“Não se combate a violência com um único modelo de enfrentamento. Cada geração exige uma abordagem diferente”, segundo advogado criminalista Davi Gebara


São Paulo
Um dos maiores legados do teatro rodrigueano, “O Beijo no Asfalto” ganha nova temporada na capital paulista. Com direção de Bruno Perillo, a peça ocupa o palco de um dos cartões postais de São Paulo, o Edifício Itália, onde está instalado o Teatro Itália Bandeirantes. As sessões são somente às quartas-feiras, de 1º de março a 26 de abril de 2023, sempre às 21h – os ingressos custam R$30 e R$60.
Embora escrita em um Rio de Janeiro de 60 anos atrás, a peça ressurge mais atual do que nunca. Nelson Rodrigues expõe, de modo único, o terror que se alastra por uma sociedade diante de um singelo fato. Dois homens se beijaram na boca, em plena Praça da Bandeira. A beleza do gesto e o horror da sociedade diante dele se chocam, criando uma peça tão explosiva e cruel quanto poética e profunda.
Essa montagem dirigida por Bruno Perillo estreou em outubro de 2019 no SESC Santo André e depois seguiu em temporada no espaço Núcleo Experimental. A ideia é, a partir do texto – já tantas vezes revisitado por inúmeros artistas – realizar uma radiografia da dramaturgia, investigando as raízes dos acontecimentos que se abatem sobre os personagens e as suas questões num Brasil atual.
Arandir catalisa em si tudo o que resta de vida humana, em seu sentido simbólico mais poético e fraterno possível. É após um beijo na boca em um homem atropelado e prestes a morrer que o protagonista passa de mera testemunha de um acidente a acusado de um crime.
O texto ágil, potente e fracionado, é ação. A ação, por sua vez, é diálogo. Tudo principia em decorrência do tal beijo dado em plena rua diante de muitas testemunhas e centenas de transeuntes. “Não há, por assim dizer, necessidade alguma de se estabelecer no palco qualquer espécie de formalização cenográfica real. Pelo contrário, trabalhamos no sentido de conceber um campo simbólico para todo o desenrolar da trama, como se tudo ocorresse num espaço público, mesmo quando privado”, conta Bruno Perillo.
A ação dramática se avoluma a cada fala, a cada quadro, e se torna autossuficiente na medida em que se atinge a enorme autenticidade contida nas falas. Aos poucos, elas revelam o deserto interior de cada um dos personagens (em contraposição a Arandir). O elenco permanece quase o tempo todo no palco, seja no foco da cena, seja compondo imagens em relação ao foco, mas nunca passivamente (sempre como um grande olhar externo julgador).
Os objetos cênicos assumem diversas posições e funções ao longo da montagem. A alegoria do “rolo compressor” – que alisa o asfalto, mas que remete a um enquadramento da sociedade, e também à rotativa, a máquina que imprime os jornais – é uma imagem que aparece de várias maneiras nas cenas.
As interpretações expõem, no limite, o jogo bárbaro da manipulação, em contraponto ao que vamos chamar de campo poético da existência. Como num raio-X, o objetivo é explicitar as entranhas desta dramaturgia, sem subterfúgios, e sem qualquer traço de caricatura.
O texto de Nelson Rodrigues
“O Beijo no Asfalto” talvez seja o maior legado do teatro rodrigueano ao poder do mundo midiático e todos os seus ilimitados desdobramentos, sua relação com o homem, suas consequências, sua moral, sua ética. A notícia de que um homem beijou outro homem na boca, no meio da rua, no centro da grande cidade, é o suficiente para servir de célula para disseminar uma tragédia.
“Nossa busca, enquanto artistas e cidadãos, é a tentativa de reverter a cegueira cotidiana, rígida e impermeável (que nos faz sucumbir ao aniquilamento da poesia, do amor) e propor outros olhares possíveis para aquilo que nos cerca. Em que momento passamos a ser regidos pelas notícias e opiniões ao redor? Em que lugar ficou a nossa capacidade de reflexão e discernimento, de empatia e sensibilidade?”, levanta Bruno.
