Pesquisadores da USP e do Hospital Sírio-Libanês alertam para impactos da pandemia e recessão no cenário atual


São Paulo
Cercado de músicos maravilhosos, companheiros de estrada que percorrem com Chico Lobo as trilhas de Minas e do Brasil, o álbum Chico Lobo & Banda Ao Vivo na Estrada, novo lançamento do violeiro mineiro que sai pela produtora e gravadora Kuarup, reúne o seu time de companheiros de estrada formado por Ricardo Gomes no baixo e vocal e que mais uma vez assume a produção musical do projeto – uma parceria que tem rendido trabalhos lindos –, Léo Pires na bateria, responsável por conceber a parte rítmica do trabalho de Lobo e Marcelo Fonseca, exímio músico, no violino, em uma concepção de violino rabecado para um diálogo arrebatador com a viola. Além deles, Chico Lobo reverencia Tonny Rufino, seu técnico de estrada na coordenação técnica. E na produção geral, Angela Lopes há 30 anos como sua produtora pessoal. A captação de áudio foi de Sérgio Lima Neto, respeitado engenheiro de som e a captação de imagens teve a coordenação de Marcos Neves. Gravado ao vivo na charmosa Casa Outono, em Belo Horizonte, no dia do seu aniversário de 60 anos (26/2/2023), o espetáculo contou com a presença de um público restrito de 80 pessoas, que cantaram e se emocionaram com o repertório. O trabalho foi mixado e masterizado por Sérgio Lima Netto no Estúdio Araras, localizado na região serrana do Rio de Janeiro, profissional por quem Chico Lobo tem profunda admiração. O álbum nos transporta para uma viagem de festa, de mutirão, típico da viola caipira brasileira nas comunidades rurais desse Brasil profundo. Chico Lobo apresenta um repertório que mergulha nos seus mais de 40 anos de viola, em composições próprias e cantigas do cancioneiro brasileiro.
Folias, repentes, modas, toques instrumentais, cantigas de boi e toadas estão presentes no disco Chico Lobo e Banda Ao Vivo na Estrada, um registro necessário para quem quer conhecer um Brasil que, em pleno século 21, ainda é construído nas cordas da viola e se rende a essa musicalidade fundamental pra nossa identidade cultural. Um álbum que realmente apresenta com muita emoção e pujança o violeiro, compositor inquieto, carismático e afetivo que é Chico Lobo, um dos principais artistas da nossa música de raiz brasileira. E que tem, no coração e na alma, a missão de descortinar a cultura popular tradicional brasileira, tão rica, e conectá-la com nossa contemporaneidade. Emocionante é a palavra que define o 34° álbum desse artista incansável.
Palavras de Chico Lobo:
“Sou muito inquieto e produzir sempre faz bem para a minha sanidade, pois sendo um compositor compulsivo, quero dar vazão as minhas composições. Há muito tempo desejava fazer um álbum ao vivo, pois já se passaram mais de 20 anos que lancei o DVD Viola Popular Brasileira Ao Vivo. E na estrada da cantoria tive sempre músicos maravilhosos ao meu lado. Mas essa formação com Ricardo Gomes no baixo, vocal e direção; Léo Pires na batera e Marcelo Fonseca no violino e vocal tem me dado muita satisfação, tem me correspondido muito. Nos tornamos família, assim cresceu o desejo de registrar o show que temos levado pelas estradas do Brasil. Dá trabalho o show ao vivo (e não é pouco), produzir o evento, captar, mixar (ufa), pois ele se torna mais orgânico. É o que é. Tocamos sem maquiagens desvairadas de pós-produção. Desta forma nasce, então, o Chico Lobo & Banda Ao Vivo na Estrada, fruto dessa amizade e parceria musical. Tô muito feliz. Correspondeu ao desejo de meu coração, tô inteiro e desnudo. Me permiti cantar e tocar como sou. Viva!”
Faixa a faixa:
1 – A Palavra Feito Punhal/Toque de Feira: Essa junção de dois temas de Chico Lobo abre o álbum, inspirada no nordeste brasileiro. A Palavra Feito Punhal soa como repente e vem seguida do Toque de Feira, instrumental com ares armoriais. Destaca-se o diálogo da viola de Chico Lobo e do violino rabecado de Marcelo Fonseca.
