Pesquisadores da USP e do Hospital Sírio-Libanês alertam para impactos da pandemia e recessão no cenário atual


São Paulo
Foto: Divulgação – Acervo do Museu do Café.
Em outubro de 2021, o Museu do Café promoveu a sua primeira exposição internacional: “Viaggio nella terra del caffè”. A mostra ficou em cartaz por um mês na Embaixada do Brasil em Roma. Devido ao sucesso, o conteúdo itinerante será exposto em uma nova instituição italiana, a Accademia del Caffè Espresso, localizada em Fiesole, na região da Toscana. A inauguração acontecerá em 18 de março, às 14h (horário internacional).
A curadoria tem como fio condutor a relação histórica e contemporânea entre Itália e Brasil, possuindo como ponto de partida o café e as suas diversas perspectivas. Afinal, foi com o grão deste País que os italianos transformaram a torra e o preparo da bebida em arte, tornando a nação referência mundial do produto. De maneira idêntica, o agronegócio nacional não seria o mesmo sem os originários da Itália que migraram para cá entre 1870 e 1920. Nesse período, cerca de 1,4 milhão de imigrantes italianos vieram para trabalhar nas fazendas paulistas.
Por meio de textos e imagens selecionados, assim como peças de acervo, será possível conhecer a trajetória dos imigrantes ao desembarcarem em terras brasileiras; os desdobramentos entre o campo e a cidade; as influências italianas que moldaram diversos aspectos da cultura no Brasil e, por fim, as conexões criadas a partir dos modos de preparo da bebida.
Fachada do Museu do Café, em Santos. Foto: André Monteiro.
O Museu também apresenta a estruturação da rede de pesquisa brasileira, que serve como um balizador para as ações de incremento de produtividade, proteção das áreas nativas e diversificação de culturas. Para encerrar, o visitante tem acesso às iniciativas de sustentabilidade adotadas no Brasil pelo setor, envolvendo as áreas social, econômica e ambiental.
Em cartaz por dois meses, a mostra, possivelmente, terá novos pontos de exibição em outros espaços culturais do país.
Seminário Brazilian Coffee Day
Para marcar o início do novo ciclo da exposição na Itália, será promovido o seminário Brazilian Coffee Day, explorando temáticas relacionadas ao café, à imigração e à sustentabilidade.
A primeira palestra, “A importância do Museu para a preservação da história e reflexões da sociedade civil”, terá início às 14h30, com a participação da diretora-executiva do Museu do Café, Alessandra Almeida. O restante do cronograma contará com os seguintes encontros:
Palestra “A imigração italiana para o Brasil” – 14h40
Com pesquisadores do Museu da Imigração do Estado de São Paulo (Henrique Trindade) e do Museo Nazionale dell’Emigrazione Italiana (Pierangelo Campodonico).
Painel “O café brasileiro e o consumo na Itália” – 15h10
Com Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), e Gerardo Patacconi, chefe de operações da Organização Internacional do Café (OIC) e representante da Accademia del Caffè Espresso.
Painel “Qualidade e sustentabilidade no Brasil e cafés diferenciados” – 16h
Com os representantes da Exportadora Guaxupé e da Produção de Cafés Especiais do Brasil, Roberto Campanella e Silvio Leite, respectivamente.
Para encerrar a programação, às 16h30, haverá um momento dedicado à degustação de cafés brasileiros ao som de uma apresentação musical.
Essas ações são fruto de uma parceria entre o Museu do Café, a Accademia del Caffè Espresso, a Embaixada do Brasil em Roma, o Cecafé, a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé LTDA (Cooxupé) e a Exportadora de Café Guaxupé.
Museu do Café
Rua XV de Novembro, 95 – Centro Histórico – Santos/SP
Telefone: (13) 3213-1750
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 18h (bilheteria encerra às 17h)
R$10,00 e meia-entrada para pessoas com mais de 60 anos, aposentados, estudantes, crianças e jovens entre 8 e 16 anos, professores da rede particular de ensino e jovens de baixa renda entre 15 e 29 anos
Grátis aos sábados
Acessibilidade no local
(Fonte: Museu do Café | Assessoria de Comunicação Institucional)
“Tholl, Imagem e Sonho” encanta e emociona espectadores nos palcos do Brasil e exterior. Foto: Juliano de Paula Kirinus.
