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Podcast ‘Caçadores de Fake News’ ensina a identificar e combater notícias falsas

Brasil, por Kleber Patricio

Imagem de memyselfaneye por Pixabay.

Uma fake news tem 70% mais chance de ser compartilhada do que uma informação verdadeira, segundo o Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT). Então, como se proteger e combater as notícias falsas? Essa resposta e muitos outros dados e curiosidades estão no podcast Caçadores de Fake News, voltado especialmente para crianças e jovens. O terceiro episódio acaba de ir ao ar nesta quinta-feira (18/2), nas principais plataformas de streaming (Spotify, Deezer, Google Podcast e Apple Podcast, entre outros).

O Brasil é um dos países em que mais se propagam notícias falsas, revela a jornalista Januária Cristina Alves, pesquisadora de histórias de tradução oral, no primeiro episódio do podcast. “Apenas em 2019 o Brasil teve cerca de 9 bilhões de cliques em notícias falsas”. E tem mais: o Instituto Ipsos, uma empresa de pesquisa de mercado, mostrou que somos o número um entre os povos que caem em fake news.

Gilmar Lopes, criador do site e-farsas, participou do podcast e contou que em 2002 o site publicava um fato desmentido por semana. Atualmente, entram de cinco a seis matérias desmentidas por dia. Ainda assim, a equipe não consegue dar conta do grande volume de notícias falsas que se espalham pela internet.

Além de muita informação, Caçadores de Fake News traz humor e entretenimento. Baseado no livro Esquadrão Curioso – Caçadores de Fake News, do jornalista e escritor Marcelo Duarte, lançado em 2018, o podcast mistura ficção com realidade ao trazer os quatro personagens da trama – Isa, Pudim, Leo e Débora – entrevistando 11 jornalistas, educadores e formadores de opinião de Brasil, Estados Unidos e outros países para entender o que são as fake news, como elas surgem e como se espalham tão depressa, os perigos que causam e como combatê-las.

A série teve apoio da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil por meio de seu Edital Anual de Projetos, que financia programas que fortaleçam as relações entre Brasil e Estados Unidos, destaquem valores compartilhados entre os dois países e promovam a cooperação bilateral. “Informações falsas podem até tirar vidas, então é crucial fomentar o pensamento crítico em jovens desde cedo de modo a ajudar a formar cidadãos engajados e conscientes. Os Estados Unidos já têm bastante experiência nessa área e achamos que é importante dividir essa experiência com os brasileiros”, afirmou o cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Adam Shub.

São cinco episódios de 20 minutos com muito entretenimento e informação, que poderão ser trabalhados nas escolas, com alunos do Ensino Fundamental e Médio. “Não quisemos limitar a faixa etária, pois nunca sabemos quando a criança passará por uma situação assim. Elas precisam estar preparadas”, afirma Marcelo. Os educadores poderão encontrar sugestões pedagógicas, o perfil dos entrevistados, links importantes e até mesmo um glossário no site https://www.cacadoresdefakenews.com.br, criado especialmente como suporte do podcast.

Na trama, os personagens recebem o desafio de criar um podcast sobre fake news para um trabalho escolar. Com o objetivo de coletar informações relevantes e verdadeiras para o programa, eles conversam com diversos jornalistas especialistas no assunto de todas as formas – pelo telefone, trocando mensagens de WhatsApp, entrando em plataformas de reunião e mesmo presencialmente. Dublados por atores profissionais, os personagens foram muito bem recebidos pelos jornalistas convidados, que entraram na aventura e colaboraram com sua didática e muito conhecimento.

