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Livro aborda saúde mental da população negra e racismo no Brasil

São Paulo, por Kleber Patricio

Capa do livro. Fotos: divulgação.

“Clínica do Impossível: Linhas de Fuga e de Cura” é o primeiro livro do psicólogo Lucas Veiga. Publicada pela editora Telha, a obra é uma coletânea de dez textos escritos pelo autor a partir de suas experiências clínicas com pessoas negras. Veiga tem se destacado no Brasil como expoente da Psicologia Preta (Black Psychology), prática surgida nos anos 1970, nos EUA. Infelizmente o tema ‘racismo’ costumeiramente volta a ilustrar as manchetes dos grandes telejornais. Isso faz com que tenhamos de saber lidar com um tema que parece ser, de fato, impossível de ser vencido.

“Quando falo de uma clínica do impossível, refiro-me à prática terapêutica com pessoas pretas. Esses pacientes, além de suas questões individuais e singulares, trazem algo em comum, da ordem do impossível de se resolver imediatamente: o racismo. Todos os meus pacientes, negros e negras, continuarão lidando com a violência do racismo, inclusive eu”, argumenta Veiga. Mas no livro, o impossível é apresentado como um duplo, que tem também sentido de resistência. “Se por um lado não há possibilidade de fim imediato do racismo, é impossível que pessoas negras sejam totalmente capturadas por ele”, diz.

Para isso, o psicólogo recorre à noção de fuga, sugerindo pensá-la como tecnologia de resistência, produtora de novos horizontes, negados pela dinâmica colonial. “A fuga é a recusa à subjugação, a ser definido por um outro; é a recusa a ter sua singularidade e potencialidade reduzidas pelo racismo estrutural”, conta.

O autor Lucas Veiga.

“Era impossível a população negra sobreviver ao projeto de extermínio do colonialismo e do genocídio ainda presente no Brasil, mas não apenas sobrevivemos como estamos em todos os lugares, nas ciências, na música, na literatura, na filosofia, na política, nas artes, no cinema. Apesar de termos de lidar com a máquina mortífera do racismo, seguimos produzindo realidades e modos de vida impossíveis considerando o cenário em que vivemos”, diz o autor em trecho do livro.

Em capítulos como “Clínica do impossível”, que dá nome ao livro, “Descolonizando a Psicologia: notas para uma Psicologia Preta” e “Como criar para si um corpo descolonizado”, o psicólogo apresenta aplicações da Psicologia Preta e de práticas transdisciplinares. Apoiados em temas cotidianos, “E se eu fosse a Beyoncé?” e “As diásporas da bixa preta: sobre ser negro e gay no Brasil”, debatem as relações entre racismo e saúde mental da população negra na atualidade.

Efeitos da pandemia

Em “Pandemia e neurotização da vida: como será o amanhã?”, Veiga explora os efeitos pandêmicos da Covid-19 na saúde mental dos indivíduos. “Vivemos agora uma neurotização da vida em escala planetária, no sentido de que somos convocados à interiorização, a nos fecharmos em torno de nossos países, nossas casas, de nós mesmos. […] Entendendo a interiorização como motor da neurose, a pandemia poderá gerar em nós uma dificuldade radical na lida com o fora, com o exterior, o estrangeiro, com o que não sou eu”, analisa.

Arte, política e ética no cuidado

Ao discutir a clínica transdisciplinar, o psicólogo fala do atravessamento de campos como o da arte, da filosofia e da política no fazer clínico. “O próprio trabalho do analista e do paciente é um trabalho artístico, ético e político, já que se refere a todo momento à criação de novos modos de vida”, explica.

Em “O analista está presente”, explora as aproximações entre a clínica e a arte. O título é inspirado na obra “A Artista está presente” (2012), da artista sérvia Marina Abramović. “Tivemos a oportunidade de nos conhecer aqui no Brasil, em 2015, e esta performance da Marina se tornou uma referência importante para minha pesquisa e prática clínica tanto no mestrado, quanto no trabalho que desenvolvo hoje”, conta.

