arquivos contemporâneos de código aberto, prestando homenagem à lua, um símbolo de resiliência e esperança.

A instalação She’s Bestowed Love, da artista têxtil Lin Fanglu (Dalian, China) e curada pela Dra. Xiaoxin Li, Departamento Asiático do V&A, utiliza tecidos tingidos de vermelho para simbolizar energia, emoção, o ciclo da vida e o amor. As formas ascendentes da instalação remetem à deusa grega Gaia, a mãe que nutre toda a existência. Nessa peça, o amor e a força das mulheres são representados como vastos e profundos como a própria Terra. A obra é inspirada na tradicional arte têxtil da minoria Bai, da província de Yunnan, e nas mulheres que preservaram essa herança por gerações.

A terceira instalação, totalmente imersiva, é The Verandah: The Flow Pavilion, do artista de novas mídias h0nh1m (Hong Kong, China). Criada em colaboração com a Tai Ping, a obra utiliza o carpete como meio inovador para fundir elementos de tecnologia futurista com o artesanato tradicional. No centro da instalação, haverá uma estrutura de espelho unidirecional inspirada em uma casa de chá contemporânea, localizada em um Jardim Zen. Dentro da casa de chá, robôs programados exibirão padrões dinâmicos e intrincados no carpete, baseados nas ondas cerebrais do artista durante a meditação. Essa obra envolvente proporcionará aos visitantes uma experiência multissensorial, incentivando um estado de profunda concentração e tranquilidade.

Sobre The Peninsula Hotels

O grupo The Peninsula Hotels foi fundado em 1928 é conhecido hoje pela sua identidade única, repleta de elegância, luxo e prestígio. Presente em três dos cinco continentes, o grupo possui mais de 10 unidades espalhadas pelo mundo, sendo elas Hong Kong, Xangai, Tóquio, Pequim, Nova York, Chicago, Beverly Hills, Bangkok, Manila, Paris, Istambul e Londres. Devido a sua longa trajetória e alto padrão, o Peninsula se tornou sinônimo de conforto, hospitalidade e serviço impecável. Seus hotéis estão nas localizações mais prestigiadas, com vistas excepcionais, infraestruturas deslumbrantes e gastronomia do mais alto nível, promovendo glamour, sofisticação e bem-estar para cada um dos seus hóspedes.

(Com Maria Clara Mancilha Guimarães/Index)

Nova exposição no Inhotim apresenta obras fotográficas e audiovisuais de artistas indígenas da América do Sul

Brumadinho, por Kleber Patricio

Paulo Desana, Os Espíritos da Floresta, 2025. (Divulgação)

A partir de 26 de abril de 2025, o Instituto Inhotim apresenta uma nova exposição na Galeria Claudia Andujar, que agrega ao seu nome o termo Maxita Yano – ‘casa de terra’ na língua Yanomami. Marcando os dez anos desde a sua inauguração, em 2015, a Galeria recebe agora os trabalhos de 22 artistas indígenas da América do Sul, tratando de temas como o ativismo e a luta indígenas, o debate sobre imagem e fotografia e as alianças entre diferentes povos. O conceito curatorial traz como proposta o diálogo entre Claudia Andujar e artistas indígenas contemporâneos, assim como uma nova expografia que pretende dar maior ênfase na potência política da artista.

Integram a nova exposição de longa duração obras de Denilson Baniwa (AM), Paulo Desana (AM), Edgar Kanaykõ Xakriabá (MG), UÝRA (AM), Tayná Uráz (RJ), Graciela Guarani (MS), Alexandre Pankararu (PE), Renata Tupinambá (RJ), Tiniá Pankararu Guarani (PE) e Hutukara Associação Yanomami, além dos nomes internacionais Elvira Espejo Ayca (Bolívia), Julieth Morales (Colômbia), Olinda Silvano (Peru), David Díaz González (Peru) e Lanto’oy’ Unruh (Paraguai).

David Díaz Gonzales – Pintando Kené, série Retratos de Mi Sangre, 2020, David Díaz Gonzales.

Uma das principais fotógrafas de sua geração, Claudia Andujar (Suíça, 1931) tornou-se uma das vozes mais ativas na defesa dos direitos Yanomami. Em reconhecimento à relevância de Claudia Andujar para a arte brasileira, a galeria permanente dedicada exclusivamente ao seu trabalho foi inaugurada no Inhotim em 2015. Para este novo momento em 2025, a exposição inaugural foi revista para incluir novos diálogos entre Andujar e artistas indígenas contemporâneos e atualizar contextos, aprofundando reflexões relacionadas às existências indígenas no Brasil e no mundo. Tratando de questões que vão da luta indígena ao ativismo indigenista, das redes de aliados às conquistas comunitárias a partir das alianças, a nova exposição discute o estatuto da fotografia, no debate sobre representação, imagem e identidade indígena. A nova mostra propõe uma visão expandida sobre natureza, território, cotidiano, espiritualidade, retrato e alianças.

“A exposição Maxita Yano celebra os dez anos da Galeria Claudia Andujar no Inhotim, um espaço que se consolidou como referência na preservação e difusão da obra da artista, assim como na formação de um olhar amplo para a presença indígena no cenário artístico contemporâneo. Ao longo de sua trajetória, Claudia Andujar estabeleceu alianças fundamentais com o povo Yanomami, utilizando a fotografia como ferramenta de luta pela demarcação de suas terras e pela defesa de seus direitos. A nova exposição, ao colocar em diálogo sua obra com a produção de artistas indígenas contemporâneos, busca evidenciar a continuidade dessa luta e a importância das alianças para a construção de um futuro mais justo”, explica Beatriz Lemos, curadora da mostra. O projeto tem assistência curatorial de Varusa e contou com pesquisa de Douglas de Freitas, Marilia Loureiro, Deri Andrade e Lucas Menezes.

