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MuBE abre a primeira mostra institucional de Tony Cragg no Brasil

São Paulo, por Kleber Patricio

‘McCormack’ – 117 x 130 x 75 – bronze – 2007. Crédito das fotos: Charles Duprat.

Expoente da arte contemporânea e reconhecido mundialmente por sua obra escultórica, o artista britânico Tony Cragg apresenta um representativo conjunto de sua produção na exposição Espécies Raras, em cartaz até 2 de março, no MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia. A Dan Galeria, que representa Tony Cragg no Brasil, é responsável pela vinda do artista e organização da itinerância da mostra em museus do país.

A exposição enfatiza a produção realizada a partir dos anos 2000, mas traz ainda peças emblemáticas feitas nas décadas de 1980 e 1990. São 43 esculturas e cerca de 70 desenhos provenientes da coleção do próprio artista e que permitem ao público uma imersão no processo criativo de Cragg. “A produção de Tony Cragg revela uma relação íntima entre os materiais escolhidos e a aparência final de cada peça, mesmo que algumas cores fortes talvez nos iludam”, reflete Cauê Alves, curador chefe do MuBE. “Ao lado de desenhos, campo do exercício do pensamento, as obras tridimensionais do artista ganham uma história, como se pudéssemos ver as linhas e os planos que deram origem às suas estruturas. O desenho, mesmo que tenha sua autonomia como obra, é uma espécie de matriz do pensamento e, também, um desdobramento de sua pesquisa atual”, completa.

‘Stack # 03’ – 220 x 148 x 135 – bronze – 2018.

Multidisciplinar, Cragg trabalha com uma diversidade de materiais e processos criativos. O artista se empenha constantemente na busca por novas relações entre pessoas e o mundo material; não havendo limites para as ideias ou formas que possa conceber, ele investiga os limites dos volumes, linhas e superfícies. Faz uso de materiais como madeira, bronze, gesso e cerâmica, além de plástico, poliestireno, aço e vidro.

Na mostra a ser exibida no MuBE, figuram importantes obras históricas, a exemplo de Minster (1988), feita de anéis e engrenagens de aço; Eroded Landscape (1999), uma escultura construída por várias camadas de objetos de vidro, como copos, vasos, lustres e garrafas e Secretions (1995), construída a partir de dados colados. Estas obras revelam um processo construtivo a partir da justaposição de objetos pré-existentes. Outras séries de esculturas utilizam materiais diversos como madeira, bronze, fibra de vidro, alumínio, de tal modo que o próprio material da escultura conduz às soluções formais e estéticas das mesmas. “Os títulos indicam caminhos para aproximações, mas não deixam de abrir outras possibilidades e manter algo de indeterminado. Suas formas são simultaneamente naturais e artificiais, orgânicas e geométricas, simples e elaboradas”, diz Cauê Alves.

‘Willow’ #27′ – 100 x 97 x 96 – madeira – 2015

Ao longo de seu processo de criação, Cragg instiga uma dupla movimentação ontológica: um corpo que antes não existia passa a estar no mundo com sua forma e matéria, ao mesmo tempo em que os corpos viventes e falantes transformam-se.

Sobre o artista

Tony Cragg nasceu em Liverpool, no Reino Unido, em 1949 e desde 1977 vive e trabalha em Wuppertal, Alemanha. Frequentou a Wimbledon School of Art, em Londres, no Reino Unido, em 1973, onde recebeu o seu título de bacharel e depois, em 1977, seu mestrado na Royal College of Art. É um escultor que se empenha constantemente para encontrar novas relações entre as pessoas e o mundo material, não havendo limites para as ideias ou formas que ele possa conceber. Assim, as obras com objetos dispostos no piso e na parede, que ele começou a fazer na década de 1980, obscurecem a linha entre paisagens artificiais e naturais – elas criam um esboço de algo familiar, onde as partes contribuintes se relacionam com o todo.

Cragg realizou exposições individuais em instituições como o Museu do Estado Hermitage, em São Petersburgo, Rússia (2016), Museu Benaki, Atenas, Grécia (2015), Centro Heydar Aliyev, Baku, Azerbaijão (2014), Museu CAFA em Pequim, China (2012) e Galeria Nacional da Escócia, Edimburgo, Reino Unido (2011). Representou a Grã-Bretanha na 43ª Bienal de Veneza em 1988 e no mesmo ano recebeu o Prêmio Turner na Tate Gallery, Londres. Foi professor da École Nationale Supérieure des Beaux Arts, Paris, França (1999-2009) e professor na Kunstakademie, Dusseldorf, Alemanha (2009-presente). Foi eleito um Acadêmico Real em 1994; recebeu o Praemium Imperiale para Escultura, Tóquio, Japão (2007) e recebeu a 1ª Ordem de Classe de Mérito da República Federal da Alemanha (2012).

