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Pesquisa sobre microplástico dispara no Brasil; tema se tornou um dos principais na área de Oceanos

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Soren Funk/Unsplash.

Em seis anos (2017 a 2022), o número de pesquisas no Brasil sobre “microplástico” aumentou 560%. O tema insere-se num universo de mais de oito mil artigos sobre oceanos publicados por instituições brasileiras no período. Os dados estão em relatório inédito lançado na segunda (5) pela editora científica Elsevier com a Bori. O documento inaugura a parceria entre Elsevier e Bori no sentido de analisar, periodicamente, dados da produção científica brasileira e disponibilizá-los a jornalistas.

A pesquisa faz um mapeamento da produção científica do Brasil sobre os oceanos de 2017 a 2022, com uso das ferramentas Scopus e SciVal – essa última desenvolvida pela Elsevier, que mapeia publicações científicas em documentos públicos utilizados em tomadas de decisão mundo afora. A ideia é entender o foco que a ciência brasileira dá ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS 14), “Vida abaixo da água”, da Organização das Nações Unidas (ONU), já que o Brasil tem uma das maiores zonas costeiras do mundo, com 8 mil quilômetros de extensão em linha contínua de costa.

O documento mostra que, de 2012 a 2021, houve um crescimento de 12% ao ano nas publicações brasileiras sobre Oceanos. Além do tema “microplástico”, os temas “seashore” (costa marinha), “aquaculture” (aquicultura) e “Oreochromis Niloticus” (tilápia) compõem a lista de temas mais relevantes dos artigos produzidos por pesquisadores brasileiros relacionados ao ODS 14. Apesar de aparecerem em 2.000 (seashore), 1.230 (aquaculture) e 562 (Oreochromis Niloticus) artigos, a referência a esses temas diminuiu – principalmente a partir de 2021.

A possibilidade de relacionar o conteúdo de publicações científicas com Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) tem trazido informações importantes sobre os alvos de pesquisa em regiões ou instituições, segundo aponta Carlos Henrique de Brito Cruz, Vice-presidente Sênior de redes de Pesquisa da Elsevier. Ele observa que, no caso brasileiro, há um crescimento acima da média do país em estudos sobre o ODS 14. “Este crescimento mostra como a comunidade científica no país tem escolhido focalizar seus esforços em temas de grande relevância para o avanço do conhecimento e, ao mesmo tempo, para os objetivos de sustentabilidade planetária”.

Na 11ª posição mundial entre países que mais publicam estudos sobre oceanos, o Brasil tem uma pesquisa com importância internacional: cerca de 40% das publicações é fruto de colaborações com instituições de pesquisa estrangeiras. Além disso, elas alcançaram um impacto de citações 2% acima da média mundial de citações.

Esse é o caso do artigo “Studies of the effects of microplastics on aquatic organisms: What do we know and where should we focus our efforts in the future?, publicado em 2018 na revista “Science of the Total Environment”. Com colaboração brasileira, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e autoria de pesquisadores das universidades da Suécia, de Aveiro, em Portugal, e de Queensland, na Austrália, o trabalho é uma das cinco publicações mundiais mais citadas sobre microplástico. Seu impacto de citações normalizado é igual a 7,79, ou seja, 679% acima da média mundial de citações, que é 1. O impacto de citações é medido pela quantidade de vezes que um artigo científico é mencionado em outras publicações do mesmo tipo, disciplina e ano de publicação.

A Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e as universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), Santa Catarina (UFSC) e de Rio Grande (FURG) são as instituições que mais publicaram pesquisas sobre oceanos nos cinco anos analisados, reunindo mais de 3 mil publicações. Em seguida, aparecem as universidades federais do Paraná (UFPR), Fluminense (UFF), Pernambuco (UFPE) e Ceará (UFC). A maioria dos estudos é das áreas de agricultura (57%), ciências ambientais (42%) e ciências da terra (25%).

Os impactos da pesquisa em políticas públicas | Os dados dão, ainda, uma dimensão sobre o impacto da pesquisa brasileira sobre oceanos em políticas públicas: 4,8% dos 8 mil artigos foram citados e embasaram tomadas de decisão sobre proteção de oceanos. Grande parte das menções aos estudos foi feita pela FAO (Food and Agriculture Organization), União Europeia e United Nations Environment Programme.

(Fonte: Agência Bori)

Instituto Argonauta e Aquário de Ubatuba emitem 54ª edição do Boletim do Lixo do litoral Norte

Ubatuba, por Kleber Patricio

Lixo encontrado na praia Cocanha, em Caraguatatuba/SP, sendo pesado pela equipe do Instituto Argonauta. Fotos: divulgação/Instituto Argonauta.

