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MASP apresenta mostra coletiva “Histórias Indígenas”

São Paulo, por Kleber Patricio

Duhigó, Nepu Arquepu [Rede Macaco], 2019, acervo MASP, doação Fábio Ulhoa Coelho e Mônica Andrigo Moreira de Ulhoa Coelho, 2021.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta de 20 de outubro de 2023 a 25 de fevereiro de 2024, em colaboração com o Kode Bergen Art Museum, a mostra coletiva Histórias indígenas, que ocupa as galerias do 1º andar e 2º subsolo do museu. Em seguida, a mostra viaja para o Kode, em Bergen, Noruega, e fica em cartaz na instituição de 26 de abril a 25 de agosto de 2024.

A exposição coletiva apresenta, por meio da arte e das culturas visuais, diferentes perspectivas das histórias indígenas da América do Sul, América do Norte, Oceania e Escandinávia e tem curadoria de Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, curadores-adjuntos de arte indígena, MASP, e dos curadores internacionais convidados Abraham Cruzvillegas (Cidade do México); Alexandra Kahsenni:io Nahwegahbow, Jocelyn Piirainen, Michelle LaVallee e Wahsontiio Cross (National Gallery of Canada, Ottawa); Bruce Johnson-McLean (National Gallery of Australia, Camberra); Irene Snarby (Kode /Tromsø, Noruega); Nigel Borell (Auckland, Nova Zelândia) e Sandra Gamarra (Lima, Peru), além da coordenação curatorial de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP. Histórias indígenas tem patrocínio master do Nubank, apoio da Sotheby’s e do Norwegian Consulate, apoio cultural da National Gallery of Australia; National Gallery of Canada, Musée des beaux-arts du Canada; Canada Council for the Arts; Creative New Zealand – Arts Council of New Zealand Toi Aotearoa e INBAL e coorganização do Kode.

Dando continuidade às exposições dedicadas às Histórias no MASP, que acontecem desde 2016 – com Histórias da infância (2016), Histórias da sexualidade (2017), Histórias afro-atlânticas (2018), Histórias das mulheres, histórias feministas (2019), Histórias da dança (2020), e Histórias brasileiras (2021-2022) – a mostra Histórias indígenas oferece novas narrativas visuais, mais inclusivas, diversas e plurais, refletindo a própria abordagem da série, que traz uma diversidade de vozes não somente no corpo de artistas e de obras, como também em sua estrutura curatorial.

A mostra traz diferentes perspectivas sobre as histórias indígenas de regiões da América do Sul, América do Norte, Oceania e Escandinávia, com a curadoria de artistas e pesquisadores indígenas ou de ascendência indígena, reunindo cerca de 285 obras de várias mídias e tipologias, origens e épocas – que vão desde o período anterior à colonização europeia até o presente – de aproximadamente 170 artistas.

A coletiva compreende oito núcleos: sete dedicados a diferentes regiões do mundo, sendo eles, Relações que nutrem: família, comunidade e terra (Canadá); A construção do “eu” (México); Histórias de pintura no deserto (Austrália); Pachakuti: o mundo de cabeça para baixo (Peru); Rompendo a representação (Maori, Nova Zelândia); Tempo não tempo (Brasil); Várveš: escondidos do dia (Sami, Noruega); e um núcleo temático organizado por todos os curadores da mostra intitulado Ativismos.

Para compreender a exposição, é importante levar em conta o significado particular do termo “história”, que abrange tanto a ficção quanto a não ficção, relatos históricos e pessoais, de natureza pública e privada, em nível micro ou macro, possuindo, assim, um caráter mais polifônico, especulativo, aberto, incompleto, processual e fragmentado do que a noção tradicional de História. Em norueguês, o termo partilha um duplo significado semelhante, significando tanto uma interpretação do passado como uma narrativa pessoal. Apesar de seu alcance internacional e de sua amplitude temporal, o projeto não assume uma abordagem totalizante nem enciclopédica – pelo contrário, o objetivo da mostra é fornecer um corte transversal dessas histórias em uma seleção concisa e relevante para que esse recorte possa ser justaposto com outros de diferentes partes do mundo.