Espécies Raras, individual de Tony Cragg

Local: MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia

Período expositivo: Até 2 de março de 2020

Endereço: Rua Alemanha, 221, Jardim Europa, São Paulo/SP

Entrada gratuita

Mais informações: www.mube.space.

Iguatemi Campinas realiza “Superférias” com várias atividades para crianças

Campinas, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

O Iguatemi Campinas preparou mais uma edição das suas Superférias, com diversas atrações para as famílias. A programação traz peças infantis no Teatro Iguatemi, festival de férias na Livraria Cultura, cinema, kart, games, oficinas e muitas brincadeiras.

Confira mais sobre cada atração:

Teatro Infantil – De 11 a 26 de janeiro, grandes clássicos esperam pelos baixinhos na programação de janeiro do Teatro Iguatemi Campinas. Durante as férias de janeiro, o público terá 50% de desconto nos ingressos. Além disso, descontos poderão ser obtidos sobre o valor integral dos ingressos apresentando os flyers distribuídos no próprio local, no Balcão de Informações e no Fraldário do shopping.  A programação traz A Bela e a Fera no dia 11, Show da Luna dias 18 e 19 e Galinha Pintadinha dias 25 e 26. As apresentações acontecem sempre às 15h. Valores podem ser consultados na bilheteria do teatro, localizado no terceiro piso.

Festival de Férias da Livraria Cultura – Em 2020, o Festival de Férias da Cultura chega à sexta edição com 12 espetáculos diferentes, apresentados de 4 de janeiro a 2 de fevereiro. Serão duas apresentações diferentes durante a semana, às 15h e às 19h e, aos finais de semana, às 15h. A programação traz Os Três Porquinhos e A Bela e a Fera às segundas-feiras, Pinóquio e A Pequena Sereia às terças, O Sítio do Pica Pau Amarelo em: O Circo de Cavalinhos e Cinderela às quartas, João e o Pé de Feijão e Chapeuzinho Vermelho às quintas, O Pequeno Príncipe e Branca de Neve às sextas, Um Baú de Barulhinhos I – Teatro para Bebês aos sábados e O Mágico de Oz aos domingos. Os ingressos poderão ser adquiridos no local ou no site ou em SYMPLA.com.br e custam R$35,00 (inteira) e R$17,50 (meia-entrada). Crianças de até 11 meses não pagam (exceto na peça Baú de Barulhinhos). A abertura da bilheteria acontece sempre uma hora antes do início das peças. O Teatro da Livraria Cultura está localizado na própria livraria, no primeiro piso do shopping.

Cinema – Durante as férias, o Cinemark do Iguatemi Campinas abrirá em horário especial, com sessões a partir das 11h aos finais de semana e às 12h durante a semana. Entre as estreias previstas estão o aguardado Frozen II, Jumanji e Um Espião Animal. A programação completa de filmes infantis para as férias poderá ser conferida em www.iguatemi.com.br/campinas/cinema/. Clientes Vivo Valoriza e Bradesco Cartões têm 50% de desconto, para saber mais é preciso consultar as condições no cinema.

CineMaterna – As mães e os pais, acompanhados de seus bebês de até 18 meses, também poderão curtir as férias com uma nova sessão do CineMaterna, que acontecerá no Cinemark do Iguatemi Campinas no dia 21/1, às 14h10. O filme será escolhido por enquete. Para consultar valores e a programação, acesse https://www.cinematerna.org.br/sessoes. O Cinemark está localizado no terceiro piso do shopping.

Jump Mania – O parque de trampolins indoor localizado no segundo piso do shopping já está com uma programação especial para as férias, com atividades especiais e passaportes que garantem muita diversão até 10 de fevereiro de 2020. A grande novidade é a experiência do parkour, na qual monitores e atletas ensinam manobras de maneira divertida e segura. Entre as atrações oferecidas, estão também uma grande área para o dodgeball (jogos de queimada), uma piscina de espumas, a Foam Pool, o Jump Kids – área livre onde a superação de limites e o aprimoramento de habilidades acrobáticas são colocados à prova a todo o momento –, o Open Jump e, ainda, diversas pistas elásticas com tabelas de basquete. Os valores devem ser consultados no local.