Fazem parte do elenco Mariana Elisabetsky (Mudança de Hábito, O Mágico de Oz e Grease), interpretando Isa; Arthur Berges (Um violonista no telhado, Rent e Chaplin – O musical), que dá voz ao Pudim; Luciana Ramanzini (Natureza Morta e Bento Batuca), no papel de Débora e Hugo Picchi (Cocoricó e Irmão do Jorel – Cartoon Network), que faz Leo e do narrador. “É urgente e necessário falar de educação midiática e, agora, mais do que nunca, precisamos que nossos jovens aprendam a importância de uma notícia bem apurada. Estamos vivendo um momento crítico; as pessoas precisam confiar e acreditar na imprensa profissional”, diz Marcelo.

Confira os jornalistas convidados:

Gilmar Lopes: é analista de sistemas e checador de fatos. Foi um dos pioneiros na apuração de fake news na internet – antes mesmo de o termo ter sido inventado. Criou o site E-Farsas em 2002.

Januária Cristina Alves: jornalista, educomunicadora e pesquisadora de histórias de tradição oral. É autora do livro Como Não Ser Enganado pelas Fake News em parceria com Flávia Aidar.

Cristina Tardáguila: fundadora e dona da Agência Lupa, uma das principais agências de checagem de fatos do país. Atualmente, é diretora adjunta da IFCN (International Fact-Checking Network), sediada na Flórida, EUA. É coautora do livro Você Foi Enganado – Mentiras, Exageros e Contradições dos Últimos Presidentes do Brasil, de 2018, com Chico Otávio.

Edgard Matsuki: jornalista e editor do site de checagem de fatos Boatos.Org, que ele criou em 2013.

Patrícia Campos: uma das mais importantes e premiadas jornalistas brasileiras da atualidade. Foi vítima de campanhas de difamação na internet por causa de reportagens investigativas que publicou. Escreveu o livro A Máquina do Ódio, em que revela como as redes sociais vêm sendo manipuladas por políticos inescrupulosos.

Filipe Vilicic: jornalista e profundo conhecedor dos mecanismos que regulam as redes sociais. Escreveu os livros O Clique de Um Bilhão de Dólares, em que conta a história do brasileiro que criou o Instagram, e O Clube dos YouTubers, sobre os milionários nascidos dentro da plataforma de vídeos.

Rodrigo Ratier: Jornalista, professor e pesquisador sobre fake news na Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo.

Esther Wojcicki: uma das mais respeitadas e premiadas educadoras dos Estados Unidos. É professora de jornalismo e fundadora do Centro de Mídias e Artes da Palo Alto High School, na California, especialista no ensino híbrido e uso de tecnologia na educação. É autora do livro Moonshots na Educação – Ensino Híbrido e Aprendizagem Colaborativa na Sala de Aula, já traduzido para o português pela Panda Books.

Fernando Esteves: editor do site Polígrafo, pioneiro na checagem de fatos em Portugal.

Cláudio Michelizza: editor do site italiano Bufale. Bufale é uma gíria para notícia mentirosa, sem fundamento.

Madelyn Webb: pesquisadora investigativa do site de checagem de fatos First Draft.

Sobre o autor | Marcelo Duarte é jornalista, apresentador e diretor editorial da Panda Books. Como jornalista, passou pelas redações das revistas Placar, Playboy e Veja S. Paulo. Também trabalhou no Jornal da Tarde, nas rádios Bandeirantes e BandNews FM e na ESPN-Brasil. Estreou como escritor em 1995 com o best-seller O Guia dos Curiosos, que deu origem a uma coleção já com nove volumes. Esquadrão Curioso – Caçadores de Fake News é seu 29º livro. Escreveu os roteiros do podcast Caçadores de Fake News.

Circuito Litoral Norte de São Paulo destaca projetos que promovem turismo sustentável

Litoral Norte, SP, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

Na contramão do turismo de massa, o turismo de base comunitária consiste em visitar lugares onde a comunidade se envolve e assume papel de protagonista no processo turístico, ajudando no desenvolvimento local e na movimentação da economia regional. Focado principalmente na valorização e preservação da cultura e do povo, esse tipo de turismo integra a comunidade em práticas socioculturais com a intenção de gerar benefícios tanto para o anfitrião, quanto para o visitante – ou seja, é um modelo de desenvolvimento que privilegia o ser humano e o meio ambiente. No Litoral Norte de São Paulo, as cidades de Bertioga, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba vêm somando esforços para trabalhar a região como um todo por meio do Circuito Litoral Norte e também apresentam projetos consolidados de turismo de base comunitária, que visam, não apenas preservar a rica biodiversidade regional, como também valorizar a cultura caiçara.

