“Não se combate a violência com um único modelo de enfrentamento. Cada geração exige uma abordagem diferente”, segundo advogado criminalista Davi Gebara


São Paulo
Foto: Susanne Jutzeler.
Entre as atividades gratuitas oferecidas pela Casa Guilherme de Almeida ainda neste ano, encontram-se os cursos Obras abertas: história sincrônica da literatura (Ciclo Fernando Pessoa) e Escrever o filme, filmar o poema: fusões e contaminações entre poesia e cinema, além da live com Luiza Adas, idealizadora do Museu do Isolamento. Também estão abertas as inscrições para o processo seletivo do Programa de Aprimoramento em Tradução Literária, a ser realizado de março a dezembro de 2021 pelo Centro de Estudos de Tradução Literária do museu. A Casa Guilherme de Almeida faz parte da Rede de Museus-Casas Literários da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis.
Ciclo 2021 do Programa de Aprimoramento em Tradução Literária
O Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida está com inscrições abertas até 15 de janeiro de 2021 para a 2ª edição do Programa de Aprimoramento em Tradução Literária (clique aqui). Essa especialização é voltada a profissionais que estão traduzindo uma obra literária em qualquer língua estrangeira para o português e com objetivo de publicação (não é necessário ter um contrato de edição) e que tenham interesse em aperfeiçoar o senso crítico em relação às questões estéticas das obras trabalhadas.
As aulas serão realizadas de março a dezembro de 2021, com encontros quinzenais aos sábados, das 14h às 17h. A orientação dos participantes estará a cargo de Jiro Takahashi, atuante no mercado editorial há mais de 50 anos, atualmente editor executivo da Nova Aguilar e docente do curso de Letras da FAM, de Letras/Tradução da Anhanguera/Unibero e de Edição na Universidade do Livro. Tendo iniciado na Editora Ática, Takahashi participou da criação das séries Vaga-Lume, Para Gostar de Ler, Grandes Cientistas Sociais, Autores Brasileiros e Autores Africanos, entre outras, passou pela direção editorial de grupos como Rocco, fundou a Editora Estação Liberdade em 1990 e foi professor e diretor acadêmico do curso de MBA em Book Publishing da Casa Educação/Instituto Singularidade.
São oferecidas 15 vagas para o Programa, que prossegue de forma on-line até que a cidade esteja na fase azul relativa à pandemia, para, assim, resguardar a saúde dos funcionários e do público. Após esse período, a equipe do Centro de Estudos de Tradução Literária verificará a viabilidade do retorno às aulas presenciais no Anexo do museu (Rua Cardoso de Almeida, 1943 – Perdizes, São Paulo).
Pelo link http://www.casaguilhermedealmeida.org.br/traducao-literaria/aprimoramento.php saiba quais são os documentos necessários para se inscrever, acesse a ficha de inscrição, o pré-requisito para candidatura, as etapas do processo seletivo e de matrícula e o cronograma de aulas. O valor investido é de R$300,00, correspondente à taxa única durante a matrícula.
Fernando Pessoa e seus heterônimos
O curso Obras abertas: história sincrônica da literatura | Ciclo: Fernando Pessoa em vozes alheias – Os heterônimos relidos por outros autores abordará a apropriação do sistema heteronímico por escritores contemporâneos. As aulas serão ministradas por André do Amaral, poeta, doutor em Letras pela Unesp e há cinco anos dedicado ao estudo da Poesia Experimental Portuguesa. Pelo Google Meet, os encontros ocorrem em 16, 23 e 30 de outubro; 6, 13 e 20 de novembro, sextas-feiras, das 19h às 21h. O curso é gratuito e a inscrição precisa ser feita pelo link http://bit.ly/3i3X55t.
Nos textos escolhidos, Fernando Pessoa ortônimo, os heterônimos Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis – além do semi-heterônimo Bernardo Soares – se transmutam em personagens literários fora do corpus pessoano e alcançam tons imprevisíveis na caracterização original, já conhecida pela complexidade e cuidadosamente concebida por Pessoa entre 1914 e 1935. Aqui, a ficcionalização interna se mostra na medida em que os escritores agregam e releem os heterônimos valendo-se da não originalidade como modo de produção literária.