O projeto Girando Arte, da produtora gaúcha DWR, está chegando ao palco de mais três cidades do Brasil com os já consagrados espetáculos da trupe circense Tholl e do grupo Os Gaudérios. Na agenda estão programadas apresentações nas cidades de Rio Claro (São Paulo), dia 17; de Castro (Paraná), dia 19; e Joinville (Santa Catarina), dia 20. Os três espetáculos têm entrada franca, porém é necessário fazer a confirmação de presença pela plataforma online Sympla e imprimir o ingresso que dará acesso e precisa ser apresentado no dia do espetáculo.
“Tholl, Imagem e Sonho” é um espetáculo que, por onde passa, arrebata corações, ganha novos fãs e desperta, em especial nos jovens, o gosto pela arte circense. Os artistas usam roupagem moderna e arrojada para a arte circense, sendo por isso denominado de “novo circo”, com perucas estilizadas e figurinos de luxo com toque de modernidade, além de iluminação sofisticada e alinhada à dança coreografada, música vibrante e marcada. O grupo incentiva a plateia para que faça sua própria leitura, de forma simples e sincera, transportando-a num mundo de sonho e fantasias. São 75 minutos de alegria e muita magia.
No ano em que são comemorados os 20 anos do espetáculo “Tholl, Imagem e Sonho”, a expectativa é continuar encantando e emocionando espectadores nos palcos do Brasil e exterior. A estreia desta primeira montagem do Tholl foi em novembro de 2002. O grupo tem origem na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, e já se apresentou em mais de 50 cidades para um público de aproximadamente dois milhões de pessoas.
Os Gaudérios apresenta a música e a dança da cultura gaúcha. Foto: Daniel Flores Anderson.
Já Os Gaudérios, grupo cultural de artes nativas, mostra a música e a dança tendo o rico folclore rio-grandense como inspiração artística, enxerga no Girando Arte a oportunidade de levar ao público de outros estados as raízes da cultura gaúcha. O espetáculo é baseado em danças estilizadas, sem descaracterizar o folclore e com o objetivo de perpetuar a cultura do Rio Grande do Sul por meio de participações em diversos eventos pelo país e exterior. “Estamos há 45 anos proporcionando a convivência, respeito e disciplina com nossa história, gerando trabalho e fomento ao tradicionalismo”, diz o coordenador do grupo, Marcelo Menezes.
O projeto Girando Arte é promovido pela DWR Produções Culturais, com patrocínio do ICRH, braço social do Grupo Tigre, e realização da Lei de Incentivo à Cultura, Secretaria Especial Cultura, Ministério do Turismo.
Serviço:
O quê: projeto Girando Arte, com apresentações dos grupos Tholl e Os Gaudérios
Quando:
Dia 17, em Rio Claro (SP), no Ginásio do SESI, às 20h
Dia 19, em Castro (PR), no Ginásio de Esportes Douglas Pereira, às 19h30min
Dia 20, em Joinville (SC), no Ginásio Parque Hansen, às 19h30min
Ingressos: entrada franca com confirmação de presença pela plataforma online Sympla
É necessário imprimir o ingresso e apresentá-lo no dia do espetáculo.
(Fonte: Exata Comunicação e Eventos)
Foto: Anton Ivanov/Shutterstock.
A igualdade de gênero é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas em 2015 para melhorar a vida das pessoas até o ano 2030. O progresso em direção aos objetivos é medido por indicadores. Lamentavelmente, os indicadores de igualdade de gênero têm avançado de forma lenta em todos os países amazônicos. A desigualdade de gênero é particularmente evidente na ciência onde o percentual de mulheres cientistas é reduzido e elas ainda carecem de reconhecimento e apoio, sobretudo na Amazônia. Nas áreas rurais, as mulheres apresentam as menores taxas de escolaridade, alfabetização e menor acesso a empregos formais e salários mais baixos, acabando por se destacar nas atividades de cunho mais extrativistas e ligadas à natureza (ex. extração e beneficiamento de produtos florestais não-madeireiros).