Para o analista Ambiental da DTA Engenharia e coordenador do Programa de Educação Ambiental do Porto de São Sebastião, Jorge Alarcón, esse segmento do turismo é de grande importância para a preservação de lugares e culturas como a do Litoral Norte. “É um turismo que vem contra a ideia de degradação ambiental e visa passar para os visitantes as ideias que as comunidades caiçaras têm; são comunidades que há séculos vem desenvolvendo suas atividades sem gerar grandes impactos ao meio ambiente. Portanto, eles têm muito a ensinar sobre isso”.

Alarcon também aborda a relevância desses projetos para o turismo regional. “Isso vai agregar para o turismo no sentido regional como uma nova possibilidade de atração e uma nova fonte de renda. É um modelo de turismo feito em vários lugares do Litoral Norte e a pessoa que vai visitar um, também quer conhecer os outros – ou seja, você fortalece uma cadeia inteira de turismo de base comunitária. O TBC tem potencial de ser enorme e atrai um público que é muito específico e gosta de vivenciar esse tipo de coisa”, completa.

Cada uma das cidades integrantes do consórcio turístico possui suas particularidades, mas carrega o senso comum de desenvolver práticas de turismo sustentável que beneficiem não só a economia, como também o desenvolvimento regional sustentável.

Bertioga | A comunidade Vila da Mata, que está situada dentro do Parque Estadual Restinga de Bertioga, importante área de conservação do ecossistema da Mata Atlântica, oferece uma oportunidade para os visitantes observarem aves locais, participarem de uma roda de conversa com seus moradores mais antigos e ainda descobrirem aspectos históricos da cultura caiçara.

A visita inclui passeio pela horta comunitária da comunidade, com direito a plantio de mudas e caminhadas pela região monitoradas por moradores locais, que contam a história do lugar e do povo que ali vive. “O turismo de base comunitária vem ganhando cada vez mais espaço, pois o turista não quer mais apenas contemplar; ele quer imergir na cultura local, tornando sua experiência mais enriquecedora. Isto tem aberto uma nova frente de emprego e renda para as comunidades, ao mesmo tempo em que viabiliza um turismo que resgata tradições, a cultura regional e é feito de forma sustentável e com proteção ao meio ambiente”, afirma o secretário de Turismo, Esporte e Cultura de Bertioga, Ney Carlos da Rocha.

Caraguatatuba | Em Caraguatatuba, a Associação de Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha (Amapec) conquistou, no último ano, a possibilidade de desenvolver o turismo de base comunitária na Fazenda de Mexilhão da Cocanha.

Com o objetivo de garantir a preservação ambiental e cultural dessa prática no local, que é considerada a maior fazenda de mariscos do estado, com 36 mil metros quadrados e produção de até 160 toneladas ao ano, o projeto de visitação inclui apresentação do funcionamento da fazenda, processo de reprodução do mexilhão, práticas de cultivo e técnicas de preparação para a venda do produto.

Além disso, a região da Ilha da Cocanha abriga importante biodiversidade, o que faz com que o passeio se complete com o avistamento de animais como tartarugas, arraias e polvos, assim como poríferos como esponjas e corais. “É um turismo muito importante no desenvolvimento de uma cidade, pois tem um caráter sustentável e cultural muito significativo. O turismo de base comunitária busca a preservação da cultura, principalmente e aqui, temos exemplos na região norte de Caraguatatuba, na Cocanha e já estamos desenvolvendo também um trabalho na região do rio Juqueriquerê, no sul da cidade. São projetos incríveis não só para o desenvolvimento econômico, mas também turístico e social para essas comunidades”, afirma a secretária de Turismo da cidade, Fernanda Galter Reis.

