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Neste sábado: visita mediada na exposição ‘Monstros’, de Fernanda Leme, na Z42 Arte

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Foto: Jaime Acioli.

Neste sábado, dia 26 de outubro, às 17h, a artista Fernanda Leme, o curador Alexandre Sá e a crítica de arte Marisa Flórido farão uma visita mediada na exposição ‘Monstros’, que pode ser vista até o dia 31 de outubro, na Z42 Arte, no Cosme Velho. Na mostra, que traz um panorama dos onze anos de trajetória da artista carioca Fernanda Leme, são apresentadas cerca de 80 pinturas, a maioria delas inéditas, produzidas desde 2013 até hoje, que discutem a pintura e a fotografia na contemporaneidade. Partindo de sua própria vida, a artista debate, por meio de suas obras, questões que são comuns a todos, como a sociedade líquida em que vivemos, a fugacidade das imagens, o luto, as perdas e a saudade. “A exposição é uma crônica da nossa época, um trabalho de memória e de imagem”, conta a artista.

As pinturas partem de figuras humanas presentes em fotografias antigas ou feitas pelo celular ou extraídas de mídias, mas que são acrescidas de imagens de sua imaginação e memória, além de elementos do dia a dia. “As obras potencializam e atualizam o debate entre pintura e fotografia na contemporaneidade a partir da perspectiva da explosão das imagens, das selfies, da fugacidade da captura do instante e da eventual fragilidade da vivência do momento. Considerando o legado da impermanência, os trabalhos problematizam a duração das imagens e de sua inevitável obsolescência, atravessados pela experiência da artista, que também surge como uma cronista afiada”, afirma o curador Alexandre Sá no texto de apresentação da exposição.

Fernanda Leme. Foto: Cristina Granato.

Filha da jornalista Lúcia Leme (1938–2021), Fernanda cresceu em uma família de mulheres fortes e empoderadas e seu trabalho reflete isso. “Discuto o feminino, o retrato da mulher, muitas vezes expondo a minha própria imagem, enfatizando o protagonismo feminino”, afirma a artista, que faz diversos autorretratos em um contraponto com as selfies da atualidade.

O nome da exposição, Monstros, foi retirado da pintura homônima de 2013 que integra a exposição. Nela, uma pessoa aparece capturada por dois homens encapuzados e cercada por anjos e diabos. “Eu pesquiso os monstros do nosso tempo, como o peso e a grandeza da História da Arte, por exemplo, além do peso do luto e das perdas”, conta a artista. “O título da exposição, consideravelmente irônico, nos pergunta em que medida a monstruosidade angustiada de captura do presente nos sufoca e enjaula em uma fantasia de liberdade, nos questionando inclusive sobre a monstruosidade do próprio legado da pintura na História da Arte”, ressalta o curador.

Percurso da exposição

Fernanda Leme – Fim da Infância II – 2013 – acrílica, óleo e colorjet sobre tela. Foto: Divulgação.

Logo na entrada da exposição há um grande painel com 56 pinturas em formato 30cmX40cm, que faz uma analogia com as fotos 3X4 em que a artista retrata rostos de mulheres de sua convivência e também anônimas, produzidas desde 2014 até hoje. “É um working in progress, que não termina nunca, vou sempre acrescentando mais rostos”, conta. Os trabalhos remontam o período anterior ao surgimento da fotografia em que os artistas pintavam retratos das pessoas para que aquela imagem fosse eternizada, como uma foto, e fazem um contraponto com a atualidade. “Discuto a sociedade líquida, a rapidez com que tudo acontece. As milhares de selfies que são feitas, na maioria das vezes, são jogadas fora, não chegam nem a serem impressas. A pintura é o contrário, tem um tempo para ser feita”, ressalta a artista.

Na sala seguinte, há obras da série Fim da Infância, composta por cinco trabalhos em grandes dimensões, incluindo um políptico de 2013 medindo 149cmX211cm. Nesta série, os personagens são retratados ao lado de seus super-heróis favoritos. “Esses trabalhos discutem a perda da ingenuidade, criando desconforto entre o retrato e o super-herói, que é uma coisa imaginária, uma fantasia”, conta.

Fernanda Leme – A Queda III, 2024 – acrílica, bastão oleoso e canesta posca sobre tela. Foto: Divulgação.