O personagem Amado Ribeiro, o repórter, por sua vez, é o grande catalisador da tragédia. Ele é o rei das manchetes, o homem que domina o talento mais cafajeste numa sociedade. É imprescindível que se veja no palco esta figura de um jeito cru, no que ele tem de mais nocivo e sórdido, e não da maneira em que costumeiramente vemos os canalhas – “maquiados”.
O nosso mundo só lê manchetes. As manchetes são basicamente aquilo que o nosso mundo é, no aqui e no agora do hoje. Todas as redes ditas sociais são gigantes canalizadores e reprodutores de manchetes e/ou “notícias” e das mais infinitas opiniões e, junto a isso, enxurradas de fake news.
Sinopse | Um atropelamento. Um homem cai no asfalto, em plena Praça da Bandeira, Rio de Janeiro. Na sua agonia, pede um beijo a outro homem que correu em seu auxílio. O beijo acontece, o atropelado morre, a multidão ao redor testemunhou. A partir desse acontecimento, uma tragédia se desenrola. O beijo no asfalto desmascara, com visceralidade, as raízes da sociedade brasileira, suas características, vícios e estigmas mais profundos.
Ficha técnica
Texto – Nelson Rodrigues
Direção – Bruno Perillo
Elenco:
Anderson Negreiro – Arandir
Angela Ribeiro – D. Matilde, D. Judith e viúva
Carolina Haddad – Dália
Gustavo Trestini – Aprígio
Heitor Goldflus – Cunha
Iuri Saraiva – Amado Ribeiro
Lucas Frizo – Pimentel, Comissário Barros e vizinho
Rita Pisano – Selminha
Valdir Rivaben – Aruba e Werneck
Assistente de Direção – Fábio Mráz
Cenografia – Marisa Bentivegna
Figurino – Anne Cerutti
Iluminação – Aline Santini
Trilha Sonora – Dr. Morris
Fotos – Kim Leekyung
Produção Executiva – Corpo Rastreado.
Serviço:
O beijo no asfalto
Reestreia dia 1º de março de 2023, quarta-feira, às 21h, no Teatro Itália Bandeirantes
Temporada – até 26 de abril – todas as quartas, às 21h
Ingressos – R$60,00 (inteira); R$30,00 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) pela plataforma Sympla https://bileto.sympla.com.br/event/80564/d/181892/s/1229022.
Teatro Itália Bandeirantes
Avenida Ipiranga, 344 – Edifício Itália – Subsolo, São Paulo – São Paulo
Telefone de informações: (11) 3131-4262
Instagram: @teatroitaliaband
Sigam as redes sociais do espetáculo: @beijonoasfaltoteatro.
(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)
Autor do livro “Uma ecologia decolonial – Pensar a partir do mundo caribenho” (2022) e doutor em filosofia política e ciência política pela Université Paris Diderot, Malcom Ferdinand é o primeiro convidado de uma série de oito seminários que integram o projeto Encontros para o Amanhã: saberes que reinventam o mundo, do Museu do Amanhã. Ao longo de 2023, o público terá acesso a debates entre especialistas, lideranças e influências acerca de questões mundiais urgentes nos campos da sustentabilidade, ciência, meio ambiente, tecnologia, comunicação, coletividade e cultura, eixos temáticos do Museu. A primeira edição, em 7 de março, traz à tona o diálogo sobre as emergências climáticas e os conceitos de racismo ambiental e decolonialidade. Para ampliar o tema e acrescentar novas perspectivas, participam da conversa, junto a Ferdinand, a ativista climática criadora do Instituto Perifa Sustentável e Embaixadora da ONU, Amanda Costa, e o ativista educacional Marcelo Rocha, do Instituto Ayika.