No mês de abril deste ano, foram retirados das praias do litoral Norte de São Paulo 166,6 kg de lixo, de acordo com informações contidas na 54ª edição do Boletim do Lixo, emitida pelo Instituto Argonauta e Aquário de Ubatuba. A maior quantidade foi registrada na cidade de Caraguatatuba (96,5 kg), seguida de São Sebastião (24,3 kg), Ubatuba (23,1 kg) e Ilhabela (22,7 kg).

Ao todo, foram monitoradas 130 praias da região, sendo 56 em Ubatuba, 15 em Caraguatatuba, 31 em São Sebastião e 28 em Ilhabela. A equipe observa toda a faixa de areia, faz o registro fotográfico indicando a situação do local e classifica de acordo com a metodologia proposta, categorizando em quatro categorias: ausente, quando não há evidência de lixo; traço, predominantemente ausente, mas com a presença de alguns itens espalhados; inaceitável, amplamente distribuído com algumas acumulações de lixo, e caótico, pesadamente contaminado com várias acumulações de resíduos.

Ao longo do mês de abril, 84 praias do litoral norte (64,6%) continham alguma evidência de lixo e foram classificadas na categoria “traço”; seguido de “ausente” (33,8%) e “inaceitável” (1,5%). De acordo com a média mensal, nenhuma praia foi classificada como “caótica”.

Em Ubatuba foram realizados 1.733 registros, sendo que 95,1% foram classificados como “traço”, seguido do “ausente” (2,7%) e “inaceitável” (2,1%). Em Caraguatatuba, de 450 registros, 78,2% foram classificados como “traço”, seguido do “inaceitável” (18%), e “ausente” (3,8%). Em São Sebastião, de 930 registros, 65,4% foram classificados como “ausente”, seguido de “traço” (34,3%) e 0,3% “inaceitável”. Em Ilhabela, de 840 registros, 59,2% indicaram a categoria “ausente”, seguida de “traço” (40,8%). Situações classificadas como “caótico” não foram registradas no período.

O lixo marinho é uma preocupação do Instituto Argonauta, que desde 2016, somando esforços a outros projetos desenvolvidos pela instituição, coleta, tria (sistematicamente) e analisa diariamente os lixos que são encontrados nas praias da região do litoral norte paulista (Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião), por meio de técnicos e monitores.

Em 2018, inspirado no boletim da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) – balneabilidade das praias – e, com a necessidade de informar a toda a população quanto ao estado de contaminação por resíduos sólidos de origem antropogênica nas praias, surgiu a ideia de um boletim mensal sobre o lixo.

O resíduo mais encontrado nas praias é o plástico, correspondendo a 72% do total do lixo que é coletado, mas também são comuns bitucas e apetrechos de pesca, entre outros.  Uma das principais causas de mortalidade de animais marinhos no Litoral Norte é o plástico de origem humana, especialmente o plástico descartável.

O Aquário de Ubatuba, o Instituto Argonauta e o Projeto Tamar foram as primeiras instituições a trabalhar na problemática do lixo marinho no Brasil e na região do Litoral Norte. O Instituto Argonauta atua na região há 23 anos em parceria com o @aquariodeubatuba.oficial através da sensibilização e conscientização em relação a problemática dos resíduos sólidos no ambiente marinho.

O boletim do lixo pode ser acessado na íntegra pelo site da instituição: https://institutoargonauta.org/publicacoes/.

Sobre o Instituto Argonauta

O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba @aquariodeubatubaoficial_ e reconhecido em 2007 como Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, entre outras atividades. O Instituto Argonauta também é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Seja um Argonauta.

Venha conhecer o Museu da Vida Marinha @museudavidamarinha, na Avenida Governador Abreu Sodré, 1067 – Perequê-Açu, Ubatuba/SP, aberto diariamente.

Também é possível baixar gratuitamente o aplicativo Argonauta, disponível para os sistemas operacionais iOS (APP Store) e Android (Play Store). No aplicativo, o internauta pode informar ocorrências de animais marinhos debilitados ou mortos em sua região, bem como informar ainda problemas ambientais nas praias, para que a equipe do Argonauta encaminhe a denúncia para os órgãos competentes.

Conheça mais sobre esse trabalho em www.institutoargonauta.org, www.facebook.com/InstitutoArgonauta e Instagram: @institutoargonauta.

Sobre o Aquário de Ubatuba

É o primeiro privado do Brasil aberto à visitação do público e pioneiro no conceito de educação ambiental por meio do contato direto com animais. Destaca-se no país pelos projetos e realizações ao longo de 24 anos, completados em fevereiro do ano passado. Pioneiro em ter elasmobrânquios sob cuidados humanos, um tanque de águas vivas e um tanque de contato no Brasil. A instituição possui ainda certificado de bem-estar animal emitido pela Associação dos Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) em parceria com a Wild Welfare Worldwide e é premiada e reconhecida por iniciativas práticas de conservação e por ter sido a primeira em colocar em exercício iniciativas sustentáveis. Atende, gratuitamente, estudantes de escolas públicas da cidade mediante capacitação de professores.

