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Museu de Arte Sacra apresenta exposição “Chico da Silva: Conexão Sagrada, Visão Global“

São Paulo, por Kleber Patricio

Chico da Silva, s/ título, 1983 – OST – 145 x 184 cm

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP apresenta a exposição “Chico da Silva: Conexão Sagrada, Visão Global”, sob curadoria de Simon Watson e com cerca de 61 pinturas que perpassam temas recorrentes da visão do imaginário do artista, como peixes e pássaros fantásticos, além de criaturas míticas e dragões, já caracterizadas como visões vívidas e alucinatórias, enraizadas nas cosmologias amazônicas e que vão desde figuras folclóricas e espirituais até plantas e animais antropomórficos. “Com estilo incomparável, as obras de Chico da Silva, representado por criaturas em ambientes naturais luminosos, são conhecidas por trazerem uma conexão entre o sagrado e o natural”, diz o curador.

Francisco da Silva (1910-1985), conhecido como Chico da Silva, foi um artista brasileiro de ascendência indígena. No final da adolescência, deixou sua casa no Acre, na região amazônica, e mudou-se para Fortaleza (CE), onde morou o resto da vida. Desde cedo, Chico pintava criaturas fantásticas nas paredes das casas dos pescadores. Foi na década de 1940 que o crítico de arte suíço Jean-Pierre Chabloz conheceu sua obra visionária no Brasil e foi Chabloz, emigrante de uma Europa devastada pela guerra, quem primeiro introduziu Chico à pintura e ao papel. O crítico saudou as pinturas de Chico da Silva como pura manifestação da arte visual brasileira e, posteriormente, tornou-se um defensor das obras do artista.

Chico da Silva, s/ título, 1970 – OST – 64 x 80cm.

A vida de Chico da Silva foi uma complexa gangorra entre a fama internacional – celebrado na Bienal de Veneza de 1966 e além de inúmeras exposições pelo Brasil e pela Europa – e as lutas contra o alcoolismo e a instabilidade mental, que em certo momento exigiram uma longa internação. Em seus últimos anos, Chico da Silva viveu na fronteira dos sem-teto. Morreu em 1985, aos 75 anos, e nos anos seguintes à sua morte o reconhecimento de sua importante produção artística caiu na obscuridade.

Uma das características das obras de Chico da Silva é que seus desenhos e pinturas surgem de forma espontânea, no momento se sua criação, como involuntários impulsos de sua imaginação. O artista não teve de maneira formal nenhuma influência de outros estilos, muito menos de escolas de pintura. Seus traços, que no início eram feitos a carvão, impressionavam pela riqueza de detalhes e abstração. Eram dragões, peixes voadores, sereias, figuras ameaçadoras e de grande densidade e formas. Pintor de lendas, folclore nacional, cotidiano e seres fantásticos. “Por muito tempo suas pinturas foram depreciadas e tidas como arte popular simplória. No entanto, os tempos mudaram e, nos últimos anos, após uma pandemia global e o aumento da conscientização sobre a depredação do meio ambiente, as criaturas visionárias do universo fantástico de Chico da Silva nos revelam o poder absoluto e a maravilha de nosso planeta — tanto sua fauna como sua flora”, define Simon Watson.

Chico da Silva, s/ título, 1970 – têmpera s/ tela – 65 x 120 cm.

“Conexão Sagrada, uma Visão Global” exibe o imaginário de Chico da Silva com criaturas quiméricas que muitas vezes aparecem se devorando ou em posição de combate. “Este é um universo composto por cenas que mesclam fábulas e cosmologias populares amazônicas do norte e nordeste do Brasil, representando um pleno florescimento do traço sofisticado e das cores vibrantes usadas pelo artista, que remetem ao espírito interior das criaturas retratadas e de nós mesmos, espectadores humanos”, diz Watson. A galeria de entrada do museu traz uma instalação em estilo de salão, uma “piscina” das pinturas de peixes do artista, sugerindo uma imersão em um aquário. Em seguida, no espaço expositivo, as telas estarão divididas em dois temas: uma de criaturas míticas e outra de pássaros e outras criaturas aladas.

“No contexto de crise global, de devastação do planeta e distanciamento emocional das almas humanas, anestesiadas por distrações digitais, o público de hoje anseia por uma arte visionária que os ajude a lembrar da vitalidade do mundo natural que sustenta nossas vidas. A exposição ‘Chico da Silva: Conexão Sagrada, Visão Global’ incluirá um catálogo online de ensaios acadêmicos a ser publicado no início de janeiro de 2023” – Simon Watson.