Kart – A criançada e suas famílias poderão experimentar as emoções da única pista de karts elétricos do Brasil. A atração está localizada no Boulevard Iguatemi e promete muita emoção. A atividade funciona de segunda a sexta-feira, das 14h às 22h, aos sábados das 10h às 22h e, aos domingos e feriados, das 12h às 20h. Valores devem ser consultados no local.

Magic Games – Com brinquedos e games para todas as idades, o parque de diversões Magic Games garante momentos cheios de diversão e é uma boa opção para as férias escolares. A atração está localizada no terceiro piso e valores devem ser consultados no local.

Planeta Imaginário – Muitas brincadeiras e diversão invadirão o Planeta Imaginário durante todo o mês de janeiro. Confira a programação: 2/1 – Oficina de Massinha + Piquenique; 3/1 – Bexigão, Queimada e sorvete; 6/1 – Caça com PJ Masks; 7/1 – LOL Day; 8/1 – Campeonato Mini Chef; 9/1 – Oficina de capa, máscara, escudo e espada; 10/1 – Zumba Kids; 13/1 – Espetáculo + oficina de mágica; 14/1 – Quiz e Brincadeiras; 15/1 – Cooking Class; 16/1 – Festa da Barbie; 17/1 – Areia Cinética Divertida; 20/1 – Lego Day; 21/1 – Princess Day; 22/1 – Pintando o 7; 23/1 – Jogos Gigantes; 24/1 – Paint Ball; 27/1 – Oficina de Biscuit + Pintura em Gesso; 28/1 – Festa de Aniversário das bonecas; 29/1 – Mini Chef; 30/1 – Pet Day e 31/1 – Caça ao tesouro temático. O Planeta Imaginário pode ser visitado no primeiro piso do shopping. Valores devem ser consultados no local.

Cacau Show – De olho nas férias escolares, a Mega Store Cacau Show preparou uma programação gratuita especial para o período. Às quintas-feiras, às 18h30, o público poderá conferir apresentações de música ao vivo. Aos domingos, haverá atividades de recreação das 16h30 às 17h30 e música ao vivo das 18h às 20h.

Sniper – O centro de entretenimento, que utiliza o Airsoft como principal modalidade, adaptando o jogo a ambientes fechados, preparou descontos especiais de até 50% para a família toda aproveitar a atividade também durante o período de férias.  Consulte valores no local.

Museu Republicano divulga programação de férias 2020

Itu, por Kleber Patricio

Crédito da foto: Hélio Nobre/Museu Paulista.

A programação de férias de janeiro de 2020 do Museu Republicano tem como premissa refletir sobre a exposição A República nas Ruas de Itu, buscando estimular questões sobre a nossa relação com o território, o lugar e as disputas simbólicas e de poder que resultam na configuração da paisagem, nas memórias e narrativas sobre as ruas e a cidade em que vivemos. As atividades são direcionadas a educadores e público espontâneo, em especial crianças e grupos familiares.

10/1/2020 – 14h – Oficina educativa Se essa rua fosse minha…

Abordará a relação de pertencimento dos sujeitos e as ruas da cidade. Vamos confeccionar nossas placas e escolher os nomes das nossas ruas?

Público: crianças entre 5 e 10 anos de idade.

Museu Republicano: Rua Barão de Itaim, 67, Centro, Itu/SP.

11/1/2020 – 11h – Concerto com o pianista Ricardo Diniz: Villa-Lobos (1887-1959) Cantigas do Guia Prático (1932), uma homenagem à nossa infância.

Neste recital, o pianista Ricardo Diniz executará cantigas selecionadas do Guia Prático de nosso grande Villa-Lobos.

Público: geral

Local: Centro de Estudos do Museu Republicano: Rua Barão de Itaim, 140, Centro, Itu/SP.

12/1/2020 – 14h – Oficina educativa Quais nomes recebem as ruas de uma cidade?

A partir de um jogo de descobertas, os grupos descobrirão quais nomes são dados às ruas da cidade de Itu.

Público: Família

Museu Republicano: Rua Barão de Itaim, 67, Centro, Itu/SP.

21/1/2020 – das 13h30 às 17h – Oficina Onde estão as histórias e brincadeiras das nossas ruas?

