Iniciativa acontece durante a 23ª Semana Nacional de Museus e convida o público a refletir sobre inclusão e criatividade


São Paulo
Imagem do documentário Meu Bem Querer, que será exibido na Zona Rural de Espírito Santo do Pinhal. Foto: Divulgação/Cia da Hebe.
Exibições de filmes e a realização de oficinas em diferentes locais de Espírito Santo do Pinhal (SP) marcam a programação de final de ano da Cia da Hebe. Desde 26 de novembro, a Cia descentraliza suas atividades, proporcionando cultura aos moradores dos bairros e da zona rural do município.
A programação – totalmente gratuita – faz parte do projeto CineHebeClube, estruturado com recursos da Lei Paulo Gustavo Municipal. Com o CineHebe, os moradores têm acesso a uma programação gratuita única, focada em cultura, conexão, criatividade e diversidade, apresentando novas abordagens cinematográficas, fora das telas comerciais. “Iniciamos em 2015 as atividades da Cia da Hebe com projeções nas ruas. Usávamos os muros e fachadas dos casarões e da própria Cia, fazendo inúmeras projeções na cidade com fotos, poemas e narrações. E, dentro do nosso conceito de trabalho, sempre tivemos um olhar de interação entre as linguagens da fotografia, o cinema, o teatro e a dança”, explica Mônica Sucupira, atriz, poeta e uma das fundadoras da associação de arte e cultura localizada no centro da cidade.
No dia 7 de dezembro, o documentário Meu Bem Querer será exibido no Cine Conversa na Zona Rural na fazenda Juventino. No dia 6, o mesmo filme estará no Cine Conversa no Bairro, na Praça Dr. Adney Valim, e no dia 14, no Largo de Santo Antônio.
A programação terá também alguns destaques que acontecerão na própria Cia da Hebe. No dia 8 de dezembro, o público poderá assistir no Cine Conversa A Mulher da Luz Própria, documentário dirigido por Sinai Sganzerla que conta a história de sua mãe, a diretora e atriz de teatro Helena Ignez, por meio de uma coleção de material de arquivo, além das próprias palavras da artista, com mais de 60 anos de carreira. A gerente do Cine Sesc SP, Simone Yunes, irá apresentar e comentar o filme.
Já no dia 10 de dezembro haverá a exibição on-line de Meu Bem Querer. Criado e produzido pela Cia da Hebe, o documentário retrata a beleza e a integridade de um casal formado por uma mulher trans e um homem cisgênero que vive na zona rural de uma cidade do interior de São Paulo. A exibição contará com bate-papo com André Fischer, criador e diretor do Festival MixBrasil, considerado o maior evento de cultura da diversidade da América Latina; Simone Yunes e a psicanalista Mariana Facanali Angelini.
A programação de 2024 da Cia da Hebe se encerra no dia 15 de dezembro, com o Cine Conversa Calçadão e a exibição do Manifesto Vinte Vinte, um registro iconográfico e poético de Espírito Santo do Pinhal realizado pela Cia da Hebe com mais de 1500 imagens. Com sete episódios divididos em temas, como crenças, bares, espaços públicos e pessoas, com títulos sensíveis como ‘cidade da singeleza’, o Manifesto traz ao espectador a experiência do olhar poético para aquilo que é corriqueiro da cidade, graças ao texto, à narração e à música de cada um dos episódios.
Cia da Hebe | Associação de arte e cultura sem fins lucrativos que ocupa um casarão com 121 anos no centro de Espírito Santo do Pinhal, a Cia da Hebe oferece, em sua programação gratuita, oficinas, encontros, conversas, promovendo a formação, informação, criação e convivência por meio da arte. Programação e reserva de ingressos: Cine Hebe Clube – Cia da Hebe.
(Com Carol Silveira Assessoria de Comunicação)
Soprano Maria Carla Pino Cury (Condessa Adèle), tenor Daniel Umbelino (Conde Ory) e mezzo-soprano Fernanda Nagashima (Ragonde). Fotos: Íris Zanetti.
O Theatro São Pedro encerra a temporada lírica 2025 com uma apresentação inédita no Brasil: a ópera O Conde Ory, de Gioachino Rossini (1792–1868), nos dias 6, 8, 11, 13 e 15 de dezembro. A montagem terá Ira Levin na direção musical, à frente da Orquestra do Theatro São Pedro, e Pablo Maritano na direção cênica.
