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Projeto promove rede de apoio às mães periféricas no período de férias escolares

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Natalia Blauth/Unsplash.

Segundo dados do Censo Escolar 2023, mais de 47,3 milhões de estudantes estão em férias escolares no país. Nesse cenário, passeios em família, parques, museus são alternativas para entreter e aproveitar esse período. Entretanto, as férias escolares são um período complexo, especialmente na periferia.

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, cerca de 14,9% dos lares brasileiros são chefiados por mães solo. Desse percentual, 90% das mulheres que se tornaram mães solo entre 2012 e 2022 são negras. Segundo o IBGE, cerca de 56% desses chefes de família vivem em condições abaixo da linha da pobreza e vivem nas periferias do país. Além da ausência paterna e redes de apoio, essas mães também se deparam com desafios estruturais das periferias, como a falta de espaços seguros que elas possam deixar seus filhos e irem trabalhar no período de férias escolares.

Por outro lado, para muitas mulheres das periferias, as ONGs têm oferecido suporte e rede de apoio para que possam trabalhar nesse período. Um exemplo desse trabalho é a ONG PAC (Projeto Amigos da Comunidade) – que há 21 anos atua com crianças, jovens, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social nas periferias de Pirituba, Jaraguá e Pq. São Domingos (SP) – que dentre os programas de assistência a comunidade, a ONG possui o CCA (Centro para Criança e Adolescente) que acolhe cerca de 130 crianças e adolescentes no contraturno escolar, além de oferecer atividades educativas no período de férias escolares.

Dentre as atividades propostas estão aulas de reforço, balé, judô e atividades socioeducativas, além de distribuírem refeição (café da manhã, almoço, lanche da tarde e janta) para as crianças e adolescentes atendidas. Como é o caso de Vanessa Lima de Andrade, 50 anos, ajudante geral e mãe solo, da Manuela de 8 anos que frequenta o CCA da ONG PAC. Para ela, sem o serviço oferecido pela ONG PAC, ela não teria condições de trabalhar e sustentar sua família. “Sempre trabalhei para sustentar minha filha e o serviço do PAC é fundamental, porque sei que é um local seguro para ela. Consigo trabalhar tranquila”, comenta. Além disso, Vanessa percebe o apoio ao desenvolvimento de sua filha por meio dos projetos da ONG. “No CCA do PAC ela também tem aulas de ballet e outras atividades nesse período, algo que eu não teria condição de pagar. Sem dúvida agora ela é uma criança mais feliz”, comemora.

O PAC também oferece outros programas que atendem cerca de 1.250 mães em oficinas gratuitas, workshops, palestras, cursos de capacitação e um espaço dedicado a cuidados com a saúde mental. “A periferia é composta majoritariamente por mulheres, mães que muitas vezes não tem uma rede de apoio e infelizmente vivem em situação de vulnerabilidade social e que precisam do trabalho. No PAC, oferecemos um espaço seguro de acolhimento para a criança se desenvolver e aproveitar suas férias, assim como em outras realidades”, comenta Rosane Chene, empreendedora social e diretora da ONG PAC.

Sobre o PAC - Projeto Amigos da Comunidade

Fundado há 21 anos, o PAC – Projeto Amigos da Comunidade, uma Organização Social sem fins lucrativos certificada pelo Cebas – Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social – atende a população em situação de vulnerabilidade e/ou risco social nos distritos de Pirituba, São Domingos e Jaraguá (SP).  Atualmente, o PAC conta com mais de 100 funcionários, cerca de 5.000 voluntários, 192 mantenedores via doação e mais de 10 empresas parceiras que subsidiam as oficinas promovidas pela organização, como Elo, Sow, Co.Aktion, Netas, Totvs Meridional, R3 e Zendesk. Para mais informações sobre o PAC, clique aqui.

(Com Bianca Sales/Pitchcom Comunicação) 

Profissão Papai Noel: mais que um personagem, um papel que exige dedicação, empatia e amor

São Paulo, por Kleber Patricio

Ruben Monteiro, Papai Noel do Shopping Ibirapuera. Fotos: Divulgação.

Na época mais esperada do ano, um personagem icônico ganha destaque nos espaços públicos de todo o mundo: o Papai Noel. Por trás da barba branca, do traje vermelho, símbolos natalinos, estão profissionais que se dedicam a levar magia, emoção e muita alegria às crianças e aos adultos.