Pretende- se com esta oficina estimular os educadores a desenvolverem projetos sobre a relação de pertencimento dos estudantes às ruas da cidade. Para tanto, iniciamos com um questionamento: onde estão as histórias e brincadeiras das nossas ruas? Qual a importância do espaço público na cultura tradicional da infância e nos processos de identidades culturais? De que forma estas memórias são preservadas? Em quais lugares? Elas possuem espaço nas narrativas oficiais da cidade?

Lucilene Silva é Mestre e doutoranda em música pela Unicamp, educadora musical com formação em Canto Popular e especialização em Música Brasileira; desenvolve desde 1998 pesquisa e documentação de Cultura infantil, Música Tradicional da Infância e Cultura Brasileira no Brasil e outros países da América Latina.

Público: Educadores.

Local: Centro de Estudos do Museu Republicano: Rua Barão de Itaim, 140, Centro, Itu/SP.

Inscrições: (11) 4023-0240, menu 3.

25/1/2020 – 15h – Contação de história: Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha …(Machado de Assis. Um Apólogo).

Camila Luiza é atriz, produtora cultural, arte-educadora e bordadeira. Bacharel em Artes Cênicas e pós-graduada em Moda pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Público: geral

Local: Museu Republicano: Rua Barão de Itaim, 67, Centro, Itu/SP.

25/1/2020 – das 15h30 às 17h – Visitação aberta à exposição Machado de Assis, páginas de literatura e história em que estão expostas obras de e sobre Machado de Assis existentes na biblioteca do Museu Republicano.

Local: Centro de Estudos do Museu Republicano: Rua Barão de Itaim, 140, Centro, Itu/SP.

Informações e inscrições: Serviço Educativo – edu.mrci@usp.br  |  (11) 4023-0240, menu 3.

Empresas de telefonia encabeçam lista de empresas com mais queixas dos consumidores em 2019

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: Eliandro Figueira.

O Procon de Indaiatuba divulgou na edição desta quinta-feira (9) na Imprensa Oficial do Município o relatório anual das 12 empresas com mais registros de reclamação junto ao órgão de defesa do consumidor em 2019. Operadoras de telefonia celular ocuparam as três primeiras colocações, ficando com mais de metade das queixas (56%) registradas contra as 12 empresas mais reclamadas. Elas receberam 510 reclamações do total de 905 registros.

Em Indaiatuba, a Telefônica Brasil S/A (detentora da marca Vivo) liderou o ranking com 261 registros no Procon, seguida pela Claro S/A com 131 e Tim Celular S/A, que obteve 118 reclamações no ano. Na sequência, foram registradas queixas com relação aos serviços prestados pela Net Serviços de Telecomunicações Ltda. (97), Banco Itaú S/A (62), Globex – Casas Bahia (52), Sky S/A (51), Banco Bradesco S/A (39), Banco Safra S/A (36), CPFL Cia Paulista de Força e Luz (35), Bradescard (34) e C Nova Comércio Eletrônico S/A – site Casas Bahia (34).

A classificação das três empresas que são alvo do maior número de reclamações também se repete em âmbito estadual, de acordo com a Fundação Procon SP. No acumulado do ano, foram 30.753 queixas contra o Grupo Vivo/Telefônica, 27.662 contra o Grupo Claro/Net/Embratel e 22.842 contra o Grupo Tim.

Em 2019, o Procon Indaiatuba realizou 984 audiências, sendo 666 com acordo e 318 sem acordo. Foram 3.433 consultas, 2.096 atendimentos referentes à Nota Fiscal Paulista; 1771 atendimentos trabalhistas; 1497 registros de atendimentos telefônicos; emissão de 1.475 CIPs (Cartas de Informações Preliminares) e outras 1.221 Cartas Preliminares sem emissão de CIP.

O Procon é o principal órgão de defesa do consumidor e está ligado à Secretaria Estadual de Justiça. O principal objetivo é resolver problemas no relacionamento entre empresas e clientes de maneira amigável. Quando a reclamação é feita, o Procon notifica a empresa e pede os devidos esclarecimentos. Não ocorrendo o acordo, o órgão orienta o consumidor a entrar com processo judicial no Juizado Especial de Pequenas Causas.

O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira das 8h às 17h, pessoalmente na Avenida Francisco de Paula Leite, 2263, no Jardim Kyoto. Mais informações pelo telefone (19) 3834-7601.

Gretta Sarfaty apresenta panorama de sua obra em mostras no IAB e na Central Galeria

São Paulo, por Kleber Patricio

‘Mãe Impersonificação’ (2019), Gretta Sarfaty. Foto: divulgação.