A grande coletiva inicia-se no 1° andar com o núcleo Ativismos, que tem curadoria do conjunto de curadores envolvidos na mostra e reúne trabalhos de diferentes movimentos sociais indígenas em formatos variados, como bandeiras, fotografias, vídeos, pinturas e pôsteres. “O núcleo pretende mostrar várias formas de luta e nos faz um convite para sairmos do estado de dormência em que, por vezes, nos encontramos. Se o corpo é território de colonizações, também pode ser território de descolonizações, principalmente na medida em que é acionado artisticamente como potência política subversiva”, afirmam Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá. A exemplo dessa ressignificação, está a fotografia Retomando o poder|Movimento Nacional dos Povos Indígenas, de Edgar Corrêa Kanaykõ, que retrata a mobilização geral dos povos indígenas brasileiros no evento anual Acampamento Terra Livre (ATL), demonstrando as atuais conquistas de grupos indígenas em espaços de poder e de tomada de decisão.

Os laços familiares e comunitários são ressaltados no núcleo Relações que nutrem: família, comunidade e terra, com curadoria de Alexandra Kahsenni:io Nahwegahbow, Jocelyn Piirainen, Michelle LaVallee e Wahsontiio Cross. As cosmovisões indígenas são construídas em torno de uma constelação de relações entre gerações, culturas e territórios. O senso de comunidade dos espaços compartilhados no cotidiano é observado na obra The Visit [A visita] (1987), de Jim Logan, em que uma experiência costumeira no local onde a comunidade passa o tempo reunida de forma simples e amorosa se transforma em um evento extraordinário. Já o cuidado com a terra, constantemente nutrido e sentido de forma profunda, está presente no trabalho de Melissa General. Na obra Nitewaké:non [O lugar de onde vim] (2015), a artista apresenta uma paisagem verde que contrasta com o vermelho profundo da roupa de uma mulher, que deixa rastros de seus movimentos pelo chão da floresta. Por se tratar de um autorretrato, o trabalho afirma, de maneira poderosa, a presença indígena e a reconexão da artista com seu território das Seis Nações do Grande Rio.

A questão da identidade como um conceito plural, instável e contraditório do “eu” é o tema do núcleo A construção do “eu”. Com curadoria do artista visual Abraham Cruzvillegas, os trabalhos reunidos nessa seção questionam a construção de representações mexicanas sem uma organização linear ou cronológica. Para ilustrar as diferentes formas de representação, contrapõem-se as obras Casamiento de indios [Casamento de índios] (circa 1931), de Alfredo Ramos Martínez (1871–1946), que sintetiza a representação padrão dos povos indígenas, e Autorretrato 61 (2007), de Francisco Toledo, com uma série de polaroids de si fazendo gestos e criando um “eu” múltiplo e instável. Para Cruzvillegas, “um ‘eu’ coletivo, que inclui todos os mundos possíveis, é essencial para uma mudança na compreensão e na construção da comunidade, da arte, da natureza e, finalmente, do universo, em paralelo ao mundo ocidental hegemônico. Por outro lado, um único corpo também pode representar uma infinidade de diversidade e identidades e valores simultâneos contraditórios”.

No núcleo Histórias de pintura no deserto, o curador Bruce Johnson-McLean coloca em debate a grande diversidade de tradições culturais, experiências e expressões artísticas resultantes da arte aborígene na Austrália atualmente. Artistas como Yala Yala Gibbs Tjungurrayi (circa 1928–1998) e Clifford Possum Tjapaltjarri (1932–2002) começaram a produzir obras de importância nacional e internacional, atraindo cada vez mais atenção e reconhecimento para o movimento da pintura nas décadas de 1980 e 1990. Quando essas obras passaram a circular pelo circuito de arte mais amplo, a popularidade da pintura de “pontos” cresceu rapidamente. Em poucos anos, esse estilo artístico tornou-se sinônimo do povo e da cultura aborígenes e uma parte icônica do vernáculo cultural australiano.