Intersecções entre cinema e poesia
O curso Escrever o filme, filmar o poema: fusões e contaminações entre poesia e cinema será nos dias 19 e 26 de outubro, segundas-feiras, a partir das 19h, pelo Google Meet. O curso é gratuito e a inscrição fica aberta pelo link http://bit.ly/332PEao. Com aulas de Yasmin Bidim, pesquisadora, poeta, artista da imagem e doutoranda em Estudos da Literatura na UFSCar, a proposta do curso é observar o que há de poesia no cinema e o que há de cinema na poesia, levando em conta aspectos formais e estéticos que transitam de uma arte a outra. Serão abordadas obras de Marília Garcia, Marcos Siscar, Jean Luc-Godard, Maya Deren, Michael Snow e Chantal Akerman, entre outros, além de conceitos do filósofo Gilles Deleuze e das críticas literárias Rosa Maria Martelo e Joana Matos Frias.
E mais
O bate-papo Casa Guilherme de Almeida e Museu do Isolamento convida Luiza Adas, idealizadora e criadora do Museu do Isolamento, ação totalmente virtual e concebida durante a quarentena causada pela Covid-19 para divulgar os trabalhos de artistas que estão produzindo no período de isolamento social. O encontro está marcado para o dia 9 de outubro, sexta-feira, às 16h30.
A conversa com Alexandra Rocha – coordenadora do Núcleo Educativo da Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo e bacharel em Artes Plásticas pela ECA-USP – irá abordar os objetivos e o contexto de realização atual, além das características iniciais de ações culturais e educativas realizadas on-line. Não é necessária inscrição e a atividade será transmitida pelo Facebook e canal de YouTube da Casa Guilherme de Almeida.
Serviço:
Programa de Aprimoramento em Tradução Literária 2021
Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida
Orientação: Jiro Takahashi
Inscrição aberta até o dia 15/1/2021 – Acesse: http://www.casaguilhermedealmeida.org.br/traducao-literaria/aprimoramento.php
15 vagas | R$300,00 – taxa única de matrícula
Público-alvo: tradutores literários que estão traduzindo uma obra literária em qualquer língua estrangeira para o português e com objetivo de publicação (sem a necessidade de um contrato de edição).
Aulas: março a dezembro de 2021. Encontros quinzenais aos sábados, entre 14h e 17h, pelo Google Meet.
Os encontros só serão presenciais após a fase azul de reabertura e depois da avaliação de viabilidade do retorno presencial no Anexo do museu.
Documentos para avaliação e cadastro: enviar para o e-mail contato@casaguilhermedealmeida.org.br a ficha de inscrição preenchida, carta de intenção, currículo, 10 páginas da própria tradução acompanhadas do respectivo original e um texto de 4 a 5 mil caracteres (com espaços) com reflexão sobre as principais questões tradutórias suscitadas pelo original da tradução que está realizando. Tradutores que cursaram e concluíram o Programa Formativo para Tradutores Literários da Casa Guilherme de Almeida têm prioridade no preenchimento das vagas, sob a condição de terem sido bem avaliados no processo seletivo do Programa de Aprimoramento.
Processo de seleção:
5/2/2021 – Divulgação do resultado. Candidatos (as) escolhidos (as) em primeira chamada serão informados por e-mail;
8 a 14/02/2021 – Matrícula dos (as) selecionados (as), que deverão efetuar o pagamento da taxa única de matrícula, no valor de R$300,00.
15/2/2021 – Chamada aos candidatos (as) da lista de espera com convocação feita por e-mail;
16 a 20/2/2021 – Matrícula dos (as) selecionados (as), que precisarão efetuar o pagamento da taxa única de matrícula, no valor de R$300,00.
13/3/2021 – Início das aulas.