Ilhabela | Conduzido pela própria comunidade com apoio da Associação Castelhanos Vive, o projeto Turismo de Base Comunitária na Baía dos Castelhanos recebe os visitantes apresentando o lado oceânico da ilha. Tendo como protagonistas as seis comunidades tradicionais caiçaras que se baseiam principalmente na pesca, artesanato e gastronomia, o roteiro inclui as trilhas da Queda, da Figueira, Mansa e Vermelha, além de passeio de barco comandado pelos próprios nativos e oficinas de cestarias. Ali, as rodas de conversa com moradores também fazem sucesso entre os visitantes, que têm a oportunidade de descobrir as riquezas da cultura caiçara.

Na gastronomia, o projeto permite aos visitantes provarem pratos feitos com frutos do mar e produtos locais, como Azul Marinho, Caldeirada, Lambe-Lambe e Lula com Taioba.

São Sebastião | Lançada no último dia 10 de fevereiro, a Rota Caiçara é um importante exemplo de TBC em São Sebastião. O passeio, com saída da praia de Boiçucanga e duração de três horas, oferece uma imersão na cultura local. A começar pelo bate-papo com uma das moradoras mais antigas que conta sobre a história caiçara – como viviam, costumes, divisão de tarefas, aspectos da religião e o que aconteceu com o povo caiçara com o passar dos anos – acompanhado de café da manhã típico com café coado na garapa e bolinho de taioba. E, na sequência, um passeio de barco guiado pelos pescadores locais percorre pontos como o cerco flutuante – onde é explicada a arte da pesca que forma como um labirinto fixo no mar – e a Ilha dos Gatos, local escolhido pela família Rockefeller para a construção de uma casa na época da Segunda Guerra Mundial e que até hoje abriga suas ruínas.

A Rota Caiçara é um projeto desenvolvido em parceria entre a Associação de Pescadores de Boiçucanga e a Companhia Docas de São Sebastião, com apoio da Secretaria Municipal de Turismo da cidade. “Neste momento, é de suma importância o apoio da Secretaria Municipal de Turismo aos pescadores de Boiçucanga. Estamos passando por um período delicado em razão da pandemia Covid-19 e valorizar o turismo de base comunitária é uma ótima alternativa de renda para os pescadores e caiçaras que foram impactados. Além disso, o projeto enaltece nossa cultura local, colocando o caiçara como protagonista em todos os momentos do processo turístico e inserindo o visitante em lugares onde a comunidade se envolve, com o objetivo de promover um turismo mais justo, respeitando as tradições e o modo de vida do sebastianense”, reforça a secretária de Turismo de São Sebastião, Adriana Balbo.

Ubatuba | Em Ubatuba, o Quilombo da Fazenda surge como exemplo mais consolidado do TBC. Na costa norte da cidade, as famílias que vivem no sertão da Praia da Fazenda preservam sua cultura e memória quilombola por meio de rodas de conversas, trilhas agendadas e gastronomia típica.

Dentro do núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar, a Casa da Farinha é ponto de partida para esse roteiro. O local histórico funcionava, no final do século passado, como uma usina de açúcar e álcool e, já na década de 50, foi aproveitada a roda d’água para movimentar os aviamentos de uma casa de farinha.

Além das conversas com os moradores antigos e dos passeios para explorar todo o potencial natural do lugar, é possível aprender a fazer farinha como nos tempos do antigo engenho, produzir esteiras artesanais de Imbé e conhecer de perto as roças e agroflorestas de onde a comunidade tira seu próprio alimento – com direito, inclusive, a degustação de pratos como o estrogonofe de lula com palmito juçara.

