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Instituto Comida e Cultura celebra segundo aniversário com projeto que alcança todas as escolas da rede pública de São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Ariela Doctors, Bela Gil, Daniella Brochado, Erika Fischer e Juliana Furlaneto: ICC comemora dois anos de fortalecimento de laços entre comida, cultura e educação. Fotos: Acervo/ICC.

O Instituto Comida e Cultura (ICC), organização dedicada à promoção da conscientização alimentar decolonial e saudável entre as crianças fundado por Ariela Doctors, Bela Gil, Daniella Brochado, Erika Fischer e Juliana Furlaneto, completou dois anos no domingo (27). Desde a fundação, o ICC tem desempenhado um papel na formação de educadores comprometidos em transmitir conhecimentos sobre alimentação consciente, diversidade cultural e respeito às tradições alimentares dos povos originários. O site da organização apresenta um espaço para escolas se cadastrarem e apresentarem seu interesse em participar dos projetos do Instituto.

Em dois anos, o Instituto adota uma abordagem plural para a educação alimentar por meio da valorização das raízes culturais e práticas tradicionais na comida. A organização considera as crianças como participantes ativos na relação com a comida, com integração da cultura e da história na alimentação saudável. Por isso, o instituto criou o programa “Cozinhas & Infâncias”, que até o final de 2023 irá capacitar educadores de 546 escolas municipais de São Paulo e visa preparar professores e profissionais da educação com ensino sobre história da comida e culinária brasileira e no desenvolvimento de habilidades culinárias para uma alimentação saudável. O projeto conta com a parceria do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP para avaliação dos resultados, Coordenadoria de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (Codae/SME-SP) e a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP).

O ICC acredita que, ao cozinhar com as crianças, é possível trabalhar assuntos complexos, como a origem dos alimentos.

Bela Gil, uma das fundadoras do Instituto Comida e Cultura, destaca a importância do programa e da iniciativa do instituto ao abordar a alimentação no Brasil com um olhar abrangente. Bela expressa gratidão pelo trabalho e progresso das educadoras do Instituto Comida e Cultura nos últimos dois anos lembrando que o alimento conecta as pessoas às raízes culturais e é uma maneira de compartilhar e celebrar tradições: “A comida não é só aquilo que nós colocamos na boca; é uma forma de resistência e valorização de culturas, de cura e tratamento”.

Uma das receitas culinárias do Instituto Comida e Cultura, realizada durante o projeto, é a do beiju de mandioca ralada, incluída no repertório culinário como um prato decolonial que busca resgatar e valorizar as tradições alimentares dos povos originários. Inspirado e ensinado pela chef de cozinha Mara Salles, autora que aprendeu a receita na aldeia Yamado, uma pequena comunidade indígena Baniwa na região do alto Rio Negro, a receita representa uma conexão direta com as tradições alimentares dos povos originários da Amazônia. O Instituto Comida e Cultura insere a temática alimentar de maneira interdisciplinar e inclusiva nos currículos pedagógicos por meio de programas de treinamento e recursos educacionais.

Segundo Erika Fischer, uma das fundadoras do Instituto, o programa “Cozinhas & Infâncias” também promove a conscientização ambiental, para que crianças compreendam o impacto das escolhas alimentares no meio ambiente e incentivam práticas mais sustentáveis. “Apesar de os doces industrializados serem mais atrativos para a criança, ela precisa aprender a escolher e saber cozinhar alimentos frescos e mais saudáveis”, enfatiza Fischer.

Para a fundadora, o programa não apenas ensina habilidades culinárias, mas também oferece às crianças ferramentas para fazer escolhas alimentares informadas, promovendo uma relação saudável com a comida desde cedo e contribuindo para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis e conscientes no futuro.

Arroz com pequi, prato típico do Cerrado, feito no Programa Cozinhas & Infâncias na Chapada dos Guimarães (MT), no primeiro semestre.

“Neste momento do segundo aniversário, o Instituto Comida e Cultura reafirma o compromisso com a educação alimentar decolonial e antirracista, que valoriza a diversidade cultural e étnica, recupera e celebra as tradições e saberes alimentares dos povos originários – pindoramicos – e dos afrodiaspóricos na construção da história da culinária brasileira”, afirma Daniella Brochado, uma das fundadoras do Instituto.

Ariela Doctors, outra das fundadoras do instituto, celebra a expansão do projeto. “Desde março deste ano, o programa ‘Cozinhas & Infâncias’ também leva educação alimentar para Chapada do Guimarães, no Mato Grosso, a partir de uma parceria entre o ICC, Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) e Secretaria Municipal de Educação (SME) da Chapada dos Guimarães. A ideia do ICC é expandir o projeto para outras regiões do Brasil”.

Sobre o Instituto Comida e Cultura | Fundado por Ariela Doctors, Bela Gil, Daniella Brochado, Erika Fischer e Juliana Furlaneto, ativistas da alimentação saudável, o Instituto Comida e Cultura propõe reconectar a criança ao alimento por meio de um resgate lúdico da história, cultura e biodiversidade brasileiras. Trabalha com a formação de educadores e outros atores envolvidos no desenvolvimento integral da criança para inspirar a prática, fomentar o debate e inserir o tema da alimentação nos currículos pedagógicos.