Intimidade familiar, trivialidades e reconexão após um longo período de afastamento – é deste enredo que nasce a produção recente da artista greco-brasileira Gretta Sarfaty. Ela extrai da banalidade dos dias uma perspectiva existencial de continuidade, reflete sobre sua origem e sobre o lugar que ocupa no seio familiar. O desfecho da história pode ser visto na exposição Reconciliações, individual que a artista exibe até 25 de janeiro, no IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), com realização de Luli Hunt.

Após mais de três décadas fora do Brasil – período em que Gretta viveu entre Nova York e Londres – o resgate familiar revela a intimidade de um convívio marcado por encontros e turbulências, principalmente na relação da artista com sua mãe. Do mergulho no passado, Sarfaty emergiu com séries de fotos antigas de sua família – principalmente as que registram a mãe –, como numa tentativa de lidar com suas próprias cicatrizes. “Nesses trabalhos emergem o afeto, expressão relevante e substantiva de sua poética atual”, pontua Fábio Magalhães, curador da mostra. É a forma que artista encontrou para ressignificar suas memórias, ideia recorrente na série Mãe Impersonificação (2019), que traz registros de gerações em volta da mesa e Reconciliações (2019), conjunto homônimo à mostra, que traz imagens fotografadas no dia a dia, retiradas do esquecimento e da brevidade do cotidiano. Fotografias retrabalhadas pelo artista no computador e transportadas para tela com acréscimos de pintura, grafismos e colagens.

A exposição reúne também The Myth of Womanhood (2001), composta por autorretratos em momentos íntimos triviais, como no ritual de se maquiar e Youth Versus Gravity (2005), que traz registros de férias em família: a artista fotografa seu neto, expondo as particularidades familiares e a convivência das relações.

Em ambas, Gretta desenvolve sequências e desdobramentos de uma única imagem fotográfica que, ao ser repetida em série, cria efeito caleidoscópio. “Ela retrabalhou conceitos de criação digital estabelecidos pelo filósofo norte-americano Timothy Binkley e, partir disto, explorou possibilidades de espelhamentos a fim de ampliar o campo de visão das imagens nas matrizes fotografadas e tirou proveito dos efeitos de contraste e de densidades cromáticas para acentuar o efeito caleidoscópico”, explica o curador.

‘Reconciliações II’ (2019), Gretta Sarfaty. Foto: divulgação.

A intimidade é uma constante na obra de Gretta Sarfaty. A contragosto de sua família, ela iniciou ainda muito jovem no circuito das artes plásticas e logo se destacou como artista de vanguarda, com trabalhos em que usava o corpo como suporte e linguagem. No início da década de 1970, já mãe de três filhos, em um Brasil que atravessava as represálias da ditadura militar e via crescer movimentos pela libertação sexual e lutas de gênero, Sarfaty dava vida à uma obra intensa, disruptiva e singular, associada principalmente à Body Art e ao feminismo. Conviveu com Cildo Meirelles, Artur Barrio e Rubens Gerchman (1942-2008), entre outros expoentes da arte contemporânea, propôs novos suportes e formatos para expor seu trabalho e buscou a emancipação de amarras sexistas impregnadas na época.

Em meados de 1980, em meio à sua ascensão artística – e às desavenças familiares –, a artista muda-se para Nova York e intensifica os experimentos que tomam o corpo como suporte e a intimidade como linguagem. É nessa fase que seu trabalho ganha espaços em instituições mundo afora, a exemplo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris, a portuguesa Fundação Calouste Gulbenkia, o Palazzo Dei Dei Diamanti, Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e outros.

Mas se antes o corpo e sua intimidade eram atrelados às suas questões individuais, agora, revelam-se espaços de reconstrução de laços, têm necessidade do outro, já não se expressam sozinhos.

Sobre a artista

Nascida em 1947 em Atenas, na Grécia, Gretta Sarfaty atualmente vive e trabalha em São Paulo. Também conhecida como Gretta Alegre Sarfaty, Gretta Grzywacz e Greta Sarfaty Marchant, é pintora, desenhista, gravadora, fotógrafa e artista multimídia que ganhou reconhecimento internacional no final dos anos 1970, a partir de seus trabalhos artísticos relacionados à body art e ao Feminismo.