2 – Canta Mais Eu: Cantiga do artista mineiro Seu Ribeiro, que Chico Lobo apresenta, num pedido de licença, para chegar com sua cantoria. Canto inspirado nas tradições afro mineiras.
3 – Rio de Lágrimas: Um dos maiores clássicos da música caipira, foi uma das primeiras músicas que o pai do violeiro lhe ensinou e ele sempre teve o desejo de gravá-la um dia. Em seus shows Brasil afora, ela sempre faz parte do repertório e é um momento em que o violeiro e o público cantam juntos. Chico Lobo decidiu gravá-la nesse trabalho ao vivo. Rio de Lágrimas ganha alegria e emoção nessa releitura com sua banda.
4 – Zóio Preto Matador: Cantiga brejeira de Chico Lobo e que entrou na trilha da novela Bicho do Mato, da TV Record. Lançada em 1996, Zóio Preto Matador sempre esteve presente nos shows do violeiro, sendo um dos momentos de maior interação com o público. Nesse álbum ao vivo, chegou o momento de regravá-la.
5 – Disparada: Clássico de Geraldo Vandré e Théo de Barros, a canção marca a adolescência do violeiro, quando, em início de carreira, Chico Lobo sonhava cantar um Brasil raiz. O músico mineiro sempre identificou essa canção como resistência cultural. Sua releitura vem com muita intensidade e vigor. Disparada ganha grande força com Chico Lobo e Banda.
6 – No Dia Que Eu Morri: Moda de viola bem divertida que nos remete às antigas duplas caipiras. Em 2023 ocorreu um boato em Belo Horizonte de que Chico Lobo havia falecido. E quando a notícia de sua morte chegou ao violeiro, bem vivo, ele resolveu responder a todos que estava vivo nessa moda de viola. Escutem e se divirtam.
7 – Tocando Em Frente: Um dos maiores sucessos de Renato Teixeira e Almir Sater, que o violeiro mineiro sempre quis gravar pela bela mensagem que ela tem, “cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz”, que o músico cantou muitas vezes na intimidade da família no isolamento social da pandemia. Com arranjo próprio na sua viola, a obra ganha em emoção; entregue seu coração com a interpretação do violeiro para Tocando em Frente.
8 – O Tempo É Seu Irmão: Música que deu nome ao seu álbum lançado em 2022 e que ultrapassou a 250 mil streamings nas plataformas digitais. Mensagem de esperança, resiliência e positividade que Chico Lobo escreveu para os filhos. Ares de country music num arranjo moderno, para se aproximar das novas gerações.
9 – Bandeira da Paz: Parceria de Chico Lobo e Dom Vicente Ferreira, revisita as folias de reis, manifestações da cultura popular que o violeiro teve contato ainda na infância, em São João Del Rei, quando as folias visitavam sua casa e a viola era o instrumento do mestre. Reflexiva e alegre ao mesmo tempo.
10 – Cantigas de Boi: Adaptação da cultura popular, das festas de boi que acontecem por todo Brasil, bumba meu boi, boi bumbá, boi janeiro, boi da manta, boi de mamão. Festiva e alegre num pulsar forte da bateria e baixo e os rifes de viola e violino rabecado, no mais puro espírito das festas populares.
11 – Chapadão da Onça: Toque de viola de Chico Lobo que traz um pouco da atmosfera dos gerais de Minas de Guimarães e um namoro com ritmos fronteiriços como o chamamé. Aqui, a participação entusiasmada do público dando o ritmo nas palmas.
12 – No Braço Dessa Viola: Em São João Del Rei, cidade onde Chico Lobo nasceu e foi criado, seu pai lhe deu a viola e ensinou os primeiros acordes. Foi lá, tempos depois, que nasceu No Braço Dessa Viola, a música que deu nome ao seu primeiro CD em 1996 e marcou sua carreira. Agora o violeiro está muito feliz em regravar nessa versão especial com a banda ao vivo.
13 – Maria: Moda de viola que Chico Lobo fez para Maria Bethânia. A cantora gravou ao som de sua viola em seu álbum Viola de Mutirão, de 2016. Agora chegou a vez do violeiro cantar e homenagear Maria Bethânia, que tem um grande apreço pela obra do violeiro. Recentemente, no álbum que comemorou os 60 anos do violeiro, a cantora Maria Bethânia esteve junto novamente e, ao som de Lobo, cantou Meu Primeiro Amor, clássico da música caipira, canção que foi incluída na trilha sonora da novela global No Rancho Fundo.