Os seminários são presenciais e gratuitos e, para participar, é necessário se inscrever pelo site da Sympla. A proposta de Encontros para o Amanhã: saberes que reinventam o mundo é abrir um canal de comunicação permanente com o público, além de ampliar vozes e inspirar novas gerações de pensadores.
Além de ciclo de seminários, Museu do Amanhã inaugura espaço expositivo para obras de realidade aumentada
Ainda no dia 7 de março, o Museu do Amanhã irá lançar a obra de realidade aumentada “Memória de Ibirá”, do artista Fabiano Mixo, que inaugura a Galeria Invisível do Amanhã, espaço expositivo dedicado a obras de arte em realidade aumentada nas suas mais diversas formas. Localizada na área externa do Museu, no espelho d’água central, a galeria visa aproximar o público dos conteúdos apresentados pelo museu, trazendo em sua curadoria obras que estejam conectadas conceitual e tematicamente com as exposições temporárias e de longa duração, estendendo assim o debate de dentro para fora.
Por meio de um QR Code disponível no espelho d’água, o público poderá entrar em contato gratuitamente com a obra de Fabiano Mixo, que reconstrói, através de fragmentos de árvores únicas da Amazônia e da Mata Atlântica brasileira, espécies raras e em grande parte ameaçadas de extinção, mas diretamente conectadas à História do Brasil e seus ciclos de exploração e devastação das florestas nativas.
Sobre o Museu do Amanhã | O Museu do Amanhã é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, concebido em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo. Exemplo bem-sucedido de parceria entre o poder público e a iniciativa privada, o Museu conta com o Banco Santander como patrocinador master, a Shell Brasil, ArcelorMittal, Grupo CCR e Instituto Cultural Vale como mantenedores e uma ampla rede de patrocinadores que inclui Engie, Americanas, IBM e Volvo. Tendo a Globo como parceiro estratégico e Copatrocínio da B3, Droga Raia e White Martins, conta ainda com apoio de Bloomberg, EMS, Renner, TechnipFMC e Valgroup. Além da Accenture, DataPrev e Granado apoiando em projetos especiais, contamos com os parceiros de mídia SulAmérica Paradiso e Rádio Mix.
Sobre o IDG | O IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão é uma organização social sem fins lucrativos especializada em conceber, implantar e gerir centros culturais públicos e programas ambientais. Atua também em consultorias para empresas privadas e na execução, desenvolvimento e implementação de projetos culturais e ambientais. Responde atualmente pela gestão do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, Paço do Frevo, em Recife, e Museu das Favelas, em São Paulo. Atua ainda na implantação e futura gestão do Museu do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como gestor operacional do Fundo da Mata Atlântica e como realizador das ações de conservação e consolidação do sítio arqueológico do Cais do Valongo, na região portuária do Rio de Janeiro. Também foi responsável pela concepção e implementação do projeto museológico do Memorial do Holocausto, inaugurado em 2022 no Rio de Janeiro. Saiba mais.
(Fonte: Atômica Lab)
Na próxima sexta-feira, dia 3, a Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) realizará seu tradicional Concerto de Boas-vindas, recepcionando calouros e veteranos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Sob regência de Cinthia Alireti, maestrina da Sinfônica, a apresentação ocorre a partir das 12h30 no Teatro de Arena, dentro da própria Universidade. No repertório, uma seleção que vai de Carlos Gomes a Beethoven, uma peça da maestrina (‘Sustainable disco beat’) e arranjos da violinista da OSU Ivenise Nitchepurenco, com trabalhos em canções de Jorge Ben Jor e Martinho da Vila.
O concerto é gratuito e visa dar boas-vindas aos alunos da Unicamp; porém, é aberto a toda a comunidade.