Seguindo o percurso da exposição, estão pinturas da série Retratos, produzidas desde 2013, em que a artista pinta pessoas em diversas situações, incluindo ela mesma. As obras são feitas a partir de retratos, mas com a introdução de novos elementos criados pela artista, além da modificação das cores originais “É como se esses retratos não permanecessem como as pinturas antigas permaneciam, pois faço uma pintura planar e misturo com outros elementos que não estavam na fotografia original”. Um exemplo é a obra No trem (2018), feita a partir de uma fotografia da própria artista dentro de um trem em 1981. “A construção de baixíssima volumetria e o acontecimento de um certo exotismo da cor evidenciam um processo de tensionamento da imagem que, talvez, conscientemente, conheça sua perecibilidade. Se a tela historicamente é um suporte da duração e da presença, as personagens aqui parecem escorrer em suas memórias, como se assumissem seu tempo curto e seu inevitável esquecimento nada trágico”, diz o curador.

Na sala seguinte, estão trabalhos da série Luto, de 2023, feitos quando a artista descobriu um câncer de mama após ter perdido o irmão, a mãe e o pai também de câncer. Diante da situação, Fernanda Leme resolveu olhar de forma positiva para a vida, retratando a si mesma durante o tratamento. Ao contrário do que se pode pensar, as obras possuem cores fortes e brilhantes, passando um ar de positividade diante da situação. “É um trabalho muito movido pela minha história de vida, mas que também é a história de milhares de pessoas, mas isso ainda é pouco falado. Resolvi encarar como algo que acontece na vida, com leveza. Nunca parei de produzir”, diz. “As obras aqui reunidas bordam a experiência do indizível a partir da experiência pessoal e das memórias da artista. Por certo não se trata de um trabalho que faz mau uso da psicanálise ou de um tipo de trabalho que semanticamente retroalimenta os traumas pessoais, mas de um conjunto vigoroso de obras que evidencia a qualidade do enfrentamento árduo diante do abismo individual cotidiano”, afirma o curador.

Foto: Jaime Acioli.

No final de 2023, a artista fez a pintura Pente, que mostra o objeto em um fundo rosa-choque com fios de cabelo presos a ele. “Esse foi o ponto de virada, de mutação na minha vida e na minha obra. É a conclusão de todo esse ciclo de perdas e transformações, com esta nova fase que está se iniciando”, conta. A partir daí, Fernanda Leme começou a trabalhar na mais recente série Morfemas, com trabalhos mais geométricos em que os fios de cabelo aparecem como elementos da obra, criando desenhos como se fossem pequenos signos.

Serviço:

Visita mediada na exposição Monstros

Dia 26 de outubro de 2024, às 17h

Exposição: até 31 de outubro de 2024 – de segunda a sexta, das 11h às 16h;sábado, mediante agendamento

Z42 Arte

Rua Filinto de Almeida, 42, Cosme Velho – Rio de Janeiro RJ

Telefone: (21) 98148-8146

Entrada franca.

(Fonte: Com Beatriz Caillaux/Midiarte Comunicação)

Cinema de animação movimenta agenda cultural gratuita em Campinas

Campinas, por Kleber Patricio

Mauricio Squarisi em brinquedo óptico. Foto: Divulgação.

No Brasil e em mais de 30 países, 28 de outubro é considerado o Dia Internacional da Animação. Celebrando a data e o cinema de animação, a agenda cultural de Campinas traz boas opções gratuitas para crianças e adultos.

SESC Campinas

O Núcleo de Cinema de Animação de Campinas monta um Estúdio Experimental de Animação no dia 26 (sábado), das 10h30 às 12h30 e das 14h às 16h no Sesc Campinas, localizado na Rua Dom José I, no bairro Bonfim. Voltada para crianças a partir de 7 anos, acompanhadas por um adulto responsável, a oficina é gratuita e oferece a oportunidade de experimentar várias técnicas de animação. Os participantes poderão explorar estações com desenho animado em papel, recortes em cartão, sombras chinesas, animação com areia, desenho sobre película e criação de trilhas sonoras. As inscrições são limitadas e devem ser feitas no local a partir de 30 minutos antes do início de cada sessão.

Dia Internacional da Animação

O Dia Internacional da Animação (DIA) é comemorado em todo o país com uma mostra de curtas-metragens exibida simultaneamente em várias cidades e regiões. Em Campinas, com o apoio do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas e sob a coordenação da animadora Rafaela Repasch, a 21ª edição do evento acontecerá no Laboratório de Imagem e Som (LIS) da Unicamp, às 19h30 no dia 28 de outubro.