5/2/2021 – Divulgação do resultado. Candidatos (as) escolhidos (as) em primeira chamada serão informados por e-mail;
8 a 14/2/2021 – Matrícula dos (as) selecionados (as), que deverão efetuar o pagamento da taxa única de matrícula, no valor de R$300,00.
15/2/2021 – Chamada aos candidatos (as) da lista de espera com convocação feita por e-mail;
16 a 20/2/2021 – Matrícula dos (as) selecionados (as), que precisarão efetuar o pagamento da taxa única de matrícula, no valor de R$300,00.
13/3/2021 – Início das aulas.
Curso | Obras abertas: história sincrônica da literatura – Ciclo: Fernando Pessoa em vozes alheias – Os heterônimos relidos por outros autores
Com André do Amaral
Sextas-feiras, dias 16, 23 e 30 de outubro; 6, 13 e 20 de novembro, das 19h às 21h
Plataforma: Google Meet
Gratuito | 200 vagas
Inscrição até 14/10 – http://bit.ly/3i3X55t.
Curso | Escrever o filme, filmar o poema: fusões e contaminações entre poesia e cinema
Com Yasmin Bidim
Segundas-feiras, dias 19 e 26 de outubro, das 19h às 21h
Plataforma: GoogleMeet
Gratuito | 200 vagas
Inscrição aberta até 15/10 – http://bit.ly/332PEao.
Casa Guilherme de Almeida e Museu do Isolamento
Com Alexandra Rocha e Luiza Adas
Sexta-feira, 9 de outubro, às 16h30 – Plataforma: Facebook e YouTube. Não é preciso fazer inscrição prévia. Grátis.
Sexta-feira, 9 de outubro, às 16h30
Plataforma: Facebook e YouTube
Não é preciso fazer inscrição prévia. Grátis.
Casa Guilherme de Almeida
Museu: Rua Macapá, 187 – Perdizes | São Paulo | Anexo: Rua Cardoso de Almeida, 1943 – Sumaré, São Paulo/SP
Tel.: (11) 3673-1883 | 3803-8525 | 3672-1391 | 3868-4128 | E-mail: contato@casaguilhermedealmeida.org.br
Horário de funcionamento: terça-feira a domingo, das 10h às 18h. Atividades culturais e educativas: de terça a sexta-feira, das 19h às 21h e, aos finais de semana, das 10h às 19h.
Acessibilidade: rampa de acesso, elevador, piso podotátil e banheiro adaptado; videoguia em Libras e réplicas táteis.
Durante o distanciamento social devido à Covid-19, toda a programação está sendo realizada de forma virtual. Programação gratuita.
http://www.casaguilhermedealmeida.org.br/ e http://poiesis.org.br/maiscultura/.
Sobre a Casa Guilherme de Almeida
Inaugurada em 1979, a Casa Guilherme de Almeida, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo gerenciada pela Poiesis, está instalada na residência onde viveu o poeta, tradutor, jornalista e advogado paulista Guilherme de Almeida (1890-1969), um dos mentores do movimento modernista brasileiro. Seu acervo é constituído por uma significativa coleção de obras, gravuras, desenhos, esculturas, pinturas, em grande parte oferecidas ao poeta pelos principais artistas do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Lasar Segall e Victor Brecheret. Hoje, o museu oferece uma série de atividades gratuitas relacionadas a todas as áreas de atuação de Guilherme de Almeida, da literatura traduzida ao cinema, passando pelo jornalismo e pelo teatro. Trata-se da primeira instituição não acadêmica a manter um Centro de Estudos de Tradução Literária no país.
Sobre a Poiesis
A Poiesis – Organização Social de Cultura é uma organização social que desenvolve e gere programas e projetos, além de pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.
Obra “Pindorama” feita no mural em São Paulo pelo artista Rimon Guimarães.
A Converse, criadora do famoso modelo de tênis All Star, continua determinada em tornar as coisas melhores, mais eficientes e mais ecológicas. Pensando nisso, a marca criou a Converse City Forests, uma série de murais ao redor do mundo que utiliza tinta fotocatalítica, reconhecida por ajudar a limpar o ar. Os murais vão acontecer em diversas cidades ao redor do mundo, incluindo São Paulo. A Converse tem como objetivo até o final deste ano pintar mais de 14.000 m² de murais ao redor do mundo, que juntos equivalem ao plantio de aproximadamente 40.000 árvores.