Sobre o Circuito Litoral Norte | O Consórcio Intermunicipal Turístico Circuito Litoral Norte de São Paulo vem se consolidando como referência neste segmento para o Estado, apresentando uma gestão integrada e focada no desenvolvimento conjunto das cidades participantes (Bertioga, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba). O Circuito soma atrativos, equipamentos e serviços turísticos das cinco cidades integrantes com o objetivo de enriquecer a oferta turística, ampliar as opções de visita e a satisfação do turista, com consequente aumento do fluxo e da permanência dos visitantes na região do Litoral Norte paulista, assim como a geração de trabalho, renda e qualidade de vida.

Nessa retomada, o consórcio vem realizando importantes parcerias com a Secretaria de Turismo do Estado e Ministério do Turismo, entre outras entidades, para garantir o retorno das atividades turísticas de forma segura e apoiar o trade regional a se restabelecer da melhor forma.

Mais informações: www.circuitolitoralnorte.tur.br.

(Fonte: Press Voice)

Balé da Cidade de São Paulo abre temporada 2021

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto de cena de “A Casa”. Crédito das fotos: Larissa Paz.

Após um ano longe dos palcos por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, o Balé da Cidade de São Paulo se prepara para o retorno com a estreia de duas criações. Aos amantes da dança que estavam com saudades da força e da diversidade artística da companhia, que neste mês comemora 53 anos de trajetória, chegou a hora. No dia 25 de fevereiro, às 20h, o Balé da Cidade apresenta um espetáculo com duas coreografias: A Casa, de Marisa Bucoff e Transe, de Clébio Oliveira. As apresentações seguem nos dias 26 e 27, no mesmo horário, e no dia 28 (domingo), mais cedo, às 17h. Os ingressos custam R$80 e R$40 (meia). Por conta dos protocolos de segurança sanitária, a companhia criou seu novo espetáculo em condições totalmente inéditas e estará dividida em dois grupos de bailarinos fixos entre as duas montagens. As máscaras também aparecem como elementos do figurino.

Para Ricardo Appezzato, gestor artístico da Santa Marcelina Cultura, organização social responsável pela gestão do Theatro Municipal de São Paulo, é grande a expectativa desta retomada das atividades do Balé. “É um momento muito forte para a companhia, que, após um ano, volta com duas coreografias inéditas. Foi um espetáculo construído por todos”, destaca.

A Casa, criada pela bailarina e coreógrafa Marisa Bucoff (que integra há 21 anos o Balé), teve como ponto de partida o isolamento social e o período que estamos vivenciando. “O espetáculo dialoga com os afetos que atravessam as subjetividades constituídas durante o período de isolamento social na intenção de problematizar a despotencialização e a vulnerabilidade as quais somos lançados. Olhares, sensações e gestos representam a si mesmo e, ao mesmo tempo, o mundo, para tocar a ambiência afetiva, porém insólita, do palco”, conta a coreógrafa.

No palco, o público verá uma casa representada ora de maneira literal, com algumas poucas mobílias que compõe a montagem, ora de maneira simbólica. Para criar o cenário, que também contou com soluções que atendem os protocolos de segurança sanitária, Marisa Bucoff explica que se inspirou no filme Dogville, dirigido por Lars von Trier, conhecido justamente pela ausência e amplitude de cenário e elementos. “Os movimentos insurgem ocupando o território simbólico e sincronicamente aberto. A pele, a moradia e a proteção básica são espectros do retrato da Casa; porém, por outro lado, representam também a falta e aquilo que é a não casa. Assim, nesse jogo dual, a Casa espelha a nós mesmos; ou seja, a nossa própria existência”, completa.

A coreografia conta com trilha sonora original especialmente composta pelo músico Ed Côrtes, desenho de luz de Mirella Brandi e figurinos de João Pimenta.