Por exemplo, a representatividade feminina nos empregos ligados na atividade pecuária, o principal uso da terra na Amazônia, é mínima. No caso da mineração, outra atividade relevante na região, os empregos formais em empresas mineradoras ou informais em áreas de garimpo, são quase exclusivamente para homens, refletindo em mudanças socioeconômicas e aumentando a violência de gênero. Madre de Dios, região localizada no meio de Amazônia Peruana, tem uma das maiores taxas de tráfico para a exploração sexual de mulheres e meninas ligadas à mineração ilegal ou informal, com 101,6 denuncias por mil habitantes em 2017.
Além disso, a desigualdade também se reflete no impacto das mudanças climáticas e desastres naturais, sendo mulheres mais propensas a sofrer reassentamento involuntário, bem como perda de acesso aos recursos naturais. Tudo isto num cenário de elevados níveis de violência baseada no gênero em toda a região e com o agravamento das desigualdades pela pandemia do Covid-19. Dados recentes mostram que 39% das mulheres na Amazônia colombiana foram vítimas de violência física. Ao mesmo tempo, mulheres têm estado na linha de frente no combate à pandemia de Covid, representando 70% dos funcionários do setor de saúde nos países amazônicos em 2019.
O futuro sustentável da Amazônia exige liderança feminina. Incentivar a formação de mulheres cientistas da Amazônia e para Amazônia, além de assegurar o acesso das mulheres à educação formal, administração pública e trabalho em geral, são importantes para a formação de lideranças e a construção de propostas mais inclusivas e socioambientalmente mais harmoniosas para a região. O resultado desse processo inclusivo favoreceria a redução da pobreza em termos de renda, atendimento das necessidades básicas, desenvolvimento de capacidades e promoção da cultura democrática.
As mulheres amazônidas, especialmente as Indígenas, são protagonistas das mais diversas atividades produtivas (como pesca, hortas comunitárias, sistemas agroflorestais) e de coleta, processamento e comercialização de produtos florestais não-madeireiros. Na Amazônia brasileira, por exemplo, as mulheres têm um papel de destaque no extrativismo da castanha, que respondeu por quase metade da exportações relacionadas à produção florestal em 2005 e forneceu cerca de 22.000 empregos. Seu trabalho produtivo, entretanto, é muitas vezes invisibilizado devido a seu foco no autoconsumo familiar. Esse trabalho invisibilizado tem sido fundamental para a segurança alimentar de muitas famílias amazônidas, reduzindo pela metade as estimativas de pobreza em populações que têm acesso a rios e florestas saudáveis na região.
As relações das mulheres com seus territórios e com a biodiversidade são muito estreitas. Em geral, elas ocupam um lugar particular nos regimes de conhecimento que se regeneram ancestralmente de mães para filhas e filhos. É hora de fomentar a ‘integração’ desse conhecimento tradicional complementar com o sistema de conhecimento formal. Reconhecer que o conhecimento tradicional é produto de observação deixa claro que as mulheres sempre fizeram ciência. Enquanto as vozes das mulheres não forem ouvidas e seu trabalho e compromisso não forem reconhecidos, esse valioso corpo de conhecimento corre o risco de ser perdido.
Na Amazônia, as mulheres representam aproximadamente metade da população e é essencial empoderá-las e seu valioso conhecimento, trabalho e compromisso, fortelecendo sua voz e organização para a gestão das florestas e rios amazônicos. As organizações de mulheres Indígenas e não Indígenas expandiram-se rapidamente desde a década de 1980. Rompendo com as tradições patriarcais, as mulheres estão se fortalecendo para lutar por seus direitos a recursos e poder e para garantir meios de subsistência sustentáveis. Para tal, elas precisam ter espaço de participação nos debates políticos, nas comunidades e nas organizações de base, além de acesso aos recursos e capacitações para apoiar suas atividades e reforçar a legislação em matéria de gênero.