14 – Canto de Despedida: Adaptação da cultura popular, aqui Chico Lobo se despede do público no álbum ao vivo visitando novamente as raízes afro mineiras dos congados, que sempre marcaram a carreira do violeiro. Muita gente não sabe, mas em 1988 ele foi levantado Guarda Coroa no Reinado de Dona Efigênia. E desde muito tempo esses cantos fazem parte da vida de Chico Lobo.
Sobre Chico Lobo
Natural de São João Del Rei, o violeiro Chico Lobo tem mais de 30 anos de carreira e é considerado pela crítica como um dos artistas mais atuantes no cenário nacional na divulgação e valorização da cultura de raiz brasileira. Com mais de 28 CDs lançados, dois DVDs, livro e shows por todo o Brasil e diversos países, como Portugal, Itália, China, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia, o músico canta suas raízes e as conecta com nossa contemporaneidade. Folias, catiras, modas, batuques, causos e toques de viola desfilam com alegria em suas apresentações. Venceu por quatro vezes (2015, 2016, 2017 e 2021) o Prêmio Profissionais da Música como Melhor Artista Regional, prêmio de âmbito nacional que acontece anualmente em Brasília. O artista mineiro realizou em sua cidade natal o projeto Ensino de Viola nas Escolas Rurais, parceria do seu Instituto Chico Lobo com a administração pública de São João Del Rei. Depois levou este mesmo projeto para a cidade vizinha de Santa Cruz de Minas. E recentemente renovou, junto à Sicoob CrediVertentes, pelo segundo ano o Projeto Viola Viva, que dobrou o número inicial de alunos para 30 aprendizes. Em 2015, a cantora Maria Bethânia escolheu sua cantiga Criação para compor o repertório de seu show e DVD Abraçar e Agradecer, comemorativo aos seus 50 anos de carreira. Depois, Bethânia gravou participação no álbum Viola de Mutirão, cantando a moda de viola Maria, que Chico Lobo fez em sua homenagem. Apresentador de TV, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira.
Sobre a Kuarup | Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral, com artistas como Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.
(Fonte: Com Daniela Ribeiro/Tempero Cultural)
A exposição Hiper-realismo no Brasil, presente na CAIXA Cultural Fortaleza, se tornou uma das mais visitadas mostras deste ano. Com entrada gratuita e ampla adesão do público, a exposição, que apresenta as esculturas de Giovani Caramello, atraiu mais de 14 mil visitantes.
“Desde a abertura, em 9 de julho, a mostra tem sido um sucesso, com um pico de 8.300 visitantes em julho e mais de 5 mil em agosto. Em setembro, a exposição teve um menor fluxo, mas continua atraindo público, batendo o número de 14 mil visitantes no início deste mês”, comemora Icaro Ferraz Vidal, curador da exposição.
A mostra reúne dez peças de figuras humanas hiper-realistas esculpidas em resina, silicone e terracota, oferecendo uma experiência imersiva e reflexiva sobre a condição humana. As obras mais destacadas incluem ‘Nikutai’, uma imponente escultura de 2,5 metros de altura, e ‘Segunda Chance’, que retrata um idoso com uma profundidade emocional e técnica impressionante.
Ícaro destaca também que a exposição não apenas fortalece o movimento hiper-realista no Brasil, mas também convida os espectadores a uma introspecção sobre a fragilidade da existência humana. “Cada escultura é um convite para uma reflexão profunda sobre a nossa própria impermanência e as emoções que definem a experiência humana”, afirma.
Para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de visitar, a exposição funciona de terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e feriados, das 10h às 19h. A entrada é gratuita, e o espaço é acessível para pessoas com deficiência.
Serviço:
Exposição Hiper-realismo no Brasil – Giovani Caramello
Local: CAIXA Cultural Fortaleza
Endereço: Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema
Visitação: terça a sábado, 10h às 20h; domingos e feriados, 10h às 19h
Classificação indicativa: 14 anos
Acesso gratuito
Mais informações: (85) 3453-2770/caixacultural.gov.br.
