Concurso retorna mais uma vez ao Brasil, Colômbia e México para fortalecer compromisso das escolas que estão deixando uma marca positiva em suas comunidades


São Paulo
Encontrado no sul da Bahia, o Brachycephalus pulex – ou sapo pulga – é o menor anfíbio do mundo. Foto: Renato Gaiga.
Todos sabem que a baleia azul é o maior animal do mundo, mas, quando se trata dos menores, fica mais difícil perceber, então é preciso recorrer aos especialistas. Embora existam formas microscópicas de vida, quando falamos de animais vertebrados terrestres, até recentemente, o menor do mundo era um sapinho da Papua-Nova Guiné, com adultos medindo apenas 7,7 mm.
Porém, em 2019, a bióloga Wendy Bolaños, então mestranda do Programa de Pós-graduação em Zoologia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), estudou o sapinho pulga, Brachycephalus pulex, um diminuto anfíbio encontrado apenas em topos de morro na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Serra Bonita, em Camacan, e no Parque Nacional Serra das Lontras, em Arataca, ambos no Sul da Bahia. Ela mediu e determinou o sexo de 46 exemplares e constatou que o menor macho adulto media apenas 6,45 mm. Isso o torna o menor anfíbio do mundo.
No entanto, a sobrevivência dessa espécie não está garantida, como explica o Professor Mirco Solé, da UESC: “É positivo que esse diminuto sapinho ocorra em duas áreas de conservação, mas sua vulnerabilidade às mudanças climáticas é preocupante. Espécies de baixada podem escapar do aumento de temperatura deslocando-se para áreas de montanha, mas as que habitam os topos de morro não têm para onde ir”.
O Professor Iuri Ribeiro Dias, que também participou da pesquisa, alerta que mais de 40% dos anfíbios do mundo já estão ameaçados. “Infelizmente, na última reavaliação do status de ameaça feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza, o sapinho pulga foi classificado como em perigo de extinção. Está em nossas mãos garantir que ele não desapareça e que as futuras gerações de brasileiros ainda possam se orgulhar de ter o menor anfíbio do mundo vivendo na Bahia”, alerta.
As pesquisas tiveram apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Mohamed bin Zayed Species Conservation Fund. O artigo científico que revela o sapinho pulga como o menor anfíbio do mundo foi publicado na revista Zoologica Scripta, uma das mais conceituadas na área de zoologia e editada em nome da Academia Norueguesa de Ciências e Letras e da Real Academia Sueca de Ciências. Leia aqui o artigo na íntegra: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/zsc.12654.
(Fonte: Laboratório de Herpetologia Tropical | Livia Cabral Assessoria de Imprensa)
Se você ouvir alguém dizer que nós tivemos décadas de grandes batalhas em todo litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, no mar e em terra, talvez ache exagero – mas foi exatamente isso que aconteceu. Essa foi a Confederação dos Tamoios, na segunda metade do século XVI, bem no começo da invasão pelos portugueses da América. Mas o que houve exatamente?
Os portugueses se instalaram na capital em Santos e logo conseguiram fazer aliança com caciques da região do Planalto de Piratininga. O principal deles era o cacique Tibiriçá, da aldeia Inhapuambuçu, que ficava bem onde é hoje o centro da cidade de São Paulo. Por sinal, foi com autorização do cacique Tibiriçá que os jesuítas instalaram o colégio que existe até hoje e é considerado o marco zero da atual metrópole.
O negócio na época – quer dizer, o que dava dinheiro para os fidalgos portugueses – era, junto com seus caciques aliados, capturar outros povos indígenas e vendê-los como escravos para os senhores de Pernambuco que começavam a plantar cana caiana. Não à toa, o Porto de Santos, na época, era chamado de Porto dos Escravos.
Acontece que quando essa avalanche escravista chegou à atual região do estado do Rio de Janeiro, numa época em que nenhuma cidade ou vila portuguesa havia sido fundada ali, os nativos da região decidiram lutar contra a escravidão. Toda a baía de Guanabara era pontilhada por muitas e muitas aldeias, em grande parte inimigas entre si desde tempos imemoriais. E foi aí que aconteceu algo inédito entre os nativos do nosso país. Antes inimigos viscerais, eles se uniram para lutar contra o inimigo em comum que vinha de São Paulo.