Ser Papai Noel exige mais do que vestir o uniforme. É necessário incorporar a essência do personagem, demonstrar empatia, transmitir bondade, paciência e estar em sintonia com o público. “A gente tem que esquecer os problemas, deixar tudo de lado e focar nas pessoas, explica Ruben Monteiro, Papai Noel do Shopping Ibirapuera e que atua na profissão há 10 anos.

A rotina de um Papai Noel costuma ser intensa, com longas jornadas de trabalho.  Além dos abraços calorosos e dos pedidos para as tradicionais fotos, faz parte do dia a dia desses profissionais ouvir muitas histórias e até pedidos inusitados, a exemplo de algumas mulheres: “Papai Noel me arruma um marido bonzinho, que seja educado, de presente de Natal?”, revela Rubens.

Mas há também relatos emocionantes das pessoas, momentos marcantes e passagens que ficam registradas na memória dos Papais Noéis. “Certa vez, tirei foto com uma criança que estava numa cadeira de rodas e com muitos hematomas pelo corpo. Chamou a atenção porque a criança estava com uma pomada amarela em várias partes. A mãe não pediu para tirar foto, mas eu insisti. Após cinco anos, ela retornou com a criança andando e bem melhor em relação à doença de pele. Foi uma alegria revê-la. A gente nunca esquece”, afirma o Papai Noel do Shopping Ibirapuera.

Preparação e caracterização

Para muitos, ser Papai Noel não é apenas um trabalho sazonal, mas uma arte. Atualmente, existem cursos que ensinam desde técnicas de atuação até formas de lidar como o público em geral – desde as perguntas mais difíceis até as reações mais inesperadas. Rubens explica que recebeu preparação especial para atuar como Papai Noel em um curso numa agência especializada. “Aprendemos tudo o que pode ser feito ou não. O jeito de lidar com as pessoas, simpatia, educação e sorriso no rosto sempre. É preciso tomar cuidado com os gestos, nada que afete as crianças”, explica.

Normalmente esses cursos abordam cuidados com a voz, estratégias para interagir com públicos diversos, incluindo pessoas com deficiências ou crianças que necessitam de atenção especial. Com o passar dos anos, a formação de Papai Noel está cada vez mais focada no atendimento que promova a inclusão social.

No caso das crianças autistas, por exemplo, há um cuidado todo especial. “Dependendo do caso, a gente não pode se aproximar muito. Geralmente, os pais sinalizam o nível de autismo da criança. Então, a gente tem que saber como abordar”, revela Rubens.

Ser Papai Noel é mais do que um emprego temporário; é uma vocação que exige dedicação, preparação e amor. Esses profissionais desempenham uma função essencial na criação de momentos mágicos e inesquecíveis, o que colabora com a tradição natalina, encantando gerações.

Shopping Ibirapuera

Horário: 10h às 22h

Tel: (11) 5095 2300

Facebook:  /Ibirapuera

Instagram: @shoppingibirapuera

Tiktok: ibirashopping.

(Com Sheila Santos/PatWork Assessoria de Imprensa)

Selo Sesc lança singles do álbum 50 ponteios de Camargo Guarnieri pela pianista Karin Fernandes

São Paulo, por Kleber Patricio

Imagens: Divulgação.

Mozart Camargo Guarnieri (1907–1993) foi um dos maiores compositores e maestros brasileiros, reconhecido internacionalmente por sua obra. No Brasil, foi influenciado pelo movimento modernista, o que determinou os caminhos do seu estilo musical. Entre os feitos de sua carreira, foi diretor do Coral Paulistano e da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. A partir de 1975, tornou-se diretor artístico e regente titular da recém-criada Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), onde permaneceu até o final da vida.

Dentre sua vasta obra, que contempla óperas, sinfonias, concertos, música de câmara, obras corais, peças para piano e mais de 300 canções, compôs os 50 ponteios para piano, seu primeiro e principal instrumento. Essas 50 obras serão lançadas em janeiro pelo Selo Sesc no álbum 50 ponteios de Camargo Guarnieri, interpretadas por Karin Fernandes, umas das principais pianistas brasileiras da atualidade.

Como prévia, 3 singles chegam a público em dezembro: dia 6 (sexta), Ponteio n° 34: Calmo e Solene, dia 13 (sexta), Ponteio n° 32: Com Alegria e, dia 18 (quarta), Ponteio n° 13: Saudoso, nas principais plataformas de áudio.

Ponteios seriam como prelúdios – peças livres que, neste caso, não servem de abertura para uma obra maior, mas funcionam como uma coleção de peças que exploram atmosferas diversas com influências variadas. Nos de Guarnieri, os títulos remetem a essas atmosferas e servem como guia para quem os interpreta. O uso da palavra ponteio – que vem de pontear; ou seja, dedilhar cordas – remonta ao modernismo, na tentativa de mostrar a brasilidade das peças, com características únicas.