Edgar Kanaykõ – Câmera arco, imagem flecha, 2019.

A mostra é organizada em núcleos temáticos que convidam o público a se aprofundar na obra de Andujar e a conhecer detalhes de sua produção artística e de seu engajamento na luta indígena. O trajeto se inicia com um conjunto de trabalhos de Claudia Andujar focados em imagens da floresta amazônica a partir de suas fotografias de paisagens aéreas, como a série Rio Negro (1970-71), por exemplo. Une-se a essa coreografia a presença da artista UÝRA, que utiliza o corpo como suporte para narrar histórias de diferentes naturezas. Com seus autorretratos, UÝRA representa a floresta, que é constantemente observada e, aqui, nos confronta de volta.

A familiaridade com o território Yanomami permitiu a Andujar registrar a vida indígena com sensibilidade e respeito, por meio de imagens que revelam a confiança mútua e a cumplicidade entre a fotógrafa e seus retratados. Na segunda sala da exposição, as obras de Andujar na região do rio Catrimani, onde passou longos anos em convivência com os Yanomami, e da artista Elvira Espejo Ayca, em sua comunidade natal, comunicam que a arte, neste contexto, não é apenas objeto estético, mas é presença e age como condutor de sustentação da memória e da identidade. Assim, a produção artística que emerge da conexão com o território torna-se elemento intrínseco do ecossistema, nutrindo-se de suas particularidades e, simultaneamente, contribuindo para sua preservação.

Edgar Kanaykõ – Nosso Marco é Ancestral, 2023.

Na sequência, na grande sala central da galeria, os diálogos entre as obras acontecem em torno da espiritualidade, dos rituais, a comunidade e a luta e o retrato. As fotografias de Claudia Andujar retratam o cotidiano e a espiritualidade dos Yanomami em profunda conexão com o território e revelam a essência Yanomami em comunhão a outros povos indígenas. Esses aspectos encontram ressonância nas obras de Graciela Guarani, Tayná Uràz, Julieth Morales e Lanto’oy’ Unruh, cujas produções artísticas também exploram a relação intrínseca entre cultura, cosmologias e território. Já a representação do corpo indígena como um símbolo de resistência ecoa nas obras de Edgar Kanaykõ Xakriabá, que utiliza a arte como instrumento de luta pela terra. Paulo Desana e David Diaz Gonzales, ambos oriundos de contextos indígenas amazônicos entre Brasil e Peru, apresentam seus trabalhos tendo em vista a prática artística do retrato, técnica essencial para a representatividade dos povos.

Por fim, o quinto núcleo evidencia os impactos destrutivos do contato entre a sociedade não indígena e os Yanomami por meio de registros de Andujar, desde a construção da Perimetral Norte, na ditadura militar, até a persistência do garimpo ilegal. Ali revela-se a devastação ambiental, epidemias e violência que marcaram esse encontro, reforçando o compromisso da artista com a saúde indígena e a denúncia dessas violações. Neste contexto, Denilson Baniwa, em seu trabalho comissionado pelo Inhotim, nos leva para Boa Vista, Roraima, em 2025. A obra é uma cartografia da presença Yanomami na cidade, que com frequência enfrenta extrema vulnerabilidade, como o alcoolismo e a dependência química. Um reflexo das profundas transformações sociais e culturais que afetam esse povo e um tributo à luta pela dignidade dos Yanomami.

Edgar Kanaykõ – Wahirê, dois pontos Canto e dança tradicional Xakriabá, 2018.

“É muito relevante constatar como que o cenário artístico conquistado pela produção indígena contemporânea foi impactado positivamente pela existência da Galeria Claudia Andujar no contexto institucional brasileiro, nos últimos dez anos. Para o Inhotim, revisitar esse projeto reforça não apenas seu compromisso perene com a pesquisa e a inovação, mas também reafirma a qualidade ética dessa galeria e da trajetória de arte e luta de Claudia Andujar”, pontua Júlia Rebouças, diretora artística do Inhotim.

COMISSIONAMENTOS

Além da obra comissionada de Denilson Baniwa, o Instituto Inhotim, com o compromisso de fomento à pesquisa e às práticas artísticas contemporâneas em consonância ao seu programa curatorial, comissionou trabalhos de Paulo Desana, Olinda Silvano, Graciela Guarani, Alexandre Pankararu e Tiniá Pankararu-Guarani, todos em exibição na nova mostra na Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano.

Na série de fotografias Os Espíritos da Floresta (2025), de Paulo Desana, são evocados espíritos originários por meio da pintura corporal e experimentações com luz e opacidade, trazendo à tona segredos transmitidos pela oralidade, que atravessam gerações. Neste comissionamento, são retratados representantes das aldeias Arapowã Kakya, do povo Xukuru Kariri, e Naô Xohã, dos povos Pataxó e Pataxó Hãhãhãe. As fotografias partem do resgaste da memória comunitária dessas duas aldeias indígenas, atualmente localizadas em Brumadinho. Ao combinar pinturas corporais repletas de significados cosmológicos com tintas fluorescentes e luz negra, o artista cria um diálogo visual impactante que não se limita a preservar a tradição, mas a reinventa, promovendo afirmação da identidade.

Graciela Guarani, Mbaerete, 2025.