Serviço:
Concerto de Boas-vindas
3 de março, às 12h30
Teatro de Arena, Unicamp
R. Elis Regina – Cidade Universitária, Campinas – SP.
(Fonte: Ton Torres/Ciddic/Unicamp)
Um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro, Evandro Teixeira (1935) atuou na imprensa por quase seis décadas, sendo 47 anos no Jornal do Brasil. Com suas lentes, registrou os bastidores do poder no país, em especial as manifestações contrárias ao regime militar, além de temas associados ao esporte, à moda e à cultura. Em sua carreira, participou ainda de uma importante cobertura internacional: a do golpe militar no Chile em 1973. No país andino, produziu imagens impactantes do Palácio De La Moneda bombardeado pelos militares, dos prisioneiros políticos no Estádio Nacional em Santiago e do enterro do poeta Pablo Neruda.
As fotografias tiradas durante esse capítulo traumático da história chilena são o destaque da exposição “Evandro Teixeira, Chile, 1973”, em cartaz a partir de 21 de março (terça), na sede de São Paulo do Instituto Moreira Salles (Av. Paulista, 2424). No dia da abertura (21/3), às 18h, haverá um bate-papo com o fotógrafo, a jornalista Dorrit Harazim, que também esteve no Chile no mesmo período, e o curador da mostra, Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS. A entrada para a conversa é gratuita, com retirada de senhas uma hora antes (confira no serviço).
A mostra reúne cerca de 160 fotografias em preto e branco, livros, fac-símiles e outros objetos, como máquinas fotográficas e crachás de imprensa. Além dos registros feitos no Chile, a exposição traz imagens produzidas por Evandro durante a ditadura civil-militar brasileira, em um diálogo entre os contextos históricos dos dois países. Em monitores dispostos pelo espaço expositivo, também são apresentados trechos de filmes que documentam o período, como “Setembro chileno”, de Bruno Moet, e “Brasil, relato de uma tortura”, de Haskell Wexler e Saul Landau.
Evandro, cujo acervo está sob a guarda do IMS, viajou para o Chile em setembro de 1973, no dia seguinte ao golpe militar de 11/9 que levou à morte do presidente eleito Salvador Allende. O fotógrafo foi como correspondente do Jornal do Brasil e acompanhado pelo repórter Paulo Cesar de Araújo. Retido com dezenas de outros correspondentes internacionais na fronteira da Argentina com o Chile, fechada deliberadamente pela junta militar chilena, chegou a Santiago em 21/9. Sob a vigilância dos militares, a imprensa internacional circulava por uma cidade sitiada e ocupada pelas forças militares, com rígido toque de recolher. Além de contornar a censura local, Evandro precisava revelar as imagens rapidamente em um pequeno laboratório improvisado, que instalou no banheiro do seu hotel, e transmiti-las em seguida usando um aparelho de telefoto.
Entre as imagens produzidas nesse período, o registro mais importante feito pelo fotógrafo, que ele mesmo considera um dos marcos de sua carreira, foi a da morte e enterro do poeta Pablo Neruda. Um dia depois de chegar a Santiago, Evandro soube pela esposa de um diplomata que Neruda estava hospitalizado em uma clínica da cidade. O fotógrafo foi até o local, mas não conseguiu registrar o escritor, que morreu na noite daquele mesmo dia. Na manhã seguinte, retornou à clínica, já ciente da morte, e conseguiu acesso ao interior do edifício por uma entrada lateral, chegando ao local onde Neruda estava, em uma maca no corredor, sendo velado por sua viúva, Matilde Urrutia. Em entrevista para o site do IMS, o fotógrafo relembra o episódio: “Estou lá, rondando o hospital, e de repente abre uma porta lateral, olho, tiro a Leica, sempre deixo preparada para dois metros, o que der, deu. Entro, Neruda está na maca, dona Matilde, sua mulher, sentada com o irmão dela”.
