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Pinacoteca de São Paulo anuncia grade de exposições para 2023 e inaugura novo edifício

São Paulo, por Kleber Patricio

Imagem ilustrativa – Arquitetos Associados – Projeto Pinacoteca Contemporânea.

A Pinacoteca de São Paulo divulga a programação para 2023 e comemora a inauguração do novo edifício: a Pinacoteca Contemporânea. A abertura está prevista para 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo, com duas exposições de impacto: uma coletiva com obras do acervo do museu ocupará a Grande Galeria e a coreana Haegue Yang, destaque do cenário internacional de arte contemporânea, a Galeria Praça.

Sonho antigo da Pinacoteca de São Paulo, o novo espaço integrará o conjunto arquitetônico do museu – até então composto por dois edifícios, a Pina Luz e a Pina Estação – ao centenário Parque da Luz e aos bairros do Bom Retiro e da Luz. A Pina Contemporânea conta com um novo centro de atividades socioeducativas e área de serviços, com restaurante, loja e espaços de convivência. Além disso, o edifício passa a sediar a Biblioteca e o Centro de Documentação da Pinacoteca. Somadas as suas áreas e capacidade de público, os três prédios tornam o museu uma das maiores instituições de arte da América Latina.

“Localizado ao redor de uma grande praça, aberto ao parque e à livre circulação do público, o edifício da Pinacoteca Contemporânea promove o encontro e o diálogo, de forma acessível e inclusiva, fomentando a diversidade, a educação e a sustentabilidade. O novo espaço complementa os outros dois edifícios da Pinacoteca por meio de uma arquitetura permeável e acolhedora e reflete o espírito de integração social presente em todos os programas desenvolvidos pelo museu, favorecendo a experimentação da arte contemporânea”, explica Jochen Volz, diretor geral do museu.

Com uma programação integrada entre os prédios, em 2023 a Pinacoteca de São Paulo seguirá apresentando uma consistente pesquisa em torno de nomes históricos e contemporâneos da arte brasileira em diálogo com renomados artistas internacionais, dando visibilidade para uma multiplicidade de linguagens, temas e produções.

Sobre as exposições

Primeiro Semestre

O ano começa com a inauguração da Pina Contemporânea, recebendo as mostras inaugurais do novo espaço, Haegue Yang e obras de grandes dimensões na coleção Pinacoteca. Primeira sul-coreana a expor na instituição, Yang propõe uma instalação composta de esculturas feitas com persianas industriais que pendem do teto, como grandes móbiles, combinadas a outras esculturas móveis situadas no chão. Já a exposição que inaugura a nova sala de mostras temporárias do edifício será composta de obras de grandes dimensões em diversas linguagens (instalações, esculturas, pinturas, desenhos, vídeos) pertencentes ao acervo da Pinacoteca.

A Pina Luz recebe, a partir do dia 4 de março, a maior exposição individual já realizada sobre o artista de origem indígena Chico da Silva (1910-1985), reunindo coleções públicas e particulares em um recorte que vai de 1943 a 1984. Com trabalhos nunca expostos, a mostra apresentará os elementos tão característicos de sua iconografia, como os animais mitológicos. Ainda refletindo sobre a relação entre observação da natureza e imaginação, o Octógono, tradicional espaço do museu para projetos comissionados site-specific, recebe a instalação de Denilson Baniwa (1984), artista-jaguar que reflete em sua obra uma vivência enquanto indígena do tempo presente. No mesmo período, ocorre ainda uma mostra panorâmica de Maria Leontina (1917-1984) nas galerias temporárias do segundo andar.

Tradicionalmente revisitando obras de artistas brasileiros em exposições monográficas, o 4º andar da Pina Estação recebe exposição dedicada à carreira de Elisa Bracher (1965) a partir do dia 1º de abril. Regina Parra (1984) vai ocupar o 2º andar da Pina Estação, espaço dedicado às exposições que se constituem a partir do acervo, mas também em projetos experimentais.