O evento contará com duas mostras especiais: a Mostra Nacional, com oito curtas-metragens, e a Mostra Regional, com seis produções, incluindo o curta 1500, de Maurício Squarisi, um dos fundadores e diretores do Núcleo. No curta, Squarisi retrata o encontro dos europeus Cabral, Caminha e Frei Henrique com os nativos, destacando as trocas de presentes, cultura e religião.

O evento tem como foco promover a integração cultural em todas as regiões do país mobilizando diversas comunidades e facilitando o acesso da população à cultura. A lista dos filmes que integram as mostras está disponível no link www.diadaanimacao.com.br.

Em novembro | O LIS-Unicamp vai sediar entre 6 e 8 de novembro a 6ª edição da Lesma – La Extraordinária Semana de Mostras Animadas, com oficina, mesas de conversa, masterclass e exibições. As mostras são gratuitas e acontecem diariamente às 19h. A Mostra Nyama de Animação Negra é no dia 6, a Mostra de Animação Indígena no dia 7 e Mostra de Animações do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas no dia 8. A programação completa pode ser consultada pelo Instagram @lesma.unicamp.

Serviço:

Estúdio Experimental de Animação no SESC Campinas com o Núcleo de Cinema de Animação de Campinas

Data: 26/10 (sábado)

Grátis, para crianças a partir de 7 anos acompanhadas por um adulto de referência

Local: Sala de Atividades 1 do SESC Campinas

Endereço: Rua Dom José I, 270/333 – Bonfim – Campinas/São Paulo

Mais informações: https://www.sescsp.org.br/programacao/estudio-experimental-de-animacao/

Dia Internacional da Animação – Em Campinas

Mostra Nacional e Mostra Regional – São Paulo

Data: 28/10/2024  | Horário: 19h30

Grátis

Local: LIS Unicamp

Mais informações: www.diadaanimacao.com.br

6ª Lesma – La Extraordinária Semana de Mostras Animadas

Data: de 6 a 8 de novembro

Local: LIS-Unicamp

Programação completa em @lesma.unicamp (Instagram).

(Fonte: Com Andréa Alves/A2N Comunicação)

MuBE inaugura nova exposição ‘Mupotyra: arqueologia amazônica’

São Paulo, por Kleber Patricio

Com curadoria de Carla Gibertoni, Naine Terena, Eduardo Góes Neves, Ricardo Cardim e Guilherme Wisnik e parceria com o MAE USP, mostra reúne arqueologia, arte e meio ambiente para discutir os impactos da ação da humanidade na floresta amazônica e repensar o futuro. Foto: Divulgação.

O MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia inaugura no dia 26 de outubro a exposição ‘Mupotyra: arqueologia amazônica’. Partindo de estudos que indicam que a ação de povos indígenas ancestrais teria sido determinante para a formação da Floresta Amazônica, a mostra reúne arqueologia, arte e meio ambiente para discutir a ocupação da região e os impactos da exploração excessiva dos recursos naturais em prol do desenvolvimento. Mupotyra significa florescer em Nheengatu, língua geral amazônica. Ao revisitar o passado, a exibição propõe um chamado de consciência para imaginarmos novos futuros, de forma sustentável. “Como Museu de Ecologia, acreditamos ser papel do MuBE trazer para o público discussões sobre a questão ambiental e a Amazônia está no centro desta pauta. Esta exposição é também uma forma de contribuição do MuBE à preparação para a COP de 2025, em Belém”, diz a presidente do MuBE, Flavia Velloso.

Abre a exposição a inédita coleção de Ricardo Cardim, que retrata a propaganda do projeto desenvolvimentista da ditadura militar por meio de uma política de exploração intensa e propõe uma reflexão sobre como chegamos à destruição que vemos hoje.

A mostra traz para o público parte importante de uma das principais coleções de arqueologia e etnologia da Amazônia do mundo, o acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, com diversos artefatos que revelam o conhecimento altamente qualificado e o processo de resistência dos povos indígenas no Brasil. Entre acessórios como coroas, cocares, cestas, vestimentas e peças de cerâmicas, o passado nos ensina a pensar sobre o futuro, evidenciando práticas milenares dos povos originários que fomentaram a rica biodiversidade da região. Entre elas, a identificação de vestígios de complexas redes de caminhos e grandes agrupamentos humanos datadas de 2.500 anos feitas de materiais perecíveis, como madeira e palha, e o desenvolvimento de um sistema de construção com aterros artificiais que permitiram a ocupação permanente dos campos alagáveis na Ilha do Marajó (PA).

