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Livros: abram alas à música de Chiquinha Gonzaga

São Paulo, por Kleber Patricio

O legado de Chiquinha Gonzaga continua inspirando gerações – e não só na música. Ô abre alas, a primeira marcha de Carnaval brasileira, composta por ela em 1889 é, agora, homenageada pelo ilustrador paulistano Duda Oliva. O livro homônimo, lançamento da Saíra Editorial, é destinado ao público infantil.

O obra mostra às crianças o poder que a música tem de transformar o mundo em um lugar mais feliz, divertido e colorido. O enredo começa quando uma misteriosa raposa invade uma cidade cinza e sem graça para levar música e arte aos moradores, que não podiam cantar nem dançar.

“Nessa cidade, gente grande, que não gostava de muita coisa, mandava.

Então, gente pequena não podia nada: ninguém podia tocar nem uma música

nem outra…” (Ô abre alas, pág. 14 e 15)

Foi na praça central que a raposa decidiu quebrar o silêncio e bastaram uma bela vitrola e uma flauta para soltar a melodia. No começo todos estranharam a música e reclamaram do “barulho”, mas isso não abalou a musicista. Só precisou de um pouco de tempo para os moradores entrarem na dança e na cantoria, tomados pela alegria da boa melodia. Ao final, com a missão concluída, a raposa se revela: eram crianças disfarçadas, com a deliciosa tarefa de levar alegria e diversão a quem estivesse triste. E não poderia haver inspiração melhor que a música de Chiquinha Gonzaga, composição que inspirou o ilustrador paulistano – apaixonado por folclores, pelas imagens do mundo e pelas narrativas dos livros – a estrear na literatura.

Além de homenagear a musicista com uma obra rica em ilustrações e valores morais, o livro inclui, ainda, uma nota biográfica de Chiquinha, com suas lutas e bandeiras para além do universo das artes.

Ficha técnica

Título: Ô abre alas

Autor: Duda Oliva

Editora: Saíra Editorial

ISBN: 978-65-86236-07-1

Formato: 19,5 x 28 cm

Preço: R$35,00

Número de páginas: 48

Link de venda: http://amzn.to/2XmwTuW.

Sinopse | Uma cidade cinza, em que tudo era proibido, recebe uma visita inesperada que leva música, festa e alegria para renovar tudo por lá.

Sobre o autor e ilustrador | Criador de histórias e apaixonado por natureza, folclore e chás, Duda Oliva é um ilustrador paulista inspirado pelas imagens do mundo e pelas narrativas dos livros. Biólogo e poeta amador na infância, cria ilustrações que se equilibram entre o realismo fantástico, o ativismo ecológico e a poesia escondida nos momentos cotidianos. Ô abre alas é seu livro de estreia e uma tentativa de trazer de volta música a lugares cinzentos.

Redes sociais:

Instagram: @sairaeditorial | @dudailustra

Facebook: Saira Editorial

Site: www.sairaeditorial.com.br.

Artigo: “Velhices ignoradas: a longevidade dos LGBTQIA+ no Brasil”, por Layla Vallias

São Paulo, por Kleber Patricio

Layla Vallias em foto de Rafael Ribeiro.

“O gay idoso é mais solitário. Os heterossexuais ficam mais tempo casados; têm filhos e netos. Nós somos mais sozinhos. Sobre a idade, sofro mais preconceito por ser idoso do que pela homossexualidade”, afirmou José Victor, empreendedor, criador da Blue Space, em uma entrevista concedida em 2018 ao programa Chá dos Cinco. Como pesquisadora de Longevidade e Economia Prateada, estou sempre alerta a temas que permeiam o universo do envelhecimento populacional, sobretudo, os que envolvem análises de comportamentos sociais. E esse depoimento dá margem para muitas reflexões relevantes para o país.

Há anos tenho pensado sobre as velhices ignoradas. Quando analisamos o Brasil, vemos que o ageísmo – preconceito baseado na idade e que atinge, especialmente, os 60+ – tem comprometido a qualidade de vida, a saúde (física e mental), a empregabilidade e as políticas públicas voltadas aos maduros. Temos um contingente considerável de excluídos pela nossa fixação, como sociedade, pela juventude. Enquanto gastamos um tempo precioso de vida e de planejamento, falando sobre os Millennials, o mundo envelhece. E, nesse contexto, há os que são ainda mais prejudicados por essa miopia social. Estou falando dos LGBTQIA+.