Evandro fez a foto e, em seguida, pediu permissão para a viúva, lembrando que havia fotografado Neruda anteriormente em um encontro com o escritor Jorge Amado no Brasil. Matilde não só permitiu que ele fizesse os registros, como pediu para acompanhá-la até a residência do casal, La Chascona, onde o corpo seria velado. “Dentro da clínica fiz a maca, fiz várias fotos, apavorado. Eu olhava em volta, pensava naquele mundo de fotógrafos em Santiago e dizia pra mim mesmo: não, não é possível, só eu aqui, só eu?”, relembra. Evandro registrou naquele dia e no seguinte detalhadamente todas as etapas do velório e enterro do poeta, que contou com grande participação popular e se tornou o primeiro grande ato contra o governo de Pinochet.
Evandro foi, assim, o único fotojornalista a registrar Neruda ainda na clínica, logo após seu falecimento, que hoje, de acordo com estudos recém-publicados, parece ter sido causado por envenenamento. O curador Sergio Burgi comenta a importância dessa série de imagens, principal destaque da exposição: “Esta é uma documentação excepcional e em grande parte ainda inédita, oriunda da obstinação e audácia de um fotojornalista brasileiro que conseguiu penetrar incógnito no hospital onde se encontrava o corpo do poeta que admirava e conhecera no Brasil”.
A exposição também traz imagens que Evandro realizou no Estádio Nacional do Chile, local onde o governo encarcerou e torturou inúmeros presos políticos. Os correspondentes foram levados pelos próprios militares para fotografar o local, em uma iniciativa oficial que visava a encobrir as violações de direitos humanos que aconteciam ali. Ainda assim, Evandro e outros colegas conseguiram driblar o cerco e registrar tanto a chegada não planejada pelos militares de novos presos políticos ao estádio como também penetrar no subsolo do local, onde jovens estudantes foram fotografados sendo conduzidos para áreas internas. Junto aos registros do Estádio Nacional, há também imagens que mostram a violência militar em Santiago, como a foto do Palácio De La Moneda bombardeado.
Em outro núcleo, a mostra apresenta fotos feitas por Evandro durante a ditadura brasileira e que hoje fazem parte do imaginário sobre o período. Entre elas, estão a da Tomada do Forte de Copacabana, feita exatamente no dia 1 de abril de 1964, as imagens das manifestações contrárias ao governo, em 1968, como a da Passeata dos Cem Mil, vetada pelos censores da época por registrar a faixa “Abaixo a ditadura, povo no poder” ou ainda a foto na qual Evandro registra a queda de um motociclista da FAB, em 1965. Junto aos registros, há uma cronologia da carreira do fotógrafo, além de depoimentos em vídeo em que relembra momentos marcantes de sua trajetória.
Para Sergio Burgi, o conjunto de imagens reforça a importância da prática diária do fotojornalismo como ferramenta de fiscalização do poder e preservação da memória: “A obra de Evandro Teixeira é expressão plena deste compromisso do fotojornalismo com o testemunho direto da realidade e com a liberdade de expressão e criação, essenciais tanto em nosso passado recente como ainda hoje. Passadas cinco décadas, suas imagens sobre as ditaduras militares no Chile e no Brasil reafirmam claramente a importância da democracia e do respeito absoluto ao estado de direito e à cidadania. São imagens que claramente desnudam o autoritarismo e permanecem denunciando, ainda nos dias de hoje, de forma clara e cristalina, os riscos das aventuras golpistas”.
Em cartaz até julho, a mostra também contribui para a reflexão sobre a extensa obra de Evandro Teixeira, profissional comprometido sobretudo com seu ofício, como revelam suas palavras: “Minha aventura pessoal identifica-se com a aventura vivida pelo mundo. Não tenho méritos para isso, sou um homem manejando uma câmera. Quando bem operada, é um fósforo aceso na escuridão. Ilumina fatos nem sempre muito compreensíveis. Oferece lampejos, revela dores do impasse do mundo. E desperta nos homens o desejo de destruir esse impasse”.