A obra Xe Ñe’e (2025) — que na língua Guarani Kaiowá significa meu ser/minha vida, — demarca o retorno de Graciela Guarani à sua comunidade, a aldeia Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Transpondo a linearidade do tempo, a artista acompanha o dia a dia na aldeia durante uma de suas recorrentes visitas ao território, e que, desta vez, foi realizada em viagem de pesquisa para o projeto. Graciela cria narrativas visuais que destacam as sutilezas e a beleza do cotidiano de um povo que, apesar da progressiva redução territorial, do confinamento compulsório em reservas e das constantes invasões latifundiárias, persevera em sua trajetória de resistência e movimento.

Em Híbrida (2025), Alexandre Pankararu, Graciela Guarani e Tiniá Pankararu Guarani atravessam temporalidades utilizando-se de arquivo audiovisual e da estética futurista para afirmar às novas gerações a importância da luta indígena. O filme aborda a juventude indígena distanciada de um propósito comunitário, em um cenário cibernético e distópico. A narrativa acompanha uma adolescente indígena que, em meio ao desalento e inércia perante o mundo, encontra inspiração em mensagens holográficas de lideranças do passado. A obra, idealizada, dirigida e protagonizada em família, viaja no tempo para testemunhar fatos históricos no Brasil e expor que a luta é sólida, contínua e constituída por importantes lideranças — muitas ainda sem o devido reconhecimento.
Olinda Silvano realiza a pintura de um painel de grandes dimensões especialmente para a ocasião da exposição. A artista cria um kené, desenho em padrões geométricos e cores vibrantes que reúnem um fazer artístico, curativo e cosmológico do povo Shipibo-Konibo. Exercido majoritariamente por mulheres cuja pintura é acompanhada por cânticos tradicionais de cura, o kené compreende um sistema cultural complexo passado de geração em geração.

PESQUISA E RECONHECIMENTO

Paulo Desana – Pamürɨmasa (os ‘Espíritos da Transformação’). Na foto, Madalena Fontes Olimpio, 2021.

A exposição apresenta ainda a Sala Documental Claudia Andujar, que se dedica à pesquisa sobre Claudia Andujar, destacando seu papel como fotojornalista e ativista na defesa dos Yanomami. Com materiais provenientes de importantes acervos, como o Centro de Documentação Indígena (CDI) e o Instituto Socioambiental (ISA), o espaço traça a trajetória da artista desde sua atuação na Amazônia até sua influência no campo da arte e dos direitos indígenas. A mostra também revisita a história da própria Galeria no Inhotim, além de momentos marcantes da carreira de Andujar, ressaltando o impacto de sua obra como denúncia e reflexão sobre a representação da imagem.

Hutukara Associação Yanomami (HAY), organização representativa dos povos Yanomami e Ye’kwana com atuação há mais de 20 anos e presidida pelo xamã e liderança Davi Kopenawa Yanomami, assina a curadoria de uma das salas da galeria, apresentando a produção contemporânea Yanomami, com a exibição de vídeos de Morzaniel Ɨramari Yanomami e do trio Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami, além de18 desenhos dos artistas Ehuana Yaira Yanomami, Joseca Mokahesi Yanomami, Oneron Yanomami, Salomé Ohotei Yanomami, que trazem o olhar do próprio povo Yanomami sobre si. Essa ação representa grande força no projeto curatorial de Maxita Yano, um lastro de legitimidade e resistência deste trabalho conjunto.

PROGRAMA PÚBLICO

Ao longo do ano de 2025, a partir da nova exposição na Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano, é estabelecido um ciclo de programações públicas, com curadoria de Marilia Loureiro, que tem como foco os diálogos com os povos de Minas Gerais e os povos indígenas em contexto urbano. A partir dos ecos indígenas do passado que permanecem na região e das questões recentes que afetam as comunidades locais, Renata Tupinambá desenvolve um trabalho realizado em três partes. Primeiro, torna os espaços externos da galeria mais afeitos à permanência, para em seguida propor shows, performances e conversas que visam aprofundar e ampliar as questões do território de Brumadinho e Minas Gerais. Por fim, a partir do conteúdo da programação, cria uma peça de “imagens sonoras”, oferecendo ao visitante um trajeto guiado por histórias e sons daquilo que está presente, mas não é totalmente visível no território do Inhotim. Olinda Silvano, por sua vez, realiza uma obra de grandes dimensões que conecta o espaço interno à exterioridade da galeria. A partir da Amazônia peruana, a artista cria no Inhotim, especialmente para a exposição, um kené — arte gráfica do povo Shipibo-Konibo — cujos padrões são compostos por geometrias e linhas que apresentam a cultura e cosmologia Shipibo-Konibo. A prática do kené é exercida majoritariamente por mulheres, sendo passada de geração em geração, no que se constitui uma importante ferramenta de educação e cura. Em sua diversidade de formatos e linguagens, o Programa Público abre espaço para a complexidade dos sistemas indígenas por meio da oralidade, da imaginação e da presença.

A Galeria Claudia Andujar I Maxita Yano tem a Vale como Mantenedora Master por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e a Parceria Institucional da Embaixada e do Consulado da Colômbia e do Peru e do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe – CAF.

SOBRE OS ARTISTAS

Aida Harika Yanomami é cineasta e faz parte do coletivo de comunicadores Yanomami, criado em 2018 pela Hutukara Associação Yanomami. Codirigiu os curtas Thuë Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando, e Yuri U Xëatima Thë – A Pesca com Timbó. Vive e trabalha em sua comunidade, na região do Demini, Roraima.