Projeto LUZ Contemporânea

LUZ Contemporânea é um programa de exposições de arte contemporânea que se desdobra em eventos e ações culturais diversas, públicas e privadas. Desenvolvido pelo curador Simon Watson, o projeto atualmente encontra-se baseado no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Nesse espaço, LUZ Contemporânea apresenta exposições temáticas de artistas convidados, de modo a estabelecer diálogos conceituais e materiais com obras do acervo histórico da instituição. Embora fortemente focada no cenário artístico brasileiro atual, LUZ Contemporânea está comprometida com uma variedade de práticas, cultivando parcerias com artistas performáticos e organizações que produzem eventos de arte.

Exposição “Chico da Silva: Conexão Sagrada, Visão Global”

Artista: Chico da Silva

Curadoria: Simon Watson

Período: de 13 de novembro a 8 de janeiro de 2023

Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo | MAS/SP

Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo/SP (ao lado da estação Tiradentes do Metrô)

Estacionamento (entrada opcional): Rua Dr. Jorge Miranda, 43 (sujeito a lotação)

Tel.: (11) 3326-5393 – informações adicionais

Horários: de terça-feira a domingo, das 09 às 17h (entrada permitida até às 16h30).

(Fonte: Balady Comunicação)

Coletiva Fanfarrosas estreia temporada de teatro de mamulengo em bibliotecas públicas de São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

No mês de novembro, a coletiva Fanfarrosas realiza uma temporada de apresentações gratuitas do espetáculo “As Presepadas de Gitirana no Terreiro de Dona Dindinha” no Programa Biblioteca Viva, da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo e Prefeitura de São Paulo.

O grupo se apresenta no dia 16 de novembro (quarta-feira), às 10h, na Biblioteca Thales Castanho de Andrade, na Freguesia do Ó, em 17 de novembro (quinta-feira), às 14h, na Biblioteca Malba Tahan, na Zona Sul, e no dia 18 de novembro (sexta-feira), às 14h, na Biblioteca Hans Christian Andersen, no Tatuapé.

As últimas apresentações da temporada acontecem no dia 22 de novembro (terça-feira), às 14h, na Biblioteca Aureliano Leite, Zona Leste, dia 29 de novembro (terça-feira), às 14h, na Biblioteca José Mauro de Vasconcelos, Zona Norte, e 30 de novembro (terça-feira), às 14h, na Biblioteca Sérgio Buarque de Holanda, Itaquera.

Em uma grande festa de encantarias e histórias, “As Presepadas de Gitirana no Terreiro de Dona Dindinha” traz situações e figuras populares da sociedade em seus lugares de destaque e protagonismo dentro do teatro de mamulengo, mesclando culturas paulistas e nordestinas.

Com auxílio e direção de Natália Siufi, que é fundadora do Grupo Teatral Parlendas e co-fundadora do Grupo Xingó, o Coletivo Fanfarrosas iniciou sua pesquisa sobre o Mamulengo no Brasil em janeiro de 2022, tendo como inspiração histórias de mulheres retirantes e a cultura popular brasileira.

Sobre a Coletiva Fanfarrosas

Fanfarrosas nasce em 2019, em uma trajetória de pesquisas multiculturais que englobam linguagens como música, palhaçaria, arte de rua e cultura popular. Utilizando manipulação de bonecos e instrumentos de materiais recicláveis, as Fanfarrosas contam e cantam histórias, executando um vasto repertório com músicas das infâncias, MPB e ritmos como coco, cavalo marinho, cacuriá e baião.

“Partilhamos da vontade de discutir temas que nos atravessam como a pluralidade de gêneros na comicidade, a valorização da cultura popular no país e a arte de rua como facilitadora de acesso ao público”, explica o coletivo.

Mais informações em www.facebook.com/fanfarrosas e www.instagram.com/fanfarrosas.

FICHA TÉCNICA

Brincantes: Coletiva Fanfarrosas – Giovanna Paixão, Luana Pereirinha | Roteiro e texto: Fanfarrosas e Natália Siufi | Direção: Natália Siufi | Confecção: Fanfarrosas, Danilo Cavalcante e Maria do Carmo | Confecção da empanada: Bel Lopes – Glória de Goitá | Pintura empanada: Fanfarrosas e Ijür Sanso | Operação de som: Fanny Cabanas | Musicistas: Naiara Perez e Jaque da Silva |Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini | Produção: Fanfarrosas.

