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Como o desmatamento e as mudanças climáticas transformam a Floresta Amazônica em fonte de carbono para a atmosfera

Amazônia, por Kleber Patricio

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Por Luciana V. Gatti, Luiz Aragão e Marcos H. Costa – A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, estende-se por oito países e um território da América do Sul. Esta floresta não é apenas um conjunto de árvores, é sobretudo um enorme reservatório de carbono (150 a 200 bilhões de toneladas) e de biodiversidade. Cerca de 50% do peso de cada árvore desta imensa floresta, incluindo as raízes, troncos, galhos e folhas, é composto de carbono. Devido a sua enorme extensão, cobrindo cerca de 7 milhões de km² e metade da área de florestas tropicais no planeta, o funcionamento da Floresta Amazônica está intimamente interligado ao clima.

A perda de 18% da Floresta Amazônica, cerca do total desmatado até o presente, além de 17% de florestas degradadas, não significa apenas perder uma grande quantidade do total de carbono estocado na floresta, mas também significa perder em torno de 1/3 da sua contribuição na produção das chuvas, devido à evapotranspiração das árvores, além de também perder biodiversidade e serviços ambientais essenciais para a sociedade.

Enquanto as raízes retiram água do solo e as folhas lançam vapor d’água na atmosfera, a superfície terrestre é resfriada, pois a água necessita de energia para evaporar. Uma árvore de médio porte, com uma copa de 5 m de diâmetro, produz um resfriamento da ordem de 2200 W, o mesmo que um aparelho de ar-condicionado de 7500 Btu/h. Por isto, a floresta ao mesmo tempo produz chuva e reduz a temperatura regional. Nossa gigantesca Floresta Amazônica, ao produzir chuva, exerce um importante papel de regular o clima, tanto em nosso continente como no globo. Podemos, portanto, comparar a Amazônia a uma fábrica de chuva, que produz cerca de três milhões de litros de água por dia por km², e cerca de 21 trilhões de litros de água considerando toda sua extensão, funcionando como um climatizador natural, protegendo o planeta contra as mudanças climáticas, ajudando a produzir chuva, reduzindo a temperatura e ainda absorvendo carbono enquanto as árvores estão crescendo.

O desmatamento que atinge a Amazônia concentra-se em regiões com infraestrutura para escoar a produção agropecuária e mineral, como estradas, portos e energia elétrica. Nos últimos 40 anos, a região leste da Amazônia perdeu entre 30-40% de sua floresta e foi observada uma redução de chuvas (30-40%) e um aumento de temperatura de 2 a 2,5˚C durante a estação seca, nos meses de agosto, setembro e outubro. Estas mudanças afetam negativamente as árvores reduzindo a fotossíntese – processo pelo qual as plantas absorvem o CO2 (dióxido de carbono) da atmosfera – podendo até mesmo resultar na mortalidade dessas árvores. Um estudo utilizando 9 anos (2010-2018) de medidas de CO2 com aeronaves, concluiu que, na média, a Floresta Amazônica consegue absorver apenas 1/3 do total emitido pelas atividades humanas na região, em especial, devido ao desmatamento seguido de queimadas. No sudeste da Amazônia, região que apresenta a maior mudança no clima, com grande redução de chuva e aumento de temperatura, a própria floresta se transformou em uma fonte de carbono para a atmosfera. Nesta região, os processos florestais naturais representam 1/3 das emissões totais e as emissões humanas são responsáveis pelos 2/3 restantes. E assim, nesta região, a Floresta Amazônica, de protetora das mudanças climáticas, passa a ser um acelerador das mudanças climáticas emitindo 1,06 bilhões de toneladas de CO2 ao ano, contribuindo com o aquecimento do planeta, alterando os padrões das chuvas e ajudando a aumentar a temperatura.