Sobre o autor | Lucas Veiga é psicólogo e mestre em psicologia clínica pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Em 2019, criou o curso Introdução à Psicologia Preta, ministrado para mais de 1.200 alunos em oito capitais, no Distrito Federal e em formato virtual. É idealizador da plataforma descolonizando.com, que reúne textos, vídeos e cursos sobre saúde mental, questões raciais e anticoloniais. Tem atuado dando palestras e consultorias em saúde mental para organizações nacionais e multinacionais. Foi embaixador do projeto “Pode Falar”, da Unicef/ONU, capacitando profissionais para atendimento clínico emergencial de adolescentes e jovens de 13 a 24 anos.

Sobre a Editora Telha | A Telha tem seu ‘début’ editorial seguindo uma premissa simples: quem disse que editar e publicar livros não pode ser divertido e prazeroso? Foi com esse devir — afinal, não é ele o “processo do desejo”? — que decidimos fazer as edições que gostaríamos de ver nas prateleiras.Primor gráfico, acompanhamento personalizado, time especializado e aquele nível saudável de transtornos controlados e tratados que são o nosso charme: obsessão com prazos, compulsão por detalhes e o inevitável narcisismo fruto dos resultados dos jobs.

Serviço:

Livro “Clínica do Impossível: Linhas de Fuga e de Cura”

Data de lançamento: 27 de novembro às 16h00

Local: Museu da República. Rua do Catete, 153 – Catete, Rio de Janeiro (RJ)

Autor: Lucas Veiga

Editora: Telha

Páginas: 122

Preço (Pré-Venda): R$39,00

Adquira aqui: https://editoratelha.com.br/product/clinica-do-impossivel-linhas-de-fuga-e-de-cura/.

(Fonte: Aspas e Vírgulas)

Pesquisa revela biopirataria digital como ameaça à conservação de abelhas brasileiras

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Marcos Santos/USP Imagens.

Artigo publicado na quarta (1) na revista “Insect Conservation and Diversity” revela que o comércio ilegal de ninhos de abelhas sem ferrão realizado na internet é uma das principais ameaças à conservação de espécies brasileiras. Utilizando ferramentas modernas de monitoramento de conteúdos digitais, o biólogo Antônio F. Carvalho, pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), desenvolveu métodos de mineração de dados na internet para analisar anúncios de vendas de abelhas sem ferrão e desvendou uma rede de vendedores que opera ilegalmente o comércio em mercados de vendas online no Brasil. O comércio de abelhas sem ferrão no Brasil é regulamentado pela Resolução CONAMA 496/2020.

Dezenas de vendedores foram encontrados em 85 cidades brasileiras, a maioria na Mata Atlântica, revelando um comércio altamente especializado na exploração – retirada de ninhos da natureza, multiplicação e criação – e no comércio de colônias de abelhas sem ferrão para longas distâncias. As colônias foram registradas a preços variando entre 70 e 5 mil reais, sendo comercializadas em caixas de madeira de diversos modelos ou em iscas de garrafas pet, sobretudo para localidades fora das áreas onde as espécies ocorrem naturalmente.

Os principais grupos visados pelos vendedores em 308 anúncios observados no estudo foram jataí (Tetragonisca angustula), diversas espécies de uruçu (Melipona spp.), de mandaguari (Scaptotrigona spp.) e de abelhas-mirins (Plebeia spp.). Entre as mais cobiçadas, estão a uruçu-capixaba (Melipona capixaba) e a uruçu-nordestina (Melipona scutellaris), abelhas em perigo de extinção. Oito espécies de outros grupos, embora em menor quantidade, também foram registradas pelo pesquisador: boca-de-sapo (Partamona helleri) – uma abelha sem potencial melífero devido à baixa salubridade do mel – e mombucão (Cephalotrigona capitata), cujo mel não apresenta sabor palatável. “Vistos em conjunto, esses dados revelam um preocupante mercado de criadores e de colecionadores ávidos pelos mais diferentes grupos, independente do potencial produtivo da espécie em alguns casos”, analisa Carvalho.