Hoje, a população LGBTQIA+ reúne 3,1 milhões de brasileiros sessentões. Muitos, inclusive, vivem o que chamam de “a volta para o armário”. Depois de lutarem arduamente por direitos e serem aceitos na sociedade, ao envelhecer, esses indivíduos precisam se calar. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, existem residenciais que não os aceitam; há famílias que os abandonam e serviços públicos que não os entendem. O criador da série Corpos que Resistem, Yuri Fernandes afirma, em entrevista à Folha de S. Paulo, que as gerações mais novas tendem a se afastar. “A juventude, tão cultuada, coloca a população idosa à margem dos círculos sociais. Ironia. Logo o grupo pioneiro na luta pelos direitos LGBT+ no Brasil e que, justamente por estar focado na própria sobrevivência, pouco pode pensar no futuro. Viveram uma ditadura. E, hoje, vivem outra velada”.

Em contrapartida, há os que saem do armário justamente na maturidade. A inglesa Barbara Hosking é um desses casos. Ela decidiu assumir a homossexualidade aos 91 anos. Funcionária pública durante décadas, ela viveu os tempos do conservadorismo e optou por se esconder; por viver uma vida que não era a dela para não sofrer ainda mais. O exemplo que oferece ao mundo, hoje, é extremamente poderoso e corajoso. Isso porque o idoso LGBTQIA+ sofre um duplo preconceito: são vistos como imorais e incapazes de realizar tarefas pela sociedade conservadora. Sofrer com esse preconceito é devastador de diferentes maneiras – o impacto é direto na saúde física e emocional. A solidão é a companheira de muitos diante desse cenário.

Ressalto que os homossexuais idosos estão assimilando crenças sociais negativas causadas pela opressão de desvalorização da sociedade. Em um momento de profundo questionamento social, temos o dever de repensar esses mecanismos de exclusão. Espero, em 2021, que a Hype50+ – empresa que fundei – possa trazer para o centro do debate as velhices excluídas, assim como outros atores do ecossistema. Como cidadã, espero pessoalmente contribuir para um debate propositivo que aponte caminhos inovadores e luminosos para uma nova geração de idosos LGBTQIA+ que vai surgir. A longevidade é para todos.

Layla Vallias | eleita, em 2020, pela Forbes Under 30 como uma das jovens brasileiras mais influentes com menos de 30 anos – é cofundadora do Hype50+, consultoria de marketing especializada no consumidor sênior e da Janno – startup agetech que tem como missão apoiar brasileiros 50+ em seu novo plano de vida. Foi coordenadora do Tsunami60+, maior estudo sobre Economia Prateada e Raio-X do público maduro no Brasil e diretora do Aging2.0 São Paulo, organização de apoio a empreendedores com soluções para o envelhecimento em mais de 20 países. Mercadóloga de formação com especialização em marketing digital pela Universidade de Nova York, trabalhou com desenvolvimento de produto na Endeavor Brasil.

FGV retoma série de webnários gratuitos sobre especialização e gestão profissional

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Sede da FGV. Foto: portal.fgv.br.

A FGV Educação Executiva retoma a série de webnários gratuitos voltados para capacitação profissional. No total, serão 21 eventos online até março, que apresentarão temas e competências abordados em profundidade nos novos cursos de MBA Live da FGV. Os eventos serão transmitidos ao vivo a partir das 18h. O primeiro deles será realizado no dia 26 de janeiro e tratará de Relações institucionais e governamentais em setores complexos.

A área de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) tem crescido em importância estratégica para as organizações a cada ano. Temas como ESG (Environmental, Social, Governance), reputação corporativa e compliance têm sido cada vez mais discutidos. Questões como setores extremamente complexos organizam suas áreas de RIG, quais temas têm recebido maior atenção e como elaborar estratégias e planos de ação efetivos serão, entre outras, apresentadas neste primeiro webnário.