No contraponto de A Casa, que abre o espetáculo, está Transe, de Clébio Oliveira, que parte da indagação: “O que seria o ideal de um mundo perfeito? O que seria uma vida ritualizada? O que seria uma aventura de viver? Seria possível um mundo onde pudéssemos apenas celebrar a vida através da dança e da música?”. O coreografo e bailarino convidado, que já flertava com a companhia há 15 anos, começou a conceber o espetáculo pensando no Balé da Cidade em 2006, inspirado no Festival Burning Man, realizado no deserto de Nevada, EUA. Por conta da inspiração no festival, que cria em suas edições uma espécie de lugar utópico e um universo paralelo, Clébio Oliveira foi profético ao já imaginar, naquela época, uma montagem onde os bailarinos dançavam de máscara e óculos, por conta das tempestades de areia que surgem no local. “Como dançar os símbolos da vida num possível mundo pós-pandêmico? Transe é uma festa sem fim, uma utopia metaforizada em uma fábula inventada. Um ritual futurístico de êxtase coletivo; um mergulho sensorial mais próximo da dimensão do sensível do que do intelectual”, comenta Clébio Oliveira.

Com esses questionamentos como ponto de partida, o espetáculo, segundo o coreógrafo não é sobre um transe específico e, sim, sobre a ideia do mesmo, o estado entre a vigília e o sono. Clébio Oliveira utiliza como processo de criação a colaboração e a narrativa individual dos bailarinos da companhia, para criar o que chama de “transe coletivo” para esse momento. O espetáculo traduz essa pesquisa minuciosa sobre os diversos tipos de transe em uma espécie de catarse coletiva e ao mesmo tempo individual, no palco.

Transe tem trilha sonora original especialmente composta por Matresanch, nome artístico do cantor e compositor italiano Matteo Niccolai, desenho de luz de Mirella Brandi, figurino de João Pimento e visagismo de Tiça Camargo.

Os espetáculos presenciais no Theatro Municipal de São Paulo seguem todos os protocolos de segurança e prevenção à propagação do Coronavírus (Covid-19) e as orientações do Plano São Paulo e da Prefeitura Municipal de São Paulo para retomada consciente das atividades. Ao público espectador presente na Sala de Espetáculos, é necessário seguir os protocolos de segurança estipulados em nosso Manual do Espectador, disponível no site.

Transmissões ao vivo | A coreografia A Casa, de Marisa Bucoff, será transmitida gratuitamente ao vivo no dia 27, sábado, às 20h, pelo canal do YouTube do Theatro Municipal. Já Transe, de Clébio Oliveira, terá transmissão ao vivo no dia 28, domingo.

PROGRAMA

A Casa, de Marisa Bucoff – 28 min

Transe, de Clébio Oliveira – 30 min

A Casa

Estreia Mundial

Concepção e Coreografia: Marisa Bucoff

Música Original: Ed Côrtes

Desenho de Luz: Mirella Brandi

Figurino: João Pimenta

Número de Intérpretes: 16

Duração: 28 minutos

Elenco: Antônio Carvalho Jr., Ariany Dâmaso, Carolina Martinelli, Cleber Fantinatti, Fabio Pinheiro, Fernanda Bueno, Grecia Catarina, Isabela Maylart, Jessica Fadul, Leonardo Hoehne Polato, Leonardo Muniz, Márcio Filho, Marina Giunti, Rebeca Ferreira, Renée Weinstrof, Yasser Díaz.

Transe

Estreia Mundial

Concepção e Coreografia: Clébio Oliveira

Música Original: Matresanch

Desenho de Luz: Mirella Brandi

Figurino: João Pimenta

Visagismo: Tiça Carmargo

Número de Intérpretes: 17

Duração: 30 minutos

Elenco: Alyne Mach, Ana Beatriz Nunes, Bruno Gregório, Bruno Rodrigues, Camila Ribeiro, Erika Ishimaru, Fabiana Ikehara, Harrison Gavlar, Leonardo Silveira, Luiz Crepaldi, Luiz Oliveira, Manuel Gomes, Marcel Anselmé, Renata Bardazzi, Uátila Coutinho, Victor Hugo Vila Nova, Victoria Oggiam.