Serviço:

“As Presepadas de Gitirana no Terreiro de Dona Dindinha” com Coletiva Fanfarrosas

Sinopse: Benedite vendedore ambulante, Rosquelina e seu boi fujão, Padre Lobrobró enviado de Jericó e a cobra Gitirana que só arruma confusão. Uma grande festa que mescla culturas nordestinas e paulistas cheias de encantaria, brincadeiras e memórias. Um teatro de mamulengo que traz situações e causos da sociedade, dando protagonismo à figuras populares e distintas do cotidiano.

Duração: 50 minutos

Classificação Livre – Grátis

Quando:

16 de novembro de 2022 (quarta-feira) – Horário: 10h – Onde: Biblioteca Thales Castanho de Andrade – Endereço: R. Dr. Artur Fajardo, 447 – Freguesia do Ó, Zona Noroeste, São Paulo – SP

17 de novembro de 2022 (quinta-feira) – Horário: 14h – Onde: Biblioteca Malba Tahan – Endereço: R. Brás Pires Meira, 100 – Jardim Susana, Zona Sul, São Paulo – SP

18 de novembro de 2022 (sexta-feira) – Horário: 14h – Onde: Biblioteca Hans Christian Andersen – Endereço: Av. Celso Garcia, 4142 – Tatuapé, São Paulo – SP

22 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 14h  – Onde: Biblioteca Aureliano Leite – Endereço: Rua Otto Shubart, 196 – Parque São Lucas, Zona Leste, São Paulo

29 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 14h – Onde:  Biblioteca José Mauro de Vasconcelos – Endereço: Praça Comandante Eduardo de Oliveira, 100 – Parque Edu Chaves, Zona Norte, São Paulo – SP

30 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 14h – Onde: Biblioteca Sérgio Buarque de Holanda – Endereço: Rua Victório Santim, 44 – Itaquera, São Paulo – SP.

(Fonte: Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini)

Exposição do 2º Salão de Humor sobre Doação de Órgãos do Instituto GABRIEL acontece no Polo Shopping

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Imagem: divulgação.

Desde 3 de novembro acontece a primeira mostra do 2º Salão de Humor sobre doação de Órgãos do Instituto GABRIEL no Polo Shopping Indaiatuba. São expostas 20 das 160 obras selecionadas, com as premiadas das categorias Cartum e Charge e Prêmio Biometrix, além das mais votadas pelo corpo de jurados do Salão, formado por profissionais de saúde da área de captação e transplante de órgãos.

Foram vencedores desta edição, na categoria Cartum, 1º Lugar, Roque de Ávila Jr. (SP) e Moisés (SP). Na categoria Charge, os vencedores foram Jota A (PI) e Darlan Alves (GO) e Prêmio Especial Biometrix para o artista Mello (MG).

A mostra acontece no corredor em frente à Loja Riachuelo e deve permanecer até o final do mês de novembro. A exposição completa pode ser vista no site gabriel.org.br/salaodehumor/.

Os visitantes, além de terem contato com essa forma diferente e lúdica de falar sobre esse tema tão pouco compreendido pela sociedade brasileira, podem ainda concorrer a uma obra de sua escolha se inscrevendo pelo QR Code do totem de abertura do Salão.

O Salão de Humor sobre Doação de Órgãos foi criado em 2008 pelos fundadores do Instituto GABRIEL, Valdir de Carvalho e Maria Inês Toledo de Azevedo Carvalho, e pelo cartunista Mario Dimov Mastrotti, com intuito de sensibilizar pessoas sobre a importância da doação de órgãos e tecidos.

São parceiros do Salão as empresas Biometrix Diagnóstica, Polo Shopping Indaiatuba, UniArts Media, Radio Jornal, ProArtis, IC Transportes, Doação Estampada, Portal da Cidade, Eurekando, Deixe Vivo e # Juntos.

Mais informações podem ser obtidas em https://gabriel.org.br ou pelo WhatsApp +55 (19) 98700-0466.

(Fonte: Jair Italiani)

Encontrada na Amazônia, resina de jutaicica pode ser opção sustentável para produção de verniz

Santarém, por Kleber Patricio

Panela de barro com verniz de jutaicica Foto: João José Lopes Corrêa.

O extrativismo de uma resina conhecida como jutaicica na região de Santarém (PA) pode estimular a economia local e o produto pode ser um bom substituto da resina de origem do petróleo na produção de verniz, já que não causa impactos ambientais. As conclusões fazem parte de um artigo publicado nesta segunda (14) na revista “Rodriguésia”, que investigou as propriedades da resina para compreender os desafios da reintegração do material no mercado. O estudo foi feito por cientistas da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Os primeiros registros do uso da resina de jutaicica – árvores que são nacionalmente conhecidas como jatobás – são do século 18. O material era diluído em óleos, como de linhaça, e usado para revestir madeiras nobres de longa duração, como a de carruagens da aristocracia. O resgate histórico feito pelos cientistas mostrou que a resina natural já foi um produto economicamente importante na região amazônica, em especial no estado do Pará, mas, com o avanço da indústria petroquímica, ela foi substituída por subprodutos do petróleo.