O Aquário de Ubatuba é aberto todos os dias, das 10h às 22h, e contém o Selo Turismo Responsável. O endereço é Rua Guarani, 859, Itaguá, Ubatuba/SP e telefone para contato, (12) 3834-1382.

Conheça mais sobre o Aquário em: www.aquariodeubatuba.com.br,  https://www.facebook.com/aquaubatuba e Instagram: @aquariodeubatubaoficial.

(Fonte: Instituto Argonauta)

“Vista”, com Julia Lund, mostra a pulsão da vida em confronto à pulsão de morte

São Paulo, por Kleber Patricio

Cena do espetáculo Vista”, dirigido por Luiz Felipe Reis. Fotos: © Renato Mangolin.

Finalista do Prêmio Jabuti, o romance “Vista Chinesa” (2021), de Tatiana Salem Levy, ganha inédita adaptação teatral pelas mãos da Polifônica, de Luiz Felipe Reis e Julia Lund. Espetáculo multidisciplinar, que reúne cinema, música e teatro, “Vista” leva ao palco os desdobramentos de um caso de estupro ocorrido às vésperas da Olímpiada de 2016, no Rio, em plena luz do dia, em um dos principais cartões-postais da cidade. A partir deste ponto, a montagem contempla as possibilidades de regeneração sensível e humana da personagem.

A montagem do solo — que estreou em São Paulo dia 2 de junho no SESC Avenida Paulista e segue em cartaz até dia 2 de julho — gira em torno de um contundente relato, em primeira pessoa, desta experiência absurda de violência sexual e, sobretudo, do processo de metamorfose existencial vivido pela personagem após este acontecimento, com dramaturgia assinada por Luiz Felipe, Julia e por Catharina Wrede.

Em cena, Julia Lund conta a história de uma mulher que, antes de ir ao trabalho, ao fazer sua corrida matinal na Floresta da Tijuca, tem seu destino atravessado pela agressão sexual. Ela é violentada, estuprada e abandonada sozinha na mata. “É um trabalho que se abre a múltiplas dimensões e questões. A peça é construída como uma jornada de reflexão e de elaboração sobre os desdobramentos deste caso de estupro”, diz a atriz.

Atravessar o trauma

“Vista” é a perspectiva particular desta mulher de se relacionar com o trauma, elaborar suas marcas e fissuras — o que inclui processos de recordação e esquecimento, ressignificação e transformação de acontecimentos e sentidos —, mostrando que é possível atravessar esse ciclo infernal de sensações e experiências sabendo que esse ciclo de sofrimento também se transforma e torna possível, de outra forma, viver e aproveitar a vida de novo.

Viva e morta ao mesmo tempo, com a consciência de que nada será como antes, Júlia tem sua existência transfigurada. O passado é um assombro. O presente é um abismo. O futuro, desconhecido. Com as roupas rasgadas, sem telefone e descalça, ela se arrasta como pode para encontrar um caminho de volta até a estrada enquanto a luz se dissipa por entre as árvores. Horas mais tarde, após uma infernal e solitária jornada com os pés no asfalto, ela enfim chega em casa, onde o namorado e alguns familiares a esperam.

Júlia, a protagonista da obra, é uma mulher que viveu o inferno e viu, como ela mesma diz, o diabo de frente — ou pior, o diabo e o inferno invadindo o seu próprio corpo a fim de aniquilar sua vitalidade, sua autoestima e sua vontade de viver. O que vemos em cena é, de alguma forma, a resposta de Júlia ao horror. Cada cena é um fragmento da travessia que a personagem empreende não apenas a fim de sobreviver, mas a fim de afirmar a sua vontade de viver, de poder fruir e desfrutar da vida novamente.

Todo percurso dramatúrgico da obra é, então, uma troca de pele, um processo de metamorfose subjetiva, uma jornada de elaboração e de ressignificação dos acontecimentos vividos pela personagem.

Camadas de realidade e de ficção

Ao ser levado aos palcos como um solo teatral e audiovisual, “Vista” ganha novas camadas e planos de realidade e de ficção. Neste sentido, a montagem dá continuidade às investigações estéticas e temáticas da Cia. sobre a polifonia cênica, sobre a tênue linha que aproxima e dilui as fronteiras entre autobiografia e auto ficção, assim como sobre as relações entre o trágico e o trauma, a violência e a resiliência, a metamorfose, a regeneração e afirmação das pulsões de vida — todos estes elementos também foram investigados e tensionados em seus projetos anteriores, como “Estamos indo embora…”, o díptico “Amor em dois atos” (2016), “Galáxias” (2018) e o solo audiovisual “Tudo que brilha no escuro” (2020). “Vista” expõe em cena um processo em que a memória é uma capacidade humana sempre lacunar, incompleta, seletiva, mas ainda assim fundamental a todo processo de recomposição da vida.