Estreada em Paris em 1828, O Conde Ory é uma ópera cômica em dois atos, com libreto de Eugène Scribe e Charles-Gaspard Delestre-Poirson. Baseada em uma balada medieval, a trama narra as sagas do libertino Conde Ory atrás de mulheres, brigas e festividades. A montagem do Theatro São Pedro mescla o mundo medieval fantástico com elementos contemporâneos e ambiguidades, que reforçam a potência criativa e inventiva da obra de Rossini, um mestre do gênero operístico.
Ópera O Conde Ory será apresentada pela primeira vez no Brasil com estreia dia 6/12 no Theatro São Pedro.
As récitas terão no elenco os cantores Daniel Umbelino (Conde Ory), Igor Vieira (Raimbaud), Fellipe Oliveira (Tutor), Maria Carla Pino Cury (Condessa Adèle), Fernanda Nagashima (Ragonde), Luisa Francesconi (Isolier) e Janaína Lemos (Alice).
Transmissão ao vivo | A récita de 13 de dezembro, sexta-feira, às 20h, será transmitida ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro, disponível aqui.
O CONDE ORY
GIOACHINO ROSSINI (1792–1868)
[ópera cômica em dois atos, com libreto de Eugène Scribe e Charles-Gaspard Delestre-Poirson]
Orquestra do Theatro São Pedro
Ira Levin, direção musical
Pablo Maritano, direção cênica e figurino
Desirée Bastos, cenografia
Aline Santini, iluminação
Malonna, figurino e caracterização
Fabio Bezuti, preparador vocal e dicção
Bruno Costa, preparação de coro
Leonardo Labrada, assistente de direção musical
Daniel Umbelino, tenor (Conde Ory)
Vitor Bispo, barítono (Raimbaud)
Fellipe Oliveira, baixo (Tutor)
Maria Carla Pino Cury, soprano (Condessa Adèle)
Fernanda Nagashima, mezzo-soprano (Ragonde)
Ana Lucia Benedetti, mezzo-soprano (Isolier)
Janaína Lemos, soprano (Alice)
Ensaio geral aberto e gratuito: 4 de dezembro, quarta-feira, 19h
Récitas: 6, 8, 11, 13 e 15 de dezembro
Quartas e sextas-feiras, 20h; domingos, 17h
Classificação etária: 16 anos
Ingressos: Plateia: R$120/ R$60 (meia)
1º Balcão: R$100/ R$50 (meia)
2º Balcão: R$80 / R$40 (meia)
Acesse aqui os ingressos.
THEATRO SÃO PEDRO
Com mais de 100 anos, o Theatro São Pedro, instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, gerido pela Santa Marcelina Cultura, tem uma das histórias mais ricas e surpreendentes da música nacional. Inaugurado em uma época de florescimento cultural, o teatro se insere tanto na tradição dos teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX quanto na proliferação de casas de espetáculo por bairros de São Paulo. Ele é o único remanescente dessa época em que a cultura estava espalhada pelas ruas da cidade, promovendo concertos, galas, vesperais, óperas e operetas. Nesses mais de 100 anos, o Theatro São Pedro passou por diversas fases e reinvenções. Já foi cinema, teatro, e, sem corpos estáveis, recebia companhias itinerantes que montavam óperas e operetas. Entre idas e vindas, o teatro foi palco de resistência política e cultural, e recebeu grandes nomes da nossa música, como Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Caio Pagano e Gilberto Tinetti, além de ter abrigado concertos da Osesp. Após passar por uma restauração, foi reaberto em 1998 com a montagem de La Cenerentola, de Gioacchino Rossini. Gradativamente, a ópera passou a ocupar lugar de destaque na programação do São Pedro, e em 2010, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, essa vocação foi reafirmada. Ao longo dos anos, suas temporadas líricas apostaram na diversidade, com títulos conhecidos do repertório tradicional, obras pouco executadas, além de óperas de compositores brasileiros, tornando o Theatro São Pedro uma referência na cena lírica do país. Agora o Theatro São Pedro inicia uma nova fase, respeitando sua própria história e atento aos novos desafios da arte, da cultura e da sociedade.
(Com Julian Schumacher/Santa Marcelina Cultura)
A mostra Vidas Imprevistas, da artista visual Marina Godoy, abre no dia 30 de novembro de 2024 (sábado), das 11h às 17h, na Galeria Gare, na Vila Mariana, em São Paulo. Com curadoria e texto crítico de Agnaldo Farias, a exposição revela uma série de objetos aparentemente banais, encontrados em barracas das feirinhas de antiguidades, nos brechós e ressignificados e reconfigurados pela artista.
A artista remonta a vida e a memória (pessoal e coletiva) por meio de objetos coletados e reorganizados – numa operação artística um tanto surrealista, como os instrumentos de cirurgia do seu pai ou luvas que viram bolsas, altar remontado com tecidos nobres e uma gaiola que aprisiona uma espécie de lenço/vestido.