De diversas etnias, eles se autointitularam tamoios, que em tupi significa “aqueles que estiveram aqui antes”. Ou seja, uma maneira de se diferenciar dos que chegaram depois, os brancos. Os nativos entenderam que, mesmo de diferentes povos, possuíam uma história e um destino em comum, o que passava pela resistência contra os invasores brancos e seus aliados locais. Essa ideia, de união entre os indígenas, correu as trilhas e navegou os rios. Povos distantes gostaram dela.
O Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas relembra o 7 de fevereiro de 1756, quando morreu Sepé Tiaruju, uma liderança dos Sete Povos das Missões. Unidos, eles lutaram contra a divisão das suas terras ancestrais entre portugueses e espanhóis, que cortavam o continente ao seu gosto. Essa ideia de que os povos nativos americanos possuem uma identidade em comum segue até o dia de hoje, depois de séculos, e é base para a luta desses povos por direitos, seja para manter as suas terras, preservar a sua cultura e ir ao encontro dos seus sonhos, como todos os humanos.
Um viva ao Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas. Nós, brasileiros que não somos indígenas, temos a obrigação moral de conhecer a nossa história e apoiar a luta dos nossos irmãos nativos.
Víktor Waewell é autor de ficção histórica, inclusive o livro “Guerra dos Mil Povos”, uma história de amor e guerra durante a nossa maior revolta indígena.
(Fonte: LC Agência de Comunicação)
O ano de 2024 será especial em efemérides: além dos 70 anos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, serão celebrados os 30 anos de atividades do Coro da Osesp e os 25 anos da Sala São Paulo – a casa da Osesp, dos Coros e de seus Programas Educacionais, cuja inauguração aconteceu em 9 de julho de 1999 no edifício onde por décadas funcionou a Estrada de Ferro Sorocabana. Ainda na pré-temporada deste ano celebratório, acontecerá um concerto especial no dia 22 de fevereiro, quinta-feira, às 19h30: a final do Concurso Compositoras Latino-Americanas. Com inscrições realizadas entre agosto e novembro de 2023, o concurso recebeu obras de 26 candidatas, naturais de nove países diferentes.
Após quinze dias de análise, a banca avaliadora – composta por Marisa Rezende, Sonia Rubinsky e Aylton Escobar – escolheu as três finalistas que terão suas peças executadas pela Osesp na Sala São Paulo. A regência será de Thierry Fischer, Diretor Musical e Regente Titular da Orquestra, e o programa será aberto com outra composição inédita: “Boitatá”, da brasileira Clarice Assad. Os ingressos são gratuitos e poderão ser retirados no site na próxima sexta-feira, 16 de fevereiro, a partir do meio-dia.
AUTORAS DAS OBRAS FINALISTAS
(Brasil) Denise Garcia | C.A.C.O.S. (Celebração da Arte e Cultura Ocidental Sinfônica) | Garcia é compositora residente em São Paulo (Brasil) e Professora Livre Docente do Instituto de Artes da Unicamp. Sua formação acadêmica conta com bacharelado em Música pela USP, mestrado em Artes pela Unicamp, doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e pós-doutorado pela Escola de Música da UFRJ, além de ter estudado composição na Musikakademie Detmold e na Musikhochshule de Munique, ambas na Alemanha. Ela tem dois álbuns autorais lançados e obras presentes em coletâneas.
(Argentina) Eva García Fernández | Imagen-tiempo | Compositora, saxofonista, professora, pesquisadora e performer em Buenos Aires (Argentina), Fernández é bacharel em Música pela Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF). Estudou composição com nomes como Gabriel Valverde, Marcos Franciosi, Antonio Zimmerman, Diego Taranto e Juan Carlos Tolosa.
(Argentina) Stephanie Macchi | Pampeana | Macchi começou seus estudos musicais no Conservatório Julián Aguirre de Buenos Aires, onde teve aulas de piano com a professora Ana Stampalia e começou a explorar o mundo da composição. Atualmente, vive em Barcelona (Espanha) e cursa licenciatura em composição na Escola Superior de Música da Catalunha, com orientação do professor Bernat Vivancos.