Participam do encontro o presidente da Abramat e conselheiro da ABNT, CNI e Fiesp Rodrigo Navarro e o advogado especializado em Direito Público e Processos Rafael Bastos. O moderador será o diretor executivo da Rede Conveniada, Luiz Migliora. O segundo encontro será no dia 28 e vai abordar o tema Os desafios da LGPD na elaboração de contratos.

A iniciativa faz parte da nova modalidade de cursos de MBA da FGV, em formato live. O MBA Live consiste em aulas 100% ao vivo por meio de webconferência e interação em tempo real com professores e colegas. Essa nova proposta de especialização inovadora proporciona o networking em tempo real entre os participantes. As aulas também são gravadas e disponibilizadas na íntegra, dando flexibilidade e autonomia para os alunos. Os programas contam com a qualidade e a excelência oferecidas nos cursos de MBA presenciais da FGV, sendo conduzidos pelos mesmos docentes desses cursos.

Relações institucionais e governamentais em setores complexos

Data: 26 de janeiro

Horário: 18h

Link de inscrição: https://evento.fgv.br/mbalive_26

Os desafios da LGPD para o desenvolvimento dos negócios

Data: 28 de janeiro

Horário: 18h

Link de inscrição: https://evento.fgv.br/mbalive_28.

Maria Antonieta Bistrô, Boulangerie & Pâtisserie celebra o croissant no próximo dia 30

Campinas, por Kleber Patricio

O croissant de amêndoas. Foto: Bernardo Coelho – Família Coelho.

No dia 30 de janeiro é comemorado o Dia Mundial do Croissant e a Maria Antonieta Bistrô, Boulangerie & Pâtisserie, em Campinas (SP), possui deliciosas versões e sanduíches. A casa tem duas unidades na cidade – uma no charmoso bairro do Cambuí e outra, no Galleria Shopping.

A Boulangerie & Pâtisserie traz o tradicional croissant, uma massa semi folhada com manteiga francesa e também na opção integral. Apresenta ainda opções mais elaboradas, como o queridinho da casa, o croissant de amêndoas – essa versão tem recheio de creme de frangipane, syrop ao rum e amêndoas laminadas – e, para finalizar as dicas, o sucesso aparece também em sanduíches, como no Peru & Queijo e Queijo quente de Gruyére, e aquela ótima opção para vegetarianos, como Sanduíche de Zucchini com cogumelos e Brie.

Ao contrário do que muitos pensam, o croissant não é de origem francesa e, sim, austríaca – foi criado no ano de 1683, na capital Viena, com o nome kipferl em comemoração a antecipação do ataque Otomano. O formato foi inspirado na alusão da bandeira dos invasores. A invenção aterrissou na França em razão do casamento de Maria Antonieta, que era uma princesa austríaca, com o Rei francês Louis XIV. Foi nas mãos dos franceses que a receita foi adaptada, ganhando a massa folhada e mais leve que tem até hoje e rebatizada com o nome de croissant (crescente, em francês). Mas só a partir do século 20 esse delicioso pãozinho se tornou um dos símbolos da culinária francesa e partiu para ganhar o mundo.

A Maria Antonieta além das duas unidades: uma no Galleria Shopping e outra na Rua Coronel Quirino, 1239, no bairro do Cambuí , com e-commerce, delivery próprio (https://mariaantonieta.com/loja/) e está no iFood.

Sobre Maria Antonieta Bistrô, Boulangerie & Pâtisserie | Sob o comando dos Chefs Mateus Matana e José Martin, a casa, que leva o nome da última rainha que a França teve antes de sua famosa revolução, coleciona vários prêmios de confeitaria, panificação e gastronomia. No cardápio, estão presentes grandes clássicos franceses e também  inúmeros pães, doces e pratos autorais, resultando em um menu repleto de opções para serem saboreadas em qualquer momento do dia, do café da manhã ao almoço e do chá da tarde ao jantar. Atualmente, a Maria Antonieta, em união com outra premiada casa de alta gastronomia de Campinas (SP), o D’autore, forma o grupo D’ama.

Serviço:

Maria Antonieta Bistrô, Boulangerie & Pâtisserie

Unidade 1

Rua Coronel Quirino, 1.239, Cambuí, Campinas/SP.