“Deter-se sobre os trabalhos de Marina Godoy, produzidos a partir de objetos renascidos do monturo do esquecimento, significa reencontrar a toalha bordada trazida de Portugal, um colar de pérolas falsas, leques e pedaços de saias cujas tramas finíssimas dotava-as de brilhos suaves, as rendas minuciosamente elaboradas, antigas heranças do ramo feminino da família, o variado conjunto de objetos que eram cuidadosamente acondicionados dentro de gavetas, como joias”, afirma o curador Agnaldo Farias em seu texto crítico.
Sobre a artista
Marina Godoy nasceu, vive e mora em São Paulo/SP. Graduou-se em Comunicação Visual pelo Mackenzie e fez pós-graduação em Arteterapia no Sedes Sapienza. Seu trabalho com artes plásticas é bem amplo: faz trabalhos com arte têxtil, colagens e desenhos em papel, objetos e também pinturas em óleo e acrílico. Já participou de diversos cursos por muitos anos e teve aulas com Carlos Fajardo, Cássio Michalani, Sérgio Fingerman, Agnaldo Farias e Marcelo Salles.
Fez diversas exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior, algumas delas são: Museu da FAAP (2022), Casa Jasmin (2021), Biblioteca do Memorial da América Latina (2019), Galeria Barco / Bordados (2021), Museu A Casa (2018), Casa da Cultura PA (2016), Galeria Frei Confaloni GO (2001), Galeria Rosa Barbosa (2000), Estação Julio Prestes (1996), Paço Imperial RJ (1995), Museu de Arte Contemporânea: MAC (1994/1999 individual), Centro Cultural Maria Antonia (1992), Pinacoteca (1992), Museu de Arte Moderna: MAM (1992), Museu da Imagem e do Som: MIS (1991/1993), Universidade de São Paulo: FAU (1991), Paço das Artes (1990/1991/1995), Galeria Montessanti (1988) e Galeria Unidade 2 (1984) e nas solos na Casa das Rosas (2012) e na FAAP (1999).
Sobre o espaço
A Gare Cultural se propõe a ocupar o espaço do Polo de Arte e Cultura da Vila Mariana em São Paulo, incorporando em seu escopo a Gare – Escola de Artes Criativas e Design para todas as idades.
Em seu nome – Gare, que significa ‘estação’ – carrega essa alma de ser mesmo uma estação, de ser lugar de passagem e orientação sobre caminhos e opções, de abrir possibilidades, de promover encontros e propor trilhos para se seguir em frente, sempre tendo a linguagem das Artes como instrumento.
Tem o compromisso de ao tocar cada vida ter o cuidado e responsabilidade sobre o que afeta e sempre atenta para como essas trocas são feitas, sempre observando o crescimento de lado a lado.
Serviço:
Mostra Vidas Imprevistas de Marina Godoy
Curadoria e texto crítico: Agnaldo Farias
Visitação: 2 de dezembro de 2024 a 18 de janeiro de 2025 | segunda a quinta-feira, 13h às 20h; sexta-feira, 13h à 19h e, sábado, 9h às 13h
Gratuito e livre
local: Galeria Gare – Rua Cubatão, 959 – Vila Mariana – São Paulo – SP
Tel: (11) 97467-7176
e-mail: contato@garecultural.com.br
Site: https://www.garecultural.com.br/
Redes sociais:
Marina Godoy @marinagodoy_arte
Agnaldo Faria @agnaldo_farias
Galeria Gare @galeriagare.
(Com Erico Marmiroli/Marmiroli Comunicação)
Presidente do Conselho de Administração do Centro faleceu no domingo, 1º de dezembro. Foto: Divulgação/Corcovado Comunicação Estratégica.
Faleceu neste domingo, 1º de dezembro de 2024, aos 93 anos, o Prof. Dr. Rogério Cezar de Cerqueira Leite, presidente de honra e presidente do Conselho de Administração do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e uma das personalidades centrais para a consolidação e avanço da ciência, tecnologia e inovação no Brasil.
No início da década de 80, o Prof. Cerqueira Leite teve papel decisivo para viabilizar o projeto e a construção da primeira fonte de luz síncrotron do Hemisfério Sul, que veio a se tornar o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e o início da criação do CNPEM. Ao defender e influenciar o projeto e a construção da primeira fonte de luz síncrotron do Hemisfério Sul, o Prof. Cerqueira Leite já vislumbrava mais do que o estabelecimento de um grande equipamento de pesquisa no País.