A coletiva continua no 2° subsolo do MASP com Pachakuti: o mundo de cabeça para baixo, núcleo com curadoria da artista peruana Sandra Gamarra. A curadora se inspira na crônica Nueva Crónica y Buen Gobierno [Nova crônica e bom governo], de Guamán Poma de Ayala (1534–1615), para a seleção das obras. Na crônica, um indígena escreve uma carta direcionada ao governo espanhol com o objetivo de questionar o sistema colonial, que havia virado o mundo dos habitantes dos Andes de cabeça para baixo. “Esse mundo virado do avesso, essa insubordinação geral das ordens, é o que os povos originários destas terras chamam de pachakuti: uma subversão da ordem das coisas, do binômio espaço-tempo. Desde então, o indígena tem vivido equilibrando-se permanentemente entre esses dois mundos: o seu — que sobrevive graças aos seus conhecimentos ancestrais — e o outro, do qual o seu depende e que sempre lhe dá as costas”, pontua Sandra Gamarra. Destaca-se a obra Homenaje a los mártires de la batalla de Azapampa 1820 [Homenagem aos mártires da batalha de Azapampa 1820] (2021), de Antonio Paucar, que reconhece a participação na guerra e confere às trezentas figuras que a compõem traços que as caracterizam como retratos individuais.

Rompendo a representação reúne obras de artistas maori, nativos da Nova Zelândia, que abordam a importância da arte, das pessoas, da terra e da autoridade. De acordo com o curador e artista maori Nigel Borell, “os artistas estão conectados pelo senso de arte maori (whakapapa) — que perdurou apesar da ruptura causada pelo domínio colonialista — e se referem coletiva e estrategicamente ao impacto da colonização, enquanto recuperam as formas maoris de centralizar a prática artística para fortalecer sua visão de mundo, reformulando ideias de representação no processo”. O artista Sandy Adsett exemplifica esta visão com a Série Koiri (1981), que trouxe novas interpretações à pintura maori (Kōwhaiwhai), introduzindo diferentes cores e designs a uma arte que estava padronizada desde a colonização britânica.

Para os povos originários, o mundo é composto da atemporalidade que atravessa toda a criação da humanidade. O núcleo Tempo não tempo convida o espectador a uma jornada de descobertas de outros olhares culturais sobre a temporalidade, revelando expressões e relações diversas com o espaço, na preservação da existência pautada em ciclos da natureza, que dialogam com o visível e o invisível. Com curadoria de Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, curadores-adjuntos de arte indígena, MASP, o núcleo é dividido nas subseções Mitos e ancestralidade, Grafismos, Autorrepresentações e Vida cotidiana. “O intuito é refletir sobre as histórias da criação, das mulheres, dos homens, dos velhos, das crianças, das encantarias, dos ritos, da espiritualidade, do cotidiano, da educação e da contemporaneidade do agora, que não abandona as raízes da tradição e é correnteza de passado e presente”, refletem os curadores. Cabe destacar a obra Nepu Arquepu [Rede macaco] (2021), de Duhigó, que retrata um ritual de nascimento de um bebê do povo Tukano enfocando o universo feminino do parto e o descanso da mãe na rede macaco, eternizando, assim, uma marca cultural.