Atualmente, a resina encontrada, por exemplo, em Santarém, é usada para fins artesanais, como o revestimento e impermeabilização de panelas de barro. Por isso, o extrativismo acontece em pequena escala e não tem grande representatividade econômica. Por meio de análise de amostras, a equipe descobriu que o material empregado é heterogêneo e que vem de duas espécies diferentes de árvores da região. Um dos objetivos do trabalho foi descrever o produto para considerá-lo uma opção mais sustentável dentro do mercado, por ser extraído dos troncos e coletado no chão, sem a necessidade de derrubar árvores.

A equipe observou que o conhecimento tradicional sobre o extrativismo e uso não está sendo repassado para gerações mais jovens. Segundo Leandro Giacomin, um dos autores do artigo e professor da Universidade Federal da Paraíba, a representatividade da Amazônia em termos de produção vegetal nacional é muito baixa e cerca de 80% está associada à extração de madeira. “Introduzir cadeias produtivas sustentáveis de alto impacto e com valor agregado geraria uma revolução em termos de economia para as famílias locais”, afirma Giacomin. “A fonte de renda delas estaria associada a um produto que cresce naturalmente”, avalia. Quanto ao uso do verniz em escala industrial, o pesquisador João José Lopes Corrêa, também autor do estudo, comenta que ainda há um longo caminho a ser percorrido. “Em um primeiro momento ele poderia ser integrado ao mercado para trabalhos especiais, como restauração de mobiliário e obras de arte, por exemplo”, explica.

Extração da resina no tronco. Foto: João José Lopes Corrêa.

Outra atividade econômica muito importante na região é o ecoturismo, que também tem muito a ganhar com o extrativismo da resina natural. “O extrativismo sustentável é associado ao ecoturismo, os turistas que visitam ali querem ver árvores de onde vêm os pigmentos, os vernizes, as sementes para artesanato”, comenta o pesquisador. “Isso demanda compreensão por parte da população do valor desses produtos para que essas pessoas queiram fazer parte dessa cadeia”, aponta.

Para Giacomin, é importante que haja investimento em ciência e tecnologia para fomentar o conhecimento sobre os produtos que a Amazônia pode oferecer de forma mais sustentável. “Há uma necessidade emergencial de mudança do modelo de desenvolvimento econômico atual, especialmente na Amazônia, então qualquer produto que não tenha impacto e que estimule comunidades locais configura um ótimo modelo e o primeiro passo é abrir um leque de opções que podem ser exploradas”, defende Giacomin. “Se a gente não mudar, a floresta vai para o chão e as consequências são catastróficas”, completa o pesquisador.

(Fonte: Agência Bori)

Museu da Imigração inaugura exposição sobre africanos que vivem em São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Proposta da exposição é mostrar, em fotos e textos, a diversidade de africanos que adotaram a cidade de São Paulo nos últimos anos. Foto: Bob Wolfenson.

Na véspera do Dia da Consciência Negra, o Museu da Imigração (MI) abre a exposição “África em São Paulo”, com retratos feitos pelo fotógrafo Bob Wolfenson e entrevistas realizadas pelo jornalista Naief Haddad. O evento terá início às 11h e reunirá autores e personagens.

Desenvolvida nos últimos cinco anos, a mostra reúne 43 fotos que formam um painel variado e surpreendente desses migrantes, que inclui alguns refugiados. São mulheres e homens de 21 países do continente africano; entre eles, África do Sul, Angola, Camarões, Chade, Egito, Guiné-Bissau, Moçambique, República Democrática do Congo, Senegal e Tanzânia.

O desenho da exposição surgiu durante uma reportagem sobre emprego para a Folha de S.Paulo em 2018, quando Naief e Bob andaram muito pelo centro de São Paulo e perceberam a presença e a diversidade deste grupo pelas ruas. “Bob e eu ficamos fascinados pelo trabalho dos africanos, que vendiam de máscaras a turbantes. Mergulhamos nesse assunto e, desde então, conhecemos pessoas incríveis, que formam um mosaico da nova imigração na cidade”, conta Naief Haddad.