Alexandre Pankararu é produtor cultural, comunicador social, cineasta, designer e programador, pertencente à nação Pankararu. Atualmente é coordenador de comunicação da APOINME (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo). Foi formador audiovisual no projeto “Vidas Paralelas Indígena”, pela Universidade de Brasília (UnB), de 2012 a 2014, responsável pela codireção, câmera e edição do curta O rio tem dono (2012), codiretor do longa My Bloond is Red (Needs Must Film). Foi comunicador na Conferência Nacional de Políticas Indigenista, em 2015, das etapas local e regional do Baixo São Francisco, Nordeste I e Bahia Sul. Foi vídeo maker do curso de formação em Política Nacional de Gestão Territorial indígena, Nordeste Minas Gerais e Espírito Santo, realizado pelo PNUD, GATI, Funai e MMA entre 2014 e 2015. Assinou a codireção, câmera e edição do curta Terra Nua, de 2014, na Bienal de Cinema Indígena Aldeia SP em 2016. Foi codiretor e editor do curta Mãos de Barros (2016) e cineasta monitor no projeto Cinema de Índio, entre 2018 e 2019.

Claudia Andujar, nascida na Suíça em 1931, teve infância próxima à família paterna, de ascendência judaica, em uma região entre a Romênia e a Hungria. O contexto da Segunda Guerra Mundial conferiu-lhe a perda de seus familiares, vítimas do extermínio nazista. Em 1944, Claudia e sua mãe conseguem fuga para a Suíça e, anos depois, a artista migra para os Estados Unidos, onde se dedica aos estudos em humanidades no Hunter College e atua como intérprete nas Nações Unidas, em Nova York. Nesse período, casou-se com o refugiado espanhol Julio Andujar. Em 1955, chega ao Brasil para reencontrar sua mãe, optando por permanecer no país. A imersão na cultura brasileira, facilitada pela fotografia, configurou-se como ferramenta essencial em suas viagens por diversas regiões do território nacional. No final dos anos 1950, Andujar inicia sua trajetória profissional como fotojornalista. Seu primeiro contato com o povo Yanomami ocorreu em 1971, durante a produção de uma reportagem para a revista Realidade, em edição especial dedicada à Amazônia. Diante da devastação ambiental e das ameaças à integridade do povo Yanomami, a artista direcionou seu trabalho para a militância. Fundou a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY), articulando mobilizações da sociedade civil e desenvolvendo projetos de assistência social. Sua produção visual junto aos Yanomami transcende a documentação, configurando-se como testemunho do aprofundamento de sua relação com a cosmogonia desse povo e instrumento de resistência para a preservação da cultura e do território.

David Díaz Gonzales é um fotógrafo do povo Shipibo-Konibo de Pucallpa, Peru. É formado em design gráfico digital, e atua com fotografia e cinema. Como fotógrafo, especializou-se em retratos, seguindo uma tradição indígena com a visão introspectiva do povo Shipibo, do qual faz parte. Por meio de sua fotografia, pretende mostrar uma visão íntima e genuína dos povos indígenas, para que seu trabalho possa narrar o povo Shipibo-Konibo para as gerações futuras — sem os estereótipos que constroem uma falsa narrativa sobre sua comunidade.

Denilson Baniwa é amazônida da nação Baniwa, é natural da região do rio Negro, interior do Amazonas. É artista-jaguar e atualmente reside no Rio de Janeiro. Tem como base de trabalho a pesquisa sobre aparecimentos e desaparecimentos de indígenas na História Oficial do Brasil, ao mesmo tempo em que busca nas cosmologias indígenas e suas representações artísticas um possível método de compartilhar conhecimentos ancestrais e ao mesmo tempo criar um banco de dados com essas cosmologias como modo de salvaguardá-las.

Edgar Kanaykõ Xakriabá é um artista indígena da etnia Xakriabá, compreendida entre os municípios de São João das Missões e Itacarambi, no estado de Minas Gerais, que pertence ao segundo maior tronco linguístico indígena do país, Macro-Jê da família Jê, subdivisão Akwẽ. Possui graduação na Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei/UFMG) e mestrado em Antropologia Social (Visual) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Sua dissertação, Etnovisão: o olhar indígena que atravessa a lente (2019), é uma discussão acerca da utilização da fotografia pelos povos indígenas como instrumento de luta e resistência e o conceito de imagem, e é a primeira realizada por um pesquisador indígena em um programa de pós-graduação da UFMG. Sua composição se baseia em registros fotográficos de sua comunidade Xakriabá, de outros povos, assim como de manifestações do movimento indígena no país.

Edmar Tokorino Yanomami é cineasta e faz parte do coletivo de comunicadores Yanomami, criado em 2018 pela Hutukara Associação Yanomami. Co-dirigiu os curtas Thuë Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando, e Yuri U Xëatima Thë – A Pesca com Timbó. Vive e trabalha em sua comunidade, na região do Demini.

Ehuana Yaira Yanomami é artista plástica, pesquisadora e liderança que tem ganhado destaque fora de seu território como ativista pela defesa da floresta e de seu povo Yanomami, em especial pelas denúncias feitas contra abuso sexual de mulheres Yanomami por garimpeiros. Nasceu na floresta amazônica, no território Yanomami, onde continua vivendo na grande casa coletiva de Watorikɨ, junto a seus familiares.