Os 50 ponteios foram gravados integralmente somente duas vezes no Brasil: por Isabel Mourão, em 1961, e por Laís de Souza Brasil, em 1979 (uma terceira gravação foi feita pelo pianista Max Barros, nos Estados Unidos, dentro de um projeto maior de registro de toda a obra pianística de Camargo Guarnieri). Ambas as pianistas conviveram com Guarnieri e trabalharam com ele na preparação desse conjunto, que levou cerca de 30 anos para ser finalizado. Karin Fernandes vem se somar ao time de mulheres que novamente trazem à luz essa preciosa coleção do compositor, ao mesmo tempo em que propõe uma abordagem contemporânea das obras.

Serviço:

Singles 50 ponteios de Camargo Guarnieri

Ponteio n° 34: Calmo e Solene – Link
Ponteio n° 32: Com Alegria – Link
18/12: Ponteio n° 13: Saudoso – Link

Disponível nas principais plataformas de áudio.

Sobre Karin Fernandes

Karin Fernandes, pianista nascida em São Paulo, Brasil, é uma renomada artista com uma carreira multifacetada. Ela aprimorou suas habilidades em cursos na Europa, com destaque para seus estudos com Maria João Pires, Bernard Flavigny e sua bolsa de estudos no Philomusica Piano Festival em Oxford.

Premiada em primeiro lugar em 21 concursos de piano, Karin foi a primeira colocada no X Prêmio Eldorado de Música, em 1999. Em abril de 2017 foi escolhida Melhor Instrumentista Erudita no Prêmio Profissionais da Música. Em 2015 seu CD Cria – Nova música brasileira para piano recebeu o Prêmio Concerto de Melhor CD do Ano.

Como recitalista, apresenta-se com frequência na Europa (Inglaterra, França, Alemanha e Portugal) e América do Sul (Brasil, Argentina e Paraguai). Em setembro de 2024 realizou sua quinta turnê europeia, com recitais em Paris, Londres e Berlim. Em 2023 realizou recitais solo em Hamburgo, Berlim, Lisboa, Paris e Castelo Branco. Em 2022, a convite do Selo Naxos, realizou um recital em de comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil na Embaixada do país em Berlim.

Como solista, Karin já se apresentou junto à Amazonas Filarmônica, Orquestra Sinfônica de Campinas, Osusp, Osesp, Camerata Osesp, Ensemble Cairn (França), Sinfonia Cultura, Orquestra do Theatro São Pedro, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Orquestra Sinfônica de Sergipe e Orquestra Sinfônica Nacional (Paraguai), dentre outras.

Sobre o Selo Sesc
Desde 2004 o Selo Sesc traz a público obras que revelam a diversidade e a amplitude da produção artística brasileira, tanto em obras contemporâneas quanto naquelas que repercutem a memória cultural, estabelecendo diálogos entre a inovação e o histórico. Em catálogo, constam álbuns em formatos físico e digital que vão de registros folclóricos às realizações atuais da música de concerto, passando pelas vertentes da música popular e projetos especiais. Entre as obras audiovisuais em DVD, destacam-se a convergência de linguagens e a abordagem de diferentes aspectos da música, da literatura, da dança e das artes visuais. Os títulos estão disponíveis nas principais plataformas de áudio, Sesc Digital e Lojas Sesc. Saiba mais em sescsp.org.br/selosesc.

Sobre o Sesc São Paulo
Com 77 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 42 unidades operacionais com atendimento presencial e 4 unidades operacionais com atendimento não presencial no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações em sescsp.org.br. Selo Sesc nas redes: Instagram | YouTube.

(Fonte: Assessoria de imprensa Selo Sesc)

Acervo resgatado da enchente retorna ao Museu Municipal de Muçum

Muçum, por Kleber Patricio

Acervo em Muçum antes. Foto: Doris Couto/MHJC.

No último dia 9, o Museu de História Julio de Castilhos (MHJC), localizado na capital gaúcha, realizará a devolução do acervo ao Museu Municipal de Muçum, no Vale do Taquari. Sob coordenação da diretora Doris Couto, a equipe do museu porto-alegrense também iniciou a montagem da exposição de reabertura da Casa da Cultura e Museu Pe. Lucchino Viero, que pode ser visitada pela comunidade. O conjunto de mais de 150 peças foi resgatado após a inundação causada pela cheia do Rio Taquari em setembro de 2023, que deixou a instituição e grande parte do município submersos.