Com expografia de Marcelo Rosenbaum, junto aos objetos arqueológicos e etnográficos são exibidas obras contemporâneas feitas por artistas que entram em diálogo e em tensão com o material histórico. Com destaque, os artistas indígenas participantes da mostra promovem a criticidade da arte indígena no contexto contemporâneo, não apenas como expressão artística em si, mas também como atos de resistência, conectando-se às raízes que as sustentam.

A mostra evidencia a importância das pesquisas arqueológicas, principalmente para a compreensão do papel dos povos indígenas no manejo dos territórios e a contribuição para a diversidade ambiental, como o plantio de espécies de árvores ao longo de trilhas e nas roças. Na exposição, essa ação milenar é apresentada em um projeto de Thiago Guarani que propõe, a partir dos conhecimentos indígenas, a criação das paisagens que compõem as áreas de floresta da Amazônia na atualidade.

Com entrada gratuita, a exposição fica em cartaz no MuBE até o início de 2025 e conta também com programas educativos, visitas guiadas e atividades especiais nos ateliês abertos aos finais de semana. Artistas participantes: Yaka Huni Kui, Uýra, Thiago Guarani, Tainá Marajoara, Rita Huni Kuin, Pedro David, Keyla Palikur, Jaider Esbell, Gustavo Caboco, Gê Viana, Frederico Filippi, Elisa Bracher, Denilson Baniwa e Lilly Baniwa, Coletivo Artistas Pelo Clima, Cassio Vasconcellos e Maurício de Paiva.

Serviço:

Exposição Mupotyra: arqueologia amazônica

Exibição: de 26/10/24 até 9/3/2025

Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE)

Rua Alemanha 221, Jardim Europa, São Paulo – SP (terça a domingo).

Av. Europa 218, Jardim Europa, São Paulo – SP (quarta a domingo)

Horário de funcionamento: 11h às 18h – última entrada às 17h30

Entrada gratuita.

Sobre o Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia

O MuBE, ou Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, foi criado a partir da concessão do terreno, situado entre a Avenida Europa e a Rua Alemanha, pela Prefeitura de São Paulo à Sociedade dos Amigos dos Museus (SAM), no ano de 1986, para a construção de um Centro Cultural de Escultura e Ecologia.

Para a escolha do projeto do prédio da instituição cultural, foi realizado um concurso vencido por Paulo Mendes da Rocha. Nascia, então, o MuBE e seu prédio, que é um marco da arquitetura mundial e que conta também com o jardim projetado por Roberto Burle Marx.

Siga o MuBE no Instagram: mube_sp.

(Fonte: Com Vinicius Costa/Agora Site)

Pinacoteca de São Paulo apresenta exposição em parceria com a Secretaria da Administração Penitenciária do Estado

São Paulo, por Kleber Patricio

Exposição Traços livres: serigrafando histórias reúne trabalhos de pessoas encarceradas, resultado de oficinas de serigrafia em unidade prisional masculina. Foto: Divulgação.

A Pinacoteca de São Paulo realiza a exposição ‘Traços livres: serigrafando histórias’, em parceria com a Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel’ (Funap), entidade vinculada à Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo. A proposta foi levar o trabalho e imagens artísticas do museu para dentro de algumas unidades prisionais do estado, além de fomentar a produção plástica de pessoas encarceradas e apresentar, dentro da Pinacoteca, essa produção promovendo um diálogo entre essas duas realidades e seus públicos.

Para isso, o educativo do museu realizou 15 oficinas de serigrafia em uma unidade prisional masculina de regime fechado entre os meses de abril e junho de 2024. Os encontros contaram com 18 participantes, autores dos trabalhos apresentados. Além da elaboração das serigrafias, os encontros contaram ainda com leituras de imagens de reprodução de obras de arte da coleção do museu como forma de refletir sobre a construção de imagens e suas intencionalidades.

A exposição acontece a partir do dia 25 de outubro, apresentando os resultados das oficinas, por meio de uma serigrafia selecionada de cada participante, algumas delas acompanhadas de depoimentos dos autores, e do processo de elaboração dos trabalhos. “Esperamos que a mostra sirva como um estímulo para pensar sobre as potencialidades do trabalho artístico e cultural dentro do sistema prisional, assim como visibilizar a expressão criativa de pessoas privadas de liberdade”, conta Gabriela Aidar, coordenadora do projeto.

Sobre a Pinacoteca de São Paulo | A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até́ a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais em seus três edifícios, a Pina Luz, a Pina Estação e a Pina Contemporânea. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.