Serviço:

Datas: 25 a 28 de fevereiro de 2021

Horários: quinta a sábado, 20h; domingo, 17h

Local: Theatro Municipal de São Paulo – Sala de Espetáculos

Endereço: Praça Ramos de Azevedo, s/nº, Sé – São Paulo/SP – próximo à estação do metrô Anhangabaú

Duração dos concertos: 60 minutos aproximadamente

Classificação etária: Livre

Ingressos: R$80 (inteira) e R$40 (meia)

Atenção: não será permitida a entrada de público após o início do espetáculo.

Bilheteria: em função da pandemia de Covid-19 a bilheteria do Theatro Municipal de São Paulo está fechada por tempo indeterminado. A venda de ingressos está sendo feita exclusivamente pelo site do Theatro Municipal de São Paulo.

Manual do Espectador e Informações sobre os protocolos sanitários do Complexo Theatro Municipal: consulte os protocolos de segurança do Theatro Municipal aqui.

Sobre o Teatro Municipal de São Paulo | O edifício do Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento cultural localizado na Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras). Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado.

Sobre a Santa Marcelina Cultura | Eleita a melhor ONG de Cultura de 2019, além de ter entrado na lista das 100 Melhores ONGs do ano de 2019 e de 2020, a Santa Marcelina Cultura é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização Social de Cultura pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. Criada em 2008, é responsável pela gestão do Guri na Capital e região Metropolitana de São Paulo e da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (Emesp Tom Jobim). O objetivo da Santa Marcelina Cultura é desenvolver um ciclo completo de formação musical integrado a um projeto de inclusão sociocultural, promovendo a formação de pessoas para a vida e para a sociedade. Desde maio de 2017, a Santa Marcelina Cultura também gere o Theatro São Pedro, desenvolvendo um trabalho voltado a montagens operísticas profissionais de qualidade aliado à formação de jovens cantores e instrumentistas para a prática e o repertório operístico, além de se debruçar sobre a difusão da música sinfônica e de câmara com apresentações regulares no Theatro. A Santa Marcelina Cultura assumiu em 1º de novembro de 2020 um Termo de Colaboração emergencial para administração dos objetos culturais vinculados ao Complexo Theatro Municipal de São Paulo.

ABID abre inscrições para edição 2021 do festival de dança “Criança Indaiatubana Feliz”

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: divulgação/ABID.

Estão abertas as inscrições para o projeto Festival de Dança Criança Indaiatubana Feliz 2021. Em parceria com o Ministério do Turismo e Secretaria Especial da Cultura, o projeto possui 80 vagas para crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos e tem por objetivo proporcionar uma oportunidade de desenvolvimento físico, cultural e social, por meio da dança.

A princípio, as aulas de jazz serão disponibilizadas por meio das plataformas online da instituição e, assim que possível, serão iniciadas no formato híbrido (online e presencial), conforme os protocolos de prevenção da Covid-19. O formato das aulas está sujeito à alteração em decorrência da pandemia.Os interessados podem entrar em contato através do WhatsApp e solicitar o formulário de inscrição.

O formato online começou a ser utilizado ano passado, para que a dança continuasse fazendo parte da vida das (os) bailarinas (os), mas, desta vez, com foco na superação das dificuldades enfrentadas neste período peculiar. Levando em consideração a importância dos cuidados com a saúde mental, foram reunidos alguns componentes essenciais, como estabelecimento de uma rotina, prática de exercício físico, atividade prazerosa e sessão de terapia, e criado o canal de aulas de jazz online do projeto. Desde então foram disponibilizadas aproximadamente 148 vídeo-aulas e 38 desafios, sem contar as transmissões ao vivo.