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp |Fundada em 1954, desde 2005 é administrada pela Fundação Osesp. Thierry Fischer tornou-se Diretor Musical e Regente Titular em 2020, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, por Marin Alsop, que agora é Regente de Honra. Seus antecessores foram Yan Pascal Tortelier, John Neschling, Eleazar de Carvalho, Bruno Roccella e Souza Lima. Em 2016, a Orquestra esteve nos principais festivais da Europa e, em 2019, realizou turnê na China. Em 2018, a gravação das Sinfonias de Villa-Lobos, regidas por Isaac Karabtchevsky, recebeu o Grande Prêmio da Revista Concerto e o Prêmio da Música Brasileira. Em outubro de 2022, a Osesp — Orquestra e Coro — estreou no Carnegie Hall, em Nova York, realizando dois programas — o primeiro como convidada da série oficial de assinaturas da casa, o segundo com o elogiado projeto “Floresta Villa-Lobos”. Na Temporada 2024, a orquestra celebrará 70 anos de história com programação especial e a realização de uma turnê internacional.
Thierry Fischer | Desde 2020, Thierry Fischer é diretor musical da Osesp, cargo que também assumiu em setembro de 2022 na Orquestra Sinfônica de Castilla y León, na Espanha. De 2009 a junho de 2023, atuou como diretor artístico da Sinfônica de Utah, da qual se tornou diretor artístico emérito. Foi principal regente convidado da Filarmônica de Seul [2017-20] e regente titular (agora convidado honorário) da Filarmônica de Nagoya [2008-11]. Já regeu orquestras como a Royal Philharmonic, a Filarmônica de Londres, as Sinfônicas da BBC, de Boston e Cincinnatti e a Orchestre de la Suisse Romande. Também esteve à frente de grupos como a Orquestra de Câmara da Europa, a London Sinfonietta e o Ensemble Intercontemporain. Thierry Fischer iniciou a carreira como Primeira Flauta em Hamburgo e na Ópera de Zurique. Gravou com a Sinfônica de Utah, pelo selo Hyperion, “Des Canyons aux Étoiles” [Dos Cânions às Estrelas], de Olivier Messiaen, selecionado pelo prêmio Gramophone 2023, na categoria orquestral. Na Temporada 2024, embarca junto à Osesp para uma turnê internacional em comemoração aos 70 anos da Orquestra.
PROGRAMA
FINALISTAS DO CONCURSO DE COMPOSITORAS LATINO-AMERICANAS
ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
THIERRY FISCHER regente
Clarice ASSAD | Boitatá
Eva García FERNÁNDEZ | Imagen-tiempo
Denise GARCIA | C.A.C.O.S (Celebração da Arte e Cultura Ocidental Sinfônica)
Stephanie MACCHI | Pampeana.
Serviço:
22 de fevereiro, quinta-feira, às 19h30
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16 – São Paulo (SP)
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 7 anos
Ingressos: gratuito (distribuição no dia 16/2 a partir das 12h)
(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h
Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners
Estacionamento: R$28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência; 33 para idosos.
*Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação.
A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.
Acompanhe a Osesp: Site | Facebook | Instagram | LinkedIn | YouTube | TikTok.
(Fonte: Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo)
À medida em que a Biblioteca de São Paulo se prepara para comemorar seu aniversário, é importante reconhecer o seu papel como agente de mudança e como um ponto de referência e acolhimento para toda comunidade do entorno. “A biblioteca não é um repositório de livros, mas um farol que ilumina um futuro promissor para todos aqueles que buscam conhecimento e oportunidades. Essa é a função da BSP, ser um local de acolhimento e descobertas”, explica Pierre André Ruprecht, diretor executivo da SP Leituras.
Um caso inspirador é o de Raul Westin, que frequenta a Biblioteca de São Paulo desde 2019. Após se aposentar e com mais tempo livre, decidiu explorar os centros culturais da cidade. Em uma de suas visitas, teve a oportunidade de conhecer a BSP e se encantou com a programação diversificada e gratuita. Raul ama ler e aprender coisas novas e com a biblioteca teve a oportunidade de ampliar ainda mais seus horizontes intelectuais. Foi por meio dos clubes de leitura que ele não apenas encontrou novos amigos, mas também conheceu a sua namorada. “A experiência na Biblioteca de São Paulo enriquece não apenas a vida intelectual, mas também tece laços significativos que ilustram como o acesso à cultura e ao conhecimento podem transformar positivamente a trajetória de uma pessoa. Esse é um dos vários exemplos que temos encontrado na biblioteca”, exemplifica Pierre. Na visão de Raul, “a vida é uma constante jornada de aprendizado, e aqueles que não exploram os recursos oferecidos pela biblioteca estão deixando passar a chance de descobrir um universo repleto de conhecimento, amizade e liberdade”.