Já o núcleo Várveš: escondidos do dia, composto por trabalhos de artistas indígenas sami, localizados na Escandinávia, traz o conceito da palavra várveš, que significa um estado de espírito ou a capacidade de perceber algo antes que os outros percebam, conferindo às obras uma característica de prenúncio. Com curadoria de Irene Snarby, Kode, as obras representam o relacionamento forte e íntimo dos sami com a natureza e a terra, muitas vezes manifestado através do duodji – um termo que engloba a cosmovisão, a espiritualidade, o conhecimento, as concepções de natureza, a criatividade e a criação de objetos que refletem a vida dos sami. A instalação de franjas de Čiske-Jovsset Biret Hánsa Outi [Outi Pieski], Crossing Paths [Caminhos cruzados] (2014), traz a visão do artista sobre a tradição duodji, que se baseia em um estilo de vida nômade e na herança espiritual encontrada na natureza, que se revela especialmente no caminhar, uma maneira prática de entrar no mesmo ritmo que outras criaturas da natureza.

Para celebrar a abertura dessa grande exposição internacional, no dia 21 de outubro, a partir das 10h, o MASP organiza um grande seminário internacional com a participação de curadores e artistas que integram Histórias indígenas. As mesas de debate, que marcam o quinto seminário sobre o tema organizado pelo MASP (2017, 2019, 2020, 2021), ocorrerão durante todo o dia no grande auditório do Museu e serão gratuitas e abertas ao público.

Durante a mostra, a programação inclui ainda os encontros on-line e presencial com os temas Direitos e cosmopolíticas e Aldear o mundo, voltados para a formação de educadores e interessados.

Confira a programação completa que acompanha a mostra:

ENCONTROS DO MASP PROFESSORES

16.9 | Direitos e cosmopolíticas (on-line)

25.11 | Aldear o mundo (presencial)

ACESSIBILIDADE

Em diálogo com a missão do MASP de ser um museu diverso, inclusivo e plural, a mostra é acompanhada de recursos de acessibilidade. São eles: um caderno de textos e legendas com fonte ampliada e dez faixas de conteúdo audiovisual acessível, em desenho universal – audiodescrição, interpretação em libras e legendagem. O conteúdo pode ser acessado através de QR Code, incluindo duas faixas introdutórias também disponíveis na exposição, em tela e fone de ouvido fixados ao lado dos textos de parede.

PUBLICAÇÕES

Por ocasião da mostra, duas publicações serão editadas pelo MASP: um catálogo publicado em edições separadas em português e inglês, reproduzindo as obras da mostra, e ensaios escritos por Abraham Cruzvillegas, Adriano Pedrosa, Alexandra Kahsenni:io Nahwegahbow, Bruce Johnson-McLean, Edson Kayapó, Kássia Borges e Renata Tupinambá, Irene Snarby e Susanne Hætta, Jocelyn Piirainen, Sandra Gamarra e Wahsontiio Cross.

Também será lançada uma antologia, em edições separadas em português e inglês, com textos de diferentes autores, não se restringindo a textos acadêmicos ou a fontes centradas nos grandes acontecimentos da História, a fim de construir um panorama mais diverso, inclusivo e plural. As publicações da série dedicada às Histórias propõem despertar discussões e dúvidas que poderão, elas mesmas, ser reconsideradas, revistas e reescritas futuramente.

Serviço:

Histórias Indígenas

Curadores: Abraham Cruzvillegas (Cidade do México); Alexandra Kahsenni:io Nahwegahbow, Jocelyn Piirainen, Michelle LaVallee e Wahsontiio Cross (National Gallery of Canada, Ottawa); Bruce Johnson-McLean (National Gallery of Australia, Camberra), Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, curadores-adjuntos de arte indígena, MASP; Irene Snarby (Kode Bergen Art Museum/ Tromsø, Norway); Nigel Borell (Auckland, Nova Zelândia) e Sandra Gamarra (Lima, Peru)

Coordenação curatorial: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP

20/10/2023 — 25/2/2024

MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – São Paulo, SP

Telefone: (11) 3149-5959

Horários: terça grátis – terça, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas

Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br

Ingressos: R$60 (entrada); R$30 (meia-entrada)

Site | Facebook | Instagram.

(Fonte: MASP)

Casa Gabriel inaugura a exposição coletiva “Entre”, com curadoria de Carollina Lauriano

São Paulo, por Kleber Patricio

Crédito da foto: Silvana Garzaro.

A Casa Gabriel Espaço de Arte realizou no dia 3 de outubro a abertura da exposição coletiva intitulada “Entre”, com curadoria da pesquisadora e curadora com atuação na curadoria-adjunta da 13ª Bienal do Mercosul Carollina Lauriano. A mostra conta com a participação de nove artistas, incluindo a fotógrafa Renata Vale, fundadora da Casa Gabriel. O evento recebeu a curadora e reuniu personalidades e colecionadores, como Aninha Camargo, José Olympio, Daniela Falcão, João Armentano, Daniela Zagottis, Carola Abdalla e Marcus Lontra, que puderam apreciar a desmistificação da história do antigo e novo Egito.

Casa Gabriel | A Casa Gabriel é um espaço de arte focado em fomentar a cultura brasileira com ênfase na produção nordestina e em novos talentos. Fundada pela empresária e fotógrafa cearense Renata Vale, a Casa Gabriel nasce como um local para estimular a pluralidade de manifestações artísticas e disseminar conhecimento, por meio de exposições, cursos e conversas que compõem a programação da Casa Gabriel.

Serviço:

Abertura da exposição “Entre”, com a curadoria de Carollina Lauriano, na Casa Gabriel

Endereço Casa Gabriel – Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2906 – Jardim América São Paulo (SP).

(Fonte: Index – Estratégias de Comunicação)

Liceu de Artes e Ofícios celebra 150 anos com exposição retrospectiva

São Paulo, por Kleber Patricio

Referência de ensino na capital paulistana, o Liceu de Artes e Ofícios comemora seus 150 anos com a grande exposição retrospectiva Oficina+ Escola Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo Mobiliário Atemporal, que mistura momentos históricos da instituição com a formação industrial da cidade de São Paulo, além de rever décadas de pioneirismo na educação e na promoção das artes brasileiras.

A exposição mostra como a instituição conseguiu unir práticas pedagógicas com saberes manuais, tornando-se referência no mobiliário brasileiro com peças feitas a partir de experiências coletivas derivadas do Arts & Crafts, movimento do artista têxtil William Morris que valorizava o trabalho manual de artesãos para a indústria. O método foi trazido da Europa e adaptado aqui por diversos mestres do Liceu, entre eles o arquiteto Ramos de Azevedo (1851–1928), fundador da Escola Politécnica da USP, que dirigiu a instituição a partir da década de 1890.

Com curadoria do arquiteto e professor Guilherme Wisnik, a mostra no Centro Cultural do Liceu de Artes é dividida em três eixos. O primeiro deles traz o contexto urbanístico e social da cidade de São Paulo no ano de 1873, quando a instituição foi fundada pelo advogado e político Carlos Leôncio da Silva Carvalho com apoio da burguesia da época – cafeicultores, maçons e comerciantes. Ao longo dos anos, o Liceu contribuiu para a formação de nomes como os artistas Victor Brecheret, Antonio Borsoi e Conrado Sorgenicht e contou colaboradores como Almeida Junior, Amadeo Zani e John Graz.

“O Liceu logo se tornou uma oficina respeitada, conhecida pelo potencial das artes e ofícios que ali eram feitos. A intenção era, sobretudo, formar mão-de-obra especializada para o comércio, a indústria e a lavoura”, explica Wisnik. Nesta primeira parte, “São Paulo–1873”, a curadoria traça paralelos com momentos cruciais da história do Brasil e da instituição, remontando, inclusive, o período que sucedeu à abolição da escravidão no país, no ano de 1888. Foi quando o Liceu passou a instruir mão de obra especializada, sobretudo filhos de imigrantes europeus recém-chegados ao país.