Considerando que a agricultura no Brasil movimenta 500 bilhões de reais em exportações, manter as condições climáticas ideais é essencial para essa atividade. Para tal, precisamos valorizar nossas florestas e entender que já desmatamos a Amazônia mais do que deveríamos. Nos últimos três anos o desmatamento foi muito intenso e acelerado e os eventos extremos de chuvas e secas intensas também se aceleraram. Os lucros do desmatamento beneficiam poucas pessoas, com retorno questionável para a nação e trazendo prejuízos ecológicos, sociais e financeiros para a sociedade em geral, que estão cada vez mais bem caracterizados pela ciência. Manter a floresta protegida produz para a economia até US$ 737 (R$3 mil) por hectare por ano. A conversão de floresta para pecuária gera em média apenas US$40 (R$167) por hectare por ano.

Os países Amazônicos são privilegiados ambientalmente e devem utilizar esta vantagem para desenvolverem-se de forma sustentável e contribuírem com a transição global para uma sociedade em que os componentes ambientais, sociais e econômicos sejam equilibrados. A preservação dos estoques de carbono, ao zerar o desmatamento e a degradação florestal e a restauração florestal podem gerar recursos por meio de iniciativas globais de proteção do clima em associação com planos nacionais de pagamentos por serviços ambientais e implementação de uma nova bioeconomia baseada na floresta em pé. Por meio do uso dos recursos locais e incentivos econômicos adequados pode-se criar um mercado sustentável inovador para os países Amazônicos.

Precisamos valorizar a Floresta Amazônica, pois este tesouro da Terra é um grande trunfo para colocar o planeta rumo a um futuro sustentável.

Sobre os autores:

Luciana V. Gatti é química, pesquisadora titular e coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos. Investiga as emissões/absorções de CO2, CH4, N2O e CO da Amazônia e quais são os fatores que interferem nestes processos. Luciana é autora dos capítulos 5, 6, 6.1 e 7 do Relatório de Avaliação da Amazônia 2021 produzido pelo Painel Científico para a Amazônia.

Luiz Aragão é biólogo, chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos. Sua pesquisa busca entender as causas e consequências das mudanças ambientais em ecossistemas tropicais, especificamente utilizando satélites e pesquisas de campo na Amazônia. Aragão é autor dos capítulos 6, 6.1 e 19 do Relatório de Avaliação da Amazônia 2021 produzido pelo Painel Científico para a Amazônia.

Marcos H. Costa é engenheiro e professor titular da Universidade Federal de Viçosa. Sua pesquisa foca no uso de vários tipos de modelos ambientais, sensoriamento remoto e dados de campo para estudar as relações entre mudanças climáticas, mudança de uso da terra e o clima, recursos hídricos, agricultura e ecossistemas naturais. Marcos é autor dos capítulos 5, 6, 7 e 23 do Relatório de Avaliação da Amazônia 2021 produzido pelo Painel Científico para a Amazônia.

(Fonte: texto originalmente publicado no Nexo Políticas Públicas e na Agência Bori)

Mulheres no “olho do furacão”: a costura de sistemas agroalimentares sustentáveis em tempos de pandemia

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Gabriel Jimenez/Unsplash.

Por Rodica Weitzman — A pandemia trouxe à tona vulnerabilidades socioeconômicas latentes, que se revelam dentro de um furacão que arrastou famílias de comunidades rurais e urbanas, com diferentes graus de intensidade, pela força de sua ventania devastadora. As repercussões nocivas desta crise certamente têm ganhado mais atenção nas narrativas dos veículos de comunicação. Elas, no entanto, nem sempre dão voz aos sujeitos diretamente envolvidos.

O outro lado, que precisa ser mais bem visibilizado, é composto por coletivos, redes e movimentos sociais – muitos protagonizados por mulheres – que constroem estratégias que podemos nomear de gestos de “cuidado coletivo”, envolvendo a produção, doação, troca e comercializacão de alimentos agroecológicos. São movimentos que lutam pela segurança e soberania alimentar e pela defesa dos territórios.  Ao jogar luz nestas práticas, podemos ressignifica-lás como formas de resistência e de re-existência que ganham expressividade em situações vivenciadas “no olho do furacão” – perante os altos índices de insegurança alimentar e pobreza que se agravaram ao longo da pandemia e que se conjugam, de maneira perversa, com a privação de direitos.