Segundo semestre

Uma das mais célebres artistas argentinas da atualidade, Marta Minujín (1943) é o grande destaque na Pina Luz. A mostra panorâmica vai perpassar diferentes momentos da carreira da artista, com projetos imersivos que, ao articularem cor, som e movimento, tornam corpórea, sinestésica e lúdica a experiência política da arte. No Octógono, uma das mais proeminentes artistas brasileiras da atualidade, Sônia Gomes (1948), responde ao desafio de conceber uma obra que dialogue com a escala monumental do coração do edifício. Com uma trajetória extensa e diversificada, mas ainda pouco estudada pela crítica, Montez Magno (1934) completa a programação a partir de outubro.

Figura-chave do circuito internacional contemporâneo, a chinesa Cao Fei (1978) é o destaque da Pina Contemporânea no segundo semestre, com a abertura da mostra prevista para o dia 2 de setembro. Realizados em mídias como vídeo, instalação e performance, seus trabalhos são conhecidos por examinaras subjetividades, fantasias e afetos do presente, num contexto de rápidas transformações sociais atravessado pelo uso intensivo da tecnologia. Além da artista, Antonio Obá (1983) terá uma mostra individual na Galeria Praça do edifício a partir do fim de junho.

Para fechar o ano, Alex Cerveny (1963) reunirá no 2º andar da Pina Estação 23 desenhos e gravuras pertencentes ao acervo da Pinacoteca e apresentados pela primeira vez em conjunto, junto com de pinturas e esculturas de sua trajetória. No 4º andar do mesmo edifício, uma mostra retrospectiva apresentará 30 anos de trabalho de Jarbas Lopes (1964), com início em 24 de novembro.

Agenda de exposições:

PINACOTECA LUZ

Chico da Silva – Período: 4/3 a 28/5 – 1º andar – Curadoria: ThierryFreitas

Denilson Baniwa – Período: 18/3 a 30/7 – Octógono – Curadoria: Renato Menezes e Jochen Volz

Maria Leontina – Período: 13/5 a 10/9 – 2º andar – Curadoria: RenatoMenezes e Thierry Freitas

Marta Minujín – Período: 1/7 a 28/1/2024 – 1º andar – Curadoria: Ana Maria Maia

Sônia Gomes – Período: 09/09 a 28/01/2024 – Octógono – Curadoria: Renato Menezes

Montez Magno – Período: 21/10 a 3/3/2024 – 2º andar – Curadoria: Clarissa Diniz

PINACOTECA ESTAÇÃO

Elisa Bracher – Período: 1/4 a 17/9 – 4º andar – Curadoria: Pollyana Quintella

Regina Parra – Período: 1/4 a 13/8 – 2º andar – Curadoria: Ana Maria Maia

Alex Cerveny – Período: 16/9 a 10/3/2024 – 2º andar – Curadoria: Renato Menezes

Jarbas Lopes – Período: 24/11 a 31/3/2024 – 4º andar – Curadoria: Renato Menezes

PINACOTECA CONTEMPORÂNEA

Haegue Yang – Período: 25/01 a 28/05 – Galeria Praça – Curadoria: Jochen Volz

OBRAS DE GRANDES DIMENSÕES NA COLEÇÃO DA PINACOTECA

Período: 25/1 a 30/7 Grande Galeria

Curadoria: Ana Maria Maia e Yuri Quevedo

Antonio Obá – Período: 24/6 a 18/2/2024 – Sala1 – Curadoria: Ana Maria Maia

Cao Fei – Período: 2/9 a 14/4/2024 – Sala 2 – Curadoria: Pollyana Quintella.

(Fonte: Pinacoteca de São Paulo)

SAAE Indaiatuba participa de projeto piloto de remoção de fósforo no tratamento de efluentes

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Laboratório onde estão sendo realizados os testes de efluentes. Fotos: divulgação.

O Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE) de Indaiatuba vem participando nos últimos meses, de um projeto inovador na remoção de fósforo no tratamento de efluentes na Estação de Tratamento de Esgotos Mário Araldo Candello (ETE MAC).