Exposição simultânea na Biblioteca de Fotografia
Entre 21 de março e 11 de junho, a Biblioteca de Fotografia do IMS Paulista, em diálogo com as fotos de Evandro Teixeira, apresenta a mostra “Papel, tinta e chumbo: fotolivros e ditaduras sul-americanas”, composta de publicações que abordam as ditaduras militares ocorridas na América do Sul entre os anos 1960 e 1980. Os títulos apresentados mostram como fotógrafos e artistas documentaram os acontecimentos no momento em que aconteceram ou como os rememoraram depois, muitas vezes se valendo de álbuns familiares e arquivos públicos. Nas páginas dos livros, encontram-se a iminência dos golpes de Estado, a atuação da repressão, o cotidiano possível, os dramas familiares, as greves e as lutas de resistência, os lugares indizíveis, o exílio, as dissidências ocultas e os efeitos da ausência dos desaparecidos. Entre os livros apresentados na mostra, estão “A greve do ABC”, de Nair Benedito, Juca Martins e Eduardo Simões et al (Brasil); “La manzana de Adán”, de Paz Errázuriz (Chile), e “Una sombra oscilante”, de Celeste Rojas Mugica (Argentina), entre muitos outros.
Sobre o catálogo | O IMS lançará um catálogo da exposição. A publicação trará, além das fotografias presentes na mostra, textos da cientista política, socióloga e professora Maria Hermínia Tavares de Almeida, do escritor Alejandro Chacoff e do curador da exposição, Sergio Burgi, e uma cronologia organizada pela pesquisadora Andrea Wanderley. O catálogo tem previsão de lançamento para o dia da abertura da exposição.
Serviço:
Exposição “Evandro Teixeira, Chile 1973”
Abertura: 21 de março
Visitação: até 30 de julho
6º andar
IMS Paulista
Entrada gratuita
Curadoria: Sergio Burgi
Assistência de curadoria: Alessandra Coutinho
Pesquisa biográfica e documental: Andrea Wanderley
Pesquisa no acervo: Alexandre Delarue
Conversa sobre a exposição “Evandro Teixeira, Chile, 1973”, com Evandro Teixeira e a jornalista Dorrit Harazim. Mediação de Sergio Burgi.
21 de março, terça-feira, 18h, no cineteatro do IMS Paulista
Entrada gratuita. Distribuição de senhas 60 minutos antes do evento
Limite de uma senha por pessoa.
Capacidade do cineteatro: 145 lugares
Evento com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Exposição “Papel, tinta e chumbo: fotolivros e ditaduras sul-americanas”
Abertura: 21 de março
Visitação: até 11 de junho
1º andar
IMS Paulista
Entrada gratuita.
IMS Paulista
Avenida Paulista, 2424 – São Paulo, SP
Entrada gratuita
Horário de funcionamento: terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h.
(Fonte: Instituto Moreira Salles)
Os fãs de piano e das sinfonias trágicas de Mahler e Prokofiev têm um motivo especial para vir ao Theatro Municipal de São Paulo no próximo final de semana: a premiada pianista ucraniano-americana Anna Dmytrenko irá apresentar, junto à Orquestra Sinfônica Municipal, obras desafiadoras e comoventes: o Concerto para piano nº2 do russo Sergei Prokofiev e a Sinfonia nº 6 em Lá Menor, a Trágica, do austríaco Mahler, nos dias 3 e 4 de março, além de um concerto didático gratuito dedicado a Prokofiev no dia 2/3 (sexta).
Já no dia 2 de março, em um programa de 50 minutos de duração, o Concerto para piano nº 2 (31’), escrito por Prokofiev em 1913, será apresentado em seus quatro movimentos ao longo de todo o concerto. A obra, que levou um ano para ser feita e ficou conhecida também pelo fato de seu manuscrito original ter se perdido em um incêndio e ter sido, então, reescrita em 1923. Tecnicamente desafiador, o trabalho foi dedicado à memória de um amigo de Prokofiev que se suicidou no ano em que iniciou a composição e trouxe reações calorosas do público pelo olhar futurista que o russo lançava à música de sua época. A apresentação terá comentários que aproximam o público do universo da música erudita e é gratuita, com ingressos podendo ser reservados com dois dias de antecedência.