Pesquisas realizadas com mulheres de diversas comunidades rurais e urbanas em 2020 demonstram que as expressões espontâneas de cuidado passam a ser compreendidas como estratégias de sobrevivência e de ação política durante a pandemia. É importante pontuar que essas expressões do “cuidado”, historicamente invisibilizadas como formas e trabalho, se revelam no cerne destes coletivos, envolvem dimensões dos afetos e são atravessadas por relações de reciprocidade – doações e trocas.

Neste contexto, são as mulheres que se colocam na linha de frente. Pesquisa sobre impactos da Covid-19 realizada por integrantes da Rede Feminismo e Agroecologia do Nordeste, por exemplo, mostrou que 75,2% das mulheres rurais da região nordeste do Brasil participaram de atividades vinculadas a algum movimento social ou associação, sendo que 43% estavam envolvidas em grupos de mulheres ou comunitários que buscam gerir ações contra os efeitos da Covid-19, como estratégias de enfrentamento da emergência sanitária e de repartição de alimentos nos seus territórios. Esse tipo de participação feminina se replica em diversos territórios.  Por exemplo, 93 mulheres agricultoras da Associação dos “Moradores e Pequenos Produtores do Estado do Piauí” (AMPEPI), que lideram um empreendimento produtivo com famílias em três territórios rurais da região semiárida envolvendo o cultivo de uma diversidade de culturas nos quintais, relatam que, durante a pandemia, estiveram ativamente envolvidas em uma campanha contra a fome que envolveu a doação de alimentos para os grupos sociais que vivem nas periferias das cidades. Também conseguiram ativar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em dois municípios, uma solução que lhes ajudou a ampliar os seus espaços para comercialização, especialmente diante da suspensão das feiras, devido ao cumprimento das regras de isolamento social.

Outro caso ilustrativo é do Centro de Integração na Serra da Misericórdia na região metropolitana do Rio de Janeiro (CEM), que também conta com o protagonismo das mulheres nas suas iniciativas. Desde março de 2020, o CEM se envolveu ativamente em um processo de doação de alimentos agroecológicos via o projeto “Campo e Favela de mãos dadas contra o corona e a fome”, promovido pela Rede Ecológica. Ana Santos, representante do CEM, conta que, durante esse período, as entregas quinzenais de alimentos agroecológicos para 200 famílias — com foco maior nos grupos sociais mais vulneráveis: mães solteiras, idosos e crianças — promoveram uma interação entre diversos/as agricultores/as de outras regiões. Houve outros desdobramentos, como o fortalecimento dos processos produtivos dentro dos quintais da comunidade local, nos quais as mulheres exercem um papel central nos processos de cultivo de uma diversidade de plantas alimentícias e medicinais e nas práticas de doação e troca de sementes e mudas com parentes e vizinhos. De acordo com Ana Santos, “os quintais entraram em cena com muita força” durante o período da pandemia, de modo que fortaleceram as ações territoriais nas bases da agroecologia.

As estratégias organizativas no âmbito territorial que testemunhamos ao longo da pandemia nos diferentes territórios do Brasil nos revelaram que as manifestações de cuidado — esse trabalho valioso de “cuidar um/a do/a outro/a”, em todos os sentidos — é central para a sustentação da ação política, da preservação da sociobiodiversidade e da segurança alimentar e nutricional.  As mulheres atuam como verdadeiras “guardiãs” do tecido socioambiental dos territórios rurais e urbanos, que preservam e sustentam os bens comuns, revelando os diversos significados dos alimentos na costura de novas relações sociais.

Sobre a autora | Rodica Weitzman é doutora em Antropologia Social (PPGAS-MN/UFRJ) e é pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). É pesquisadora afiliada ao Núcleo de Antropologia da Política (UFRJ) e ao Núcleo “Gênero e Ruralidades” (UFRRJ), integrante do GT de Mulheres da ANA – Articulação Nacional de Agroecologia, Conselheira do CONSEA-Rio e integrante de AMA-AWA – Aliança de mulheres em Agroecologia no âmbito da América Latina.

(Fonte: Agência Bori)

Inhotim recebe doação da coleção de Bernardo Paz

Brumadinho, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação/Inhotim.