Além das páginas: Uma programação à altura de seu legado
Como parte integrante desta celebração, a BSP preparou uma série de eventos para enaltecer a diversidade cultural e o compromisso de proporcionar experiências enriquecedoras para todas as idades. “Este é o nosso presente para você, nosso público que, ao longo desses 14 anos, tem sido a razão de nossa existência. Convidamos todos e todas a se unirem a nós nesse mês de celebração, aprendizado e confraternização. Juntos, escrevemos mais um capítulo marcante na história da Biblioteca de São Paulo”, finaliza Pierre.
Confira abaixo a programação:
ANIVERSÁRIO 14 ANOS BSP – Fevereiro
Dia 8 – Luau, das 13h às 14h, com equipe BSP | Atividade apresenta aos jovens temas relacionados à música, literatura e poesia. Com Equipe BSP. Não é necessária inscrição.
Arte Stencil | Oficina de Graffiti, das 14h às 16h, com Ricardo Tatoo | É tempo de festa na biblioteca! No mês em que comemoramos nosso aniversário de 14 anos, convidamos você a participar da criação de um painel temático a partir da arte stencil e do grafitti. Durante a atividade, os participantes poderão criar seu próprio molde stencil, fazer sua aplicação com tintas spray e aprender um pouco sobre a história e a prática desta técnica artística. A partir de 14 anos.
Dia 17 – Segundas Intenções, das 15h às 17h, com Mario Prata | O Segundas Intenções é um programa mensal da biblioteca que convida escritores, ilustradores, quadrinistas e demais figuras do universo literário para uma conversa instigante sobre carreira, processos criativos, peculiaridades da profissão e detalhes sobre obras já publicadas ou que ainda estão por vir. Mediação de Manuel da Costa Pinto.
Dia 24 – Lançamento de livro, das 16h às 18h | Ao longo de 2023, os participantes da primeira edição do Ateliê de Criação Literária puderam desenvolver suas habilidades de escrita em prosa e verso junto a escritores que são referências na literatura contemporânea brasileira. Para coroar o fim desse ciclo, a BSP promove o lançamento da antologia exclusiva “Azeytonas em Brasa: autores para degustar {vivos}” que reúne, a partir da curadoria de Olyveira Daemon, os melhores textos produzidos pelos “atelienses”. A festa contará, também, com uma intervenção artística do grupo Contadores de Mentira, que acontecerá no auditório da biblioteca, e com um show de jazz do Trio da Tica, na tenda externa.
Dia 28 – Intervenção Meus brinquedos e minhas brincadeiras, das 13h às 14h, com a Cia. Caixotes Viajantes | A intervenção reúne em seu roteiro algumas das vivências do caixeiro viajante Junio Alexandrino que fazem referência à sua região natal, o Nordeste. São experimentos que dialogam com a ludicidade da infância, trazendo olho no olho, afeto, cultura popular, história oral, encontro em roda, música popular, manuseio e construção de brinquedos.
Espetáculo “A Viagem lúdica”, das 14h às 15h, com a Cia. Malas Portam | O espetáculo musical cênico propõe brincar com a imaginação do público levando-o a uma viagem por meio do universo lúdico, narrando e cantando músicas autorais e ressignificando objetos do cotidiano e utilizando-os como instrumentos musicais e adereços cênicos.
Além de todas essas atividades especiais para celebrar os 14 anos da BSP, o mês está repleto de programações para todos os públicos, como a aula expositiva sobre Narrativas breves, que acontece no dia 15 de fevereiro, das 15h às 17h, com Joca Reiners Terron, e o curso de Ilustração de Poemas, nos dias 27 e 29 de fevereiro, das 13h às 17h, com Lúcia Hiratsuka. Conheça a programação completa da biblioteca aqui.
Um pouco mais sobre a Biblioteca de São Paulo
Localizada dentro do Parque da Juventude, na zona norte da capital paulista, foi inspirada nas melhores práticas das bibliotecas públicas do Chile e da Colômbia. Atualmente, soma mais de 3,7 milhões de visitantes e tem por missão promover o incentivo à cultura, à leitura e à literatura, além de buscar transformar vidas com a leitura e o aprendizado.
