“Não se combate a violência com um único modelo de enfrentamento. Cada geração exige uma abordagem diferente”, segundo advogado criminalista Davi Gebara


São Paulo
Cena de “Martírio”, que faz parte do acervo da plataforma. Imagem: divulgação.
Professores, educadores e instituições de ensino que desejam utilizar o cinema como ferramenta para discutir questões socioambientais contemporâneas em sala de aula já podem contar com a Ecofalante Play, nova plataforma de streaming totalmente gratuita e exclusiva. Lançada pela Ecofalante, organização da sociedade civil que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade, a Ecofalante Play conta com um acervo de mais de 130 filmes brasileiros e internacionais que abordam temas como emergência climática, consumo, cidades, energia, conservação, economia, trabalho e saúde.
Entre os títulos presentes na plataforma educacional estão Amazônia Sociedade Anônima, de Estêvão Ciavatta e Obrigado, Chuva (Noruega/Reino Unido) de Julia Dahr, eleita pela Forbes como uma das 30 personalidades jovens que estão definindo a mídia mundial – a cineasta acompanha um pequeno agricultor queniano para registrar os impactos das mudanças climáticas –; Beleza Tóxica, de Phyllis Ellis, um documentário contundente sobre a falta de regulação da indústria cosmética e sobre o verdadeiro custo da beleza e Martírio, dirigido por Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida, que busca as origens do genocídio praticado contra os índios Guarani Kaiowá, entre outros.
“Les dépossédés” também faz parte da programação. Imagem: divulgação.
Totalmente gratuita, a nova plataforma de streaming é exclusiva para professores, educadores e instituições de ensino. Os filmes são selecionados a partir da curadoria da Mostra Ecofalante de Cinema, evento que acontece anualmente desde 2012 e é hoje o maior festival de cinema com temática socioambiental realizado na América do Sul, tendo atingido um público de mais de 500 mil pessoas desde sua primeira edição.
A Ecofalante Play faz parte do Programa Ecofalante Universidades, criado em 2017 com o objetivo de levar para o ambiente educacional uma seleção de filmes que incitam a reflexão e o debate sobre questões atuais da realidade brasileira e mundial. O programa atende instituições públicas e privadas de ensino médio, técnico e superior de todo o país.
Segundo Chico Guariba, diretor da Mostra Ecofalante de Cinema e coordenador do Programa, com a ampliação crescente da Mostra – que passou de um público de quatro mil pessoas em 2012 para mais de 200 mil em 2020 –, o interesse do setor educacional também se expandiu. “O número de exibições seguidas de debates com a participação de especialistas e docentes tornou a Mostra cada vez mais conhecida no setor educacional. A partir de 2016, grupos de professores quiseram levar recortes da curadoria da Ecofalante para organizar programações nas universidades. A Ecofalante Play vem para adaptar essas atividades à nova realidade de distanciamento social e para ampliar e democratizar o acesso aos conteúdos oferecidos pela organização”, completa Chico.
Para utilizar a Ecofalante Play, os professores precisam realizar, na própria plataforma, um cadastro vinculado à sua instituição de ensino, podendo assim ter acesso ao catálogo de filmes e agendar uma sessão.
O Programa Ecofalante Universidades é viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura e tem patrocínio do Valgroup e da Colgate. É uma produção da Doc & Outras Coisas e realização da Ecofalante, do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e do Governo Federal.
Serviço:
Ecofalante Play
https://play.ecofalante.org.br/
Gratuito.
Foto: Victor Rosa.
No ar desde junho do ano passado, a programação Dança #EmCasaComSESC segue em 2021 com espetáculos diversificados, sempre mesclando artistas, companhias e grupos consagrados no cenário brasileiro com as novas apostas. Quinta-feira (29/4), direto de São Paulo, o Dança #EmCasaComSESC recebe Florydo Fogo, artista do teatro e da dança, com o solo Evocando Utopyaz. As apresentações acontecem às quintas-feiras, às 19h, no Instagram SESC Ao Vivo e no YouTube SESC São Paulo.