A ação faz parte de uma cooperação técnica firmada entre a Prefeitura Municipal de Muçum e a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), que designou o MHJC como responsável pela conservação dos itens. Durante o último ano, a coleção passou por minucioso processo de limpeza e restauração, com o apoio de uma ampla rede de cooperação composta pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fundação Scheffel e dedicados profissionais.

Dentre os destaques, quatro máquinas de costura de couro foram encaminhadas à Fundação Ernesto Frederico Scheffel, em Novo Hamburgo, onde receberam tratamento especializado por meio da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores de Couro, Calçados e Afins (Abrameq). Além disso, trabalhos especializados em marcenaria, relojoaria e arte foram desempenhados, respectivamente, por César Fuhr, Remi Scheffler e Floresta Restauro, devolvendo funcionalidade a um relógio de parede histórico severamente danificado pela força das águas, plasticidade a uma escultura de Nossa Senhora e nova encadernação aos livros do Padre Lucchino Vieiro, que dá nome ao centro cultural da cidade.

Acervo no MHJC depois. Foto: Lucas Wendt.

O Curso de Museologia da UFRGS atuou por meio da disciplina de Práticas em Conservação Preventiva, da professora Jeniffer Cuty. Os alunos analisaram algumas peças do acervo resgatado e elaboraram um dossiê em termos de estado de conservação e das patologias que apresentavam. Já a equipe do MHJC elaborou nova documentação museológica das peças, uma vez que as fichas originais foram perdidas na enchente, além de conceber a exposição de reabertura do Museu de Muçum. “Essa iniciativa ressalta a importância da preservação do Patrimônio Cultural e da solidariedade entre instituições para superar desafios. O retorno das peças restauradas marca um momento significativo para a comunidade de Muçum, reforçando o compromisso com a memória e a identidade locais”, celebra a diretora do Museu de História Julio de Castilhos, Doris Couto.

Serviço:

Montagem da exposição com o acervo recuperado da enchente

Museu Municipal de Muçum (R. Barão do Rio Branco, 174, Centro de Muçum)

Mais informações: Doris Couto, diretora do MHJC, (53) 98458-1085.

(Com Letícia Heinzelmann)

Instituto Moreira Salles lança podcast sobre a escritora Clarice Lispector

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Clarice Lispector, agosto de 1969. Foto: Maureen Bisilliat/Acervo IMS.

Aclamada pela crítica e fenômeno popular na internet, Clarice Lispector (1920–1977) é considerada, internacionalmente, um dos grandes nomes da literatura do século XX. Desde 10 de dezembro, data de nascimento da escritora, o público pode saber mais sobre a autora no podcast Clarice Lispector: visões do esplendor, lançado pelo Instituto Moreira Salles. Os cinco episódios do programa estão disponíveis gratuitamente no Spotify e no site da Rádio Batuta, rádio de internet do IMS, além de outros tocadores de podcast.

O lançamento do podcast integra as celebrações da Hora de Clarice, programação anual organizada pelo IMS para comemorar o aniversário da escritora, cujo arquivo está sob a guarda da instituição. Em 2024, Clarice completaria 104 anos. Misteriosa, reveladora, experimental, estranhamente mística ou filosófica – como definir a escrita da autora de A hora da estrela? Essa pergunta norteia o programa concebido e apresentado por Bruno Cosentino, que integra a coordenadoria de Literatura do IMS, e Eucanaã Ferraz, consultor de Literatura do IMS.

Em cinco episódios, Cosentino e Ferraz percorrem a vida e obra da escritora a partir de conversas com especialistas, professores e pesquisadores. O podcast conta também com a participação da cantora Maria Bethânia, que lê trechos do conto ‘Amor’, do texto ‘Mineirinho’ e do livro Perto do coração selvagem, de Clarice, autora que cita como uma de suas referências literárias. Cada episódio começa com a própria voz de Clarice, em fragmentos de um depoimento que a escritora cedeu ao Museu da Imagem e do Som (MIS) na série ‘Depoimentos para a posteridade’, em 1976.

No primeiro episódio, Nádia Battella Gotlib, professora de literatura brasileira da USP e autora da fotobiografia de Clarice, e Regina Pontieri, docente de teoria literária da USP, falam sobre a chegada da escritora ao Brasil, quando ainda era uma criança de colo, acompanhada de sua família, e da mudança do Recife, cidade onde passou a infância, para o Rio de Janeiro. As duas também abordam os estudos de Clarice na Faculdade de Direito, seu casamento e seus três primeiros livros publicados: Perto do coração selvagem, O lustre e A cidade sitiada.