O projeto deste ano é realizado com o patrocínio de grandes parceiros: CPFL Energia, Tuberfil, Mann + Hummel Brasil, Balilla, QPassô, VILT e com o apoio do Instituto CPFL, Prefeitura de Indaiatuba, Lógica Assessoria Contábil, EZtúdio e Blues Propaganda. Os patrocínios foram realizados por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Serviço:

Aulas de Jazz online

Público: crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos

WhatsApp para inscrições: (19) 97152-8956

Vagas limitadas (80)

Cidade: Indaiatuba/SP

Realização: Associação Beneficente ABID, Ministério do Turismo e Secretaria Especial da Cultura.

Pescadores do NE descrevem tubarões capturados nos últimos 60 anos

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Nariman Mesharrafa/Unsplash.

No Brasil, existem cerca de 80 espécies de tubarões. Pouco se sabe, no entanto, sobre o estado de conservação destas espécies. Com o objetivo de melhorar o entendimento sobre a situação atual de ameaça dos tubarões no nordeste brasileiro, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com a Universidade de Windsor e a Universidade Federal do Pará (UFPA), entrevistaram 186 pescadores sobre as memórias de pesca de tubarões que capturaram ao longo dos últimos 60 anos. Os resultados estão descritos em artigo publicado na revista Biodiversity and Conservation.

Motivados pela falta de monitoramento da pesca brasileira desde 2011, os pesquisadores colheram informações com pescadores de 26 municípios pertencentes aos estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. O chamado Local Ecological Knowledge (LEK) ou conhecimento ecológico local, na tradução para o português, é uma alternativa para obter dados confiáveis sobre as espécies. “Fomos aos lugares onde os pescadores trabalham – praias ou comunidades pesqueiras – e seguimos um modelo padrão de entrevista, com pergunta sobre o tamanho máximo dos tubarões pescados, local de pescaria e também dados sobre os próprios pescadores, como idade e anos de experiência”, explica o cientista Antoine Leduc, que participou do estudo.

De acordo com Leduc, os dados obtidos são frutos de acontecimentos excepcionais, de fácil lembrança e, por conta disso, podem ter confiabilidade e ser utilizados para obter resultados quantitativos e qualitativos. “Se você perguntar para alguém o que comeu em um determinado dia do mês, dificilmente a pessoa se lembrará com detalhes; porém, se questionada sobre a melhor comida que comeu na vida, certamente terá a resposta”, explica o pesquisador, que é especialista em ecologia comportamental e conservação.

Nos relatos, foram mencionados 19 espécies de tubarões, mas com apenas oito foi possível reunir dados suficientes para uma análise criteriosa. Segundo a pesquisa, quatro das oito espécies diminuíram de tamanho ao longo dos anos. “Nos peixes, o tamanho pode ser considerado como um indicador sobre a capacidade reprodutiva. A diminuição de tamanho dos tubarões ao longo dos anos é um indicativo que chama atenção”, destaca Leduc. Para duas espécies, os dados não demonstraram um padrão claro: apesar de parecer estar em diminuição nos últimos anos, uma espécie teve aumento de tamanho e uma não apresentou alterações.

Os cientistas podem comparar esses resultados a duas Listas Vermelhas de espécies ameaçadas de extinção. Criada em 1964, a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional Para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) tem como objetivo informar o estado de conservação das espécies ao redor do planeta. Além da Lista Vermelha Global, vários países produzem suas próprias listas. No Brasil, a Lista Vermelha nacional é organizada pelo Instituto Chico Mendes para a conservação da biodiversidade Brasileira (ICMBio). “Entre essas listas, foram encontradas discrepâncias no estado de conservação para várias dessas espécies de tubarões. O que é mais interessante é como o conhecimento desses pescadores pode ser usado para determinar se é necessário corrigir as discrepâncias nas Listas Vermelhas, tendo em vista o nível de ameaça mais preciso que estes tubarões enfrentam”, explica Leduc.

(Fonte: Agência Bori)