A BSP atua, entre outras frentes, na oferta de equipamentos e espaços que permitem o acesso da população à produção e à expressão cultural, em âmbito nacional. Com entrada gratuita e programação diversificada, a biblioteca oferece também conteúdo em formatos variados, como livros físicos ou em braile, áudio livros, DVDs, jogos físicos e digitais (games), brinquedos, além de jornais e revistas para atender o público – crianças, jovens, adultos e idosos com ou sem deficiência. A biblioteca conta com computadores e redes wireless, além de sala de games, ludoteca e auditório.
A BSP em números (jan/2023 – jan/2024):
Total de sócios ativos: 17.899
Total geral de acervo: 47.269
Total geral de aquisição (2011 a jan/2024): 30.921
Itens circulados (2011 a jan/2024): 1.102.275
Participações em ações culturais: 21.736
Total do uso dos computadores 2014 a dezembro 2023: 572.095 acessos.
(Fonte: Assessoria de Imprensa – Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo)
The Government Has Blood On Its Hands [O governo tem sangue nas mãos] ACT UP, Manifestação no Departamento de Saúde, Nova York, Estados Unidos, 1988. Foto: Gran Fury.
Gran Fury (Nova York, 1988—1995) foi um coletivo de artistas considerado referência para as práticas de ativismo artístico das décadas de 1980 e 1990, que emergiu a partir da organização ACT UP (AIDS Coalition to Unleash Power) [Coalizão da Aids para libertar o poder], composta por indivíduos e grupos de afinidade dedicados a tornar criticamente público o silêncio e a negligência do governo dos Estados Unidos em relação ao HIV/Aids. Gran Fury produziu campanhas gráficas e intervenções públicas em torno das questões relacionadas à crise do hiv/Aids, servindo visualmente ao ACT UP em protestos e ações de desobediência civil. O coletivo encerrou suas atividades em 1995 e seu arquivo encontra-se na New York Public Library.
Em boa parte de sua trajetória, o Gran Fury contou, em sua formação, com Avram Finkelstein, Donald Moffett, John Lindell, Loring McAlpin, Mark Simpson (1950–1996), Marlene McCarty, Michael Nesline, Richard Elovich, Robert Vazquez-Pacheco e Tom Kalin. O grupo se autodescrevia como “um bando de indivíduos unidos na raiva e comprometidos a explorar o poder da arte para acabar com a crise da Aids”. Seus membros recusavam-se a se assumir como artistas ou a aparecer como criadores individuais e desejavam escapar dos espaços de arte consagrados.
O título da exposição do MASP, “Arte não é o bastante”, se inspira na frase “With 42,000 Dead, Art Is Not Enough” [Com 42 mil mortos, arte não é o bastante] (1988), de autoria do coletivo. A sentença surgiu quando a instituição independente de arte experimental e performance The Kitchen, em Nova York, convidou o coletivo para fazer a capa do calendário do espaço, que respondeu com um pôster contendo a declaração seguida da conclusão “Take Collective Direct Action to End the Aids Crisis” [Engaje-se na ação direta e coletiva para acabar com a crise da Aids].
“O Gran Fury é parte de uma história ativista do uso politizado das ferramentas de comunicação e da subversão de imagens e discursos dominantes, abrindo território para o que na década de 1990 tornou-se conhecido entre coletivos de arte ativista e movimentos sociais como ‘mídia tática’, que é a produção de um novo tipo de estética por grupos e indivíduos oprimidos ou excluídos da cultura geral, trabalhando com formas expandidas de distribuição cultural e intervenção semiótica nas ruas valendo-se de diferentes suportes visuais”, elucida o curador André Mesquita.
Entre as ações produzidas pelo grupo, está a criação “The New York Crimes” (1989), que consistiu na impressão de milhares de exemplares falsos de um jornal de quatro páginas com textos do ACT UP contendo suas próprias notícias e gráficos densos. Nessa obra, o grupo, mimetizando os elementos gráficos da capa do The New York Times. O “The New York Crimes” corrigia a identidade e as informações equivocadas da cobertura do tradicional jornal nova iorquino sobre a doença: por exemplo, a de que o controle do HIV já estava estabilizado. Na época, Gran Fury e ativistas do ACT UP saíram pelas ruas de Nova York durante a madrugada, abriram as caixas do The New York Times, retiraram os exemplares e substituíram as primeiras páginas com o jornal falso.