Com recursos fotográficos e audiovisuais, a mostra traz um panorama de como o Liceu antecipou a onda de intensa produção de bens duráveis que ocorreu no país a partir do século XX, como o crescimento urbano pautava os interesses da elite. Esse recorte social é aprofundado na mostra a partir de trechos selecionados de uma entrevista com Ana Belluzzo, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a FAU, autora da primeira tese relevante sobre o assunto.

No segundo núcleo, ao focar nas atividades para a produção industrial, com início na gestão de Ramos de Azevedo, a exposição mostra como o Liceu incorporou em suas oficinas o método do trabalho coletivo. Ao longo das décadas, essa forma de trabalho pautou debates estéticos e produtivos, como as discussões relacionadas à substituição dos estilos ecléticos e revivalistas pelo modernismo, caracterizado pela simplificação da ornamentação e pela busca por formas mais econômicas.

Para ilustrar episódios marcantes, a mostra traz uma história polêmica de dois ícones da cidade de São Paulo da época, os escritores Mário e Oswald de Andrade, que chegaram a discutir se as casas modernistas deveriam ou não ser mobiliadas com móveis no estilo Luiz XVI, um dos estilos mais reproduzidos nas oficinas da instituição à época, destaque do segundo eixo ‘Oficina-Escola’.

Segundo Fernanda Carvalho, cocuradora da mostra, um dos objetivos é trazer personagens que ficaram no anonimato ao longo da história do Liceu. “É uma experiência que vai colocar em evidência vários registros presentes nas fichas de admissão de alunos e funcionários existentes nos arquivos do Liceu”, conta Carvalho.

Peças históricas compõem o terceiro e principal núcleo da exposição, conjuntos clássicos como o mobiliário Savonarola vão ser apresentados ao lado de peças modernistas, como o mobiliário da década de 1950. Uma parceria longeva do Liceu com a Galeria Teo apresenta peças construídas a partir de madeiras nobres, como imbuia e jacarandá, destacando os detalhes da construção em detrimento do ornamento.

Por meio de praticáveis coloridos com tons berrantes de textura lisa, os móveis ficarão suspensos para que os visitantes possam observar aspectos minuciosos dos objetos. Segundo Kiko Farkas, responsável pela expografia, a ambientação foi um tema discutido desde a concepção da mostra, visando tornar o percurso mais dinâmico e interativo. “A gente imaginou um projeto que tirasse os móveis de seus lugares habituais, onde eles são vistos de forma utilitária pelas pessoas. Ao colocar as estruturas, vamos utilizar duas luzes, uma mais incisiva, na parte inferior, para que os visitantes possam ver os detalhes das peças. Já na parte superior, há uma luz mais intimista, baixa. Cria-se assim uma atmosfera teatral e, se tratando do acervo do Liceu, uma proposta para sair da zona de conforto”, resume Farkas.

Oficina+ Escola Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo Mobiliário Atemporal resgata documentos da época, como folhetos, catálogos de montagem e desenhos de projeto relacionados às peças modernistas, entre móveis, bronzes e esculturas. Considerando a mudança do trabalho manual para a fabricação digital, a curadoria criou uma área de FabLab na parte final da exposição. Neste espaço, serão destacadas tecnologias como a impressão e modelagem 3D e a Robótica e seus recursos de manipulação e operação a laser, dando ênfase a produtos produzidos por essas tecnologias, remetendo obras do passado aos dias atuais e convidando o público a acompanhar esse processo criativo.

Essa seção da exposição pretende promover a reflexão nos visitantes sobre o significado da “Instrução Popular” atualmente. Embora seu perfil tenha se adaptado à modernidade ao longo dos anos, o Liceu de Artes e Ofícios conservou algumas de suas características elementares, como a formação de estudantes por meio de cursos técnicos ligados à tecnologia, inovação e às artes.