Elvira Espejo Ayca é uma artista, poetisa, tecelã e diretora do Museu Nacional de Etnografia e Folclore de La Paz até 2020. No mesmo ano, foi vencedora conjunta da Medalha Goethe por melhorar o intercâmbio cultural. É aymara e quéchua e fala as línguas aimará e quíchua. Aborda a vida social dos objetos em grandes temáticas como vestimenta, linguagens e poéticas, alimentação, música, água, espiritualidade e corporalidade e espaço social.

Graciela Guarani é diretora de cinema, curadora e professora pertencente à nação Guarani Kaiowá. Seu trabalho promove a visibilidade dos povos indígenas por meio do audiovisual, expondo suas lutas, pensamentos, modos de vida e enfatizando o protagonismo feminino. Graciela Guarani aposta no cinema como ferramenta crucial para as lutas sociais, sobretudo indígenas. Com seus filmes e aulas, apresenta imaginários alternativos e em conflito com os modos coloniais de perceber o mundo.

Hutukara Associação Yanomami (HAY) é a organização mais representativa dos povos Yanomami e Ye’kwana, presidida pelo xamã e liderança indígena Davi Kopenawa Yanomami. Criada em 2004, ela é uma das mais atuantes organizações indígenas no Brasil, exercendo um papel de articulação política e gerindo projetos voltados à proteção territorial (sobretudo frente à invasão do garimpo ilegal), manejo etnoambiental, saúde, formação, pesquisa e outras iniciativas com parcerias nacionais e internacionais envolvendo organizações públicas e civis.

Joseca Mokahesi Yanomami é artista, vive e trabalha na comunidade Buriti, na região do Demini. Joseca fundou, na década de 90, a primeira escola Yanomami de seu grupo, incentivando crianças no aprendizado da escrita e no estudo de línguas e participou da produção de inúmeros folhetos bilíngues (yanomami/português) para programas de educação escolar e de saúde, além de ser um dos primeiros Yanomami a trabalhar na área da saúde, atendendo sua comunidade. No começo dos anos 2000, Joseca passou a se dedicar de forma mais aprofundada ao trabalho artístico com desenhos que ilustravam elementos e histórias da vida, do cotidiano, do contexto e da cosmologia Yanomami. Desde então, tem participado de diversas exposições nacionais e internacionais divulgando a cultura e luta Yanomami.

Julieth Morales é uma artista colombiana da comunidade Misak e professora de arte indígena contemporânea na Faculdade de Criação da Universidad del Rosario. Seu trabalho plástico questiona o papel feminino de sua comunidade indígena e a construção de sua identidade a partir da miscigenação. Mestre em Artes Plásticas pela Universidade de Cauca, investiga o gênero feminino e o modo como ele é tensionado e encontrado entre sua cultura ancestral e a ocidental. Julieth recorre aos rituais sociais, políticos, religiosos e culturais da comunidade Misak, para destacar expressões corporais e artísticas. Realiza trabalhos em performance, vídeo, tecelagem, fotografia, serigrafia e instalação.

Lanto’oy’ Unruh é um artista paraguaio pertencente à comunidade Enlhet Ya’alve-Saanga, localizada no Chaco Paraguaio, na cidade de Loma Plata. Tem uma profunda conexão com as tradições e a natureza de sua terra, o que se reflete em sua obra multifacetada. Utilizando técnicas de ilustração digital, fotografia, pintura a óleo e vídeo, ele se dedica a preservar e promover as crenças e tradições da comunidade Enlhet, além de destacar a importância do ambiente natural que os cerca. Lanto’oy’ é membro ativo do Instituto Nengvaanemkeskama Nempayvaam Enlhet (“Faz crescer nossa língua Enlhet”), uma organização dedicada à reflexão e promoção da língua e cultura Enlhet. Atualmente, trabalha ativamente para o fortalecimento do coletivo E-NNEGKO’O Coletivo de Arte e Cultura, que reúne as comunidades Enlhet e Toba-Enenlhet do Chaco Paraguaio, pertencentes à família Maskoy. Desde 2023, integra a Associação Raízes Vivas, que promove a cultura paraguaia a partir de uma perspectiva sensível, criando espaços itinerantes de troca de saberes em áreas como gastronomia, línguas, flora, festividades, arte popular e arte indígena, com atuação no Paraguai, Costa Rica, França, Portugal e Estados Unidos. Um dos primeiros projetos desenvolvidos em conjunto foi o registro de EL MAANENG, uma dança acompanhada de cantos e sons que refletem parte da cultura dos povos Maskoy. Esse feito representa um marco importante, pois todo o registro e gestão foram realizados por membros da própria comunidade, incluindo líderes, artistas e gestores culturais. Essa primeira etapa consolida Lanto’oy’ como um guardião de sua cultura e um promotor da riqueza de seu povo.

Morzaniel Ɨramari Yanomami é cineasta, documentarista, intérprete e tradutor. Foi coordenador de comunicação da Hutukara Associação Yanomami. Entre seus filmes premiados, destacam-se Casa dos Espíritos – Xapiripë Yanopë (2010), Urihi Haromatimapë – Curadores da Terra-Floresta (2014) e Árvore do Sonho – Mãri Hi (2023), inspirado no livro A Queda do Céu, de Davi Kopenawa, sendo premiado por este filme no festival de cinema É Tudo Verdade como melhor documentário de curta-metragem.

Olinda Reshinjabe Silvano é uma artista do povo Shipibo-Konibo do Peru, que alcançou reconhecimento nacional e internacional por seus bordados coloridos, pinturas e murais de extraordinária beleza e luz. As linhas de kené não são meros gráficos geométricos abstratos; são a materialização da força koshi das plantas e seus ibo, os donos espirituais da floresta, que mulheres visionárias, como Olinda, veem em suas mentes e mostram em suas obras. Para Olinda, seu trabalho como artista shipibo-konibo contemporânea é uma forma poderosa de ativismo que usa a linguagem das plantas para lutar contra a discriminação e defender a Amazônia e seus povos.