Nomeado para presidir o Conselho de Administração no início desta empreitada, seus direcionamentos miraram o fortalecimento da capacitação científica no Brasil, a qualificação de pessoas e a busca por soluções criativas, economicamente viáveis, inovadoras e eficazes, em parceria com a indústria e núcleos de pesquisa nacionais. Prof. Rogério liderou estratégias e decisões que resolveram desafios técnico-científicos e de gestão, até então inéditos no Brasil, intrínsecos a projetos audaciosos.
Prof. Cerqueira Leite acreditava que era possível projetar e construir equipamentos científicos competitivos no Brasil, apesar do ceticismo de parte da comunidade acadêmica e das crises econômicas e políticas. Sirius – o novo acelerador de elétrons brasileiro e maior projeto da ciência nacional – de diferentes formas, materializa suas convicções.
Para além da física e engenharia de aceleradores, Prof. Rogério endossou a criação de outros Laboratórios Nacionais no CNPEM, apoiando avanços nas áreas de biociências, nanotecnologia e biorrenováveis. Idealizou a Ilum – Escola de Ciência do CNPEM, um curso de bacharel em Ciência e Tecnologia, que adota um modelo educacional inovador e interdisciplinar.
O falecimento de Prof. Rogério Cezar de Cerqueira Leite é sentido com grande pesar por todos os colaboradores do CNPEM e, certamente, por grandes entusiastas da ciência, tecnologia e inovação do Brasil. Em entrevista concedida ao Museu da Pessoa, publicada em 2022, Prof. Rogério atestou: “[…] velhos gostam de falar do passado, porque não têm futuro, mas eu sempre olho o futuro, apesar de ter tido uma vida satisfatória etc. e tal, eu trabalho para o futuro.”
“Com respeito e reverência ao legado de Cerqueira Leite, o CNPEM reafirma seu compromisso com a vanguarda do desenvolvimento científico e tecnológico e espera que todos seus colaboradores sigam engajados com a construção de um futuro melhor, inspirados pela audácia tão característica do Prof. Rogério”, comentou com pesar o Diretor-Geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva.
Importante destacar que o legado de Cerqueira Leite vai muito além da história do CNPEM. Sua formação acadêmica, o apreço pelas mais diversas formas de artes e seus posicionamentos públicos sobre temas estratégicos para o País, promoveram importantes debates, conquistas e influenciaram diferentes esferas da academia e da sociedade – como pode ser conferido no resumo de sua biografia profissional posta abaixo.
Carreira
Graduado em Engenharia Eletrônica e Computação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1958, doutorado em Física de Sólidos pela Universidade de Paris (Sorbonne) em 1962, Cerqueira Leite trabalhou como pesquisador nos Laboratórios Bell nos EUA entre 1962 e 1970.
Prof. Rogério lecionou no ITA, na Universidade de Paris e na Unicamp. Nos anos 70, dirigiu o Instituto de Física e o Instituto de Artes da Unicamp, universidade que o nomeou Professor Emérito. Foi agraciado com a Comenda da Ordem Nacional do Mérito da França e com a Cátedra da Universidade de Montreal, Canadá.
Prof. Cerqueira Leite foi pesquisador emérito do CNPq. Recipiente da Ordem Nacional do Mérito Científico na Classe de Grã-Cruz. Publicou 80 trabalhos em revistas especializadas, foi editor da Solid State Communications, editada em Oxford (Inglaterra), de 1974 a 1988, e referee de cerca de 20 revistas internacionais. Obteve cerca de 3.000 citações em revistas científicas de impacto.
Foi Presidente e criador da CODETEC, da CIATEC e de outras empresas que atuam em setores intensivos em tecnologia. Foi vice-presidente executivo da Companhia Paulista de Força e Luz (1982 a 1986). Criou ou contribuiu para a criação de várias empresas e organizações de centro tecnológico, como a PST Eletrônica S.A., a ASGA e a Softex 2.000 Campinas.
Foi membro do Conselho Editorial da Folha de São Paulo desde 1978 e escreveu, além de textos técnicos, vários livros sobre assuntos polêmicos tais como a atuação das multinacionais, o programa nuclear, o nacionalismo, o ensino superior, transferência de tecnologia. Publicou também livros sobre Física dos Sólidos, sobre música, sobre riquezas naturais (Quartzo, Nióbio, Etanol, etc.) e Energia. É membro da Comissão de Energia da União Internacional de Física Pura e Aplicada.
Foi membro do grupo de trabalho de Energia da União Internacional de Física Pura e Aplicada-IUPAP, do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) e de vários Conselhos de entidades científicas, como SBPC, Fapesp e Fundação Padre Anchieta. Atuou como consultor de organizações privadas e várias agências estatais, como a Finep.