No programa dos dias 3 e 4, com 135 minutos e 20 de intervalo, a pianista e a orquestra, sob a regência de Roberto Minczuk, irão percorrer os quatro movimentos da obra de Prokofiev, seguida pela composição que Mahler fez a partir de sua angústia frente à iminência de sua própria morte, uma obra de orquestração densa e forte. Os ingressos vão de R$12 a R$64.
Dmytrenko é um grande nome do piano internacional, tendo se apresentado por diversos lugares ao redor do mundo; entre eles, Carnegie Hall, Lincoln Center, Paris Philharmonie e Hammer Theatre, entre tantos outros.
Premiada em inúmeras competições internacionais, a pianista levou o segundo lugar no Prêmio de Escolha da Audiência e Prêmio de Melhor Peça Contemporânea na competição internacional de Piano Olga Kern, além de ter sido o terceiro lugar na Ricard Viñes International Piano Competition, primeiro lugar na Manhattan International Music e terceiro lugar no New York International Piano Competition.
Entre suas colaborações orquestrais, estão projetos como a Orquestra Sinfônica del Valles,a KwaZulu-Natal Philharmonic, a New Mexico Philharmonic, a Bacau Philharmonic e a Orchestre de Chambre de Paris. Seu primeiro álbum foi lançado em 2018 e se chama “Anna Dmytrenko: Live in Recital”, no qual apresenta obras de Medtner, Rachmaninoff e Barber.
Anna estudou na Juilliard School, nos Estados Unidos, com Oxana Yablonskaya, na Royal Academy of Music, em Londres com Christopher Elton e na University of the Arts em Berlin com Pascal Devoyon e, atualmente, trabalha em seu doutorado em música na Manhattan School of Music com Olga Kern.
Serviço:
Orquestra Sinfônica Municipal apresenta Concerto Didático – Prokofiev
Theatro Municipal – Sala de Espetáculos
2/3/2023 • 20h
Roberto Minczuk, regência
Anna Dmytrenko, piano
Programa
SERGEI PROKOFIEV
Concerto para piano nº 2 (31’)
I. Andantino
II. Scherzo: Vivace
III. Moderato
IV. Finale: Allegro tempestoso
Duração 50 minutos
Capacidade 1523 lugares
Classificação livre para todos os públicos — Sem conteúdos potencialmente prejudiciais para qualquer faixa etária.
Ingressos gratuitos – Reserva no site 2 dias antes do concerto.
Em caso de desistência da reserva, solicite o cancelamento, até 2 horas antes do evento, através do e-mail bilheteria@theatromunicipal.org.br.
Orquestra Sinfônica Municipal apresenta Trágicas: 6ª de Mahler e 2ª de Prokofiev
Theatro Municipal – Sala de Espetáculos
3/3/2023 • 20h
4/3/2023 • 17h
Roberto Minczuk, regência
Anna Dmytrenko, piano
Programa
SERGEI PROKOFIEV
Concerto para piano nº 2 (31’)
I. Andantino
II. Scherzo: Vivace
III. Moderato
IV. Finale: Allegro tempestoso
Intervalo (20’)
GUSTAV MAHLER
Sinfonia nº 6 em Lá menor, “Trágica” (80’)
I. Allegro energico, ma non troppo
II. Andante moderato
III. Scherzo
IV. Finale
Duração total aproximadamente 135 minutos (com intervalo)
Classificação livre para todos os públicos — Sem conteúdos potencialmente prejudiciais para qualquer faixa etária.
Ingresso de R$12,00 a R$64,00 (inteira).
(Fonte: Theatro Municipal de São Paulo)