A Amazônia Viva nos remete a um grande organismo, onde tudo é conectado e interdependente, diverso e balanceado. Nesse sistema, a integridade ecológica é promovida com ações de restauração e conservação (cuidados); por uma economia baseada na natureza diversificada e integrada, incluindo atividades de autoconsumo (nutrição), por estruturas de governança que são equitativas e justas (respeito). Uma visão fundamentada pelo respeito e apoio ao trabalho de mulheres, suas práticas de cuidado e nutrição, seus conhecimentos sobre a natureza e suas propostas de políticas para alcançar uma Amazônia Viva.
Sobre as autoras
Ane Alencar é geográfa e diretora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Brasil. Ane tem papel pioneiro nas pesquisas de mudanças do clima, desmatamento e incêndios florestais na Amazônia e nas discussões sobre politicas publicas para redução de seus impactos.
Maria Rosa Murmis é pesquisadora associada na Universidad Andina Quito, Equador, em modelos alternativos de desenvolvimento para áreas megadiversas e trabalha como consultora em temas de mudança climática, meio ambiente e bioeconomia sustentável na cooperação multilateral em países da América Latina.
Lilian Painter é ecóloga e diretora da Wildlife Conservation Society na Bolivia. Sua experiência gira em torno da gestão territorial para a conservação na escala de paisagem.
Marianne Schmink é antropóloga e professora emérita da Universidade da Florida, EUA, onde dirigiu o programa Conservação e Desenvolvimento Tropical. Pesquisa mudanças socioambientais e relações de gênero em comunidades amazônicas.
Ane, Maria e Lilian são autoras do capítulo 25 e 26 do Relatório de Avaliação da Amazônia 2021 produzido pelo Painel Científico para a Amazônia. Marianne Schmink é autora dos capítulos 14 e 15.
Sobre o Painel Científico para a Amazônia (PCA) | O Painel Científico para a Amazônia é uma iniciativa inédita convocada pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SDSN), lançado em 2019 e inspirado no Pacto Leticia pela Amazônia. O PCA é composto por mais de 200 cientistas e pesquisadores proeminentes dos oito países amazônicos e Guiana Francesa, além de parceiros globais que apresentaram em 2021 um relatório inédito com uma abordagem abrangente, objetiva, transparente, sistemática e rigorosa do estado dos diversos ecossistemas da Amazônia e papel crítico dos Povos Indígenas e Comunidades Locais (IPLCs), pressões atuais e suas implicações para o bem-estar das populações e conservação dos ecossistemas da região e de outras partes do mundo, bem como oportunidades e opções de políticas relevantes para a conservação e desenvolvimento sustentável.
(Fonte: Agência Bori)
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Empresa que era o símbolo brasileiro dentro do universo da aviação mundial, a Varig foi do estrelato – sem trocadilhos com a estrela que simbolizava a companha – à falência. Neste triste fim, ela levou consigo sonhos, histórias e pessoas que dedicaram a vida pela aviação. Com mais força e também simbolismo que outros funcionários, as comissárias de bordo foram as mais impactadas e, sem uma oferta de empregos em sua área à disposição, viram a classe que fora tão cultuada por muitos sofrer uma verdadeira parada cardíaca. Ao analisar essas circunstâncias, entre as quais a de sua tia Claudia Alves, a doutora em Antropologia Carolina Castellitti escreveu sua tese de doutorado que foi a base para o lançamento de “Anfitriãs do Céu: Carreira, Crise e Desilusão a bordo da Varig” (Editora Telha).