Desenvolvido pela empresa BRTech Soluções Tecnológicas em parceria com a Universidade Federal de São Carlos e Universidade Federal do ABC, o projeto contempla o desenvolvimento de um produto à base de argila e compostos químicos que prometem remover até 97% de fosfato presente nos efluentes. A pesquisa é supervisionada pela Dra. Flávia Camargo Alves Figueiredo e também conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O produto é aplicado na etapa final de tratamento do efluente, tendo como resultado um composto rico em fósforo e nitrogênio que poderá ser utilizado de acordo com a atual legislação, permitido para uso em cultivos agrícolas e florestais na condição de fertilizante orgânico, como condicionador de solo ou substrato para plantas ou ainda como matéria prima na produção desses insumos e sua utilização segura na agricultura. “Os resultados obtidos até agora são promissores. Fico feliz que a nossa ETE MAC esteja contribuindo para este importante projeto”, comenta o superintendente do SAAE, engº Pedro Claudio Salla.

A Agência das Bacias Hidrográficas do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que engloba a região de Indaiatuba, evidenciou em seu Plano de Bacias a necessidade da inclusão dos parâmetros Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), nitrogênio, fósforo e coliformes termotolerantes para a adequação da qualidade das águas dos recursos hídricos das Bacias PCJ ao uso atualmente demandado e à preservação da vida aquática. Os parâmetros fósforo total e coliformes termotolerantes serão destaque na próxima revisão de metas da Agência, o que evidencia a necessidade de que os municípios tenham um tratamento adequado para a remoção de nutrientes.

“O lançamento de esgotos em corpos aquáticos ocasiona a degradação dos recursos hídricos, incluindo o enriquecimento em fósforo e consequente poluição de tais ambientes, tendo como consequência o crescimento de algas, que em algumas ocasiões, podem ser tóxicas. Tal cenário compromete os usos de rios, lagos e reservatórios, com consequências danosas para a vida aquática, saúde humana e manutenção das atividades econômicas”, conclui a Dra. Flávia Figueiredo.

(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)

Espetáculo “Silva”, do coletivo Os Incendiários, busca futuro revolucionário a partir da construção de uma subjetividade preta

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Karla Bright.

“O que falta para a combustão das nossas dores pretas?” – É esse o questionamento que norteia o espetáculo “Silva”, do coletivo Os Incendiários. O trabalho é livremente inspirado na intersecção entre o filme “Faça a coisa certa” (1989), de Spike Lee, e a peça “Biedermann e os incendiários” (1953), de Max Frisch, e tem a dramaturgia assinada por Lucas Moura, criador de “Desfazenda – Me enterrem fora desse lugar”.

Na trama, Silva é um homem negro, funcionário fiel de Biedermann, uma estátua cravada no meio da história do Brasil há 400 anos. Exausto, o protagonista da trama passa a se questionar sobre a imobilidade das coisas, incluindo a dele mesmo, em uma cidade que arde diante dos seus olhos. Nesse cenário, surgem três elementos, H1 (hidrogênio), C6 (carbono) e O8 (oxigênio). Responsáveis por gerar fogo, estão em busca de uma quarta força, para garantir uma combustão total.

Assim, entre brincadeiras, jogos, provocações e reflexões, Silva é revirado por esse trio e se vê diante de um dilema: dessa vez, é fogo ou fuga? Será que vale a pena mudar as regras da situação? A peça fará temporada no Teatro de Contêiner Mungunzá, de 14 de novembro a 21 de dezembro, de segunda a quarta, às 20h. Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada) e serão vendidos via plataforma Sympla e bilheteria.

Em busca de um futuro revolucionário

“Queríamos fazer uma peça que apontasse um novo horizonte possível de revolução. Como poderíamos construir uma ideia coletiva e potente que nos leve a uma possibilidade de mudança radical?”, conta o ator Filipe Celestino.