A partir de junho, o Instituto Inhotim inaugura um novo momento de sua história. O empresário, colecionador, mecenas e fundador do Inhotim Bernardo Paz transfere de forma definitiva para a instituição uma inestimável coleção composta de aproximadamente 330 obras de sua coleção de arte contemporânea nacional e internacional, incluindo todas as 23 galerias e obras permanentes do museu e a área de 140 hectares, que compreende todo o jardim botânico com mais de 4,3 mil espécies de diversos continentes.

A doação de Bernardo Paz encabeça o projeto O Inhotim de Todos e Para Todos, que tem como objetivo fortalecer a vocação pública da instituição, seu caráter de museu vivo e seu colecionismo ativo. Seu escopo também compreende a constituição de uma nova e moderna governança, com ampla representatividade da sociedade civil, e liderada pela nova diretoria do Instituto Inhotim – Lucas Pessôa, Paula Azevedo e Julieta González – que assumiu em janeiro de 2022. A reformulação também tem como premissa institucionalizar, cada vez mais, as ações do museu, de forma a garantir sua perenidade, sustentabilidade financeira, democratização do acesso e ampliação da programação artística e socioeducativa.

“A doação e a abertura do Inhotim à sociedade é um processo que começou há muito mais tempo, quando o Bernardo decidiu generosamente abrir sua coleção privada à visitação pública, em 2006. De lá pra cá, foram quase 4 milhões de visitantes em seus 15 anos, além de mais de 800 mil crianças, adolescentes e adultos atendidos em programas socioeducativos. Portanto, apesar de ser uma instituição privada, sua atividade fim é pública”, afirma Lucas Pessôa, diretor-presidente do Inhotim. “A doação e a nova governança consolidam esse processo e reafirmam essa vocação pública do Inhotim, preparando a instituição para o futuro a partir de uma relação mais aberta e permeável com a sociedade e do fortalecimento das bases para sua sustentabilidade”, completa.

De Bernardo Paz para Todos – a doação

A coleção de arte contemporânea de Bernardo Paz é uma das maiores e mais importantes do Hemisfério Sul, com esculturas, instalações, fotografias, vídeos, pinturas e desenhos de expoentes da cena nacional e internacional, como Anri Sala, Arthur Jafa, Babette Mangolte, Chris Burden, Dan Graham, David Lamelas, Do-Ho Suh, Ernesto Neto, Mathew Barney, Nelson Leirner, Rosana Paulino, Olafur Eliasson e Yayoi Kusama. A lista reúne trabalhos inéditos da coleção de Paz, nunca expostos no Inhotim.

A doação, de caráter definitivo e irrevogável, contempla também as galerias emblemáticas de artistas como Adriana Varejão, Carlos Garaicoa, Cildo Meireles, Doug Aitken, Lygia Pape, Matthew Barney, Miguel Rio Branco, Valeska Soares, Rivane Neuenschwander e Tunga, entre outros. A transferência dessas obras e galerias, algumas com projetos arquitetônicos premiados, representam um marco para a cultura brasileira: Inhotim passa a ser a única instituição do Brasil onde a arte contemporânea internacional está em exibição permanente para o público.

“O Inhotim nasceu de um projeto de vida e foi se ampliando ao longo dos anos. A doação é um processo natural desse percurso. O Inhotim não é meu, Inhotim é de todo mundo”, afirma Bernardo Paz, fundador do Instituto.

Para Julieta González, diretora artística do museu, “a doação contribui para tornar o Inhotim um museu mais ativo, com uma programação pública mais intensa, mudanças mais dinâmicas nas galerias, colaborações com outras instituições, uma integração ainda maior entre arte e natureza e com as comunidades do entorno”, pontua.

Atrelada à configuração do Inhotim, que integra arte e natureza no mesmo diapasão, a coleção de Botânica de Bernardo Paz será integralmente doada e incorporada ao Instituto. Ela compreende mais de 4,3 mil espécies de diversos continentes espalhadas pelos 140 hectares do Inhotim – algumas raras e ameaçadas de extinção – e uma das maiores coleções de palmeiras do mundo, além de três viveiros, laboratório de botânica e oito jardins temáticos.