Serviço:

Traços livres: serigrafando histórias

Período: 25/10 a 9/12/2024

Curadoria: Gabriela Aidar

Pinacoteca Luz (Lobby 1º piso)

De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)

Gratuitos aos sábados – R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso; quintas-feiras com horário estendido B3 na Pina Luz, das 10h às 20h (gratuito a partir das 18h).

(Fonte: Com Mariana Martins/Pinacoteca de São Paulo)

Instituto Tomie Ohtake apresenta primeira retrospectiva de Carlito Carvalhosa em São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Carlito Carvalhosa – Sem-titulo (P0390_ 1990) – óleo, cera, pigmento e carvão sobre tela – 200 x 150 x 2cm. Foto: Divulgação.

O Instituto Tomie Ohtake apresenta a exposição ‘Carlito Carvalhosa – A metade do dobro’, a primeira retrospectiva de fôlego sobre a produção artística de Carlito Carvalhosa (1961–2021). Com cerca de 150 obras que datam de 1984 a 2021, a mostra perpassa quase quarenta anos de carreira, reunindo muitos exemplos da constante experimentação do artista com diferentes materialidades e navegando entre os limites da pintura, escultura e instalação. A mostra foi inaugurada no dia 24 de outubro concomitantemente à exposição ‘Mira Schendel – esperar que a letra se forme’.

Com curadoria conjunta de Ana Roman, Lúcia Stumpf, Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada, a exposição é dividida em sete núcleos, ocupando três salas do Instituto. Sem seguir uma ordem cronológica, a mostra é permeada por rebatimentos entre permanências e tensões ou, como afirma Ana Roman, “essa oscilação entre a presença e a ausência no espaço, entre o visível e o oculto, é um tema central que atravessa as várias fases da produção de Carvalhosa”. Esta exposição conta com o patrocínio da Livelo e do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, na Cota Apresenta e do BMA Advogados na Cota Prata, através do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura, Programa Nacional de Apoio à Cultura e Governo Federal – Brasil, União e Reconstrução.

O primeiro núcleo expositivo, o único cronológico, traz pinturas do início da carreira na Casa 7, ateliê que reunia, além de Carvalhosa, Fábio Miguez, Paulo Monteiro, Rodrigo Andrade e posteriormente Nuno Ramos, jovens artistas unidos por laços de amizade e por propósitos estéticos comuns. Estão lá, por exemplo, duas obras do artista de 1985 que compuseram A Grande Tela na 18° Bienal de São Paulo. Paulo Miyada nos conta que as pinturas de Carvalhosa “são maiores que seu corpo, transbordam massa de tinta manuseada com vigor e trazem alusões tanto a figuras mundanas quanto a estilemas da história da arte recente. Desse encontro iniciático com a ideia da pintura, Carlito sai com um impulso que nunca mais abandonaria: o interesse pelo que existe de tátil na produção de imagens, pelo háptico subjacente ao ótico”.

Carlito Carvalhosa, Sem título (P28_92), 1992, Cera sobre tela sobre madeira, 50 x 40 cm. Foto: Flavio Freire.

A seção seguinte tem como destaque uma parede de encáusticas produzidas entre 1988 e 1991. São obras que, segundo Lúcia Stumpf, “a partir da mistura de cera e terebentina, com pouco pigmento, resultam em pinturas ricas em camadas matéricas e texturas, privilegiando a cor e a transparência da cera. Já as obras em cera policromáticas são compostas pela sobreposição de camadas, em um procedimento que remete à colagem”. E estão posicionadas em diálogo frontal com os espelhos graxos, feitos a partir de 2003. O fascínio pelo espelho perdurou por anos e, com ele, o artista produziu dezenas de peças com as mais variadas cores, processos, formatos e técnicas.

O núcleo seguinte traz um conjunto expressivo dos dedinhos, trabalhos muito característicos de sua produção, feitos em cera, com 30×30, e que formam uma espécie de mosaico. O mesmo espaço abriga as ceras perdidas, primeiro conjunto escultórico de Carvalhosa, produzido em 1995. Originalmente altas, as peças foram moldadas por abraços do artista no bloco de cera maleável, trazendo sua estrutura corporal para a obra. Com os anos, elas murcharam e perderam altura, ganhando outra expressão plástica, bastante diferente da original.