Com isso em mente, o processo para a construção do espetáculo “Silva” começou com a peça “Biedermann e os incendiários” (1953), de Max Frisch. O trabalho ganhou uma montagem em 2002, com a Cia. São Jorge de Variedades e direção de Georgette Fadel, e tinha como argumento a classe proletária invadindo a casa da burguesia. Inclusive, a produção foca nos dilemas dos ricos.

Quase duas décadas depois, quando Lilian Regina (da peça “Um Inimigo do Povo”, dirigida por José Fernando Peixoto de Azevedo) e Roma Oliveira (do musical “Tatuagem”, com direção de Kleber Montanheiro) entram em contato com essa dramaturgia, eles se questionam sobre quem seriam os proletários no Brasil de hoje. “Com mais de 50% da população brasileira sendo negra, entendemos que essa história só poderia ser contada por uma perspectiva preta e com protagonismo preto. Não existiria outra forma”, conta Roma Oliveira.

A dupla se juntou a Filipe Celestino (ator fundador do coletivo O Bonde) e Vaneza Francisca (da série “3%”, criada por Pedro Aguilera) e formou o coletivo Os Incendiários. Neste seu primeiro trabalho, o grupo se debruçou sobre o texto de Frisch, expandindo as discussões suscitadas por ele. Foi exatamente nessa fase de pesquisa que a América Latina foi tomada por queimadas de estátuas que eram grandes símbolos de opressão, como o Borba Gato, aqui no Brasil. E isso foi incorporado à dramaturgia de Silva.

“Na peça, os três elementos querem queimar a estátua do Biedermann e percebem que o Silva é exatamente o que faltava para gerar a combustão. Então, ao longo de todo o espetáculo, eles tentam acendê-lo, ou seja, fazê-lo tomar consciência da própria história. No fim, o plano funciona, gerando um movimento poderoso de queima de estátuas de vários colonizadores”, comenta Celestino.

Uma ação conjunta e poderosa

Para o grupo, é importante que todas as pessoas se empoderem a exemplo do protagonista. “O filme ‘Faça a coisa certa’, de Spike Lee, começa com um radialista falando ‘Acorda! Acorda! Acorda!’ e entendemos isso como uma metáfora dessa ação conjunta, tão necessária para acabar com a opressão”, defende Roma.

Como uma maneira de dar potência à narrativa, adicionando novas camadas, Os Incendiários convidaram Georgette Fadel para codirigir o trabalho em parceria com Nilcéia Vicente. O cenário é assinado por Julio Dojcsar, que também participou da montagem de “Biedermann e os incendiários”, de 2002.

Sinopse | O que é que falta pra combustão das nossas dores pretas? Numa cidade em brasas, de algum canto do Brasil, três elementos encontram Silva, um funcionário fiel, mas cansado da casa de Biedermann. Um dilema se apresenta a partir desse encontro: dessa vez será o fogo ou a fuga?

Ficha Técnica

Coletivo: Os Incendiários

Elenco: Filipe Celestino, Lilian Regina, Romário Oliveira e Vaneza Oliveira

Direção: Nilcéia Vicente e Georgette Fadel

Dramaturgia: Lucas Moura

Direção Musical: Melvin Santana

Criação e produção musical: Melvin Santana e Lucas Melifona

Músicos: Melvin Santana e Lucas Melifona

Preparação Corporal: Cristiano Karnas

Cenário: Julio Docjar

Figurino: Thais Dias

Assistência de Figurino: Carolina Gracindo

Desenho de Luz e operação de luz: Felipe Tchaça

Mídias Digitais: Diego Rodrigues

Arte Gráfica: Basq Anderson

Produção: Corpo Rastreado

Produção de Campo: Jeniffer Rossetti

Assessoria de imprensa: Canal Aberto

Assistência de Produção: Lilian Regina e Romário Oliveira.

Serviço:

“Silva”

De 14 de novembro a 21 de dezembro*

Segundas, terças e quartas, às 20h

Teatro de Contêiner Mungunzá (Rua dos Gusmões, 43 – Santa Ifigênia – São Paulo/SP)

*No dia 23 de novembro não haverá apresentação

Sessões extras em 22/11, 30/11 e 6/12 às 16h

Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada)

Vendas pelo site da Sympla e na bilheteria do teatro

Duração: 105min | Recomendação: 16 anos | Capacidade: 99 lugares.