Nova e moderna governança – Um Museu Vivo e Perene para Todos

Com a chegada da nova diretoria em janeiro de 2022, o Inhotim deu início a um processo de ampliação da participação da sociedade civil. Para isso, uma das primeiras medidas foi a constituição de uma nova e moderna governança por meio da formação de um novo Conselho Deliberativo. Trata-se de um grupo amplo e representativo, que passa a integrar a instância máxima de gestão da instituição atuando como guardião da nova governança do museu e contribuindo para sua perenidade.

Segundo Paula Azevedo, diretora vice-presidente do Inhotim, “o novo processo de institucionalização e de doação do Bernardo resultou em uma grande aproximação da sociedade civil, com a formação de um novo Conselho Deliberativo, o fortalecimento dos programas de captação de pessoas físicas como o patronato, o programa de Amigos do Inhotim e de captação pessoa jurídica que, juntos, refletem a potência do Instituto na sociedade”.

A nova governança, que contou com a participação do escritório BMA Advogados para a sua estruturação jurídica, também vem se dedicando a buscar modelos que garantam a sustentabilidade financeira do Inhotim. Atualmente, dos recursos mantenedores da instituição, que promove um significativo e positivo impacto socioeconômico na população local, entre 60 e 70% são oriundos de doações diretas, sem incentivo fiscal, realizados por Bernardo Paz.

O novo Conselho terá Bernardo Paz como presidente e o empresário mineiro Eugênio Mattar como vice-presidente. Junto a eles estarão 18 pessoas, entre executivos de diversos setores e agentes culturais como Jandaraci Araújo, cofundadora do Conselheiras 101 – programa que visa a inclusão de mulheres negras em conselhos de administração – e CFO da 99jobs; Susana Steinbruch, colecionadora e conselheira fundadora da Fundacción Museo Reina Sofia e Guilherme Teixeira, diretor da Barbosa Mello Construtora.

O Conselho passa a ser a instância máxima da instituição, com mandatos alternados e estabelecidos, assegurando sua constante renovação. O grupo, neste momento constituído por 20 pessoas – que deverá ser ampliado até o fim do ano com mais 10 integrantes –, terá mandatos temporários, renovados de três a quatro anos. O novo Conselho será responsável pelas deliberações administrativas e financeiras do Instituto, mas não terá papel decisório na programação cultural, que se mantêm independente e organizada pela diretoria artística. Além do grupo Deliberativo, o Inhotim também terá um Conselho Fiscal, com a função de acompanhar e fiscalizar as prestações de contas e a organização financeira da instituição.

A contribuição financeira do Conselho – que tem caráter simbólico ao fortalecer o engajamento dos conselheiros e reforçar o sentimento de que eles estão a serviço da instituição – vai muito além dos recursos financeiros. Composto por pessoas da área ambiental, cultural e social, cerca de 30% desses conselheiros serão isentos de contribuição para que a instituição possa ter a presença de outros perfis que colaborem com seu notório saber, além de tornar essa instância da governança mais plural e representativa.

A chegada dos novos membros do Conselho tem como uma de suas principais missões o aumento da superfície de contato com a sociedade civil, por meio da participação ativa de seus representantes e de medidas que tragam a sociedade como um todo como parte do Inhotim.

O Instituto Inhotim conta com apoio do Instituto Cultural Vale, Itaú, Cemig e CBMM.

(Fonte: Instituto Inhotim)

MACC recebe exposições ‘Sobre Sub Solo’ e ‘Diário 366’

Campinas, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC) estreia nesta quarta-feira, 8 de junho, duas exposições: “Sobre Sub Solo”, de Andrea Mendes, e “Diário 366”, de Bruno Novaes. A estreia será às 19h para convidados. O público poderá ver as mostras a partir de quinta-feira, 9 de junho, das 9h às 17h. A entrada é gratuita. O evento tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas.

A exposição “Sobre Sub Solo”, de Andrea Mendes, é a conclusão de um processo de pesquisa pautado por evocações de memórias que revisitam sua cartografia de deslocamentos e enraizamentos, a partir do próprio corpo e do território. Neste trabalho, Andrea Mendes apresenta uma cartografia de resistências ao apagamento de uma gama de sensibilidades, que transitam de seu Nascedouro (Itaberaba -BA) para o seu Acolhedouro (Campinas); que se recriam em seu Renascedouro (Araras) e que se redescobrem conectadas com múltiplas culturas, na vivência em um Hospedadouro como artista convidada nas ocupações na comunidade de Bermudez, interior da Argentina.

Para simbolizar esse percurso cartográfico,a artista escolheu a Pipa como símbolo de seus deslocamentos por territórios e fez dela o suporte das imagens que registram suas vivências e atuações. Com produção de PretAção e Tomada Cultural, a exposição foi contemplada pelo edital do ProAC Direto – Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo.

“A pipa, símbolo tão marcado em meu trabalho, faz menção direta ao território acolhedor. A pipa é tradicional na comunidade: acolhida por crianças e adultos, tornou-se uma de suas referências culturais”, diz a artista.

De acordo com a curadora da exposição, Sônia Fardin, o traço comum das imagens que registram as vivências e as atuações criativas de Andrea Mendes é a face altiva da classe trabalhadora latino-americana, com suas formas de enfrentar o colonialismo, o neoliberalismo e a violência que tem colapsado comunidades centenárias, rurais e urbanas; gente que luta contra a desumanização dos movimentos do capital, que expulsa trabalhadores de suas terras para expandir contingentes de braços excedentes nos arrabaldes das metrópoles.

Nas construções artísticas – pinturas, instalações, desenhos e vídeos que documentam suas performances –, realizadas entre outubro de 2019 e dezembro de 2021, a artista fez uso de fios e traços, tintas e linhas, rasgos e costuras, gestos e olhares, para, dialeticamente, frisar e esgarçar as barreiras e limites impostos pelas forças do capital.

Mais de 360 histórias de vida  

A mostra “Diário 366” exibe as páginas do diário do artista Bruno Novaes e objetos que compõem seu novo trabalho, um projeto colaborativo onde a documentação de sua história pessoal se mistura com a de voluntários, em um processo que se estendeu por um período de quatro anos.

O projeto teve início com registros diários feitos pelo artista no ano bissexto de 2016, usando diferentes linguagens, como texto, desenho, colagem e fotografia. Em seguida, os participantes escolheram datas e receberam as páginas correspondentes do caderno, digitalizadas em forma de cartão-postal. Estes colaboradores responderam com o envio de itens que comentavam o motivo da escolha por aquele dia, criando uma relação de troca de confidências com o artista.

Todo esse processo foi documentado em um grande calendário, onde Novaes fez o controle das devolutivas por meio de aquarelas dos itens recebidos. A mostra, além de apresentar as pinturas dessa catalogação anual, as páginas do diário do artista e todo o acervo recebido, também abrigará o lançamento do livro homônimo, premiado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura Aldir Blanc.

Entre as motivações para as participações, as escolhas das datas misturaram aspectos individuais e íntimos com acontecimentos culturais e coletivos, resultando em um arquivo que coloca objetos ordinários, trabalhos de arte, documentos pessoais e lembranças afetivas em um mesmo plano. Assim, criou-se um diário que, além de servir como instrumento para o conhecimento de si, se tornou uma narrativa coletiva das memórias, afetos e histórias de vida de mais de trezentas pessoas.

Longas cartas contando sobre experiências pessoais, fotografias, documentos e outros objetos estão entre os itens recebidos, que muitas vezes chegaram sem explicações. Entre eles uma certidão de óbito, que levanta perguntas sobre como aconteceu tal perda. De modo geral, os itens que chegaram acabam por exigir o uso da imaginação para que se tente deduzir ou mesmo ampliar seus significados, o que confere ao livro um caráter simultâneo de documentação e narrativa de ficção.

Serviço:

Exposição “Sobre Sub Solo”

Artista: Andrea Mendes

Curadora: Sônia Fardin

Quando: de 9/jun a 29/jul

Visitação: de terça a sexta-feira

Horário: das 9h às 17h

Instagram: @sobresubsolo

* Há ainda o agendamento guiado para educadores, que pode ser feito pelo e-mail

sobresubsolo@gmail.com ou pelo telefone/WhatsApp (11) 95055-8779 (Paula Pimenta)

Exposição “Diário 366”

Artista: Bruno Novaes

Quando: 9/jun a 29/jul

Visitação: de terça à sexta-feira

Horários: das 9h às 17h

Onde: MACC – Museu de Arte Contemporânea de Campinas

Endereço: Av. Benjamin Constant, 1633 – Centro, Campinas (SP).

(Fonte: Prefeitura de Campinas)

“Monalisas Brasileiras” homenageia grandes mulheres nas janelas da fachada do Centro Cultural dos Correios

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

Uma mostra virada para a rua e montada em janelas de um prédio histórico – assim é a exposição “Todo dia também é dia da mulher” do projeto “Monalisas Brasileiras” do artista plástico Dilson Cavalcanti, que abre no dia 16/06,, na fachada do Centro Cultural dos Correios. São 18 telas gigantes (1m70 X 1m40) de Monalisas estilizadas, representando importantes mulheres brasileiras, como Princesa Isabel, Elza Soares, Maria da Penha, Hebe Camargo, Dandara, Helô Pinheiro, Tarsila do Amaral, Dra. Zilda Arns, Anitta Garibaldi, Santa Dulce dos Pobres, Chica da Silva, Maria Quitéria e Ana Neri, entre outras que irão chamar atenção do público passante da Rua Visconde de Inhaúma, no Centro. “A ideia é reverenciar diversas mulheres brasileiras que vêm protagonizando transformações em suas vidas e na sociedade, nos últimos cinco séculos, e que, muitas vezes, foram ignoradas. Ao exibir as telas em áreas de grande circulação de pessoas e com acesso gratuito, esses ícones passam a despertar curiosidade de pessoas de todas as idades”, explica o artista Dilson Cavalcanti.

Sobre as Monalisas Brasileiras:

“Foi em 2019, quando fez 500 anos da morte de Leonardo da Vinci, que este projeto nasceu. A imagem da Monalisa é conhecida, mas o legado de Catarina Paraguaçu, uma índia que era dotada de uma inteligência e protagonismo raros em sua época, quando o Brasil ainda era colônia portuguesa, pouca gente conhece”, relata. “Irmã Dulce, hoje Santa Dulce dos Pobres, nascida na Bahia, no início do século 20, trabalhou incansavelmente pelos pobres da região, deixando um legado ativo e forte, mesmo após sua morte, em 1992. A cantora Elza Soares, que acaba de nos deixar, é especialmente homenageada. A ex-deputada Maria da Penha dispensa apresentações, mas também é um dos ícones contemporâneos da exposição”.

“No trabalho híbrido que venho desenvolvendo uso tinta acrílica, água, esponjas, pincéis, espátulas e até rodo de estamparia. Os recursos gráficos digitais, usados na impressão digital das Monalisas Brasileiras deram outra expressão para o meu trabalho abstrato de pintura”, diz Dilson Cavalcanti.

Essa mostra “Monalisas Brasileiras” já passou por São Bernardo do Campo, na pinacoteca da cidade do ABC Paulista (exposição em curso) e na estação do Metrô Trianon-Masp, em São Paulo.

O artista Dilson Cavalcanti nasceu em outubro de 1955, no pequeno município pernambucano de Tupanatinga, mas mudou-se com a família para São Paulo antes de completar dois anos. Com formação em marketing e administração, trabalhou com moda e varejo de produtos. Há 15 anos passou a trabalhar com arte.

Serviço:

Exposição “Todo dia também é Dia Da Mulher”, de Dilson Cavalcanti – Curadoria de Rubens Pontes

Quando: 16/6/2022 a 22/7/2022

Onde: Centro Cultural dos Correios RJ na área externa

Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, Rio de Janeiro – RJ

Acesso gratuito que pode ser visitado dia e noite.

(Fonte: Angela Falcão Assessoria de Imprensa)