O visitante ingressa na sala seguinte pela instalação Qualquer direção, de 2011, uma das primeiras que o artista faz com lâmpadas fluorescentes. Mais uma vez a obra está em diálogo, agora com as pinturas feitas em chapas de alumínio. O núcleo seguinte traz alumínios brancos em diálogo com esculturas de porcelana. Para Stumpf, “as monotipias e pinturas em gesso rebatem os contornos orgânicos das esculturas, que por sua vez ofuscam o olhar do espectador com sua superfície reflexiva”, completa a curadora. Estão nesse núcleo ainda alguns toquinhos, obras que rememoram as grandes instalações de postes.

Carlito Carvalhosa, Sem título (E17_96), 2011, cerâmica faiança, 30 x 33 x 59 cm. Foto: Flavio Freire.

O último núcleo traz os trabalhos do fim da carreira. São obras feitas em cera que dialogam com os dedinhos. Agora menos orgânicas, essas pinturas, que marcam o retorno à cera, foram realizadas a partir de 2017 com o uso de moldes, seguindo esquemas geométricos e usando cores vibrantes. Luis Pérez-Oramas conclui que “Se há uma coisa que me parece caracterizar a obra de Carlito Carvalhosa, em todas as suas fases e em suas realizações mais emblemáticas, é o exercício permanente de chegar não ao fim, mas ao começo, não ao ato final, mas à potência, não à forma clara e definida, mas ao seu estágio larval, impuro, onde residem todas as suas possibilidades”.

Audiocatálogo

Um audiocatálogo produzido em parceria com a Supersônica – plataforma concebida e criada junto a Maria Carvalhosa, filha do artista, acompanha a exposição. Nele, o ouvinte é guiado por reflexões de colaboradores, curadores, artistas e amigos de Carvalhosa sobre suas encáusticas, espelhos e esculturas, entremeados por trechos de entrevistas do artista e sonorizações de suas obras. A trilha sonora, parte fundamental desse livro, evoca a atmosfera de suas instalações.

Paralelamente à mostra de Carvalhosa, o Instituto Tomie Ohtake inaugura Mira Schendel – esperar que a letra se forme, exposição retrospectiva, com curadoria de Galciani Neves e Paulo Miyada, que explora a presença dos signos da linguagem na obra desta artista fundamental para a arte contemporânea brasileira.

Programa Público

A estas exposições soma-se um programa público de encontros, oficinas e vivências, com programação atualizada pelo site e redes sociais do Instituto ao longo do período expositivo. Na abertura, dia 25 de outubro, realiza-se programação concebida para professores das redes pública e privada e também para profissionais das artes, com a participação dos curadores da exposição e os educadores da instituição. No dia 26 de outubro, o público é convidado a assistir performance do duo Teia, parceria musical entre Inês Terra (voz) e Júlia Telles (teremin). O duo pesquisa a relação entre os primeiros dispositivos eletrônicos e vozes em processos improvisados e composicionais. Teia transita entre sons harmônicos e ruidosos, explorando as possibilidades do corpo por meio de intervenções, partituras gráficas e gravações de campo. No dia 1º de novembro, o público em geral é convidado a participar da mesa de debate Os ecos da palavra, com a presença das artistas Lívia Aquino, Lenora de Barros e da pesquisadora Maria Carvalhosa. No dia 2 de novembro serão três oficinas de diferentes gêneros de texto: Menus inventados, com a participação da jornalista e crítica gastronômica Luiza Fecarotta; Dedicatória de livro – Livros que me fazem lembrar você, com a participação da pesquisadora Rosa Couto e Técnicas de Comicidade e nossa responsabilidade com as Palavras, orientada pela atriz e comediante Karina Sbruzzy. Haverá também, no dia 21 de novembro, a oficina de audiodescrição Da palavra à imagem, com a artista DEF Isadora Ifanger e, no dia 14 de janeiro, a oficina de zines O diário de Mira Schendel, conduzida pelo artista e educador Léo Daruma. A participação nos eventos se dá mediante inscrição prévia via o site do Instituto e sujeito a lotação.

Carlito Carvalhosa – A metade do dobro

Curadoria: Ana Roman, Lúcia Stumpf, Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada

Em cartaz de 25 de outubro de 2024 a 2 de fevereiro de 2025

De terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) – Pinheiros, SP

Metrô mais próximo: Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: (11) 2245-1900

Site: institutotomieohtake.org.br

Facebook: facebook.com/inst.tomie.ohtake

Instagram: @institutotomieohtake

Youtube: www.youtube.com/@tomieohtake.

(Fonte: Com Martim Pelisson/Instituto Tomie Ohtake)