Recebeu o TWAS Regional Prize for Building Scientific Institutions. Foi nomeado Personalidade do ano na categoria Inovação, Ciência e Tecnologia pelo UNA Brasil. Recebeu do MCTI a Homenagem pelas inúmeras e relevantes contribuições na construção e consolidação de políticas e instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Grande apreciador das artes, constituiu e manteve um acervo com milhares de itens artísticos, coleções de arte da China, Japão, Índia, África, Síria, Oceania, América Pré-colombiana, dentre outras. A seu ver, a formação humanística deveria ser intrínseca à formação científica, promovendo, assim, ideias mais progressistas e humanistas.
Mais sobre a história de Prof. Rogério:
Museu da Pessoa
Um pé no passado, outro no futuro
Centro de Memória Fapesp
Entrevista com Prof. Rogério Cezar de Cerqueira Leite
Link.
(Com Marcelo Andriotti/Corcovado Comunicação Estratégica)
Equipe coletou 73 amostras de 23 boias do porto de Paranaguá durante substituição dos equipamentos. Foto> Cassiana Baptista Metri/Acervo pesquisadores.
Além de transportar humanos e objetos, navios também podem levar de carona espécies de animais marinhos. Um estudo publicado na sexta (29) na revista ‘Ocean and Coastal Research’ identificou, em nível de espécie, 25 animais sésseis – que vivem fixos em substratos – em boias de navegação no litoral do Paraná. Dessas espécies, 13 são consideradas introduzidas – ou seja, não são nativas da costa brasileira, mas mantêm populações que sobrevivem e se reproduzem no local. Quase todas podem ser ainda consideradas invasoras – com dispersão e reprodução frequente na região. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Em 2011, os pesquisadores obtiveram autorização para coletar amostras de boias do porto de Paranaguá, no Paraná, quando seria feita a substituição dos itens de sinalização da região portuária. Foram coletadas 73 amostras em 23 boias. “É muito difícil conseguir esse tipo de material, porque é proibido mexer nessas boias, elas são importantes para a segurança do tráfego portuário e da navegação”, explica o biólogo Rafael Metri, pesquisador da Unespar e primeiro autor do artigo. As boias às quais Metri e seus colegas tiveram acesso estavam posicionadas na região portuária paranaense havia mais de dez anos.
Os cientistas conseguiram identificar, ao todo, 88 táxons (grupos de animais) nas amostras, sendo 44 sésseis (organismos que vivem presos a um substrato) e 44 vágeis (organismos que se movem livremente). Foi possível determinar 25 espécies no primeiro conjunto. Além das 13 introduzidas, esse grupo conta com 11 espécies que têm larga distribuição e origem desconhecida, enquanto apenas uma é nativa. Já o segundo conjunto é composto por 23 espécies, sendo 12 de origem desconhecida e 11 nativas.
A maioria dos animais introduzidos mapeados no estudo são do grupo bivalve, caracterizado por conchas, que inclui ostras e mexilhões. O mexilhão marrom Perna perna, já comum na costa brasileira há alguns séculos, foi a espécie mais constante, aparecendo em 80% das boias estudadas. O artigo também destaca a presença de outro bivalve invasor, Isognomon bicolor, registrado pela primeira vez no Brasil nos anos 2000, em 40% das boias.
Segundo Metri, as espécies introduzidas promovem a homogeneização da biota, diminuindo a ocorrência de espécies nativas. “A colonização de espécies invasoras é a segunda principal causa da perda de biodiversidade no mundo, perdendo apenas para a destruição de habitats naturais”, alerta o biólogo.
Além dos impactos ambientais, Metri aponta consequências econômicas do desequilíbrio causado pelas espécies invasoras na região portuária. “Os pescadores estão bastante preocupados com algumas espécies invasoras que podem atrapalhar a atividade porque afetam as espécies pescadas por eles”, comenta o biólogo. A bioincrustação por espécies invasoras também pode danificar a infraestrutura costeira, o que gera custos de manutenção e reparo.
Para evitar problemas, os autores recomendam aos gestores portuários que façam a limpeza periódica das boias de navegação e a utilização de tintas anti-incrustantes não tóxicas, que impedem a fixação de organismos. Eles também destacam a importância do monitoramento ambiental. “A detecção precoce de novas espécies introduzidas é crucial para a implementação de estratégias para minimizar o problema”, diz Metri. O biólogo e seus colegas têm trabalhado em projetos de mapeamento das espécies introduzidas por toda a região da baía de Paranaguá, o que pode ajudar na prevenção de desequilíbrios ecológicos.
(Fonte: Agências Bori)