Na mesma década, cursou a escola PanAmericana de Arte em São Paulo e foi aluna de Ivald Granato e Walter Lewy. Em 1973, inicia-se em gravura em metal sob orientação de Mário Gruber e edita suas próprias gravuras. Cursa a escola de Arte Documenta, em 1973 e, a partir deste período, participa de exposições envolvendo vídeo e performance em diversos países, como Itália, França, Bélgica e Alemanha. Em meados de 1980, a artista muda-se para Nova York e depois para Londres e é nessa fase que seus trabalhos ganham espaço em instituições como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo(MAC/USP), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Museu de Arte de São Paulo (MASP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Instituto Moreira Salles (SP/RJ), Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, Fundação Calouste Gulbenkian, Centre Georges Pompidou, Le Bal Musée d’Art Paris, Museum of Modern Art of New York (MoMa), The Art Institute of Chicago e Palazzo Dei Diamanti, entre outros.

Gretta Sarfaty apresenta experimentações com o corpo em mostra da Central Galeria

‘Body Works’ (1976), Gretta Sarfaty. Foto: divulgação.

Disruptiva e multidisciplinar, a artista Gretta Sarfaty faz de seu corpo espaço para experimentação artística, política, campo de transformação. Em sua obra, o corpo feminino é território tanto para questionamentos internos quanto sociais. Expoente da body art no Brasil, a artista traz ao público séries de trabalhos emblemáticos na mostra Dos nossos espaços vazios internos, individual em cartaz até 2 de fevereiro na Central Galeria. “A obra de Gretta Sarfaty transborda as narrativas da subjetividade do ser mulher enquanto sujeito político coletivo, inventado para atravessar problemáticas identitárias e ampliar os limites daquilo que se espera da nossa existência”, reflete Catarina Duncan, curadora da mostra.

O corpo artístico de Gretta é livre, não se limita a paredes ou a um único espaço. A série A woman’s diary (1977), um dos destaques da exposição, é apresentada agora em lambe-lambes que vão para além do espaço expositivo da Galeria e se expandem para as ruas do Centro da cidade de São Paulo. São autorretratos preto e branco nos quais ela convida o público a adentrar um diário de seu próprio corpo. “A ação desenvolve um novo sentido do que é público e transforma assim o significado da arte na sociedade”, pontua Duncan.

Os trabalhos eleitos pela curadoria datam de 1973 a 1981 e são documentações de performances e autorretratos, fotografias nas quais a artista divaga sobre a representação do feminino na arte e traz ao público experimentos artísticos com o próprio corpo, a exemplo das séries Body Works (1976) e da notória Evocative Recollections (1979), que traz registros da performance em que a artista colocava seu corpo nu em atrito ao de um gato em alusão à sensualidade feminina.

‘Body Works I’, Gretta Sarfaty. Foto: divulgação.

O título da mostra surge de uma citação da crítica e historiadora de arte americana Linda Nochlin, em análise sobre o motivo pelo qual obras de tantas mulheres artistas se mantiveram anos a fio sem reconhecimento. “As coisas como estão e como foram antes, nas artes e em centenas de outras áreas, são estupidificantes, opressivas e desestimulantes para todos aqueles que, como as mulheres, não tiveram a boa sorte de nascer brancos, preferencialmente de classe média e, sobretudo, homens. A culpa não é dos astros, dos nossos hormônios, dos nossos ciclos menstruais, dos nossos espaços internos vazios, mas das instituições e da nossa educação”, afirmou Nochlin.

Sarfaty passou mais de três décadas longe do Brasil e do circuito de arte do País e, agora, a atual mostra resgata sua obra e busca sua reinserção no contexto artístico atual. “Trazer para a atualidade a quebra de um regime de controle sobre o corpo da mulher, onde não mais se permite a servidão ao outro e sim a si mesma promove uma nova visualidade de prazer. Nas palavras da artista, o que interessa é ‘ser obra aberta aos avessos’ e isso já é uma estratégia revolucionária”, afirma a curadora.

Serviço:

Dos nossos espaços vazios internos, individual de Gretta Sarfaty

Local: Central Galeria

Curadoria: Catarina Duncan

Período expositivo: até 2 de fevereiro

Endereço: Rua Bento Freitas, 306, Vila Buarque – São Paulo/SP

www.centralgaleria.com.

Reconciliações, individual de Gretta Sarfaty

Local: IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil

Curadoria: Fábio Magalhães

Período expositivo: até 25 de janeiro

Endereço: Rua Bento Freitas, 306, 4º andar, Vila Buarque – São Paulo/SP

Visitação: segunda a sexta-feira, das 11h às 19h e sábado, das 11h às 17h

http://www.iabsp.org.br/.