A obra traz uma miríade de desdobramentos a partir do histórico de vivências artísticas de Florydo, incluindo a realidade pandêmica – e, com ela, as novas necessidades e reflexões teórico-pedagógicas encruzilhadas na direção do fazer arte. Ao acessar a figura criada no trabalho Feminino Abjeto, com orientação e direção de Janaina Leite, Florydo se depara com a necessidade de resgatar saberes que se aproximam de sua ancestralidade e que borram questões normativas de gênero. Veste-se deste “avatar” para ocupar em dança o espaço deste cotidiano no qual travamos nossas coreografias comuns, por vezes banais, na repetição da experiência do espaço, e propõe começar pelo corpo como suporte da transformação. Une dança e performance ao brincar com linguagens e códigos visuais e usa o desenho enquanto registro do percurso desta coreografia pela espacialidade casa ou, ainda, templo. Classificação indicativa: 14 anos.
Florydo Fogo é artista multimídia, performer e bailarino contemporâneo formado pelo Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre. Graduado em Artes Visuais pela Faculdade Paulista de Artes (FPA) e formado em Direção pela SP Escola de Teatro. É diretor geral da Núclea de Pesquiza Tranzborde, onde realiza orientações de jovens artistas em processo de levantamento de pesquisas cênicas. Integrou, recentemente, a primeira mostra internacional de ecoperformance Taanteatro com o trabalho em vídeo performance Terra-Céu – in progress (2021); a programação do Festival Cultural Inglesa (RE)- Versões Dança (2021); o núcleo de mediadores do Brasil Cena Aberta (2020) e a mostra Poesia nos Escombros das Transversalidades Poéticas (CRD) com o vídeo dança Frontera e performance FRONTERA ².0 (2020). Foi premiado na categoria Performance no 4º Salão de Outono da América Latina (2016) com a performance Eva.
Fotos: divulgação.
A Galeria Kogan Amaro exibe até 29 de maio a mostra online Overlock, do artista Carlos Mélo. A exposição reúne trabalhos inéditos do artista, realizados a partir de sua reflexão sobre o impacto ambiental e cultural da indústria têxtil na região do agreste de Pernambuco, seu estado natal.
O título da série, Overlock, é comum na região: é o nome de uma máquina de costura industrial bastante utilizada por efetuar, simultaneamente, a costura e o acabamento. O tecido, principal matéria-prima da cadeia produtiva local, foi apropriado por Mélo e transformado em esculturas têxteis e performáticas. O conjunto rememora a trajetória do artista, que tem a experimentação de materiais, a escultura e a performance como marcas de sua criação.
Natural de Riacho das Almas, município do estado de Pernambuco no qual reside e executou o projeto, Carlos Mélo impregna este trabalho de temas que estão à sua volta, reforçando seu interesse em criar ponte entre arte e comunidade. “As peças são obras autônomas, mas também criam uma instalação. A ideia da exposição virtual foi montar as esculturas inseridas na paisagem, ampliando o campo relacional entre a arte e o lugar, a natureza e a tecnologia, além do artista como agente cultural capaz de não apenas produzir obras de arte, mas também produzir sentido”, explica o artista.
O tecido utilizado para a série é uma espécie de “jeans encorpado” confeccionado pelo Daterra Project, que desenvolve um trabalho sustentável na Vila do Vitorino ao aproveitar ourelas (beirais) de jeans que seriam descartadas pela indústria da moda, resultando em um novo tecido. Em parceria o Avoante Ateliê, Carlos Mélo interveem no tecido reciclado com bordados e aplicações de spikes, missangas, paetês, faixas metálicas autocolantes e outros elementos, transformando o tecido, da mesma forma feita pela moda a cada coleção. “As obras remetem aos mantos do maracatu, a cerimoniais africanos e asiáticos, criando campos simbólicos. E também à customização da indústria da moda sobre os modelos de cada temporada”, complementa Mélo.
Dispostos sobre estruturas de ferro fixadas em árvores ou no chão, os tecidos formam esculturas que chegam a medir 1,80 m de altura e pesar aproximadamente 30 kg, dada a gramatura do jeans. A presença delas num território agrário esvaziado evoca a falta de políticas públicas agrícolas como fator que impulsionou a transição do trabalho do campo para fábricas de costura montadas em casa.