(Fonte: Canal Aberto)

Instituto Tomie Ohtake apresenta exposição “Tomie Ohtake Dançante”

São Paulo, por Kleber Patricio

Tomie Ohtake, Sem título, 2001, Acrílica sobre Tela, 200 x 1000 cm. Fotos: divulgação.

Nesta exposição comemorativa – 20 anos de uma instituição compromissada em se renovar para oferecer ao público um programa de qualidade, tanto de exposições quanto de atividades culturais e educativas –, os curadores Paulo Miyada e Priscyla Gomes trazem novo olhar para a obra de Tomie Ohtake, nesta exposição realizada com os patrocínios do Bradesco, na cota Apresenta, e Motorola, na cota Ouro. Em “Tomie Ohtake Dançante”, a dupla de curadores investiga se a pintura dança ou se é possível dançar com a pintura. “Palavras como movimento, gesto, matéria, ritmo, corpo, espaço, deslocamento, partitura e coreografia, antes mesmo de serem articuladas em uma sentença verbal, misturavam-se na hipótese de que na obra de Tomie Ohtake se dança, de que Tomie é dançante”.

Além da seleção de obras, para preparar a exposição os curadores conversaram ao longo de seis meses com coreógrafos e coreógrafas de perfis e trajetórias diversos, capazes de imergir na produção plástica de Tomie Ohtake. Neste período, os convidados conceberam obras em diálogo com a casa e a produção de Tomie e realizaram ensaios abertos na casa-ateliê da artista, compartilhando os respectivos processos com o público. Essas peças farão parte da exposição com intuito agora de ocupar e ativar diferentes espaços do Instituto Tomie Ohtake.  Em novembro acontecem as apresentações de Emilie Sugai (21/11), data de aniversário de Tomie, e Rodrigo Pederneiras (26/11). Os horários e demais apresentações podem ser acompanhados pelo site e Instagram do Instituto Tomie Ohtake.

Tomie Ohtake, Sem título, 1960, Óleo sobre tela, 121 x 101 cm.

Segundo os curadores, ao revisitar a obra de Tomie, encontraram algumas ênfases plausíveis para uma abordagem do que há de dançante no seu fazer e no seu experienciar. “Em decorrência dessas ênfases, organizamos esta exposição com 45 obras, em três atos, três ambiências que conjugam seleções de pinturas de Tomie Ohtake com recursos expográficos escolhidos para intensificar a consciência sinestésica do corpo, do espaço e do movimento que atuam na percepção da imagem pictórica”, destacam Miyada e Gomes.

No primeiro ato, “rasgos e combinações”, estão reunidas pinturas da década de 1960, quando Tomie realizava estudos com papéis coloridos retirados de revistas, convites e outros impressos, rasgados à mão e agrupados em pequenas colagens. O conjunto ressalta a recorrência de pedaços e formas que, com suas bordas tremidas, giram, multiplicam-se, ocupam diferentes posições, saltam de um lado para o outro, de uma tela para a outra. Os curadores ressaltam que para acompanhar o ritmo dessa coreografia, o passo do visitante que adentra o ambiente é surpreendido pela maciez do piso revestido de espuma. “Trata-se de uma sutil quebra da convenção museológica, apenas suficiente para lembrar a cada pessoa que ela também tem um corpo e que cada movimento depende do encontro do gesto habitual com a consistência do espaço em que se pisa”.

Já em tatear a matéria sob uma penumbra, focos iluminam pinturas criadas pelo enfrentamento dos movimentos de Tomie Ohtake com a substância pictórica, sua densidade e transparência. No centro desse ambiente estão as chamadas “pinturas cegas”, da década de 1960, de grande gestualidade: pinceladas feitas de olhos fechados. Compõem este ato, pinturas realizadas a partir da década de 1980, que remetem diretamente à materialidade da tinta acrílica, à solvência de seu pigmento na água, cujas pinceladas compõem movimentos ritmados.