A equipe criativa do espetáculo conta ainda com a performance musical ao vivo de Pedro Sodré, criação e manipulação de vídeo ao vivo de Isis Passos e Helô Duran, criação cinematográfica de Dani Wierman e Mari Cobra, cenografia de Dina Salem Levy, luz de Alessandro Boschini, direção de movimento de Laura Samy e figurino de Thais Delgado.

Sobre a Polifônica

Polifônica é um núcleo multidisciplinar de pesquisa e criação artística fundado pelo diretor e dramaturgo Luiz Felipe Reis e pela atriz Julia Lund no Rio de Janeiro. Com foco em teatro e em experiências performativas, desenvolve desde 2014 uma pesquisa estética e temática acerca das noções de “Polifonia Cênica” e de “Contra-cenas ao Antropoceno”, articulando o teatro e outras formas de arte, com o objetivo de construir experiências imersivas capazes de gerar reflexão e sensibilização para a crise ambiental e civilizacional que a humanidade produz e enfrenta nesta era do AntropoCapitaloceno. A Polifônica foi indicada ao Prêmio Shell 2015 na categoria Inovação, com “Estamos indo embora…”, pela “multiplicidade de linguagens artísticas adotadas para abordar a ação do homem nas transformações climáticas”. Em 2016, a Cia. recebeu indicações e conquistou prêmios (APTR e Cesgranrio) com “Amor em dois atos”, criada a partir da obra do dramaturgo francês Pascal Rambert. Em 2018, apresentou “Galáxias”, com textos de Luiz Felipe Reis e do argentino J. P. Zooey, e em 2020 criou o solo teatral e audiovisual “Tudo que brilha no escuro”, indicado ao Prêmio APTR 2020 de melhor Espetáculo Inédito Ao Vivo. Além do espetáculo “Vista”, para 2023 a Polifônica prepara a estreia de “2666”, adaptação inédita na América Latina para a obra de Roberto Bolaño, e para 2024 planeja a estreia de “Awei!”, a partir da obra “Banzeiro òkòtó”, de Eliane Brum.

Ficha técnica

Atuação: Julia Lund

Direção, concepção geral + câmera ao vivo: Luiz Felipe Reis

A partir da obra “Vista Chinesa”, de Tatiana Salem Levy

Adaptação dramatúrgica: Luiz Felipe Reis, Julia Lund e Catharina Wrede

Trilha sonora original e Performance musical ao vivo: Pedro Sodré

Pesquisa musical e sonora: Luiz Felipe Reis e Pedro Sodré

Direção de tecnologia, criação + efeitos em vídeos e operação de vídeo: Isis Passos

(Miwí)

Cenário: Dina Salem Levy

Assistente de cenografia: Tuca Benvenutti

Luz: Alessandro Boschini

Figurino: Thais Delgado

Criação e produção de vídeos, direção de fotografia e montagem: Dani Wierman e Mari Cobra com Felipe Ovelha (operação de câmera em vídeo)

Direção de movimento: Laura Samy

Interlocução artística: Fernanda Bond

Confecção de máscara: Alexandre Guimarães

Fotografia de cena: Renato Mangolin

Cinematografia: Chamon Audiovisual

Design gráfico: Clarisse Sá Earp (umastudio)

Fotografia estúdio: Renato Pagliacci

Make: Sabrina Sanm

Mídias Sociais: Luli Fru

Assessoria de comunicação: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes

Direção de produção: Gabriela Gonçalves, Ludmilla Picosque e Rodrigo Fidelis (Corpo Rastreado)

Idealização e coprodução: Cia Polifônica

Participação em off das atrizes Carolina Virguez, Camila Lucciolla, Cris Larin, Fernanda Nobre, Helena Varvaki, Lisa Eiras e Valentina Herszage a partir de trechos das obras “Abuso”, de Ana Paula Araújo, e “A vida nunca mais será a mesma”, de Adriana Negreiros.

Serviço:

Teatro | Vista, com Polifônica

Quando: de 2 de junho a 2 de julho de 2023 – quinta, sexta e sábado, às 20h; domingo, às 18h.

Sessão extra no dia 28 de junho, quarta, às 20h

Classificação etária: 16 anos

Onde: Arte II – 13° andar

Duração: 80 minutos

Capacidade: 50 lugares

Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$10,00 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no SESC e dependentes). Venda a partir de 23/5, às 12h, pelo Portal SESC SP e nas bilheterias das unidades do SESC SP a partir de 24/5. Limitado a 2 ingressos por pessoa.

SESC Avenida Paulista

Avenida Paulista, 119, São Paulo (SP)

Fone: (11) 3170-0800

Transporte Público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m

Horário de funcionamento da unidade:

Terça a sexta, das 10h às 21h30; aábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

Horário de funcionamento da bilheteria: terça a sexta, das 10h às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

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(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)

Simões de Assis apresenta exposição inédita de Ione Saldanha e Etel Adnan em casa modernista de São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Obra de Ione Saldanha em exposição na Simões de Assis. Fotos: divulgação.