Sobre o Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios | O CCLAO encontra-se anexo ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, uma das instituições de ensino mais tradicionais do país, com 150 anos de história e relevantes serviços prestados à cidade e à sociedade paulistana, na produção de propriedades industriais e bens culturais. Trata-se de um espaço de eventos lindo, moderno, elegante e multiuso, com 1.630 metros quadrados nos dois pisos, situado no tradicional bairro da Luz, bem no centro da capital paulista.

Serviço:

Oficina+ Escola Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo Mobiliário Atemporal

Local: Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios

Endereço: R. Cantareira, 1351 – Luz, São Paulo – SP

Visitação: terça a sábado, 12h às 17h – domingos (para grupos previamente agendados)

Período: 7 de outubro a 17 de fevereiro

Entrada gratuita

Contato: (11) 2155-3300

Site: https://cclao.com.br/.

(Fonte: A4&Holofote Comunicação)

Evento no Museu Casa Mário de Andrade homenageia vida e obra do escritor

São Paulo, por Kleber Patricio

O Museu Casa Mário de Andrade inaugura uma semana de atividades em celebração ao aniversário do poeta e patrono do museu, que em 2023 completa 130 anos. A “Semana Mário em Foco” está programada para os dias 17, 18, 19 e 21 de outubro com rodas de conversa ministradas por pesquisadores da obra de Mário de Andrade, além de um passeio pelo centro de São Paulo. Para participar das atividades é necessário se inscrever nos links disponíveis no final do texto.

Organizado por Viviane Aguiar e Marcelo Tápia, coordenadora do Centro de Pesquisa e Referência e diretor do Museu Casa Mário de Andrade, respectivamente, o evento pretende retomar as diversas atuações do modernista, que, além de escritor, foi o primeiro secretário de Cultura do Brasil.

A Semana Mário em Foco inicia no dia 17 de outubro, a partir das 19h, com abertura de Marcelo Tápia, seguida da atividade “Mário de Andrade, 130 anos”, ministrada por Gênese Andrade, doutora em Literatura Hispano-Americana pela USP e pós-doutora em Literatura Comparada pela Unicamp, com vasta pesquisa sobre o movimento modernista e seus expoentes.

O bate-papo traz um panorama da atuação de Mário de Andrade, sobretudo como escritor e crítico de arte, além da relação com os vanguardistas brasileiros e hispano-americanos. Destaca também o quanto dos seus trabalhos permanecem atuais mais de um século depois de seu nascimento e a realização da Semana de Arte Moderna de 1922.

No dia 18 de outubro, das 19h às 21h, acontece a roda de conversa “Literatura, raça e classe em Mário de Andrade”, com a participação de pesquisadores especializados pela USP Petrônio Domingues, mestre e doutor em História; Angela Grillo, doutora e mestre em Letras pelo programa de Literatura Brasileira; e Pedro Fragelli, mestre e doutor em Literatura Brasileira. O debate é mediado por Irlani Carvalho, educadora no museu Casa Mário de Andrade, filósofa pela Unifesp, especialista em Educação em Direitos Humanos pela UFABC e pós-graduanda em “As Áfricas e suas Diásporas” pela Unifesp. A atividade ocorre em torno das questões de raça e classe que permearam a vida, a atuação intelectual e a produção literária do escritor, em sua obra poética e na ópera “Café”.

A fim de destacar a atuação do modernista como gestor público municipal de São Paulo, no dia 19, das 19h às 21h, o bate-papo “Mário de Andrade, gestor cultural” conta com Vera Lúcia Cardim de Siqueira, mestre e doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP; Rafael Vitor Barbosa Souza, historiador pela USP e atual coordenador do Acervo Histórico da Discoteca Oneyda Alvarenga, do Centro Cultural São Paulo; e Valquíria Maroti Carozze, mestre em Culturas e Identidades Brasileiras pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP. A conversa focará, principalmente, na Sociedade de Etnografia e Folclore, criada por Mário enquanto estava à frente do Departamento de Cultura de São Paulo, e da Missão de Pesquisas Folclóricas — expedição organizada pelo modernista com o objetivo de fazer registros de cantos populares e cerimônias afro-brasileiras no nordeste e norte do país — que completa 85 anos em 2023. Aborda, ainda, a atuação de Oneyda Alvarenga, ex-aluna de Mário de Andrade que deu continuidade ao trabalho dele no acervo musical reunido a partir da Missão.