Oneron Yanomami é professor da escola de sua comunidade na região do Demini, onde vive e trabalha.

Paulo Desana é cinegrafista e fotógrafo indígena do povo Desana. Como fotógrafo, é colaborador da agência de notícias Amazônia Real. Atualmente, está à frente do projeto fotográfico Pamürimasa (Os Espíritos da Transformação). Paulo Desana participou da 4ª edição do Festival Arte como Respiro, do Itaú Cultural, na categoria Artes Visuais, apresentando a série fotográfica E nós Parente?. A exposição foi realizada de forma virtual no site do Itaú Cultural. O artista foi o diretor de fotografia do minidocumentário Ciência e Culinária (Cooking and Science) sobre a formiga Maniuara na cultura dos Povos Hupdas, atuou como cinegrafista no documentário Cobra Canoa, e no curta de ficção Wuitina Numiá (Meninas Coragem), premiado no Festival de Cinema Independente de San Antonio, no Equador, como melhor curta-metragem de 2022. Desana também foi cinegrafista do documentário O Dabucuri, ambos produzidos pela Shine a Light (USA)/Usina Da Imaginação (Brasil).

Renata Tupinambá é jornalista, produtora, poeta, consultora, curadora, roteirista e artista visual. Atua há 15 anos na difusão das culturas indígenas por meio de projetos e etnocomunicação. É membro do projeto Levanta Zabelê, comunidade localizada em Una, na Bahia. Foi co-fundadora da Rádio Yandê, primeira web rádio indígena brasileira. É fundadora da produtora indígena Originárias Produções e criadora do Podcast Originárias, de entrevistas com artistas e músicos indígenas, que integra a central de Podcasts femininos PodSim.

Roseane Yariana Yanomami é cineasta e fez parte do primeiro grupo de jovens escolhidos para participar das oficinas de formação em audiovisual, em 2018, do coletivo de comunicadores Yanomami, criado pela Hutukara Associação Yanomami. Co-dirigiu os curtas Thuë Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando, e Yuri U Xëatima Thë – A Pesca com Timbó. Vive e trabalha em sua comunidade, na região do Demini.

Salomé Ohotei Yanomami é moradora da grande casa coletiva de Watorikɨ, onde vive e trabalha.

Tayná Uràz é artista visual, trabalha com fotografia, instalação, audiovisual e pesquisas de imagens. Investigando composição imagética das memórias como instrumentos de registro documental e de criação de ficções. Entre a expansão da presença e os sonhos, relaciona espiritualidade, território, natureza e ancestralidade.

Tiniá Guarani Pankararu é artista visual e performer Guarani Pankararu. Ainda muito cedo desenvolveu seu processo criativo a partir da vivência com seus pais que são multi-artistas e comunicadores. Fez sua primeira exposição de forma virtual no período da pandemia, com 9 anos de idade. Tiniá habita o território indigena Pankararu (PE), mas vive em trânsito entre Pankararu e seu outro povo Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Já atuou em mais de dois trabalhos audiovisuais artísticos em 2024: a videoarte Xe Ñe’e, e o longa-metragem experimental Horizonte Colorido.

UÝRA é indígena em diáspora, dois espíritos (Travesti), habitante de Manaus, Amazonas, Brasil. É bióloga, mestra em Ecologia da Amazônia, e atua como artista visual e arte-educadora de comunidades tradicionais. Mora em um território industrial no meio da floresta, onde se transforma para viver uma Árvore que Anda, sempre criada com elementos orgânicos. UÝRA utiliza o corpo como suporte para narrar histórias de diferentes naturezas via fotoperformance, performance e instalações. Tem interesse pelos sistemas vivos e suas violações e, a partir da ótica da diversidade, dissidência, do funcionamento e adaptação, (re)conta histórias naturais, de encantarias e diásporas existentes na paisagem floresta-cidade.
Serviço:

Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano

Exposição coletiva com Aida Harika Yanomami, Alexandre Pankararu, Claudia Andujar, David Díaz Gonzales, Denilson Baniwa, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Edmar Tokorino Yanomami, Ehuana Yaira Yanomami, Elvira Espejo Ayca, Graciela Guarani, Joseca Mokahesi Yanomami, Julieth Morales, Lanto’oy’ Unruh, Morzaniel Iramari Yanomami, Olinda Silvano, Oneron Yanomami, Paulo Desana, Renata Tupinambá, Roseane Yariana Yanomami, Salomé Ohotei Yanomami, Tayná Uràz, Tiniá Guarani Pankararu e UÝRA.

A partir de 26 de abril de 2025, sábado

Em exibição por tempo indeterminado

Classificação indicativa: livre

Curadoria: Beatriz Lemos

Curadoria de Programa Público: Marilia Loureiro

Assistência curatorial: Varusa

INSTITUTO INHOTIM

INFORMAÇÕES GERAIS

HORÁRIOS DE VISITAÇÃO

De quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30.

Nos meses de janeiro e julho, o Inhotim funciona também às terças.

ENTRADA

Inteira: R$ 60,00 | Meia-entrada*: R$ 30,00.

*Veja as regras de meia-entrada no site: www.inhotim.org.br/visite/ingressos

ENTRADA GRATUITA

Inhotim Gratuito: acesse o guia especial sobre a gratuidade no Inhotim.