Ione Saldanha (Alegrete, 1919–Rio de Janeiro, 2001) e Etel Adnan (Beirute, 1925–Paris, 2021) foram duas artistas de trajetórias e nacionalidades diferentes que, apesar de nunca terem se encontrado em vida, constroem um diálogo formal em suas obras, dado que ambas se embrenharam pelo campo construtivo e abstrato da investigação visual. Essa aproximação entre suas pesquisas será apresentada na exposição inédita que a Simões de Assis apresenta, a partir de 30 de maio, na Casa Gerassi, no Alto de Pinheiros, em São Paulo.

Com curadoria de Luiz Camillo Osório, a seleção de pinturas que compõe a mostra “Ione Saldanha & Etel Adnan” coloca em evidência o interesse das artistas pela cor, pelo desenvolvimento de uma abstração intuitiva, de uma atenção ao ambiente e à busca de composições singulares. Além disso, a mostra é, ainda, um convite a uma imersão no modernismo, dado seu espaço de apresentação: a Casa Gerassi, projetada em 1991 pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e que será o endereço temporário da Simões de Assis pelos próximos meses.

Ione Saldanha.

“Nesta exposição, que ensaia um primeiro diálogo entre estas duas artistas, temos ainda a articulação de suas obras com a arquitetura brutalista e oxigenada de Paulo Mendes da Rocha. Volumes abertos integram a forma construída com o entorno natural, diálogo este muito caro a estas duas artistas que cresceram e viveram perto do mar, das montanhas e da luz natural. Quiçá seja a procura pelas variadas formas de deixar a luz penetrar no espaço, seja pictórico, seja arquitetônico, o que reúne esta casa e estas obras”, comenta Luiz Camillo Osório.

A galeria está desenvolvendo um trabalho contínuo para estabelecer novos diálogos e elaborar perspectivas alternativas sobre a história da arte brasileira e latino-americana, enquanto sincronicamente também percorre produções internacionais. O programa da Simões de Assis está voltado à apresentação de artistas consagrados no Brasil, bem como recuperar as produções a partir de diálogos transgeracionais, trans históricos e transnacionais, que permitem enriquecer e subverter as narrativas hegemônicas da história da arte adicionando camadas de novas perspectivas. E é nesse campo de conhecimento que surge a exposição “Ione Saldanha & Etel Adnan”.

O encontro entre Adnan e Saldanha

Segundo Osório afirma no texto que acompanha a exposição, tanto Etel Adnan quanto Ione Saldanha trabalharam à margem dos movimentos de vanguarda sem deixarem jamais de experimentar com as linguagens visuais. “No caso de Adnan, o trabalho com a poesia e com a escrita caminhou paralelamente à produção pictórica. Seus Leporellos desdobram e integram escrita e pintura, concebendo em páginas sanfonadas articuladas no espaço uma caligrafia cromática singular. Ione foi densificando a matéria cromática sobre a tela até saltar para o espaço nas ripas, bobinas e bambus. Ambas viveram até o limite em uma zona de transição entre uma sensibilidade moderna que fazia da pintura um exercício de depuração da forma visual e uma urgência contemporânea que afirmava o trânsito entre linguagens, suportes e materialidades poéticas”, diz o curador.

Etel Adnan, “Grenades”, 2020, Simões de Assis.

Poeta, ensaísta e pintora nascida no Líbano, Adnan era filha de mãe grega e de pai otomano, um oficial de alta patente nascido em Damasco. Foi educada em escolas francesas no Líbano e falava tanto grego como árabe com seus pais. Sua obra literária teve forte influência do poeta Arthur Rimbaud e sua poesia incorporou imagens surrealistas e metáforas com experimentação formal baseadas na linguagem. Devido aos seus sentimentos em relação à guerra de independência argelina, Etel Adnan começou a resistir às implicações políticas da escrita em francês e mudou o foco da sua expressão criativa para as artes visuais, especificamente para a pintura.

Adnan chegou à pintura a partir da escrita, da poesia, após ter estudado filosofia. Ela costumava dizer que a escrita vinha em linhas sucessivas, enquanto a pintura vinha de uma só vez, como um raio.  Ensinando estética na Califórnia, Etel foi incentivada a pintar pela colega professora Ann O’Hanlon e seus primeiros experimentos começaram com pastel, esfregando os palitos perpendicularmente no papel e criando áreas geométricas de cor que informaram seu estilo de pintura durante toda a sua carreira.