(Fonte: Com Vitória Vasconcelos/Capuchino Press)
As crianças terão uma opção a mais para se divertir no mês dedicado a elas no Espaço Tápias. Inspirado na vida nômade dos circos tradicionais, o espetáculo ‘Andejo’, da Cia Em Boa Companhia, faz minitemporada no Centro Cultural nos dias 12, 13, 19 e 20 de outubro apresentando uma leitura contemporânea da técnica de duo acrobático aliada à dança. A dupla de intérpretes Helena Heyzer e Guilherme Gomes reúne elementos da comicidade e da magia para contar a história.
Com direção de Diogo Granato, Andejo mostra o cotidiano dessas duas personagens que coabitam em espaço inusitado: um armário, que se revela como dispositivo coringa, cheio de surpresas e possibilidades cênicas, para a execução de seus truques e artimanhas por meio de números de dança acrobática, apostando na potência da mescla de linguagens entre a dança e o circo.
Tendo o teatro mambembe como referência, a peça constrói uma narrativa onde as acrobacias, a comicidade e a dança acrobática revelam um jeito mágico de aproveitar a vida no cotidiano.
Ficha Técnica
Direção: Diogo Granato
Intérpretes: Guilherme Gomes e Helena Heyzer
Trilha Sonora original: Beto Lemos
Cenografia e Iluminação: Dodô Giovanetti
Figurino: Raquel Theo
Fotografia: Renato Mangolin e Nathan Nascimento
Produção Executiva: Guilherme Gomes e Helena Heyzer
Vídeo: Fabian Alvarez
Realização: Em Boa Cia.
Serviço:
[Dança] Espetáculo Andejo – Cia Em Boa Companhia
Datas e horários: 12, 13, 19 e 20 de outubro, às 16h (sábado e domingo)
Local: Centro Cultural Espaço Tápias (Sala Maria Thereza Tápias) – Rua Armando Lombardi, 175- Barra da Tijuca
Ingressos: R$40,00 (inteira), R$20,00 (meia-entrada) – na bilheteria ou através do Sympla: https://www.sympla.com.br/produtor/espacotapias
Classificação etária: Livre
Duração: 45 minutos.
(Fonte: Com Claudia Tisato)
Nos dias, 8, 9 e 10 de outubro, o auditório do Sesc Pinheiros recebe Paradisaeidae. O espetáculo de dança propõe, por meio da performance, explorar a dualidade da existência humana provocando reflexões sobre a transformação e a essência do ser, convidando o público a uma experiência artística imersiva formada por 16 bailarinos que ocupam todo o espaço da cena e, através da dança, rompem a estrutura tradicional de palco e plateia. A performance oferece uma experiência sensorial rica, marcada por movimentos fluidos, improvisações e uma fusão de sons e luzes. Cada bailarino, representando as aves-do-paraíso, expressa sua individualidade em um ambiente onde se cruzam e interagem.
A narrativa do espetáculo evoca sentimentos de liberdade e angústia refletindo a complexidade da condição humana. A intensidade dos sons e a presença física dos bailarinos criam uma atmosfera que provoca reações diversas nos espectadores. As referências à contracultura e ao anti-heroísmo enriquecem a experiência promovendo um diálogo entre arte e vida.
O intérprete Dom Gabriel, que tem deficiência visual e o diretor Diogo Granato desenvolveram uma pesquisa de audiodescrição realizada pelos artistas que compõem o espetáculo, possibilitando o acesso de forma única.
Diogo Granato é artista brasileiro, residente em São Paulo, que atua como diretor, intérprete, coreógrafo, preparador de movimento e professor principalmente nas áreas de Dança, Improvisação, Dança Acrobática, Parkour e Dança-Teatro. Foi intérprete-criador da Cia Nova Dança 4 de 1996 até 2020, é diretor e intérprete dos grupos de improviso cênico Silenciosas (desde 2004), Mais Companhia (desde 2015) e Paradisaeidae (desde 2023). Na cena da improvisação, dançou com Steve Paxton, Lisa Nelson, Nancy Stark Smith e Katie Duck, personalidades importantes para o desenvolvimento da dança contemporânea.