De culturas, religiões e classes sociais diferentes, essas pessoas reinventaram suas histórias ao chegar a São Paulo, adotaram outras profissões e formaram novas famílias. Além das fotos em grandes formatos, em cores vibrantes ou preto e branco, a exposição traz depoimentos sobre os motivos que fizeram os retratados deixarem o país de origem, a saudade da terra natal e a realidade no Brasil. “É uma exposição com potência, com peso”, define Bob Wolfenson. “Esse trabalho nasceu de uma conversa minha com Naief sobre a adaptação, a riqueza da produção e da vida deles. São desses encontros mais fortuitos que saem as grandes ideias. O Naief trouxe os primeiros personagens, depois a jornalista Luly Zonta entrou na história para buscar novas pessoas e tudo se desenvolveu. Eu fui um pouco ao sabor dos acontecimentos, não tinha uma ideia pré-concebida de como fazer as fotos. Quando vejo esse conjunto todo pronto, percebo a beleza e a integridade deste trabalho”, revela o fotógrafo.

Com concepção cenográfica do arquiteto André Vainer e programação visual de Thea Severino e Marcio J. Freitas, a exposição traz recursos audiovisuais que permitirão ao visitante uma imersão no continente africano. Será possível, inclusive, ouvir trechos dos relatos na voz e sotaque dos personagens. O escritor Jeferson Tenório e o ator e ativista Vensam Iala, que é especialista em literatura africana, assinam os textos de apresentação da mostra.

Entre as pessoas eternizadas pelas lentes de Bob Wolfenson, está uma princesa. Filha do rei da tribo Papel, Madalena Nanque nasceu na Guiné-Bissau, em 1979, e chegou ao Brasil em 1998, cheia de sonhos, mas sem mordomia. Formou-se em teologia e pedagogia e sua vida paulistana é de muito trabalho.

“Juntei minhas economias e vou me mudar para o Brasil. Quero ser escritor”. Foi com essas palavras que o angolano João Pedro Canda avisou seu pai sobre a mudança de continente. A travessia ocorreu em 2013, motivada não apenas pelo projeto literário de vida, mas também pelo temor da política repressora vigente em Angola de 1979 a 2017. Em São Paulo, o autor de sete livros também criou o instituto Literáfrica.

Formado em música em Alexandria, Tarek Sabry se apresentava como saxofonista em hotéis no Egito. Lá, conheceu a brasileira Claudia em 2011 e se apaixonou. As viagens foram constantes. Em 2018, já com dois filhos, o casal decidiu permanecer no Brasil. Entre os convidados do projeto, Tarek foi o único que disse nunca ter sofrido preconceito racial ou xenofobia.

A exposição de Bob e Naief mescla rostos, países e idades. Exemplo disso é a inquieta camaronesa Mama Louise Edimo: “Aos 75, tenho a sensação de que há mais 75 pela frente”. Aos 12, ela foi enviada pela família para estudar na França. Anos depois de se formar em jornalismo em Paris, tornou-se produtora musical. Nos anos 1970, resolveu viver no Brasil, que conhecia por meio dos discos. Hoje, ela é uma referência da cultura de Camarões em São Paulo.

Com mais de 50 anos de carreira, Bob Wolfenson tem trabalhado com diversos gêneros da fotografia. Uma das referências nacionais como retratista e fotógrafo de moda, ele transita entre projetos artísticos e publicidade. Já expôs em museus, como o MASP, e lançou livros como “Jardim da Luz” (1996), “Belvedere” (2013) e “Desnorte” (2021).

Jornalista há 25 anos, Naief Haddad é repórter especial da Folha de S.Paulo, onde exerceu diversas funções, como editor de projetos especiais e editor de Turismo. Coordenou a coleção 100 Anos de Fotografia pelas Lentes da Folha.

Serviço:

Exposição África em São Paulo

Data: 19 de novembro de 2022 a 12 de março de 2023

Local: Sala de exposições temporárias do Museu da Imigração

Museu da Imigração

Rua Visconde de Parnaíba, 1.316 – Mooca – São Paulo/SP

Tel.: (11) 2692-1866

Funcionamento: de terça a sábado, das 9h às 18h, e domingo, das 10h às 18h (fechamento da bilheteria às 17h)

R$10 e meia-entrada para estudantes e pessoas acima de 60 anos | Grátis aos sábados

Acessibilidade no local | Bicicletário na calçada da instituição | Não possui estacionamento | Próximo à estação Bresser-Mooca. www.museudaimigracao.org.br.

(Fonte: Assessoria de Comunicação | Museu da Imigração)