Moradores e moradoras de Brumadinho cadastrados no programa Nosso Inhotim; Amigos do Inhotim; crianças de 0 a 5 anos; patronos, patrocinadores e instituições parceiras do Inhotim não pagam entrada;

Quarta Gratuita Inhotim: todas as quartas-feiras são gratuitas;

Domingo Gratuito: todo último domingo do mês é gratuito;

LOCALIZAÇÃO

O Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (aproximadamente 1h15 de viagem). Acesso pelo km 500 da BR-381 – sentido BH/SP. Também é possível chegar ao Inhotim pela BR-040 (aproximadamente 1h30 de viagem). Acesso pela BR-040 – sentido BH/Rio, na entrada para o Retiro do Chalé. Link

(Com Amanda Viana/Instituto Inhotim)

São Paulo Companhia de Dança celebra 45 documentários da série ‘Figuras da Dança’

São Paulo, por Kleber Patricio

Imagem: Divulgação.

A São Paulo Companhia de Dança (SPCD) promove, desde 27 de março, uma ação que celebra uma das mais importantes iniciativas de preservação e divulgação da memória da dança do Brasil: a série Figuras da Dança’, com 45 Histórias que Dançam, Gestos que Transformam o Mundo’. A iniciativa, que acontece em suas plataformas digitais, consiste na publicação de pequenos vídeos dos artistas homenageados pela série até o dia 28 de agosto, data em que será lançado seu 45º documentário, que apresentará a carreira do bailarino brasileiro internacionalmente reconhecido Marcelo Gomes.

Desde sua criação, em 2008, a série tem desempenhado um papel fundamental na documentação da história da dança no país homenageando grandes personalidades que ajudaram a moldar essa arte no cenário nacional e internacional. A cada quinta-feira são publicados nos perfis do Facebook e Instagram dois vídeos curtos com trechos dos documentários e imagens de arquivo que destacam as trajetórias de duas personalidades da série, com o intuito de que o público possa conhecer um pouco mais sobre cada uma delas e de incentivar o acesso aos vídeos completos, disponíveis gratuitamente no site e YouTube da São Paulo Companhia de Dança. É importante ressaltar que cada vídeo é acompanhado de um material complementar, que apresenta um texto biográfico do artista e uma cronologia com momentos importantes de sua carreira.

“Por meio da própria voz daqueles que viveram nossa história, fortalecemos o vínculo entre o passado e o presente, enriquecendo o cenário cultural com experiências e ensinamentos únicos. Os documentários e textos biográficos da série Figuras da Dança dialogam não apenas com a trajetória da dança no Brasil, mas também ressaltam o papel transformador que essa arte exerce em nossas vidas, servindo como ferramenta indispensável para estudantes, professores, pesquisadores e para o público em geral. A disseminação desses registros é essencial para continuarmos contando a história da dança e perpetuando o legado das personalidades que transformaram essa arte no Brasil”, pontua Inês Bogéa, diretora artística da São Paulo Companhia de Dança e idealizadora do projeto.

Além das próprias redes, os episódios são exibidos nos canais TV Cultura, Arte 1 e Curta! desde 2008, o que é de fundamental importância para ampliar o alcance da dança como uma forma de expressão que transcende as barreiras geográficas e sociais. A série também é distribuída em formato de DVD para instituições educativas e culturais, principalmente as que contam com biblioteca pública, além de universidades e ONGs.

PERSONALIDADES

Ao longo desses anos, Figuras da Dança apresentou a trajetória de artistas que se destacaram como intérpretes, ocupando o palco como protagonistas e sendo referência nacional e internacional em suas atuações; criadores, intérpretes-criadores e pesquisadores do corpo e do movimento que expandiram as linguagens contemporâneas e modernas da dança; figuras que desempenharam papel fundamental na formação e educação de bailarinos e coreógrafos, influenciando gerações e consolidando metodologias de ensino; artistas que integraram a dança à matrizes africanas, indígenas e populares ou mesclaram diferentes tradições culturais, destacando a pluralidade corporal brasileira; além de personalidades que dirigiram companhias, uniram a dança a outras linguagens cênicas ou construíram pontes entre a criação, a gestão e o desenvolvimento institucional da dança.

Em 2008, a série destacou a carreira de Ivonice Satie (1950–2008), diretora do Balé da Cidade de São Paulo e da Cia. de Dança do Amazonas; Ady Addor (1935–2018), a primeira bailarina brasileira a atuar em companhias de renome como Theatro Municipal do Rio de Janeiro e American Ballet Theatre, Ismael Guiser (1927–2008), professor e coreógrafo argentino, referência no balé clássico; Marilena Ansaldi (1934–2021), pioneira da dança-teatro; e Penha de Souza (1935–2020), bailarina e professora inovadora que integrou balé, TV e técnicas corporais.

Em 2009, foram homenageados Antonio Carlos Cardoso (1939), coreógrafo e diretor que ajudou a mudar a direção da dança brasileira ao assumir a direção do Corpo de Baile Municipal (atual Balé da Cidade de São Paulo); Hulda Bittencourt (1934–2021), fundadora da Cisne Negro e importante nome na educação e produção de espetáculos; Luis Arrieta (1951), criador e intérprete argentino com forte atuação na dança contemporânea; Ruth Rachou (1927–2022), uma das artistas fundamentais da dança moderna no Brasil e Tatiana Leskova (1922), russa radicada no Brasil que preservou balés clássicos, sempre em diálogo com o contexto brasileiro.