Há tempos a Converse se conecta com iniciativas que buscam tornar o mundo melhor, como as questões de sustentabilidade. Surge daí a ideia do projeto global Converse City Forests. A tecnologia da tinta fotocatalítica usa a energia da luz para decompor os poluentes atmosféricos nocivos e convertê-los em substâncias inofensivas. Qualquer superfície revestida com esta tinta torna-se uma superfície purificadora de ar ativa, que ajuda a proteger as pessoas de gases nocivos. A tinta faz o papel de árvores em lugares que não podem crescer.
Em São Paulo, o local escolhido fica na região central, com grande fluxo de pessoas e carros, para que a tecnologia da tinta possa ter o efeito desejado. A empena fica próxima ao Minhocão e será feita pelo artista Rimon Guimarães. O mural do Brasil faz parte da próxima fase de execução, que celebra a herança latina, as raízes dos povos locais, a ancestralidade e o orgulho, em cidades como Santiago, Lima e Cidade do México. O projeto no Brasil equivalerá a 750 árvores.
Nascido em Curitiba, Rimon é artista autodidata e multidisciplinar. Sua experiência em construir murais é longa – são 27 países que fazem parte da trajetória. Por onde passa, Rimon participa de projetos sociais que buscam integrar a sociedade. Seu maior mural possui 370 metros quadrados e foi pintado em Amsterdam. Também construiu um de 260 metros quadrados em Damasco, na Síria, com ajuda de crianças refugiadas. Para o trabalho em São Paulo, o artista terá a ajuda e auxílio de um jovem da comunidade criativa da marca, chamada de All Stars.
A obra que será feita por Rimon tem o nome de Pindorama e é baseada em referências e pesquisas dos povos originários brasileiros e um imaginário indígena como indivíduo. “A sinergia que esses povos têm com a natureza é inegável. O pássaro, a onça pintada, são animais simbólicos para esses povos; por exemplo Kianumaka-Maná, deusa onça do povo Menihaku”, diz o artista. “A paisagem remete aos tempos de quando São Paulo não era uma selva de pedra e se podia ver o horizonte com serras ao fundo, também os rios em abundância simbolizados pelos tons de azuis, com referências aos quatro elementos: terra, fogo como sol, água representada por azul e ar como pássaro”, Rimon complementa.
Na obra, além da onça, há uma planta e o sol representando a fauna e flora brasileira. Há também o processo da tecnologia da tinta, que é parecida com a fotossíntese, e uma personagem assexuada que está usando uma vestimenta ritualística feminina Jurupixuna, que foi registrada no século XVIII por Alexandre R.F. em suas expedições. Já a face com a máscara foi um apanhado do estilo de Rimon inspirado por pinturas faciais Kayapó e Xikrin.
Os murais finalizados foram feitos em Bangkok, na Tailândia, e Varsóvia, na Polônia, em parceria com dois artistas locais de cada país. Em Bangkok o tema que inspirou a ilustração foi a união, já que eram dois artistas com estilos diferentes, e a proposta foi misturar e comunicar a união do povo tailandês. Já em Varsóvia, um futuro repleto de natureza com a mistura do urbano ao fundo. Ao total, os dois murais “plantaram” 930 árvores em lugares onde árvores não podem ser plantadas.
Para mais informações sobre os murais: http://conversecityforests.com/.
Crédito da foto: Mathilde Amino.
No próximo sábado (3/10), o mágico Célio Amino apresenta o show A Mágica e o Tempo pela série Crianças Em Casa Com SESC. Utilizando recursos tecnológicos e convidando toda a família a participar, o ilusionista promete deixar todos de boca aberta com seus truques. A sessão começa ao meio-dia no perfil do SESC Ao Vivo no Instagram e no canal do SESC São Paulo no YouTube.