“As aeromoças por muito tempo representaram um ícone da liberdade feminina. Mas essa liberdade pareceria estar cheia de armadilhas. Eu queria entender que tipo de autonomia e liberdade essas mulheres conquistaram e, ao mesmo tempo, que obstáculos tiveram que superar.” – Carolina Castellitti, antropóloga
O livro traz recortes da sociedade em formato de depoimentos de mulheres que optaram por fugir do formato de família tradicional (para elas, mãe e esposa) para criarem seus próprios “modelos” de família e histórias de vida. As conhecidas “aeromoças” viajavam pelos cinco continentes, conheciam pessoas de diferentes nacionalidades e culturas, podiam acordar em um fuso horário e irem dormir em outro. Enfim, gozavam do requinte que seu trabalho lhes garantia. Era um sem número de oportunidades batendo à sua porta a cada jornada de trabalho.
“Anfitriãs do Céu: Carreira, Crise e Desilusão a bordo da Varig” trabalha de forma contundente em três pilares: a origem social da aeromoça e a trajetória social por elas percorrida até a escolha pela vida regada a jet lag e liberdade; a formação de carreira de uma comissária considerando-se as exigências de disciplina, hierarquia, etiqueta e refinamento que o posto exige e, por fim, a reconstituição da reprodução social após o declínio da profissão juntamente com a companhia aérea símbolo do nosso país.
A autora Carolina Castellitti. Fotos: divulgação.
“Através de suas histórias de vida, é fascinante reconhecer como as pessoas podem encontrar em certas carreiras ou profissões, por mais inusitadas que sejam, seu lugar no mundo. Ao mesmo tempo, quando a entrega é tão incondicional, o fim desse mundo representa um cataclismo, um trauma e uma grande desilusão. É necessário ter coragem para descobrir o estilo de vida que queremos ter. Mas se nenhuma descoberta se faz sozinho, o apoio dos outros é fundamental para enfrentar os obstáculos e quedas da vida.” – Carolina Castellitti
Carolina Castellitti conduz com maestria o seu interesse na temática das carreiras femininas na direção de um enriquecimento prático e analítico sobre um drama coletivo de grande expressividade. Sua obra exemplifica a partir da carreira das comissárias de bordo o processo pelo qual as mulheres passaram – e muitas ainda passam – na reinvenção de seus papéis perante a sociedade e sempre que precisam dar grandes guinadas em suas direções.
Sobre a autora | Carolina Castellitti é doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nascida na cidade de Santa Fe, Argentina, se graduou em sociologia na Universidad Nacional del Litoral. Depois de um intercâmbio de um semestre na Universidade Estadual de Campinas, em 2008, veio para o Rio de Janeiro para cursar o mestrado em 2012. Foi consultora, atleta e professora, e hoje é bolsista de Pós-doutorado “Nota 10” da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Sobre a Editora Telha | Desenvolvida no Rio de Janeiro, a Editora Telha nasce no fim de 2019 e já alcança, em sua primeira publicação “Motel Brasil: uma antropologia contemporânea”, de Jérôme Souty, a marca de obra finalista do Prêmio Jabuti 2020. Interdependente (porque independente ninguém é realmente), a Telha surgiu pelo desejo de editar com maior autonomia e criar mais espaço para textos produzidos por autores fora dos grandes centros.
Serviço:
Livro: “Anfitriãs do Céu”
Autora: Carolina Castellitti
Editora: Telha
Páginas: 276
Preço: R$59,00.
(Fonte: Aspas e Vírgulas)
Fotos: divulgação.
Sucesso de público e crítica, a comédia besteirol “O Mistério de Irma Vap” será apresentada em Campinas, no Teatro Oficina do Estudante Iguatemi, nos dias 12 e 13 de março – sábado, 21h e domingo, 18h. Os protagonistas são os atores Luis Miranda e Mateus Solano nesta montagem adaptada e dirigida pelo encenador Jorge Farjalla a partir do texto de Charles Ludlam. Em Campinas, a peça tem patrocínio da Seguros Unimed. A produção e realização são da Bricabraque Produções e Palco7 Produções.
Os ingressos custam R$120,00 (inteira) e R$60,00 (meia) na plateia e R$150,00 (inteira) e R$75,00 (meia) na plateia Premium. Os ingressos estão à venda no site www.ingressodigital.com e na bilheteria no Teatro. Informações pelo telefone (19) 3294-3166. O Teatro Oficina do Estudante Iguatemi Campinas fica no 3º piso do Shopping Iguatemi Campinas (Av. Iguatemi, 777, Vila Brandina).