No episódio seguinte, os apresentadores conversam com a crítica literária e psicanalista Yudith Rosenbaum e o músico e compositor José Miguel Wisnik, ambos professores da USP, sobre o período em que Clarice, separada do marido – e após 15 anos fora do Brasil – voltou a viver no Rio de Janeiro com os filhos. Nesse momento, após mais de uma década sem publicar, Clarice lançou dois livros que vinham sendo escritos durante sua estadia no exterior: o romance A maçã no escuro e o livro de contos Laços de família. Nos anos seguintes, também vieram a público A legião estrangeira e A paixão segundo G.H.

A crônica é o tema que norteia o terceiro episódio do podcast, com o escritor e pesquisador Evando Nascimento, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Flávia Trocoli, docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dois comentam a atuação de Clarice na imprensa com a publicação de crônicas no Jornal do Brasil e entrevistas em sua coluna na revista Manchete. Também nessa época, a autora lançou os livros Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres e Felicidade clandestina.

No quarto episódio, o crítico português Carlos Mendes Sousa, professor da Universidade do Minho, e João Camilo Penna, docente de literatura comparada da UFRJ, focam no período em que Clarice escreveu um livro tão breve quanto perturbador, Água viva, lançado em 1973, além de duas coletâneas de contos, A via crucis do corpo e Onde estivestes de noite, ambos publicadas em 1974. No ano seguinte, a autora participou do Congresso Internacional de Bruxaria, na Colômbia.

O podcast se encerra com uma conversa entre Teresa Montero, autora da mais recente biografia de Clarice, À procura da própria coisa, lançada pela editora Rocco, e Sônia Roncador, professora de literatura e cultura brasileiras na Universidade de Illinois, sobre os últimos anos de vida da escritora, com destaque para seu derradeiro livro, A hora da estrela, e os manuscritos de Um sopro de vida, publicado postumamente. As duas também debatem a escrita da autora voltada para o universo infantil em textos memorialísticos, publicados na reunião de contos Felicidade clandestina, e nos livros para crianças – O mistério do coelho pensante, A mulher que matou os peixes e A vida íntima de Laura, entre outros.

Mais informações sobre Clarice no IMS

O arquivo de Clarice Lispector está sob a guarda do IMS desde 2004, sendo formado por biblioteca e documentos, entre os quais manuscritos dos livros A hora da estrela e Um sopro de vida, correspondências e cadernos, entre outros itens. Além de promover a Hora de Clarice, o IMS já homenageou a escritora com o volume duplo (17-18) dos Cadernos de Literatura Brasileira. Também lançou o livro Clarice Lispector – Figuras de escrita, de Carlos Mendes de Sousa, e organizou as exposições Clarice, pintora, apresentada em 2009 no IMS Rio, e Constelação Clarice, exibida em 2021 no IMS Paulista, em 2022 no IMS Rio, quando foi escolhida pela revista britânica de arte contemporânea Frieze como uma das dez melhores exposições do mundo naquele ano. Em 2020, ano de seu centenário, a instituição lançou um site bilíngue, em português e inglês, dedicado à escritora, que é constantemente alimentado com conteúdos sobre Clarice, além de ter sua própria newsletter (saiba mais).

Mais podcasts lançados pelo IMS | No site da Batuta, rádio de internet do Instituto Moreira Salles, é possível ouvir mais podcasts lançados pelo IMS. Entre os destaques, estão Sertões: histórias de Canudos, feito a partir do livro clássico de Euclides da Cunha, Xingu: terra marcada, que narra a história da demarcação do território indígena e dos conflitos em torno dele, e Lima Barreto: o negro é a cor mais cortante, lançado por ocasião do centenário da morte do escritor. Confira os podcasts no site da Batuta.

Serviço:

Podcast Clarice Lispector: visões do esplendor

Disponível no Spotify, no site da Rádio Batuta, entre outros tocadores de podcasts

Gratuito

Guia de episódios (todos já disponíveis)

Episódio 1, ‘O de-dentro’, com Nádia Battella Gotlib e Regina Pontieri

Episódio 2, ‘Largar no chão o corpo antigo’, com Yudith Rosenbaum e Zé Miguel Wisnik

Episódio 3, ‘Nasci incumbida’, com Evando Nascimento e Flávia Trocoli

Episódio 4, ‘A coisa em si’, com Carlos Mendes Sousa e João Camilo Penna

Episódio 5, ‘É tempo de morangos’, com Teresa Montero e Sônia Roncador.

(Com Mariana Tessitore/IMS)