Em A Mágica e o Tempo, Célio Amino questiona como a mágica muda em meio ao surgimento de novas tecnologias e como um mágico pode interagir com seu público nesta situação de isolamento social. Usando recursos de realidade aumentada com elementos gráficos em tempo real na transmissão, o show trará diversos números interativos. O mágico promete também ensinar alguns truques utilizando apenas objetos simples, como papel e caneta.
Mágico profissional há 35 anos, Célio Amino é também físico. Começou a se envolver com mágica aos seis anos de idade e sempre gostou de experimentar a mistura da mágica com novas tecnologias. É autor das peças Além da Mágica, Certas Ilusões e Wakatta Sempre.
A série Crianças #EmCasaComSESC teve início no dia 23 de maio e já contou com as apresentações de Palhaça Rubra, Fortuna, Ana Luísa Lacombe, Tiquequê, Marina Esteves, Cia. Suno, Cristiano Gouveia, Pequeno Teatro do Mundo, Júlia Medeiros, Badulaque, Cia. LaMala, Dalisa Campos Miranda, Banda Mirim, Pequeno Cidadão, Cia. Prana Teatro, Cia. Barnabô, Márcio de Camillo e Thiago Sormani, Kiusam de Oliveira e Núcleo Caboclinhas, atraindo uma audiência de mais de 56 mil visualizações. A série oferece, todos os sábados, ao meio-dia, uma apresentação diferente, ao vivo, para que pais e filhos possam curtir juntos e diretamente de suas casas. A programação é pensada para o público familiar em tempos de distanciamento social por conta do novo coronavírus.
Publicação foi criada a partir de um dicionário japonês-português-japonês e traz ilustrações inéditas do artista e poemas de Celina Ishikawa. Foto: Gal Oppido.
A partir de um pequeno livro que lhe foi ofertado, um dicionário japonês-português-japonês, o fotógrafo ensaísta e expoente da fotografia contemporânea brasileira Gal Oppido desenvolveu uma obra inédita e relacionada a um projeto que toca há anos – o Shunga, Serenos e Ofegantes, sobre imagens das xilogravuras eróticas do Japão impressas entre os séculos XVII e XIX. A experiência resultou na publicação Pequeno Dicionário Erótico Ilustrado Japonês Português Japonês, livro produzido pelo artista entre março e junho deste ano, com lançamento pela Galeria Lume (@galerialume). “Dicionários entre línguas são manuais de convivências latentes, quase sempre ritos de entendimentos entre humanos deslocados de seus lugares, um instrumento vital para o imigrante diametralmente distante. O dicionário pulsava perto de mim como um amuleto de conexão com a cultura japonesa. Eu, mergulhado há anos nas xilogravuras eróticas japonesas, vi naquele volume a alegoria de uma pororoca cultural entre o Japão oceânico e o Brasil pluvial”, reflete o artista no texto de abertura do livro.
Nas mãos de Oppido, as páginas duplas do dicionário tornaram-se múltiplas. Uma peça gráfica à maneira japonesa, que traz páginas soltas, tal qual cartões de uma coleção. O artista fez do pequeno livro a origem de diversos motivos para desenhos. Elegeu palavras-estopim associadas ao Shunga e, partir disto, desenvolveu ilustrações nas folhas. Seu desenho começa na palavra inicial e vai se complementando com palavras do entorno, a exemplo da ilustração que fez com o conjunto de Seio, Sedução, Sedutor, Sedento, Secreto, no qual deu vida a uma mulher nipônica, nua, que fita o leitor com olhar lascivo.
A convite de Gal Oppido, a poetisa sansei Celina Ishikawa criou pequenos versos, semelhantes aos haikais, associados às temáticas das ilustrações. “À distância, na penumbra pandêmica, construirmos um objeto-tributo ao casal Sachiko Koshikoku e Michio Osawa, re-ofertando um dicionário agora descendente dos Osawa-Koshikoku, que será compartilhado com nossos contemporâneos como um singelo rito de imanência”, pontua Oppido.