Tomie Ohtake, Sem título, 1983, Óleo sobre tela, 150 x 150 cm.

Por fim, planos e profundidades é o ato de conclusão da mostra, com pinturas produzidas desde a década de 1970 até 2010. Em um espaço amplo, planos pendentes do teto sucedem-se em um ritmo de diferentes alturas, larguras e distâncias. “Esse recurso remete à cenografia de Tomie Ohtake para a ópera ‘Madame Butterfly’ (1983), em que simples planos de cor dispostos em profundidades distintas eram suficientes, segundo a artista, para sugerir tanto contextos e espacialidades quanto estados emocionais de seus personagens”, lembram os curadores. Esse ambiente pictórico coloca o visitante em deslocamento entre imagens que são em si mesmas sugestivas de movimento e acolhe uma pintura em grande escala – 10 metros de comprimento – que Tomie concebeu para a inauguração do Instituto e só agora volta a ser exibida. “Uma obra que em si mesma desenha a coreografia de uma linha no espaço”, completam Miyada e Gomes.

Tomie Ohtake Ensaios

Na sala exclusivamente dedicada às exposições de Tomie, no térreo do Instituto Tomie Ohtake, será apresentada concomitantemente a mostra “Tomie Ohtake Ensaios”, que reúne, na íntegra, os registros em vídeos dos ensaios-abertos de Allyson Amaral, Cassi Abranches, Davi Pontes, Eduardo Fukushima com Beatriz Sano e Emilie Sugai realizados na casa-ateliê da artista.

O intuito da mostra é compartilhar com o público os processos coreográficos de criação desses artistas. Junto aos vídeos, será possível encontrar também gravuras e fotografias de obras públicas de Tomie. A curadoria é assinada por Paulo Miyada, Priscyla Gomes, Diego Mauro e Julia Cavazzini.

Segundo os curadores, “se os ensaios são uma réplica (ou seja, respostas) à obra da artista, a exposição apresentada é uma tréplica: por meio desta seleção de trabalhos, Tomie Ohtake responde à dança. Assim, dança, pintura, escultura somadas a gravuras e maquetes de obras públicas estabelecem formas de fricção e contágio”.

Instituto Tomie Ohtake – 20 anos | O Instituto Tomie Ohtake marca a celebração do seu 20º aniversário com a remodelação radical de sua missão para os próximos anos: servir como um porto, para abrigar as necessidades de apoio, aprendizagem, conexão, liberdade e invenção da comunidade artística e seus públicos, em especial as pessoas mais vulneráveis, e também servir como um farol, iluminando produções artísticas contemporâneas capazes de contribuir para leituras do passado, presente e futuro e para os desafios urgentes de nossa sociedade.

Exposições “Tomie Ohtake Dançante” e “Tomie Ohtake Ensaios”

De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca

Patrocínio: Bradesco (cota Apresenta) e Motorola (cota Ouro)

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros, São Paulo, SP

Metrô mais próximo – Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: (11) 2245-1900.

(Fonte: Pool de Comunicação)

Ano Novo na Amazônia: uma experiência sustentável e autêntica em conexão com a natureza

Manaus, por Kleber Patricio

Navegações pelos rios e igarapés na alvorada e ao entardecer fazem parte da programação. Fotos: divulgação.

Para quem procura uma conexão profunda com a natureza, ver o último sol de 2022 se pôr no Rio Negro, cercado pelos sons da Amazônia, certamente é uma experiência que torna o ritual da troca de ano bastante significativo. A vivência é ainda mais profunda se for promovida por ribeirinhos, que trocaram a extração da madeira pelo turismo sustentável. Criada em por moradores da pequena comunidade Tumbira, a 64 quilômetros de Manaus, a Poranduba Amazônia planejou um pacote especial de Ano Novo com uma programação que lembra a própria floresta: intensa, mas muito bem distribuída.