Encerrando a 1ª edição da Semana Mário em Foco, no dia 21, das 10h às 13h, o museu realiza o encontro peripatético “Roteiro lírico pelo Centro: Mário de Andrade, escritor de São Paulo”, comandado pela guia de Turismo Regional de São Paulo, Tereza Cristina Ferreira Batista. Essa atividade tradicional do museu, baseada no conceito do filósofo Aristóteles de ensinar passeando, percorrerá o centro paulistano para lembrar as transformações que a cidade vivenciou na virada dos séculos XIX para o XX, as quais inspiraram o escritor em sua produção.

Acompanhe a programação completa no site do Museu Casa Mário de Andrade.

Serviço:

Semana Mário em Foco

Inscrição para as atividades on-line disponível neste link

Prazo 18/10 – 300 vagas

Inscrição para o Encontro Peripatético disponível neste link

Prazo: 20/10 – 40 vagas.

A Casa Mário de Andrade está passando por restauro. O telefone atual para contato é do Anexo da Casa Guilherme de Almeida: (11) 3803-8525 ou pelo e-mail disponível no site. Algumas atividades seguem virtuais e com programação acessível pelos sites do museu ou +Cultura

Programação gratuita.

Sobre a Casa Mário de Andrade | A Casa Mário de Andrade funciona no endereço da antiga casa do escritor Mário de Andrade, um dos principais mentores do modernismo brasileiro e da Semana de Arte Moderna de 1922. O museu abriga uma exposição permanente, que é aberta à visitação, com objetos pessoais do modernista, além de documentos de imagem e áudio relacionados à sua trajetória. O museu também realiza uma intensa programação de atividades culturais e educativas. A Casa Mário de Andrade é um museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e gerenciado pela Poiesis.

(Fonte: Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo)

Circo Show no Mês da Criança: espetáculo circense gratuito é atração em Indaiatuba

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Fotos: P4 Produções Culturais.

No domingo, 15 de outubro, 17 horas, no Parque da Criança de Indaiatuba, em frente ao barco, tem espetáculo circense para crianças de todas as idades e suas famílias, com entrada franca.

Nesta data, a cidade vai receber a trupe do Circo Show, que reúne artistas que já fizeram parte do Circo de Soleil. Ao todo, são oito artistas profissionais envolvidos na apresentação. Tem palhaço, mágico, contorcionistas, equilibristas, malabaristas e até performance em tecido acrobático para encantar o público, sobretudo as crianças.

“Este espetáculo do Circo Show é um presente da cidade aos baixinhos e faz parte das comemorações do Dia das Crianças. É, portanto, uma excelente oportunidade de reunir a família para uma diversão em conjunto, de puro encantamento e boas risadas”, comenta o produtor do evento, Daniel Casadó.

A apresentação faz parte do Projeto Circolação e foi viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Além da entrada gratuita, durante toda a exibição haverá interpretação simultânea em libras, o que torna este espetáculo circense um evento não apenas acessível, mas também inclusivo.

O Circo Show conta com o patrocínio da John Deere e apoio da Prefeitura de Indaiatuba e da Secretaria Municipal de Cultura.

Serviço:

Circo Show em única apresentação em Indaiatuba

Quando: 15 de outubro, domingo, 17h

Onde: Parque da Criança, em frente ao barco (Avenida Engenheiro Fábio Roberto Barnabé, 3379, Jardim do Vale 2, Indaiatuba/SP)

Quanto: Grátis

Patrocínio: John Deere

Apoio: Prefeitura de Indaiatuba e Secretaria Municipal de Cultura.

(Fonte: Ateliê da Notícia)