Ao flexionar arte, moda e mercado, as esculturas também renovam o imaginário criado há mais de cem anos em torno da região em que o trabalho foi desenvolvido. Overlock aponta para uma região do Brasil onde a indústria e a tecnologia podem produzir artefatos, neste caso, deslocados para a arte contemporânea.
Sobre Carlos Mélo | Baseadas numa investigação sobre o lugar ocupado pelo corpo no mundo, as obras do artista visual transitam por vários meios, como o vídeo, a fotografia e a escultura. Com anagramas e ações performáticas, aproxima imagens de palavras e, nessa busca, converge corpo e entorno, resgatando aspectos da formação cultural brasileira. Carlos Mélo idealizou a 1ª Bienal do Barro do Brasil, em Caruaru, Pernambuco, em 2014 – mesmo ano em que integrou a 3ª Bienal da Bahia. Há 20 anos, compõe exposições mundo afora: na Galeria 3+1, em Lisboa, Portugal; no Krannert Art Museum, em Illinois, nos Estados Unidos; no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães e na Fundação Joaquim Nabuco, ambos em Recife; além do Paço das Artes e Itaú Cultural, em São Paulo. Em 2006, ganhou o Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas.
Sobre a Galeria Kogan Amaro | Localizada nas cidades mais populosas do Brasil e da Suíça, as unidades da galeria Kogan Amaro no bairro dos Jardins, em São Paulo, e no centro cultural Löwenbräu-Kunst, de Zurique, têm como norte a diversidade de curadoria e público: com portfólio composto por artistas de carreira sólida, consagrados internacionalmente, e também emergentes que já se posicionam no mercado de arte como promessas do amanhã. Sob gestão da pianista clássica Ksenia Kogan Amaro e do empresário, mecenas e artista visual Marcos Amaro, a galeria joga luz à arte contemporânea com esmero ímpar e integra as principais feiras de arte do mundo.
Serviço:
Exposição Overlock, individual de Carlos Mélo
Local: site da Galeria Kogan Amaro
Período expositivo: até 29 de maio de 2021
Instagram/GaleriaKoganAmaro | Facebook.com/galeriakoganamaro/.
Foto: Mariana Vianna.
Estreia nesta quinta-feira (29/4), na TV Cultura, a série documental Inventores do Brasil, apresentada por Fernando Henrique Cardoso, também coautor do roteiro, ao lado de Elio Gaspari. Inédito em canal aberto, o programa, dirigido por Bruno Barreto, recupera a memória das mais influentes personalidades da história do Brasil e vai ao ar a partir das 19h30.
Em 13 episódios, Inventores do Brasil mostra como diferentes personagens ajudaram a pensar e construir o País, como Dom Pedro II e Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Campos Salles, Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda, Rodrigues Alves, Barão do Rio Branco, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Dom Helder Câmara, Castelo Branco, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.
A edição apresenta também a desinvenção do regime democrático brasileiro e os cidadãos empreendedores que colaboraram com o desenvolvimento do País.
Os anos de reinado de Dom Pedro II e as ideias abolicionistas de Joaquim Nabuco são o tema do primeiro episódio.
Crédito da foto: divulgação/Stig.
Com narração da atriz Marisa Orth, o Theatro Municipal de São Paulo estreia nesta sexta-feira, 30 de abril, novo tour virtual pelo complexo cultural, que em 2021 faz aniversário de 110 anos. A visita em 360º pode ser feita no site da instituição, é gratuita e permite aos visitantes percorrer todos os espaços do Theatro; da Sala de Espetáculos, onde acontecem os concertos e as óperas, ao requintado e imponente Salão Nobre, com suas pinturas decorativas, pedras originárias da Itália, cristais belgas e uma belíssima pintura no teto assinada pelo artista Oscar Pereira da Silva (1867-1939), passando também pela Cúpula, localizada na estrutura circular que recobre o teto do teatro e que é fechada ao público. O visitante sobrevoa a região central de São Paulo onde está o Theatro Municipal e ainda dá um pulinho até a Praça das Artes para conhecer o moderno edifício, inaugurado em 2012 com projeto arquitetônico premiado pela Icon Awards, de Londres, que serve de extensão às atividades do Municipal. Há opções de livre itinerário ou interativa com desafios para testar os conhecimentos.
Mais informações: theatromunicipal.org.br.