A chegada está prevista para o dia 30 de dezembro. O acesso é feito a partir de Manaus, mas apenas de barco, o que protege o local do turismo de massa e amplia a sensação de exclusividade do visitante. Na recepção, um suco refrescante de frutas nativas e um passeio para conhecer a comunidade servem para aclimatar e também como preparação para o almoço num buffet onde a estrela são os peixes regionais. Vale a pena perguntar sobre cada espécie, técnica de pesca e maneira de preparo – é uma maneira de conhecer a fundo os hábitos da região.

Após um descanso, hora de encarar a primeira trilha e um primeiro contato com algumas espécies da biodiversidade, como e escada de jabuti, a sapopemba e um enorme piquiá – árvore que dá um fruto primo do pequi do Cerrado. Como a Amazônia é uma grande planície, as caminhadas pela mata são sempre leves.

Na volta, uma passagem pela casa de uma artesã da comunidade mostra outra forma de usar os elementos naturais da floresta. Para relaxar, o primeiro pôr do sol da viagem, em um banho nas águas do Rio Negro, que, além de mornas e escuras, têm uma acidez que evita a proliferação de mosquitos. Para encerrar o dia, jantar e passeio de bote para sentir a natureza à noite, conhecer os sons e, com sorte, avistar animais noturnos.

Acompanhe de perto o preparo tradicional da farinha de mandioca.

O dia seguinte começa com um café da manhã reforçado, porque em seguida vem uma imersão no bioma amazônico. A trilha do safári começa em um bote, passa para um caminhão – que deixou de ser usado no transporte de madeira e agora conta com sofás instalados na carroceria – e termina com uma caminhada por vegetação de mata primária até uma nascente. Tudo isso com explicações do Seu Manoel, morador da área, sobre plantas, enormes árvores de angelim vermelho e animais silvestres, que observam os visitantes com a mesma curiosidade com que são observados. Na volta, a tarde é dedicada a dar tempo para o corpo descansar e a mente absorver tudo que foi visto antes da ceia de Ano Novo.

O ano de 2023 inicia com uma incursão ao Parque Nacional de Anavilhanas. Passear de lancha pelo labirinto formado por canais de rios e cerca de 400 ilhas faz o viajante ser transportado para uma das fotografias sublimes feitas por Sebastião Salgado para seu trabalho mais recente, “Amazônia”. A água escura dos caminhos sinuosos contrasta com o verde vibrante da vegetação e a área abriga várias espécies com risco de extinção, como o boto cor-de-rosa, o peixe-boi e a onça pintada.

Outro momento imperdível de contemplação é o nascer do sol. Para isso, o visitante é convidado a acordar cedo e, mesmo antes do café da manhã, pegar o barco em busca do melhor ponto de observação. Ao longo do caminho, é possível presenciar o despertar da floresta com suas luzes e sons e, principalmente, observar a rica variedade de aves que deixam as árvores em revoada nesse horário. Nesse dia há também uma visita a outra comunidade ribeirinha para mais trocas de experiências e a tarde é dedicada à Praia do Iluminado, numa ilha fluvial formada por um banco de areia branca – mais uma prova de que, na Amazônia, os cenários são múltiplos.

Caminhadas na mata virgem fazem parte da programação.

Por ser criada e gerida por moradores, no modelo de turismo sustentável de base comunitária, a Poranduba Amazônia consegue realmente aproximar o visitante do modo de vida ribeirinho por meio de experiências originais. O pacote de Ano Novo dura quatro noites e inclui transporte de ida e volta a Manaus (o trajeto é feito em 1h15 em barco rápido), hospedagem em suíte com ar condicionado, todas as refeições e todos os passeios. Os pacotes não incluem aéreo e custam a partir de R$3.960 por pessoa. Além do Ano Novo, a Poranduba possui pacotes regulares para o Rio Negro e outras regiões da Amazônia.

Mais informações: Poranduba Amazônia ou +55 (92) 98639-5016 (WhatsApp).

(Fonte: Kyvo)