Unidade 2

Galleria Shopping – Av. Bailarina Selma Parada, s/nº – Jardim Nilópolis, Campinas/SP.

Telefones: (19) 3368-6008 ou (19) 97146-0036 (Whatsapp).

Site: http://www.mariaantonietacampinas.com.br/

E-commerce: https://mariaantonieta.com/loja/

Instagram: https://www.instagram.com/mariaantonietabr/.

Eduardo Kobra finaliza mural em Sorocaba

Sorocaba, por Kleber Patricio

Kobra em frente ao novo trabalho, em Sorocaba. Fotos: @drone.cyrillo.

O conhecido artista urbano Eduardo Kobra finalizou na sexta-feira, 22 de janeiro, um mural de 22 metros de altura por 11 de largura em uma escola – o Colégio Ser! – na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo. O mural mostra um menino subindo uma estante em uma biblioteca à procura de um livro. O artista, que não tem formação acadêmica, é autodidata. “Pesquiso muitos as biografias dos ‘personagens’ que destaco em minhas obras e, também, sobre as cidades que visito: busco imagens, fotografias e textos. Por isso, tenho procurado trazer em meus murais a importância dos livros para a cultura do País e para a formação e crescimento das pessoas”, diz o artista urbano, que tem murais em 35 países e já fez 13 obras com temas ligados à literatura e livros em geral.

Antes de iniciar o mural, Kobra utilizou as redes sociais e pediu para que as pessoas sugerissem livros. “De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, o País perdeu 4,6 milhões de leitores nos últimos quatro anos. Isso não é nada bom: já somos um povo que lê pouco e os números indicam que esse hábito está diminuindo. Atualmente, apenas 52% da população brasileira tem o costume de ler. Estou preparando um painel para destacar a importância dos livros, das obras da literatura brasileira. Quero sua ajuda para saber quais livros devo destacar. Comente aqui: qual seu livro brasileiro favorito? Qual obra mais marcou sua infância? Vamos fazer esse mural juntos?”, escreveu o artista no Instagram. Kobra recebeu cerca 4 mil sugestões de títulos nacionais. Os 150 livros mais indicados aparecem no mural.

Esse mural é o primeiro de Kobra em 2021. No final do ano passado, pintou na altura do km 44 da rodovia Presidente Castelo Branco o mural A Linha da Vida, com 600 metros quadrados. A obra traz oito personagens – começa com uma criança e termina com uma senhora de cerca de 80 anos de idade.

Kobra durante o trabalho na escola de Sorocaba.

Também em dezembro, Kobra fez em Coxim, na região norte do Mato Grosso do Sul, um novo projeto, ainda sem nome definido, de resgate, manutenção e valorização das culturas regionais. Ele fez o mural do compositor Zacarias Mourão, de 6 metros por 19,60 metros, na Praça “Zacarias Mourão”. O mural virou atração da cidade.  De acordo com o artista, o mural sobre Zacarias Mourão dá início a um antigo sonho de realizar um projeto de valorização das culturas regionais. “Dizia o escritor russo Leon Tolstói (Lev Tolstoi) que ‘universal é o homem que escreve sobre a própria aldeia’. Por isso, ao mesmo tempo em que faço murais para destacar grandes nomes que contribuíram para a história do País, como o arquiteto Oscar Niemeyer e os compositores Chico Buarque e Adoniran Barbosa, e nomes que contribuíram para a paz, liberdade, arte e humanismo no mundo, como Nelson Mandela, Martin Luther King, Malala Yousafzai, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e John Lennon, sempre quis criar um projeto que falasse sobre nomes que contribuíram para a cultura das próprias regiões”, conta o artista urbano, que complementa: “além disso, já pintei em cinco continentes mas não conheço a maioria dos estados do meu próprio país. Será uma grande realização conseguir pintar em cada estado do Brasil”, diz Kobra, que já fez obras em  São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Maranhão, Pernambuco e Mato Grosso do Sul.