Sobre a peça
A trama original se passa em um lugar remoto da Inglaterra e conta a história de Lady Enid, a nova esposa do excêntrico Lord Edgar. Ela tem que se adaptar a viver em uma mansão mal-assombrada pelo fantasma da primeira esposa de seu marido, Irma Vap, um lugar onde o filho do casal foi morto por um lobisomem. Na casa, há uma governanta que assume a posição de rival da recém-chegada. Para retomar o amor de seu marido, Lady Enid come o pão que o diabo amassou e pratica peripécias divertidas. Em cena, os dois atores interpretam os vários personagens, entre humanos e assombrações.
O texto foi montado pela primeira vez em 1984 em um pequeno teatro em Greenwich Village, em Nova York, nos Estados Unidos, pela companhia Ridiculous Theatrical Company, do próprio Charles Ludlam. Ele fez uma paródia dos clássicos e inspirou-se em um gênero da Inglaterra Vitoriana chamado “penny dreadful” (que pode ser traduzido como terror a tostão) para criar um novo tipo de comédia, o melodrama vitoriano. Diferente da história original, a versão é situada em um trem fantasma de um parque de diversões macabro. “Usamos como referência os filmes de terror, como ‘Pague para Entrar, Reze para Sair’, de Tobe Hooper; ‘Rebecca’, de Alfred Hitchcock, e a estética dos anos 80. Mergulhamos também no universo do videoclipe de ‘Thriller’, de Michael Jackson, que foi dirigido pelo cineasta John Landis, uma referência do que é um filme de horror. Além disso, a obra também tem várias citações de Shakespeare, principalmente de Hamlet. Desfragmentamos todas as camadas do texto para ver o que estava por trás dele e ressignificar a obra”, conta o diretor e encenador Jorge Farjalla.
A primeira e icônica montagem brasileira do texto, com direção da saudosa atriz Marília Pera e atuação de Ney Latorraca e Marco Nanini, estreou em 1986 e ficou em cartaz durante 11 anos consecutivos, o que garantiu ao texto o registro no livro Guiness World Records. A peça ficou marcada na história do teatro por uma espécie de gincana de troca de figurinos por Nanini e Latorraca. O espetáculo, ainda segundo o diretor, tem a proposta de expor aos olhos do público essa troca de roupas e enfatizar ainda mais o texto e o trabalho do ator. “Nós teatralizamos a troca de roupas. Eu quero mostrar para o espectador o teatro como uma grande ilusão e o ator como um grande mago, que pode criar tudo na frente do público e fazê-lo acreditar naquela situação. Quero que a plateia sinta o trabalho dos atores e como eles vão dividir esses personagens em um jogo de espelhos. O próprio texto de Ludlam sugere o jogo teatral e tentamos enfatizar ao máximo a questão dos atores como um duplo”, comenta.
Essa encenação ousada só é possível graças ao talento de Luis Miranda e Mateus Solano. “Os dois são de uma genialidade, uma elegância artística. Eles têm, juntos, uma energia maravilhosa. Estou muito grato por tê-los comigo e por partilhar algo tão sagrado para mim, que é o fazer teatral”, acrescenta.
Elementos cênicos
O cenário de Marco Lima é um trem fantasma, com o carrinho utilizado de forma manual, artesanal e mecânica. Tudo construído com madeira, ferro e materiais simples. As luzes do cenário piscam e as portas abrem e fecham. Na montagem, os quatro atores “vodus contrarregras” fazem a movimentação do cenário. Todo o palco está aberto, mostrando a caixa cênica, sem bambolinas, sem rotundas, revelando o maquinário do teatro e não escondendo nada. “O cenário foi inspirado no filme de terror dos anos 80 ‘Pague para Entrar, Reze para Sair’. É todo teatralizado”, detalha Marco Lima.