Em 2010, foram evidenciados Angel Vianna (1928–2024), que revolucionou a consciência corporal e um dos nomes mais importantes na pesquisa do movimento no Brasil; Carlos Moraes (1936–2015), um dos artistas fundamentais para a consolidação da dança na Bahia, tendo papel essencial na fusão da capoeira, dança afro e balé clássico; Décio Otero (1933), fundador do Ballet Stagium ao lado de Marika Gidali, que disseminou a dança como narrativa social e histórica; Márcia Haydée (1937), bailarina de renome mundial, conhecida como a ‘Callas da Dança’ por sua grande força interpretativa; e Sônia Mota (1948), bailarina, coreógrafa e diretora, que une teatro, dança e investigação corporal.

Em 2011, a série apresentou duas grandes personalidades: Ana Botafogo (1957), um dos maiores nomes da dança e símbolo do balé clássico no Brasil; e Célia Gouvêa (1949), referência na dança paulista, destacando-se na pesquisa do movimento e na experimentação corporal.

Em 2012, foram homenageados Edson Claro (1949–2013), criador e educador, idealizador do Método Dança-Educação Física, que articulou corpo e ensino; Ismael Ivo (1955–2021), bailarino e coreógrafo que fez da dança um ato político; Lia Robatto (1940), grande criadora de grupos e movimentos que contribuíram para o desenvolvimento da dança na Bahia e Marilene Martins (1935), criadora do grupo Trans-Forma Grupo Experimental de Dança, que mesclou dança e teatralidade, em Belo Horizonte.

Em 2013, a série abordou Cecília Kerche (1960), reconhecida por sua interpretação dos grandes clássicos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro; Eva Schul (1948), referência da dança contemporânea no Sul do Brasil; Hugo Travers (1932–2019), bailarino, coreógrafo e diretor com atuação entre Cuba e Brasil; J.C. Violla (1947–1947), ator, bailarino e pesquisador das linguagens populares e afro-brasileiras; e Janice Vieira (1940), estudiosa da dança popular e contemporânea.

Em 2014, foram homenageados Eliana Caminada (1947), bailarina, intérprete e pesquisadora dedicada à história da dança; Jair Moraes (1946–2016), coreógrafo e bailarino do Ballet Guaíra; Mara Borba (1951), reconhecida pela dramaticidade e fisicalidade na dança; e Paulo Pederneiras (1951), fundador do Grupo Corpo, que integrou cenografia, luz e movimento em suas criações.

Em 2015, foi a vez de Maria Pia Finócchio (1940), bailarina e gestora que promoveu pontes entre tradições europeias e brasileiras; e Nora Esteves (1948), bailarina que marcou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2016, o homenageado foi José Possi Neto (1947), diretor que uniu teatro e dança em suas produções. Em 2017, a série reconheceu mais sobre Aracy Evans (1931–2022), educadora que formou grandes nomes na Escola Municipal de Bailado de São Paulo. Em 2018, Tíndaro Silvano (1956) foi homenageado por sua atuação na formação de companhias como mestre e coreógrafo. Em 2020, os destaques foram Gisèle Santoro (1939), criadora do Seminário Internacional de Brasília; e Neyde Rossi (1938), bailarina e educadora na técnica clássica.

Em 2021, a homenageada foi Ilara Lopes (1947), bailarina, professora, coreógrafa e examinadora da Royal Academy of Dance. Em 2022, Esmeralda Gazal (1961), professora e coordenadora pedagógica na formação de jovens talentos, com forte articulação com escolas; e Hugo Bianchi (1926–2022), mestre em dança e teatro e referência na educação do Ceará foram os homenageados. Em 2023, a série celebrou Carlos Demitre (1952), bailarino carioca que se tornou o primeiro vencedor na categoria de melhor bailarino do prêmio concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1974.

Em 2024, os homenageados foram Clyde Morgan (1940), que transformou o cenário da dança no Brasil desde sua chegada ao país, em 1970, com a dança afro-americana e africana; Dudude Herrmann, referência em improvisação e dança contemporânea em diálogo com a natureza; e Inaicyra Falcão, destaque na dança e no canto ligados à tradição afro-brasileira e aos orixás. Em 2025, conheceremos a trajetória de Marcelo Gomes, bailarino brasileiro com extensa carreira no exterior.

Serviço:

Figuras da Dança45 Histórias que Dançam, Infinitos Gestos que Transformam o Mundo

Data: toda quinta-feira, entre 27 de março e 28 de agosto

Local: ação online, via redes sociais da SPCD (Facebook e Instagram).

SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA

A São Paulo Companhia de Dança se destaca pela sua versatilidade e inovação, desde sua criação em 2008, pelo Governo do Estado de São Paulo. Gerida pela Associação Pró-Dança, é dirigida por Inês Bogéa. Reconhecida pela crítica como uma das mais prestigiadas companhias da América Latina, seu repertório abrange tanto criações exclusivas, quanto remontagens de grandes obras da dança mundial. Com apresentações que atravessam fronteiras, a Companhia leva sua arte a diversos públicos, tanto no Brasil, quanto no exterior. Já foi assistida por um público superior a 2 milhões de pessoas em 22 diferentes países, passando por cerca de 180 cidades em mais de 1.300 apresentações, acumulando mais de 50 prêmios e indicações nacionais e internacionais. Além disso, ações educativas e projetos voltados à preservação e difusão da memória da dança são parte essencial de sua missão, perpetuando esse legado cultural para as futuras gerações. São Paulo Companhia de Dança: excelência que inspira, movimento que transforma.

(Com Rafaela Eufrosino/Associação Pró-Dança)