Sobre Eduardo Kobra | Recentemente, Eduardo Kobra, 45 anos, entregou em Santos, no litoral de São Paulo, o mural Coração Santista, de 800 metros quadrados. A obra foi inaugurada no dia 23 de outubro, data do aniversário de 80 anos de Edson Arantes do Nascimento, Pelé. No mural, há quatro cenas, todas situadas dentro dos arcos (ou círculos) das muretas de Santos, um dos mais conhecidos símbolos da cidade: Pelé (o grande homenageado do mural), o Bonde, a Bolsa do Café e Um Estivador no Porto de Santos.

Pouco antes, o muralista lançou um painel sobre o Líbano, país marcado pela recente tragédia ocorrida em Beirute. A tela foi leiloada e foram feitas serigrafias para serem sorteadas entre pessoas que fizessem doações para o Líbano (o valor total a arrecadação será divulgado ainda em novembro). Também durante a pandemia, Kobra fez o painel Coexistência, onde mostrava crianças de cinco religiões – budismo, cristianismo, islamismo judaísmo e hinduísmo – em oração e vestindo máscaras. Uma serigrafia da obra foi sorteada entre as pessoas que fizeram doações. Com o valor arrecadado, foram produzidos e distribuídos 16.620 kits.

Em setembro, o artista urbano finalizou um mural dentro da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. O mural faz parte de um projeto idealizado por ele para a revitalização da escola, onde ocorreu um massacre em março de 2019, quando dois ex-estudantes armados invadiram o espaço. Além do mural pintado por Kobra dentro do pátio da escola, alunos participaram de um concurso da Secretaria de Estado da Educação com o tema “Paz nas Escolas” e enviaram desenhos. As obras escolhidas foram pintadas no muro em frente à fachada da escola. Para as pinturas nas outras três laterais do muro, foram convidados diversos artistas urbanos.

Kobra é um expoente da neo-vanguarda paulistana. Começou como pichador, tornou-se grafiteiro e hoje se define como muralista. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo, com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade e pelo mundo. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra, criado em 95 – para um muralismo original – inspirado em muitos artistas, especialmente os pintores mexicanos e norte-americanos, beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo “transformismo” grafiteiro.

Muitos críticos afirmam que a característica mais marcante de Kobra é o domínio do desenho e das cores. Mas o que é fundamental para o artista é o olhar. Kobra foi desde cedo apresentado às adversidades da vida. Viu amigos sucumbirem às drogas e à criminalidade. Alguns foram presos. Outros perderam a vida. Foi o olhar que o salvou.

Kobra é autor de projetos como o Muro das Memórias, em que busca transformar a paisagem urbana por meio da arte e resgatar a memória da cidade; Greenpincel, onde mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza e Olhares da Paz, onde pinta figuras icônicas que se destacaram na temática da paz e na produção artística, como Nelson Mandela, Anne Frank, Madre Teresa de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Malala Yousafzai, Maya Plisetskaya, Salvador Dali e Frida Kahlo.

Em meio ao caos urbano, buscou resgatar o patrimônio histórico que se perdeu. Em um contexto repleto de desigualdade social e injustiças, buscou se inspirar em personagens e cenas que servem de exemplo para um mundo melhor. Hoje, os murais de Kobra estão em cerca de 35 países e em diversas cidades e estados brasileiros – como Etnias – Todos Somos Um, no Rio de Janeiro, Oscar Niemeyer, em São Paulo; The Times They Are A-Changin (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; Let me be Myself (sobre Anne Frank), em Amsterdã; A Bailarina (Maya Plisetskaia), em Moscou; Fight For Street Art (Basquiat e Andy Warhol), em Nova York e David, nas montanhas de Carrara. Em todos os trabalhos, o artista paulistano busca democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e até montanhas em galerias a céu aberto.  Inquieto, estudioso e autodidata, também faz pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos. Em 2018, pintou 20 murais nos Estados Unidos, 18 deles em Nova York.

Cada vez mais conhecido, Kobra fica, é claro, orgulhoso quando vê uma multidão que observa um de seus murais, mas costuma dizer que o que o comove de verdade é descobrir alguém que para no meio da correria da cidade para observar, mesmo que por um minuto, os detalhes dessa obra. Apesar dos murais monumentais, Eduardo Kobra faz sua arte para despertar a consciência e a sensibilidade de cada um de nós.