O figurino de Karen Brusttolin é todo feito a mão por uma equipe composta por sapateiro, chapeleiro, costureira, bordadeira, designer de adereços e envelhecimento. O tecido utilizado foi o jeans, para dar um ar contemporâneo. São sete trocas de roupa, referências e universos diferentes que transitam desde a era medieval até David Bowie. “Temos trocas de roupas muito rápidas. O diretor optou por revelar essas mudanças ao público. Pensei que este figurino deveria ser feito em camadas, criei a roupa ‘base’, como bonecos de vodu. Depois disso fui lapidando cada roupa pensando nas necessidades de cada ator, para que essas trocas pudessem acontecer com fluidez”, conta Karen.
A iluminação de César Pivetti é quase uma personagem. São vários efeitos, 300 movimentos de luz. “Procurei usar algumas tonalidades que remetessem ao clima de trem fantasma e escolhi dois tons de lavanda. Posicionei as máquinas de fumaça, criando um pântano. Com os refletores de chão e com toda a possibilidade de cenografia, conseguimos criar essa região pantanosa”, comenta César. A trilha musical é quase cinematográfica e pontua as cenas e as ações dos atores. As escolhas foram feitas em cima da opção do diretor de ambientar a peça no trem fantasma. Apesar do clima de terror, o humor está tanto na caricatura de cenário, figurino, atuação dos atores, quanto na música. “Então, essa caricatura do terror, da tensão, do suspense, traz consigo o humor, porque fica às vezes tão bizarro, que torna a coisa engraçada”, finaliza o diretor musical Gilson Fukushima.
Sobre Jorge Farjalla
Criador da Cia. Guerreiro, sua pesquisa em teatro é ligada ao universo de Antonin Artaud, Bertolt Brecht e Constantin Stanislaviski, tendo como ápice suas montagens sobre as obras míticas de Nelson Rodrigues: “Álbum de Família”, “Anjo Negro”, “Senhora dos Afogados” e “Dorotéia”. Idealizou a Escola de Teatro da sua Cia. inaugurada em 2010, no Rio de Janeiro, onde ofereceu oficinas e cursos de Teatro, Cinema e TV. Dirigiu e atuou no projeto sobre a obra de Dante Alighieri “A Divina Comédia”, encenando “Dante’s Inferno” e “Dante’s Purgatório”. Dirigiu “Vou Deixar o Amor Pra Outra Vida”, de Rodrigo Monteiro, que foi encenado em apartamentos residenciais no bairro de Copacabana.
Em 2016, dirigiu “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues, em comemoração aos 60 anos de carreira de Rosamaria Murtinho, com Leticia Spiller e grande elenco. No mesmo ano, dirigiu “Antes do Café”, de Eugene O’Neill, aclamado pela crítica como um dos espetáculos mais dramáticos do ano. Dirigiu Antônia Fontenelle no monólogo “#Sincericídio”. Em 2018, dirigiu “Senhora dos Afogados”, de Nelson Rodrigues, com Alexia Dechamps, João Vitti, Rafael Vitti, Leticia Birkheuer e grande elenco, no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, sendo indicado ao Prêmio Shell de Melhor Figurino com sua assinatura. Ainda no primeiro semestre, dirigiu “Vou Deixar de Ser Feliz Por Medo de Ficar Triste?”, de Yuri Ribeiro, com Paula Burlamaqui, Vitor Thiré e grande elenco no Teatro das Artes no Rio de Janeiro, sendo indicado como Melhor Diretor ao Prêmio Botequim Cultural, foi o grande vencedor do Prêmio FITA 2018 como Melhor Diretor, Melhor Figurinista e Melhor Espetáculo.
Serviço:
“O Mistério de Irma Vap”
Dia 12 e 13, sábado e domingo, às 21h/18h
Ingressos de R$60,00 a R$150,00
Classificação etária: 12 anos
Local: 3º Piso do Shopping Iguatemi Campinas (Av. Iguatemi, 777, Vila Brandina), em Campinas
Vendas: Bilheterias do Teatro e no site www.ingressodigital.com
Informações pelo telefone (19) 3294-3166.
(Fonte: Ateliê da Notícia)