O dicionário pertenceu à artista plástica Sachiko Koshikoku, pintora abstrata com obras em instituições como MASP e MAM São Paulo, e a seu marido Michio Osawa, fotógrafo que documentou a família imperial japonesa em visita ao Brasil. Com o falecimento do casal nipônico, o pequeno livro foi oferecido ao artista como forma de redestinar os pertences-lápides.
Sobre Gal Oppido
Paulistano de 1952, Gal Oppido é arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, fotógrafo desde meados da década de 1970, músico e desenhista desde que se entende por gente. Foi fotógrafo do Teatro Municipal e do Balé da Cidade de São Paulo de 1989 a 1993 e, também, fotógrafo colaborador da Vogue Brasil de 1990 a 2000. Expondo desde 1981, sua obra integra os acervos de instituições MASP e MAM de São Paulo. Desde 2001 integra publicações como Brasilianische Fotografie 1946 – 1998, Labirintos e Identidades e Canto a La Realidad. Em 2016 recebeu o prêmio de melhor exposição da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pela individual Sentidos da Pele, realizada na Galeria Lume.
Sobre Celina Ishikawa
Paulistana de 1962, bisneta e neta de imigrantes japoneses que vieram para trabalhar nas lavouras de café como parte de acordo entre Brasil e Japão, é formada em Física pela Universidade Mackenzie com MBA pela FIA – USP, passou a dedicar-se à carreira de escritora em Dramaturgia, Prosa Curta e Poesia a partir de 2008. Teve peça teatral curta Espectro montada em 2018 e publicou o livro de poemas Surto Bruto Silencioso, em 2019 pela Editora Patuá.
Ficha técnica
Título: Pequeno Dicionário Erótico Ilustrado Japonês Português Japonês
Autoria: Gal Oppido
Poemas: Celina Ishikawa
Páginas: 28
Valor: R$100.
Onde encontrar: http://www.galerialume.com
Mais informações: (11) 4883-0351 | contato@galerialume.com.
Foto: divulgação.
A Pinacoteca de São Paulo se uniu à Coleção Ivani e Jorge Yunes para lançar um modelo de colaboração até então inédito no Brasil: a contratação de um (a) curador (a) que trabalhará na Pinacoteca durante dois anos produzindo conteúdo, pesquisa e comissionamentos a partir de um conjunto de obras da Coleção Yunes cedidos em comodato para o museu.
O profissional terá o auxílio de uma bolsa por dois anos e, a partir de 2021, será incorporado à equipe de curadoria do museu com o cargo de Ivani e Jorge Yunes Curador (a) de Pesquisa e Ação Transdisciplinar, nomenclatura pouco usual no país, mas muito utilizada em museus no exterior, como o MoMA (Nova York) e a Tate (Londres). Neste modelo, o candidato selecionado é funcionário da instituição, mas tem seu salário e encargos financiados por uma fonte privada.
As inscrições começaram nesta segunda-feira (28) através de chamada aberta e por meio de cartas-convite. Confira informações sobre a vaga clicando aqui. A vaga está aberta para brasileiros e estrangeiros. O selecionado será escolhido por uma comissão formada por representantes da Pinacoteca e da Coleção Ivani e Jorge Yunes e a duração de cada ciclo de trabalho será de 2 anos consecutivos, a começar em janeiro de 2021. “Estamos muito felizes em apoiar de forma mais institucional e perene a Pinacoteca de São Paulo, instituição que meus pais, Ivani e Jorge Yunes, sempre prestigiaram”, afirma Beatriz Yunes Guarita, diretora da Coleção Jorge e Ivani Yunes. “Com a contratação deste profissional, a Pinacoteca terá a oportunidade de contar com mais um pesquisador em seu quadro funcional, com a missão de articular obras ícones das duas coleções em projetos multidisciplinares”, completa Beatriz.
O Programa de Pesquisa e Ação Transdisciplinar
Foto: Levi Fanan.