Em “Kissing Doesn’t Kill” [Beijar não mata] (1989-90), o Gran Fury desviou o multiculturalismo corporativo das conhecidas campanhas da empresa italiana de roupas Benetton subvertendo seus códigos visuais e semânticos e a sua sedução visual para exibir fotografias de três casais inter-raciais se beijando. O pôster foi instalado como um painel nas laterais de ônibus e nas estações de metrô em São Francisco, Chicago, Nova York e Washington DC, nos Estados Unidos. Sua imagem, replicada também em vídeos curtos produzidos pelo coletivo, não vendia um produto, mas desafiava a interpretação equivocada do beijo como comportamento de risco, uma vez que, naquela época, a saliva era vista como um fluido supostamente capaz de transmitir o HIV.
“O outdoor não publicitário de ‘Kissing Doesn’t Kill’ efetua o que, na década de 1990, popularizou-se como Culture Jamming [Interferência cultural] por meio da subversão, manipulação ou rompimento simbólico das mensagens publicitárias na mídia e no espaço urbano”, explica Mesquita.
Gran Fury – “Art is not Enough” – Arte não é o bastante – 1988 – Impressão offset sobre papel – Offset print.
A garantia do cuidado e do respeito a todas as pessoas com HIV foi endereçada em um cartaz com a frase “All People With AIDS Are Innocent” [Todas as pessoas com aids são inocentes] (1988), quebrando o paradigma moral de que algumas pessoas mereceriam o HIV/Aids mais do que outras. O cartaz do Gran Fury determinava uma mudança de pensamento imediata da sociedade para respeitar, sem hierarquias, todas as pessoas que convivem com o HIV/Aids, as quais devem ter o direito de receber cuidados e assistências igualitárias.
Segundo o curador André Mesquita, “dizer que ‘a arte não é o bastante’ não significa abandonar permanentemente a arte em favor da militância ou apontar a ineficácia de uma prática artística para a transformação social. Ao contrário, a declaração do Gran Fury propõe que já não basta mais fazer uma arte sobre a crise, mas que momentos de crise são também momentos revolucionários de imaginação radical e de confrontação de sistemas hegemônicos e opressores. Sua obra gráfica nos provoca a pensar sobre a necessidade e a urgência de artistas, ativistas e agentes culturais se articularem como força política solidária em direção à ação direta, caminhando junto a movimentos contestatórios”, conclui.
“Gran Fury: arte não é o bastante” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. Este ano, a programação também inclui mostras de Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Lia D Castro, Catherine Opie, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.
Sobre o Gran Fury | Gran Fury foi um grupo formado em 1988 que finalizou as suas atividades em 1995 em Nova York. Atualmente, o trabalho do grupo é exposto em comissões de arte pública do Whitney Museum, New Museum, Bienal de Veneza, Creative Time e Public Art Fund, e faz parte das coleções permanentes do MoMA, Whitney e New Museum. Em 2012, o Gran Fury montou “READ MY LIPS”, a primeira exposição pública do seu trabalho para a galeria 80WSE, em Nova York. Em 2018, o coletivo reprisou esta exposição na organização Auto Italia de Londres.
Acessibilidade | Em 2024, todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em libras ou descritivas, textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil, com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados. Os conteúdos ficam disponíveis no site e canal do Youtube do museu.
Catálogo | Acompanhando a exposição, serão publicados dois catálogos, em inglês e português, com a reprodução de obras do coletivo. O livro, organizado por Adriano Pedrosa e André Mesquita, inclui um texto de André Mesquita, além de textos de Marcos Martins e Vinicius Franco, duas entrevistas realizadas com o Gran Fury por David Deitcher e Douglas Crimp e o texto de despedida do coletivo, publicado originalmente em 1995. Com design de Bloco Gráfico, as publicações têm edições em brochura.
MASP Loja | Em diálogo com a exposição, o MASP Loja apresenta produtos especiais do coletivo, entre os quais duas bolsas, em inglês e português, postais e ímãs, além do catálogo oficial da mostra.
Serviço:
Gran Fury: arte não é o bastante
Curadoria: André Mesquita, curador, MASP, com assistência de David Ribeiro, supervisor, MASP
1º subsolo (galeria)
23/2—9/6/2024
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h), e quintas grátis, das 10h às 18h (entrada até as 17h); quarta, sexta, sábado e domingo com 50% de desconto, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório
Ingressos: R$70 (entrada); R$35 (meia-entrada)
Site oficial | Facebook | Instagram.
(Fonte: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand)