Projeto inédito feito com mulheres cis e trans une arte, sustentabilidade e economia circular para fortalecer a autonomia feminina


Cerquilho
Foto: Mark Bowler/Arquivo pesquisadores.
Ao comparar a abundância na Amazônia de 91 espécies silvestres de animais, pesquisadores do Brasil, Peru, Estados Unidos, Inglaterra e Espanha mostram que o método baseado no conhecimento ecológico local (LEK) é mais eficaz para mapear espécies particulares de mamíferos, aves e tartarugas, que raramente são observadas por meio de monitoramentos convencionais, como as espécies noturnas, as menos abundantes ou vítimas de caçadas. Esta é a conclusão de estudo publicado nesta segunda (6) na revista científica “Methods in Ecology and Evolution”, com contribuição de pesquisadores das universidades federais da Paraíba (UFPB), do Rio Grande do Norte (UFRN) e Rural da Amazônia (UFRA).
Neste estudo de conhecimento ecológico, o objetivo foi avaliar o potencial do levantamento da abundância da vida silvestre e, para tanto, comparou-se o conhecimento ecológico local com os estudos científicos que tradicionalmente usam métodos que consistem em caminhar repetidamente em trilhas pela mata para contar os animais avistados.
O estudo aponta que o método LEK implica um maior número de horas dedicadas à observação na floresta, mas amplamente distribuídas ao longo do tempo nas suas atividades quotidianas das populações locais. Já os censos de animais feitos em trilhas lineares supõem um esforço consideravelmente menor, mas muito intenso, pois costuma se concentrar em duas ou três semanas de trabalho passando pelas trilhas.
Franciany Braga-Pereira, doutoranda em Zoologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pesquisadora do Instituto de Ciencia y Tecnología Ambientales de la Universidad Autónoma de Barcelona (ICTA-UAB) e líder do estudo, comenta que “a percepção da população local é multissensorial, envolvendo audição, olfato e outros sinais visuais indiretos, como urina, pegadas e arranhões, que aumentam a capacidade de detectar a presença de um animal”. Ela explica que os censos de animais por meio de trilhas lineares são feitas durante o dia, o que acaba por não abranger animais noturnos, por exemplo. “O monitoramento convencional por meio desses transectos lineares tem dificuldade em fornecer informações sobre todas as espécies que possuem hábitos noturnos ou que são mais ariscas”.
A conclusão é que a incorporação do LEK nos projetos de monitoramento da vida silvestre de base comunitária, em que os moradores locais registram e interpretam seus próprios dados, pode melhorar significativamente a qualidade da ciência e contribuir para a sustentabilidade das florestas tropicais do mundo. Este método empodera as comunidades locais, que são os principais atores e partes interessadas, para melhor administrar seus próprios recursos naturais e desenvolver iniciativas de conservação legítimas e bem-sucedidas. Os autores explicam que o monitoramento dos animais pelas comunidades tradicionais pode ser realizado mesmo com a interrupção de pesquisas externas por conta de crises internacionais ou nacionais.
“Um grande exemplo disto foram as restrições de movimentação durante a recente pandemia Covid-19, na qual muitas áreas protegidas no mundo permaneceram fechadas para pesquisadores externos por um longo período e o único monitoramento da fauna possível foi aquele feito independentemente por moradores locais”, ressalta o autor sênior do estudo, Pedro Mayor, da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), professor visitante da Universidade Federal Rural da Amazônia, pesquisador de Fundamazonia e presidente da Comunidad de Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y en Latinoamérica.
Na floresta amazônica, que detém umas maiores biodiversidades do mundo, esse tipo de monitoramento pode ajudar a mensurar o impacto de diferentes atividades na vida silvestre, trazendo estimativas precisas e atualizadas da abundância das populações animais. Quanto maior a velocidade de obtenção de informações de alta qualidade sobre as tendências populacionais, mais eficazes podem ser as ações de manejo e conservação.
(Fonte: Agência Bori)
Capa do anuário. Fotos: divulgação.
A capa da edição do Anuário Arq+Decor 2021 é uma releitura da obra Os Operários – criada em 1933 pela pintora brasileira Tarsila do Amaral –, assinada pela artista visual Gisele Faganello, de Catanduva, uma das artistas representadas pela Galeria Arqtus-Lígia Testa. A tela de Tarsila traz uma forte temática social, retratando cinquenta e um operários da indústria em momento histórico marcado pela migração de trabalhadores, classe vulnerável, explorada e sem acesso a leis que a defendessem propriamente.
Expoente das artes visuais e artista múltipla, Gisele Faganello é um talento nato da cidade de Catanduva que ganhou projeção nacional e internacional ao longo de sua carreira. Com um ritmo frenético de atividades, a artista conquistou reconhecimento e sua trajetória pode ser apreciada em painéis e esculturas expostas em espaços diversificados ao alcance do público.
A arte desenvolvida por ela tem como característica o uso de materiais diversos e combinações entre diferentes técnicas, o que revela toda a sua potência e personalidade. Na verdade, Gisele conta que atendeu a uma solicitação da sua galerista Ligia Testa, que colocou o foco de sua atividade numa releitura de uma das obras de Tarsila do Amaral – Os Operários –, revista depois de longos anos na modernidade que passa nosso país. Uma tacada de mestre, diga-se. “Ligia é assim: mega antenada com a arte nos mínimos detalhes”, conta a artista. “A releitura de obras de arte é um recurso usado para diversos fins; minha proposta foi homenagear uma mulher focando nela a revisão de sentidos”. Gisele acrescenta: “Nosso grupo de artistas – representado por Ligia Testa – tem muito dessa coisa de fazer referência/reverência a mulheres importantes, estimulando, desta forma, o aumento da representatividade feminina no segmento da Arte. Assim, fui escolhida, uma mulher, para referendar outra mulher: Tarsila, ícone da pintura brasileira, cujo sentido de consciência social aparece com significância em seu trabalho”.
Artistas pintaram, cada qual em seu estilo, as tampas das caixas do anuário.
Inserido no mesmo anuário, Ligia Testa se uniu a Carmen Saucedo, a publisher do Circuito Arq+Decor, destacando vários amigos artistas que pintaram, cada qual em seu estilo, as tampas destas caixas. “Algumas serão mostradas em matéria dentro do anuário, mas outras, só quem for receber é que se deliciará com um conteúdo tão profissional e artístico. De minha parte, só devo agradecer… à Ligia sempre destacando minha atividade artística, me impulsionando em novos desafios, e à Carminha Saucedo, por acreditar na qualidade de nossas atividades”. Artistas que fazem parte da ação: Adalgiza Vaz | Isis Kosta | Fernanda Carvalho | Duda Clementino | Karol Coelho | Flavia Pircher | Leoni | Gisele Faganello | Luisa Libardi | Lidia Madeira | Ciça Testa | Nada Vilas.
Acompanhe o lançamento em https://circuitoarqdecor.com.br/.
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A OCAM – Orquestra de Câmara da ECA/USP, em parceria com a produtora Bicho, estreia o vídeo-arte Sementes no dia 3 de dezembro. O filme mostra a ação do homem sobre a natureza e, com muita arte, estimula a esperança, busca o encantamento de todos e mostra a força e o poder da natureza através da germinação das sementes e de toda teia do ecossistema verde necessária para a regeneração do planeta. Com ares de manifesto, esse videoarte se torna um convite para a regeneração da própria sociedade no sentido de se alinhar à sabedoria milenar dos povos originários como reação urgente aos problemas ambientais enfrentados atualmente pelo País.
As imagens de Sementes foram captadas na Floresta Nacional do Tapajós em Santarém e na Ilha do Combu, ambas no Pará, e apresentam questões do meio ambiente focalizando o complexo e histórico problema da falta do entendimento do ser humano com a natureza, agredindo-a sistematicamente. Mostra a vida na floresta e sublinha que precisamos abraçar o reflorestamento como premissa de sobrevivência da raça humana e demais seres vivos.
A obra mergulha nas florestas primárias para compreender a natureza em seu estado bruto, mostrando como o ecossistema estabelece em si um equilíbrio que provê tudo o que se precisa para viver e como a raça humana, ao se distanciar de sua natureza originária, desequilibra esse processo.
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Em tempo, o filme não deixa de abordar cenas do “antropoceno” – a era geológica contemporânea – em que o homem está agredindo a natureza de forma a chegar no “ponto sem retorno”. Contudo vai além contrapondo ecossistemas que têm coexistido em nossos tempos.
Para o maestro Gil Jardim, Sementes ratifica a opção feita pela OCAM ECA/USP no sentido de produzir um trabalho sério e saudável de formação profissional em música que mantém no radar assuntos de máxima relevância que estão acontecendo para além das salas de concerto.
“A mensagem de Sementes é urgente”, afirma o maestro; “ela sublinha nosso desejo por uma perspectiva radical de desmatamento zero e pelo envolvimento nacional com grandes mutirões de plantio, mostra nossa crença na tecnologia fabulosa contida nas sementes, no poder da cura através da conexão do homem com a natureza”, completa Jardim.
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Para Flávio Vieira, que roteirizou a obra ao lado de Joaquim Carvalho, Sementes é uma “experiência imagética e sonora”. “Com o auxílio da OCAM, nós buscamos unir a arte humana, a partir da música e o audiovisual, com as belezas da natureza e suas manifestações”, conta.
Lançado neste dia 3 no site da OCAM, Sementes tem direção de Vinícius Colé, criação e roteiro de Flávio Vieira e Joaquim Carvalho e imagens aéreas de João Romano. A proposta de realização de Sementes e a edição de sua trilha sonora estão a cargo do maestro Gil Jardim, que costura essa edição com trechos de obras de compositores como Rodrigo Lima, Ronaldo Miranda, Villa Lobos e Lea Freire, gravados pela Orquestra de Câmara da ECA/USP.
Sobre OCAM-ECA/USP | A Orquestra de Câmara da ECA/USP é referência fundamental no âmbito das orquestras profissionalizantes do país, caracterizando-se por sua qualidade na performance musical e pela abrangência de sua programação. A OCAM busca dialogar e trazer a música erudita para âmbitos mais populares. É patrocinada pelo Projeto Santander Universidades desde 2001 e pela Energias de Portugal (EDP) desde 2019.
Sobre Bicho | A Bicho é um estúdio de criação e desenvolvimento de propriedade intelectual. Atua no desenvolvimento de projetos de entretenimento/conteúdo e é especializada em roteiros de longa-metragem, séries, documentários, TV shows, podcasts, games e XR. A Bicho também atua em projetos autorais e de marcas. Mais em Bicho.
Serviço:
Disponível a partir do dia 3/12, às 20h, no site da OCAM
Ficha técnica
Direção: Vinicius Colé
Criação e Roteiro: Flávio Vieira & Joaquim Carvalho
Fotografia: Vinicius Colé
Imagens Aéreas: João Romano
Trilha sonora: Gil Jardim.
(Fonte: Agência Lema)
Jorge Macchi, “American Dream”, 2011, óleo sobre tela, 170 x 300 cm.
A temática de deslocamento, seja de lugares físicos ou imaginados, norteia a curadoria da nova exposição do Instituto Inhotim: a coletiva Deslocamentos, em cartaz a partir de 4 de dezembro na Galeria Fonte. A mostra reúne obras dos artistas Cerith Wyn Evans, Gordon Matta-Clark, Jorge Macchi, Laura Lima, Matheus Rocha Pitta, On Kawara, Raquel Garbelotti, Rivane Neuenschwander, Rodrigo Matheus, Rubens Mano e Sara Ramo e trata, também, de questões relativas à ocupação, ao compartilhamento e à migração em diferentes territórios.
“As mazelas e contradições do capitalismo global e o desenho geopolítico das desigualdades sociais são centrais a alguns dos trabalhos reunidos aqui. A inquietação em relação à exploração e transformação da natureza e a consequente escassez de recursos naturais, assim como a crítica ao consumismo e à obsolescência programada, conectam diferentes perspectivas dos artistas”, explica Douglas de Freitas, curador do Inhotim.
A partir da ideia de um deslocamento sensorial e também ideológico, o britânico Cerith Wyn Evans traz a instalação Cleave 02 (The Accursed Share), 2002. A obra, que foi criada para a Documenta XI de Kassel (2002), traz uma crítica ao eurocentrismo e ao imperialismo nas artes. No trabalho, trechos do livro The Accursed Shared (1949), do escritor francês Georges Bataille – autor que propôs análises socioeconômicas sobre o consumismo desenfreado – são traduzidos em código Morse, um recurso de comunicação codificada utilizado durante períodos de guerra. Os trechos são convertidos por software em padrões de acendimento de um refletor de luz, por sua vez, direcionado a um globo de espelhos.
Rivane Neuenschwander, “Diários de Pangea”, 2008, digital photographs transferred to 16mm film loop and projector, 1’.
Já na obra Conical Intersect, 1974, do artista americano Gordon Matta-Clark, há o registro histórico, testemunho de uma icônica intervenção do artista ao lado do Centre Georges Pompidou, na França, na época em construção. O trabalho faz parte da série de building cuts (cortes de edifícios), desenvolvidos pelo artista entre 1974 e 1978 e apresentado pela primeira vez na IX Bienal de Paris (1975). Trata-se de um registro audiovisual do processo de criação de uma intersecção cônica, na qual cortes tridimensionais foram feitos por Gordon ao longo de duas edificações datadas do século XVIII.
Em um segundo vídeo também exibido na mostra, Days End, 1975, Matta-Clarck ocupou um antigo galpão industrial no Píer 52, em Manhattan, com o objetivo de transformar uma propriedade privada e de acesso restrito em um espaço público. Tais ações são reflexo do pensamento presente em seus trabalhos, de romper os limites do público com o privado em prol de espaços para o bem comum.
O argentino Jorge Macchi, artista que traz em sua obra questões sociopolíticas, integra a mostra com duas pinturas. Em uma delas, American Dream, 2021, um óleo sobre tela que traz uma grande mancha escura sob o mapa-múndi, o artista reflete como, mesmo nos países mais desenvolvidos, ainda há pessoas vivendo sob a sombra da fome e da miséria.
Matheus Rocha Pitta. “Drive in”, Ford Belina 79, tijolo, cimento, recortes de jornal, faróis, fios, videos dimensões variáveis, 2006. Drive in, stills, 2006.
A artista Laura Lima participa com a obra Nômades, 2007, composta 15 máscaras em acrílica, óleo sobre tela e madeira. O trabalho foi desenvolvido a partir da subversão da lógica da pintura e seus suportes tradicionais e, apesar das máscaras corresponderem a objetos a serem manuseados e utilizados, permanecem restritas a apreciação, fixadas a parede como quadros. Também de sua autoria, Puxador-paisagem (H=c/M=c), 1998 – 2021, suscita questões sobre o corpo como matéria e parte integrante da obra.
Já Matheus Rocha Pitta traz um trabalho que revela aspectos da tensão entre tempo, memória e esquecimento no contexto da experiencia urbana. Trata-se de Drive in, 2005-2006. A obra possui forte relação com o local onde foi exibida pela primeira vez: o interior do estacionamento de um dos shoppings centers mais antigos da capital fluminense, marcado por diversos sinais de abandono e decadência. O artista levou um Ford Belina 79 ao lugar que remetia à experiência de um drive-in, cinema ao ar livre onde as pessoas assistem filmes de seus automóveis, e, no interior do carro, exibiu uma série de recortes de reportagens que relatam ocorrências, por vezes inusitadas, de cavalos em ambientes urbanos. Em paralelo, o artista registrou em vídeo a presença de três cavalos levados até o mesmo estacionamento a partir de uma perspectiva que induz a sensação de estar dentro do automóvel.
Na fotografia A clareira, 2000, de Raquel Garbelotti, o visitante vai se deparar com o registro de uma clareira, espaço localizado no interior de uma mata ou floresta e caracterizado por uma vegetação menos densa. Na imagem não é possível determinar a localização, mas trata-se de um registro de Inhotim antes de se tornar um Instituto.
Rodrigo Matheus, “A Mandala de Andromeda”, da série “Controles visuais”, 2008, plástico, 105 x 105 cm.
Em 2000, Gaberlotti foi convidada pelo empresário Bernardo Paz para conhecer a propriedade onde ele almejava criar espaços para expor sua coleção de obras de arte e o convite também incluía a realização de uma obra comissionada para o espaço. Na trajetória da artista é possível notar sua particular predileção pela questão do espaço, a atenção às suas transformações e à forma como é representado. Os registros feitos por Garbelotti em 2000 passaram então a documentar não o espaço material em si, mas o conjunto de projetos, anseios e intenções a ele associados. A obra de Gabriela traz a representação do Inhotim a partir de uma imagem que o antecede e apresenta o museu não como um território físico, mas como terreno fértil para a imaginação.
A passagem e marcação do tempo são questionamentos centrais no trabalho One Million Years, 1999, do artista japonês On Kawara. O artista transcreveu todos os algarismos correspondentes a um intervalo de dois milhões de anos em uma gravação em 4 CDs transferidas para o digital. O visitante não vê o objeto físico em que se encontram os registros temporais, mas ouve o som captado através da leitura deles.
Rivane Neuenschwander integra Deslocamentos com duas obras. Trata-se de Diários de Pangaea, 2008, obra criada para a 55ª Carnegie International na qual a artista aborda a metamorfose de Pangaea, mostrando os deslocamentos terrestres em diferentes estágios, como uma espécie de diário das transformações do planeta. Para alcançar tal efeito, Rivane usou fatias finas de carne crua para representar os contornos das massas continentais que eram então movimentadas e devoradas por uma colônia de formigas. Já em Mapa Múndi BR (postal), 2007, a artista traz fotografias clicadas por suas viagens pelo Brasil e transformadas em cartões postais. São registros de estabelecimentos comerciais que se apropriaram de nomes de países e cidades, como China, Nova York, Madri e outros. Como desdobramento, o visitante é convidado a pegar um postal pra si, subvertendo a lógica original do consumo de um cartão postal, normalmente relacionado ao desejo de guardar uma recordação de um lugar visitado.
Jorge Macchi, “Tape”, 2010, oil on canvas, 100 x 200 cm.
Rodrigo Matheus exibe seis quadros, nos quais resgata a linguagem publicitária que alude aos antigos anúncios de filmes dos anos 1940. O artista parte dos letreiros, recursos visuais bastante utilizados em estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes, antes da difusão dos outdoors de LED e lona. Matheus fez uso desse aparato informativo para criar imagens cujos temas aludem ao universo imaginário da astronomia.
Interessado em deslocar a percepção dos indivíduos sobre o espaço urbano, por cerca de três dias Rubens Mano realizou, no final da década de 1990, uma série de intervenções efêmeras no bairro do Bom Retiro (São Paulo). Cada um dos trabalhos recebeu o nome do local onde as ações foram realizadas (calçada, porão, telhado, parede e bueiro), indicando também os percursos do artista. Na mostra, o público é convidado a observar o registro fotográfico deste último, um equipamento urbano usado para o escoamento de águas pluviais, que teve seu interior preenchido por luz artificial, evocando um conjunto de dualidades: claro e escuro, vazio e cheio, visível e invisível.
No vídeo Oceano Possível, 2002, Sara Ramo forma um oceano composto por bacias e baldes, todos em tonalidades frias. Além do barulho recorrente do choque das mãos e dos remos na água, a atmosfera do ambiente é invadida pelo ruído de um rádio, que se alterna entre sons agudos e vozes de locutores. Ao abordar o oceano como um “espaço entre”, Sara nos convida a imaginar o percurso, seus obstáculos e encontros. “Alguns artistas se interessam por formas de medir o tempo e o espaço que extrapolam a presença da vida humana no planeta, e se relacionam com períodos geológicos, revelando por contraste a pequena porção do todo ocupada por essa existência”, explica Douglas de Freitas.
Raquel Garbelotti, “A clareira”, 2000, fotografia, 100 x 150 x 8 cm.
A exposição foi pensada a partir do programa Território Específico, eixo de pesquisa que norteia a programação do Inhotim no biênio 2021 e 2022 e busca debater e refletir a função da arte nos territórios a níveis local e global, a relação das instituições com seu entorno e ainda mirar os desdobramentos de um museu e jardim botânico como o Inhotim.
Território Específico | Ao completar 15 anos em 2021, com 140 hectares de visitação ocupados por obras de renomados artistas contemporâneos brasileiros e internacionais e mais de 4,5 mil espécies de todos os continentes – algumas raras e ameaçadas de extinção –, o Instituto se pergunta: como a relação com o território em que está situado, o entorno de Brumadinho, as comunidades rurais e quilombolas da região e a relação com visitantes de todas as partes do mundo moldam a história, o presente e a projeção de futuro da instituição?
Esse foi o ponto de partida para escolha do eixo de pesquisa intitulado Território Específico, que norteia a programação do Inhotim no biênio de 2021 e 2022. Inspirada nos estudos do geógrafo brasileiro Milton Santos, a pesquisa traz o conceito de território a partir de suas diferentes escalas de processos e fronteiras. Segundo a tese defendida por Milton, a existência do território só é dada pela vida que o anima e por suas relações sociais na tentativa de compreender as outras relações que se dão a partir de si. “O conceito de ‘território’ é expandindo de maneira transversal para uma investigação sobre os aspectos ambientais, sociais e artísticos que acontecem dentro do Inhotim como espaço, em seu entorno e na multiplicidade de relações que a partir dele se desdobram”, explica Douglas de Freitas.
Funcionamento | O Instituto Inhotim está funcionando de quinta-feira a domingo e em feriados, com capacidade para mil visitantes por dia. A entrada é gratuita em toda última sexta-feira do mês, exceto em feriados, com o mesmo limite de público. A compra e retirada de ingresso é realizada exclusivamente online e com antecedência pela Sympla, tiqueteira oficial do Inhotim. Em função dos protocolos de saúde, vale lembrar que não está sendo feita operação de venda de entradas na bilheteria do parque.
Os protocolos de saúde estabelecidos no Inhotim, como o uso obrigatório de máscara, por funcionários e visitantes, displays de álcool em gel distribuídos pelo parque e distanciamento entre as mesas nos pontos de alimentação, seguem em vigência.
O Instituto avalia diariamente o cenário da pandemia na região e atua sempre em consonância com as decisões estabelecidas pelos órgãos de saúde. Todas as orientações sobre como chegar ao Inhotim, compra de ingressos, os protocolos adotados e regras de visitação estão disponíveis no site da instituição.
Serviço:
Deslocamentos, mostra coletiva com Cerith Wyn Evans,Gordon Matta-Clark, Jorge Macchi, Laura Lima, Matheus Rocha Pitta, On Kawara, Raquel Garbelotti, Rivane Neuenschwander, Rodrigo Matheus, Rubens Mano e Sara Ramo
Abertura: 4 de dezembro, sábado, das 9h30 às 17h30
Local: Galeria Fonte | Instituto Inhotim
Visitação: de quinta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30; e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30
Ingressos: R$22 (meia) e R$44 (inteira) no Sympla
Entrada gratuita na última sexta-feira de cada mês, exceto feriados, mediante retirada prévia através do Sympla
***Moradores de Brumadinho cadastrados no programa Nosso Inhotim e Amigos do Inhotim também possuem entrada franca.
(Fonte: Assessoria de Imprensa | Inhotim)
Capa do livro. Fotos: divulgação.
O consumo de ovos no Brasil atingiu níveis recordes nos últimos anos, superando a média global. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projeta para 2021 um consumo de 255 unidades per capita, com produção anual superior a 54,5 bilhões (o equivalente a 1.728 ovos por segundo). A questão é: de onde vêm esses produtos? De que forma é realizada e em quais condições são tratadas as galinhas poedeiras? O advogado Yuri Fernandes Lima, que é Mestre em Direito Animal pela Universidade Federal da Bahia, iniciou em 2016 uma pesquisa minuciosa sobre o assunto que resultou na publicação do livro Direito Animal e a Indústria dos Ovos de Galinhas – Crueldade, Crime de Maus-tratos e a Necessidade de uma Solução, publicado pela Juruá Editora e que será lançado no próximo dia 4 de dezembro em evento na Vila Olímpia. O livro também ganhou uma versão especial, sendo lançado em Portugal.
A obra mostra a realidade atual da produção de ovos, o confinamento maciço em gaiolas amontoadas, a eliminação de pintinhos machos, o curto tempo de vida desses animais (dois anos) e explica como garantir a efetividade da legislação internacional e nacional que veda práticas cruéis e maus-tratos às galinhas poedeiras na indústria de ovos. “Em nenhum momento os animais podem ser utilizados como objetos, mercadorias ou instrumentos”, enfatiza o autor.
O autor explica a existência da proteção jurídica desses animais e realiza uma análise de movimentos (como ONGs) que defendem a abolição dessas gaiolas em baterias. E ainda propõe, entre as soluções para eliminar os maus-tratos, a certificação de bem-estar como solução possível a esses problemas na indústria de ovos. O livro ainda alerta a importância de o consumidor ter acesso à informações sobre o tema e estar ciente da realidade dessa indústria.
O advogado Yuri Fernandes Lima.
A obra defende a obrigatoriedade da certificação de bem-estar, critérios para tais certificações, fiscalização por meio de agência reguladora e a implantação de política informativa, incluindo a liberação do acesso de consumidores às granjas. “Isso, por um lado, obrigará os produtores a adequarem-se às normas mínimas de bem-estar das galinhas poedeiras, sob pena de serem responsabilizados criminalmente e, por outro lado, possibilitará que o consumidor faça escolhas conscientes, boicotando os produtores que insistirem em maus-tratos, o que os fará desaparecer, e estimulando os produtores que observarem o bem-estar, que se proliferarão”, explica.
(Fonte: Em Foco Comunicação Estratégica)