Durante sua estadia na Califórnia, Adnan começou a concentrar-se na paisagem à sua volta, em particular no Monte Tamalpais, que era visível das janelas de sua residência. Em consonância, a relação de Cézanne com o Monte Sainte-Victorie, a montanha tornou-se uma referência imutável que ela pintou incessantemente, tentando capturar os seus estados de espírito e dinâmica em diferentes momentos do dia sob diferentes estações do ano. O céu e o horizonte são representados como massas quadradas ou triangulares, formas piramidais em cores espessas e não diluídas. Formas circulares flutuantes feitas em amarelo, laranja ou verde e faixas de cor pura sugerem sol, mar ou areia e recordam as sombras e a luz da sua infância em Beirute ou as paisagens da Califórnia.

Saldanha, por outro lado, começou a pintar enquanto frequentava o ateliê do artista Pedro Luiz Correia Araújo, antes de se mudar para Paris e, então, frequentar a Académie Julian – onde muitos artistas acadêmicos e modernos do Brasil se formaram. Seus primeiros trabalhos já revelavam seu interesse pela geometria, pois as composições eram muitas vezes marcadas por uma representação estilizada de cenas e arquitetura comuns.

Etel Adnan, Sem título, 2020, Simões de Assis.

Ione desenvolveu um trabalho intuitivo, onde explorava diversos suportes como tela, papel, ripas de madeira, bambus, bobinas e, por fim, tocos de madeira empilhados. Com quase seis décadas de produção, sua obra foi marcada por rigor e coerência, com cada série de trabalho desdobrando-se rumo à próxima – partindo das pinturas figurativas iniciais dos anos 1940 aos trabalhos abstratos dos anos 1950, chegando às pinturas em suportes tridimensionais a partir do final dos anos 1960.

Como notaram diversos críticos, a verticalidade foi constante em sua produção e ela promoveu uma síntese abstrata de elementos arquitetônicos e urbanísticos populares.  Na década de 1950, Saldanha pintou principalmente paisagens urbanas, mas no lugar da temporalidade veloz e do constante ruído das grandes cidades modernas, a artista optou por retratar as fachadas silenciosas das históricas Ouro Preto e Salvador, criando a imagem de um passado pré-moderno. Na década de 1960, em uma ousadia experimental, a artista deu um salto rumo à abstração. A paisagem urbana foi sendo desconstruída antes do “derretimento” das cidades na tela, em um movimento de dissipação dos elementos geométricos sobre a superfície planar.

Segundo o curador, existe na obra de Saldanha um deslocamento do sentido hegemônico em que a geometria assume seu sentido mais puro, uma medida da terra – logo, uma medida da vida. Por fim, sua obra estendeu-se para o espaço. Saldanha instaurou uma pintura em campo ampliado que, ao saltar para fora da tela, ganhou espaço real e autonomia. Nas palavras da artista, “eu quis sair da parede, do limite da parede. E quis sair fora, quase que como uma espécie de liberdade maior”. Na série Bambus, exibida na mostra, produziu esculturas antropomórficas que evocam a cultura brasileira popular e que aprofundam sua pesquisa cromática. Em outra série importante, Ripas, a artista desenvolveu um laboratório fragmentado e colorido em que tiras de madeira com tamanhos variados ficavam encostadas na parede, uma relação que jogava com a arquitetura do espaço.

Sobre as artistas

Ione Saldanha (Alegrete, 1919–Rio de Janeiro, 2001), pintora e escultora nascida no Rio Grande do Sul, iniciou seus estudos no ateliê de Pedro Araújo, no Rio de Janeiro, em 1948. Viajou para a Europa em 1951, estudando a técnica de afresco em Paris (na Academie Julian) e em Florença. A artista teve sua carreira amplamente reconhecida, recebendo em 1969 o prêmio de viagem ao exterior no 7º Resumo de Arte do Jornal do Brasil. Participou de mais de dez edições da Bienal Internacional de São Paulo, além de outras exposições coletivas como o “Panorama de Arte Atual Brasileira” no MAM São Paulo (1969, 1970 e 1975); “10ª Quadriennale di Roma” (1977); “2ª Bienal de Arte Coltejer”, Medellín (1970); “8º Salão Nacional de Artes Plásticas”, MAM Rio (1985); “Brasil/60 anos de arte moderna”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1982); “Forma/Suporte”, MAC Niterói (2003) e “Genealogias do contemporâneo”, MAM Rio (2010). Entre exposições individuais destacam-se “Bobinas”, MAM Rio (1971); “Ione Saldanha”, Instituto de Arquitetos do Brasil, Rio de Janeiro (1981); “Ione Saldanha”, Paço Imperial, Rio de Janeiro (1996); “Ione Saldanha: o tempo e a cor”, MAM Rio/MON/Fundação Iberê Camargo (2012) e “Ione Saldanha: a cidade inventada”, MASP (2021). Possui trabalhos em coleções importantes como MASP, MAC-USP e MAM São Paulo.