Abelhas sem ferrão são importantes polinizadores de árvores que ocorrem em florestas tropicais e de plantas comerciais. Esses insetos são muito utilizados no Brasil para a produção de mel, uma atividade cultural e econômica conhecida como meliponicultura, que contribui de diversas maneiras para a conservação das abelhas e dos ecossistemas onde elas estão inseridas. “O Brasil tem a mais consolidada e talvez a maior indústria de meliponicultura do mundo”, afirma o pesquisador. Existem mais de 240 espécies de abelhas sem ferrão no país e muitas são comumente mantidas em colmeias artificiais por criadores que, em alguns casos, transportam ninhos pelo país como parte dessa atividade. “Devido ao comércio desempenhado na internet, muitas colônias são vendidas de forma ilegal e levadas para locais onde aquelas espécies não ocorrem, o que facilita a disseminação de simbiontes que ocorrem nos ninhos, como parasitas, predadores e comensais e, ainda, a introdução de espécies, populações e genes em novos ambientes”, alerta o pesquisador.

O artigo aponta que a biopirataria digital é uma ameaça real e imediata, que precisa de atenção e combate. “Muitas discussões estão focadas nos efeitos do aquecimento global na biodiversidade, mas temos questões muito urgentes para tratar. Espécies sumirão da natureza devido ao tráfico muito antes que o clima seja capaz de afetá-las negativamente”, conclui Carvalho.

(Fonte: Agência Bori)

Memorial da Resistência apresenta exposição que retrata a luta de 134 anos da população negra no estado

São Paulo, por Kleber Patricio

Memorial Memórias do Futuro – Manifestação fundação MNU (1978) no centro. Foto: Jesus Carlos.

A partir do dia 4 de junho, o Memorial da Resistência de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo localizado no antigo prédio do Deops/SP, abrigará a exposição “Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência”. Gratuita e sob curadoria do sociólogo e escritor Mário Augusto Medeiros da Silva, a mostra traça um panorama histórico de mais de um século de lutas por direitos da população negra no estado.

São mais de 450 materiais, entre fotos, cartazes, jornais e documentos de organizações como a Coalizão Negra por Direitos, Geledés Instituto da Mulher Negra e a participação de coletivos e artistas como Bruno Baptistelli, Geraldo Filme, João Pinheiro, Ilú Obá De Min, Moisés Patrício, No Martins, Renata Felinto, Sidney Amaral, Soberana Ziza e Wagner Celestino.

Serviço:

Exposição “Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência”

Período: 4/6/2022 a 8/5/2023

Faixa etária: Livre

Entrada: Grátis

Local: Memorial da Resistência de São Paulo

Endereço: Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia – São Paulo/SP

Horário: quarta a segunda, das 10h às 18h (fecha às terças)

Os ingressos do Memorial estão disponíveis no site e na bilheteria do prédio.  Reservas aqui.

Acompanhe a rede do Memorial: Site | Facebook | Instagram | Twitter | Youtube.

(Fonte: SI Comunicação)

Galeria apresenta projeto solo de Raphael Cruz na primeira edição da ArPa

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

Para a primeira edição da ArPa, feira de arte que reabre o estádio do Pacaembu após 16 anos, Bianca Boeckel apresenta trabalhos do artista plástico e visual Raphael Cruz.

A convite de Ana Beatriz Almeida, curadora do setor UNI da nova feira de arte, Bianca idealizou um projeto especial com 10 obras do artista. Serão apresentadas seis pinturas, três fotografias e uma escultura de contas de acrílico e madeira.