O programa tem como objetivo dedicar-se ao estudo da arte e da cultura brasileiras, estimulando o pensamento crítico e as práticas curatoriais em diálogo com as mais diversas áreas de expressão, como dança, teatro, gastronomia, paisagismo e, claro, as artes visuais. A transdisciplinaridade do programa corresponde com o ecletismo extraordinário da Coleção Ivani e Jorge Yunes.
O profissional trabalhará inicialmente de forma livre, a partir de um conjunto de 12 obras (lista abaixo) da Coleção Ivani e Jorge Yunes cedidas em comodato para a Pinacoteca. As peças já poderão ser vistas pelo público na nova montagem da coleção do museu que será inaugurada após a reabertura.
Segundo Jochen Volz, diretor-geral do museu, a notícia da parceira é para ser celebrada, sobretudo neste momento em que muitas iniciativas culturais relevantes no país estão suspensas. “A família Yunes é de longa data parceira da Pinacoteca. Desde 2012, Ivani e Beatriz são patronas fundadoras de nosso programa de aquisição de obras de arte de artistas brasileiros contemporâneos. Beatriz ainda empresta voluntariamente sua expertise, seu tempo e paixão ocupando, desde 2018, um assento no Conselho de Administração da Pina. Assim, era natural essa parceria, sobretudo se pensarmos que a Coleção Ivani e Jorge Yunes é uma das mais importantes coleções de arte privada do país”. Para Volz, essa é uma oportunidade única de enriquecer a nova montagem do acervo em sua exibição de longa-duração, agregar ao quadro funcional mais um pesquisador e explorar propostas de trabalho e atividades multidisciplinares.
Foto: Levi Fanan.
“O/A Ivani e Jorge Yunes Curador (a) de Pesquisa e Ação Transdisciplinar terá condições orçamentárias para comissionar artistas e produtores culturais para 3 a 4 projetos de ações que serão apresentados como parte da programação cultural da Pinacoteca. Cada convidado receberá uma bolsa e uma ajuda de custo de produção para o projeto. O programa pode ser conduzido nos mais diversos ambientes do museu (galerias, pátios, átrios, octógono ou auditório), em localidades na vizinhança e/ou através das plataformas digitais”, completa.
Cronograma
Agosto: assinatura do contrato de comodato e da parceria.
Setembro: lançamento do programa e abertura do processo seletivo
Novembro: anúncio do selecionado
Janeiro 2021: início dos trabalhos de pesquisa e programação.
Obras da Coleção Ivani e Jorge Yunes que estarão em comodato com a Pinacoteca de São Paulo pelo período inicial de 5 anos (renováveis):
1 – Categoria: Pintura
Autor: Pedro Peres
Título: Sem título (Ateliê do artista)
Data: 1884.
2 – Categoria: Pintura
Autor: Modesto Brocos
Título: Academia (estudo de modelo).
3 – Categoria: Pintura
Autor: Alberto da Veiga Guignard
Título: Paisagem imaginante
Data: sem data.
4 – Categoria: Pintura
Autor: Fulvio Pennacchi
Data: 1935.
5 – Categoria: Escultura
Autor: Não identificado – Karajá
Título: Boneca – Ritxoko
Técnica: cerâmica pintada
Dimensões: 12 x 12 x 25 cm.
6 – Categoria: Escultura
Autor: Não identificado – Karajá
Título: Boneca – Ritxoko
Técnica: cerâmica pintada
Dimensões: 10 x 9 x 24 cm.
7 – Categoria: Escultura
Autor: Não identificado – Karajá
Título: Boneca – Ritxoko
Técnica: cerâmica pintada
Dimensões: 11 x 12 x 25,5 cm.
8 – Categoria: Escultura
Autor: Não identificado – Karajá
Título: Boneca – Ritxoko
Técnica: cerâmica pintada
Dimensões: 20,5 x 10,5 x 20 cm.
9 – Categoria: Escultura
Autor: Não identificado – Karajá
Título: Boneca – Ritxoko
Técnica: cerâmica pintada, fios de algodão e cera de abelha
Dimensões: 5 x 5 x 11 cm.