Etel Adnan (Beirute, 1925–Paris, 2021) foi uma poeta, ensaísta e pintora nascida no Líbano. Estudou filosofia na Sorbonne, na Universidade da Califórnia em Berkeley e na Universidade de Harvard. De 1958 a 1972, ensinou filosofia no Colégio Dominicano de San Rafael, na Califórnia. Adnan realizou exposições individuais em instituições ao redor do mundo, incluindo o Museu Solomon R. Guggenheim, Nova Iorque (2022); o Pera Art Museum, Istambul (2021); Aspen Art Museum, Colorado (2020); MUDAM, Luxemburgo (2019); San Francisco Museum of Modern Art (2018); Zentrum Paul Klee, Berna (2018) e Institut du Monde Arabe, Paris (2016). Seu trabalho foi apresentado em diversas exposições internacionais coletivas, como a Bienal Sharjah, EAU (2015); Bienal Whitney, Nova Iorque (2014) e Documenta 13, Kassel (2013).

Sobre a Casa Gerassi

Ione Saldanha.

Projetada em 1988–90 pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha para o engenheiro Antônio Gerassi e sua família, a Casa Gerassi está situada na região oeste de São Paulo, no Alto de Pinheiros, em uma área construída de 420 m² e em um terreno de 700 m². É uma casa inteira suspensa com peças pré-fabricadas de concreto armado – que não são usualmente utilizadas em habitações residenciais, mas sim, em shoppings e estádios, por exemplo.

Durante a construção da casa, vizinhos fizeram um movimento para recordar a construtora de que se tratava de um bairro residencial, devidamente pela confusão dos materiais utilizados e pela estrutura pré-fabricada, pois entenderam que não poderia ser uma casa familiar.

Sua estrutura é toda vertical, com nível térreo livre e uma grande área de lazer, resultando em uma casa em formato retangular com aproximadamente 15 por 14 metros, sendo que em cada viga há um pilar. Os ambientes são iluminados, ventilados e se contrapõem ao bairro ao redor que apresenta todas as casas fechadas com altos muros de segurança. Assim, a Casa Gerassi é visualmente aberta, mas também muito segura, haja vista que de todos os ambientes se pode ver ao redor.

No centro da casa há uma claraboia quadrada e seu respectivo ralo embaixo, um gradil horizontal que fica no meio da sala de estar, contornada por ladrilhos que compõem o piso. Um aspecto curioso é que não existem corredores – os três dormitórios (suítes) dão diretamente ao salão principal. Outro aspecto intrigante do projeto é a escada, que é o centro de todo um espaço suspendido da recepção da casa e do jardim. Ainda nos dias atuais, a Casa Gerassi impressiona pelo projeto inovador, impactante visualmente e que contribui para a arquitetura da cidade de São Paulo.

Sobre a Simões de Assis

Em 1984, Waldir Simões de Assis Filho, fundou a Simões de Assis em Curitiba (Paraná, Brasil), com o desejo de movimentar e descentralizar a produção e a circulação da arte. Desde a sua abertura, a Simões de Assis dirige o seu olhar para a arte moderna e contemporânea, especialmente para a produção latino-americana. Ao longo de décadas de trabalho, a galeria se especializou na preservação e difusão do espólio de importantes artistas, como Carmelo Arden Quin, Cícero Dias, Miguel Bakun e Niobe Xandó, contando com a parceria de famílias e fundações responsáveis.

A arte é também aquilo que se produz a partir de tantos encontros e do contato estreito com pesquisadores e curadores. A Simões de Assis conseguiu a articulação necessária para difundir e representar seus artistas no Brasil e no exterior.

Ao lado da Simões de Assis, em 2011, inaugura a SIM Galeria, dedicada à arte contemporânea, fundada pela segunda geração da família, Guilherme e Laura Simões de Assis. Com o intuito de criar um programa que contemplasse a produção atual, a SIM se dedica a expor artistas que iniciaram suas práticas a partir da década de 80.

Em 2018, as galerias inauguraram um espaço em São Paulo, com o objetivo de somar forças para afirmar o trabalho de produção artística e intelectual, estimulando trocas e debates, além do fomento de carreira de seus artistas.

Depois de quase 10 anos em profundo diálogo, a SIM e a Simões de Assis abrem uma conversa uníssona para ser ainda mais potente, e em 2020, unem seus programas. Em 2022, a Simões de Assis inaugurou um terceiro espaço expositivo, desta vez em Balneário Camboriú, ampliando o alcance do mercado de arte no Brasil.

Entendendo que a arte é o contato entre aquilo que foi, é e será, sendo capaz de atravessar todos os tempos, a Simões de Assis, agora dirigida pelas duas gerações da família, propõe a revisão constante da produção artística do passado a partir de reflexões contemporâneas, promovendo a interação entre artistas de diferentes gerações.