Raphael Cruz, artista carioca de projeção internacional, está em cartaz na exposição coletiva “Hu – A Minha Alegria Atravessou o Mar”, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, e em julho participa de mostra coletiva em Paris. Seu compromisso com a arte está diretamente conectado à valorização e resgate da cultura brasileira. A espiritualidade ancestral, a música e as manifestações culturais brasileiras de matriz africana são as principais referências de seu trabalho. Segundo Cruz, sua obra “busca se aproximar o máximo possível da estética da brasilidade e raízes africanas – sem a interferência do eurocentrismo”.

Nas palavras de Ana Beatriz, “A obra de Cruz é um sankofa do que somos agora obrigados a retomar, um traço de tudo que queríamos esquecer, o rosto de todos nós”.

Raphael Cruz participou das exposições coletivas “Vazar o Invisível” no Studio OM.Art; no Jockey Club Brasileiro, “Crônicas Cariocas”; no Museu de Arte do Rio – MAR e está em cartaz na mostra “Hu – A Minha Alegria Atravessou o Mar”, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, com curadoria de Ana Beatriz Almeida. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Serviço:

ArPa 2022

Datas e horários:

Quarta – 1º de junho – abertura para convidados das 13h às 20h30

Quinta a sábado – 2 a 4 de junho – visitação das 13h às 20h30

Domingo – 5 de junho – visitação das 11 às 18h

Local: Complexo do Pacaembu, São Paulo, Brasil

(Fonte: Priscila Monteiro Assessoria)

Coro do Conservatório de Tatuí apresenta “Bach in concert”

Tatuí, por Kleber Patricio

Foto: Arquivo/Conservatório de Tatuí.

O Conservatório de Tatuí anuncia uma série de concertos do Coro da instituição em igrejas da cidade. Com tema “Bach in concert”, os concertos serão realizados aos sábados, às 20h, nos dias 4 de junho (Igreja da Santa Cruz) e 11 de junho (Paróquia Nossa Senhora das Graças). O repertório traz peças de Johann Sebastian Bach, cuja obra ressoa para além dos textos bíblicos musicados com maestria e que revelam o mundo religioso do luteranismo da Alemanha da primeira metade do século XVII. A série teve início no último sábado, 28 de maio, na Igreja Matriz de Tatuí.

O Coro do Conservatório de Tatuí tem 34 anos de existência e reúne cerca de 20 vozes. Regido pelo sopranista Marcos Baldini, o grupo destaca-se por trabalhar um repertório variado, que inclui peças a capella, música brasileira, repertório sinfônico e óperas. Marcos Baldini é formado em Canto Lírico e Regência Coral no Conservatório de Tatuí, graduado em Licenciatura em Música pela Universidade Metropolitana de Santos, com pós-graduação em Docência no Ensino Superior.

A programação de ‘Bach in Concert’ inclui obras vocais do compositor alemão, conhecido pela exímia habilidade de transcendência, segundo o regente. “O coro busca honrar a obra de Bach, conduzindo o público à experiência com o que, no cotidiano da vida, nos escapa a atenção: aquilo que está para além da materialidade”, comenta. “Um dos maiores aspectos da música de Bach é o quanto sua música soa moderna. Ele estende os limites da Forma, da Composição, da maneira como utiliza a voz e o instrumento para o qual compõe. O controle habilidoso da harmonia fez com que ele se colocasse acima dos demais compositores de sua época, consolidando um século e meio de ideias musicais que foram desenvolvidas por seus antecessores. Poder interpretar – dar voz e sentimento – a qualquer obra deste célebre compositor é um privilégio incomensurável”, acrescenta Marcos Baldini.

Serviço:

Coro do Conservatório de Tatuí – “Bach in concert”

Data: 4 de junho, sábado

Horário: 20h

Local: Igreja Santa Cruz – Rua Santa Cruz – Centro, Tatuí (SP)

Data: 11 de junho, sábado

Horário: 20h

Local: Paróquia Nossa Senhora das Graças – Rua Maj. Martiniano Soares – Vila Dr. Laurindo, Tatuí (SP).

(Fonte: Maquina Cohn Wolfe)