10 – Categoria: Escultura
Autor: Não identificado – Karajá
Título: Boneca – Ritxoko
Técnica: cerâmica pintada, fios de algodão e cera de abelha
Dimensões: 6 x 5,5 x 13 cm.
11 – Categoria: Escultura
Autor: Não identificado – Karajá
Título: Boneca – Ritxoko
Técnica: cerâmica pintada, fios de algodão e cera de abelha
Dimensões: 5,5 x 2,5 x 10,5 cm.
12 – Categoria: Escultura
Autor: Não identificado – Karajá
Título: Boneca – Ritxoko
Técnica: cerâmica pintada, fios de algodão e cera de abelha
Dimensões: 5 x 5 x 9,5 cm.
Coleção Ivani e Jorge Yunes
Iniciada em meados dos anos 70 pelo casal Jorge e Ivani Yunes, a coleção de arte foi sendo construída sem uma preocupação museal, mas a partir do olhar apaixonado do casal por arte, beleza e cultura. Contempla cerca de 90 mil itens, entre pinturas, esculturas, prataria, arte sacra, documentos históricos, artefatos etno-históricos e coleções de curiosidades.
Em seu acervo, de preciosidades da história da arte brasileira do século XVIII aos modernos, artistas internacionais e ícones da historia da arte universal. A Coleção Ivani e Jorge Yunes começou a ganhar feições públicas a partir da morte do Dr. Jorge, em 2018. Neste curto espaço de tempo, a coleção passou por um amplo e minucioso processo de documentação, catalogação e higienização e tem sido mostrada em diversos museus no Brasil e no mundo por meio de empréstimos temporários, comodatos e doações.
Pinacoteca de São Paulo
Foto: divulgação.
A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.
Seu acervo original foi formado com a transferência de 26 obras do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e conta hoje com cerca de 11 mil peças; entre elas, trabalhos de autoria de importantes artistas brasileiros como Anita Malfatti, Lygia Clark, Tarsila do Amaral, Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Candido Portinari e Oscar Pereira da Silva, entre outros.
Possui dois edifícios abertos ao público e com intensa programação: a Pinacoteca Luz e a Pinacoteca Estação. A primeira é conhecida pelos visitantes como Pina Luz, antiga sede do Liceu de Artes e Ofícios. Projetada no final do século XIX pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, passou por uma ampla reforma no final da década de 1990, com projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. O edifício comporta ainda um dos principais laboratórios de conservação e restauro do país.
Já a Pinacoteca Estação, ou Pina Estação, inaugurada em 2004, originalmente abrigou os armazéns e escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana. Seu edifício, também projetado por Ramos de Azevedo, foi totalmente reformado pelo arquiteto paulistano Haron Cohen para receber parte do programa de exposições temporárias e do acervo do museu.
No primeiro andar da Pina Estação, está localizado o Centro de Documentação e Memória (Cedoc) e a Biblioteca Walter Wey, que apresenta um significativo acervo de publicações de artes visuais disponível para consulta pública. E, no térreo e no terceiro andar, está situado o Memorial da Resistência de São Paulo, no edifício que um dia sediou o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP), entre os anos 1940 e 1983.
Confira informações sobre a vaga clicando aqui.
Pinacoteca de São Paulo:
De quarta a segunda, das 14h às 20h. (fechado temporariamente)
Edifício Pina Luz
Praça da Luz 2, São Paulo, SP – Salas A e B, 2º andar e pátio (térreo)
Ingressos: R$25,00 (entrada); R$12,50 (meia-entrada para estudantes com carteirinha)
Vendas apenas pelo site da Pinacoteca (www.pinacoteca.org.br)
Menores de 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento.
Aos sábados, a entrada da Pina é gratuita para todos, mas é preciso reservar pelo site.
Edifício Pina Estação
Largo General Osório, 66 – Luz
De quarta a segunda, das 14h às 18h. (Fechado Temporariamente)
Visita gratuita, mas é preciso reservar ingresso com data e horário pelo site (www.pinacoteca.org.br).