A arte é um grande processo de reinvenção, acumulação e espelhamento e a Simões de Assis de 1984, hoje segue afirmando o seu comprometimento em ajudar a preservar a memória e assim, escrever novas possibilidades futuras.

Serviço:

“Ione Saldanha & Etel Adnan”

Curadoria: Luiz Camillo Osório

Período expositivo: 30 de maio a 23 de julho de 2023

Local: Casa Gerassi | Rua Dr. Carlos Norberto de Souza Aranha, 409,  Alto de Pinheiros – São Paulo (SP)

Visitação mediante agendamento prévio: terça a sexta | das 10h às 19h , sábado | das 10h às 18h

https://www.simoesdeassis.com/.

(Fonte: Marrese Assessoria)

Artur Lescher abre exposição individual no Instituto Artium com obras inéditas

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Flavio Freire.

No ultimo dia 31 de maio o Instituto Artium de Cultura abriu a exposição individual de Artur Lescher (São Paulo, Brasil, 1962), um dos artistas de maior destaque no cenário da arte contemporânea brasileira. Composta por cinco obras de grandes formatos, a mostra traz duas obras ainda inéditas ao público concebidas especialmente para a exposição. A exposição fica aberta até o dia 23 de julho e a entrada é franca.

Conhecido por suas impecáveis esculturas pendulares, este recorte da produção do artista foi concebido em diálogo com a arquitetura do Palacete Stahl – construído em 1920 para abrigar o consulado da Coroa Sueca, mais tarde utilizado pelo Império do Japão e agora sede do Instituto Artium, uma entidade cultural sem fins lucrativos.

Nesta mostra, Lescher busca colocar em diálogo a função original do edifício com a sua função contemporânea, que é a de espaço cultural, voltado para projetos de artes visuais. Para isso, apresenta trabalhos que dialogam diretamente com o entorno em que estão inseridos. Com esta relação entre os trabalhos e o espaço construído há mais de cem anos, o artista nos questiona: o que pode aparecer desse atrito e confronto de ideias e ficções extemporâneas?

Os destaques da montagem são as obras pendulares no salão principal, onde será criada uma grande instalação de obras inéditas que conversam com trabalhos anteriores. Completando a ocupação do Palacete, a obra “Elipse Piracaia” (2016), uma escultura de 3,50 metros, será instalada na área externa do Instituto Artium.

Há mais de trinta anos o paulistano Artur Lescher apresenta um sólido trabalho, resultado de uma pesquisa em torno da articulação entre matéria, forma e pensamento. São trabalhos que excedem o caráter de escultura e cruzam as linguagens da instalação e do objeto, a fim de modificar a compreensão destas e do espaço no qual se inserem. Ao mesmo tempo em que sua prática está atrelada a processos industriais, sua produção não tem como único fim a forma.

Fortemente ligada aos processos industriais e alcançando extremo refinamento e rigor na mecânica das formas, a produção de Lescher vai além de uma investigação puramente formal. Autointitulado um construtor, ele é reconhecido pelo emprego de materiais como madeira e metais, tais como ferro, alumínio e cobre, que são trabalhados utilizando métodos semi-industriais desenvolvidos a partir de uma gramática de formas para analisar as conexões entre a matéria, a obra e o espaço que ela habita.

Sobre o Instituto Artium

O Instituto Artium ocupa um palacete centenário na Rua Piauí, no bairro Higienópolis, tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) e reconhecido como patrimônio histórico. Construído para ser a residência do primeiro cônsul da Suécia em São Paulo, em 1921, o casarão passou por duas das grandes famílias paulistas de barões do café e foi propriedade do Império do Japão por 67 anos (de 1940 a 2007). A residência foi fechada durante a Segunda Guerra Mundial e, em 1970, como testemunho da história do Brasil de então, o cônsul-geral do Japão foi sequestrado quando chegava ao local.

Degradado desde 1980, o espaço foi assumido pelo Instituto Artium em 2019, passou por um minucioso trabalho de restauro, revitalizando jardins e recuperando elementos ornamentais e decorativos da arquitetura da época de sua construção. A entidade cultural sem fins lucrativos cumpre atualmente um plano de atividades que reúne projetos nas áreas da preservação de patrimônio imaterial, preservação de patrimônio material, artes visuais e artes cênicas.

Ficha técnica Instituto Artium

Presidente: Carlos A. Cavalcanti

Diretor Geral: Vinícius Munhoz

Diretoras de Artes Visuais: Graziela Martine e Patrícia Amorim de Souza

Coordenação de Projetos: Victor Delboni

Instituto Artium

Endereço: Rua Piauí, 874 – Higienópolis, São Paulo – SP

Período expositivo: 31 de maio a 23 de julho de 2023

Horário de funcionamento: quarta a sexta de 12h às 18h; sábados e domingos, das 10h às 18h; segundas e terças, fechado.

Entrada gratuita.

(Fonte: Agência Prioriza)