FICHA TÉCNICA
Intérpretes: Adriana Nunes, Ana Medeiros, Anna Luiza Marques, Clarrisa Braga, Dom Gabriel, Dresler Aguilera, Flavia Scheye, Gabriela Rios, Isadora Dalle, Isadora Prata, Luma Preto, Mariana Taques, Marina Viski, Michelle Farias, Renê Carvalho e Tayna Ibanez
Direção, Concepção, Dramaturgia: Diogo Granato
Iluminação, Trilha Sonora, Figurinos: Diogo Granato – Urutu Branco Ltda
Criação Gráfica: Duda Camargo
Fotografias de divulgação: Nathan Nascimento
Fotografias do espetáculo: Nadja Kouchi
Produção: Ana Medeiros e Diogo Granato – Urutu Branco Ltda.
Serviço:
Paradisaeidae
Dias: 8, 9 e 10 de outubro, terça, quarta e quinta, às 20h
Duração: 90 minutos
Local: Auditório
Classificação: 16 anos
Ingressos: R$40 (inteira); R$ 20 (meia) e R$12 (credencial plena)
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195
Estacionamento com manobrista: terça a sexta, das 7h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h.
(Fonte: Com Gleiceane Nascimento/Assessoria de Imprensa Sesc Pinheiros)
Extinção das espécies silvestres de mandioca pode afetar a diversidade genética que garante segurança da produção da mandioca cultivada. Foto: Antonio Carlos Pereira Góes/Embrapa.
Até 2100, as áreas de ocorrência de cerca de metade das espécies nativas de mandioca do Nordeste brasileiro podem ser reduzidas por conta das mudanças climáticas. É o que indica um artigo publicado nesta sexta (4) na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências. O estudo, conduzido por pesquisadores das universidades federais Rural de Pernambuco (UFRPE) e do Recôncavo da Bahia (UFRB), além da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), destaca a urgência de medidas para a conservação da biodiversidade diante dos efeitos das mudanças climáticas.
Os cientistas reuniram dados sobre onze espécies de mandioca nativas do Nordeste a partir de registros de ocorrência, bancos de dados e herbários. As informações foram utilizadas em simulações de diferentes cenários com base em seis variáveis climáticas – como precipitação anual, chuvas nos meses mais secos e úmidos e temperatura média diária e anual. A equipe combinou esses elementos para prever o tamanho e a localização das áreas onde as espécies poderão viver no futuro, considerando as necessidades das plantas, e comparou com a realidade atual.
A pesquisa revela que, em um cenário otimista, cinco das espécies analisadas podem experimentar uma redução em sua faixa potencial de distribuição até 2100. Em um cenário pessimista, com condições mais severas, essa redução pode atingir até seis espécies, 54% da amostra. Nos dois cenários, quatro dessas espécies podem experimentar redução total de suas áreas de ocorrência. “Isso acontece porque as condições ambientais de que elas precisam para se desenvolver podem mudar, tornando algumas regiões menos adequadas”, explica Karen Yuliana Suarez-Contento, autora do estudo. A pesquisadora da UFRPE destaca que a redução pode não afetar somente as espécies de mandioca, pois a perda de plantas que servem de base para a vida selvagem desestabiliza os ecossistemas locais.
Segundo Suarez-Contento, a redução projetada pode, no futuro, levar à extinção de algumas das espécies silvestres de mandioca, além de afetar a produção de uma das principais fontes de carboidratos na alimentação brasileira: a mandioca cultivada. Ela é a matéria-prima de produtos como o polvilho, a tapioca e o tucupi. “As espécies silvestres abrigam uma diversidade genética crucial para o futuro da mandioca cultivada, fornecendo características importantes, como resistência a doenças e adaptações a diferentes condições ambientais”, ressalta.
A autora enfatiza que as mudanças climáticas podem ter um papel decisivo na distribuição de outros gêneros alimentícios. “Muitas outras culturas agrícolas dependem da diversidade genética de suas espécies silvestres para se adaptar a mudanças climáticas, novas pragas e doenças”, diz Suarez-Contento. É o caso do milho, arroz e feijão, que têm parentes silvestres e podem enfrentar desafios semelhantes ao da mandioca, segundo a especialista. Ela destaca a importância de conservar essas espécies e seus habitats para garantir a continuidade da produção desses alimentos.
Para a pesquisadora, estratégias como a criação e a expansão de áreas protegidas, o estabelecimento de corredores ecológicos e a restauração de áreas degradadas são um passo importante para melhorar o cenário previsto para 2100. “A educação ambiental e o incentivo para práticas agrícolas sustentáveis também podem engajar as comunidades locais e promover a proteção dos habitats”, acrescenta.
(Fonte: Agência Bori)