(Fonte: Agência ERA®)

Crianças aprendem por meio do teatro os benefícios da sustentabilidade

Curitiba, por Kleber Patricio

Projeto promove e difunde a cultura do circo para crianças e a sustentabilidade. Fotos: divulgação.

Alunos das escolas municipais de Curitiba tiveram a oportunidade de aprender mais sobre sustentabilidade por meio do teatro. O projeto Recirclando Hábitos Saudáveis – peça de teatro do projeto que envolve malabares circenses e aborda o tema do plástico – realizou 58 espetáculos para quase 12 mil alunos. Também foram realizadas 54 oficinas de aprendizado – com jogos e brincadeiras – para mais de 3.300 crianças.

“O projeto promove e difunde a cultura do circo para crianças e a sustentabilidade. Falamos sobre a facilidade que o plástico traz para o nosso dia a dia, mas também sobre as consequências do uso indiscriminado desse material. Além disso, incentivamos a prática de atividades físicas e uma alimentação saudável”, explica Fabio Ongaro Machowski, um dos atores e produtores do espetáculo.

Os artistas possuem experiência com o trabalho nas colônias de férias e, nessas situações, o projeto também visa iniciativas dinâmicas. “Além do espetáculo, desenvolvemos jogos educativos sobre meio ambiente e sustentabilidade, incluindo gincana”, explica o também ator e produtor Alexandre Tosin Gabardo.

Alexandre conta que também é possível trabalhar com oficinas. “Como utilizamos muito malabares na peça, ensinamos as crianças a construí-los com materiais recicláveis e, na sequência, a usar”, conta.

Dirigida por Mauro Zanatta, considerado um dos maiores diretores de teatro do Paraná, a peça conta a história do plástico, como ele prejudica o meio ambiente e como deve ser condicionado e reciclado. Todos os caminhos são resolvidos com embates de exercícios circenses e incluem a importância de hábitos alimentares saudáveis, atividade física e consciência ambiental.

Os atores, além de artistas, são professores de educação física e dão aula de circo há anos. “Estamos promovendo um espetáculo com relevância social, pensando no impacto positivo no dia a dia das crianças. Pesquisamos sobre algo que realmente precisava ser mudado e chegamos ao tema ‘plástico’. Foram diversas transformações até chegarmos a atual montagem, que tem uma estética bem interessante e utiliza muito plástico reciclado no cenário”, conta Fabio Ongaro Machowski, um dos atores e produtores do espetáculo.

O projeto Reciclando Hábitos Saudáveis tem o apoio da Copel por meio da Lei de Incentivo à Cultura”. Escolas da rede privada também podem receber o projeto. Basta contatar a organização.

Serviço: Quem quiser saber mais sobre o projeto, pode acompanhar pelo Instagram @recirclando. No canal também é possível agendar visitas do projeto em escolas particulares.

(Fonte: Comunicore)

Unicamp recebe exposição “Universo das Artes”

Campinas, por Kleber Patricio

Obra de Marcio Rodrigues. Fotos: divulgação.

O Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp receberá de 5 a 21 de setembro de 2023, com visitação de segunda a sexta-feira das 9 às 17 horas, a exposição “Universo das Artes”. Estarão participando da mostra os artistas Gloria Nogueira, Marcio Rodrigues e Vanderlei Zalochi com obras inéditas especialmente produzidas para esta exposição, apresentando uma nova linha de trabalho. A exposição tem curadoria de Jorge Coli e Gilson Barreto.

Texto curatorial

A exposição reúne Glória Nogueira, Márcio Rodrigues e Vanderlei Zalochi e inaugura um novo ciclo desses artistas. No contexto da arte, mostra todo o lado criativo e propõe além da inovação.

Glória Nogueira, de seu nome completo Maria da Glória de Jesus Nogueira, nasceu em 1958, em Angra dos Reis, estado do Rio. Não teve educação formal. Sua família morava na fazenda Rialto, em Bananal. Em criança, tomava conta dos irmãos enquanto os pais iam para a roça. Aprendeu alguns poucos rudimentos de escrita e leitura depois de adulta e sabe assinar seu nome com orgulho. Quando a família foi para a cidade, passou a trabalhar como empregada doméstica em várias casas, o que ela faz até hoje. É excelente cozinheira.

Obra de Gloria Nogueira.

Durante a pandemia, um amigo artista plástico e professor na Universidade de Uberlândia trouxe papéis, pincéis, e aquarelas. Gloria começou a pintar, revelando um formidável sentido da forma, do ritmo e da cor. Depois passou para as telas e para grandes formatos com excelentes resultados.

Tudo o que ela põe na tela é pensado, nada é deixado ao acaso. Suas construções visuais fazem com que sua arte não tenha nada de naïf, mas se defina com poderosa força abstrata. Esta é sua segunda exposição. Tenho certeza de que isso vai longe.

Márcio Rodrigues, 72 anos, campinense, engenheiro de alimentos e artista, participou de várias exposições no Brasil e exterior. Dedicado à pintura e a missão de perpetuar a arte na nossa cidade, traz uma série de quadro onde a transformação do autor é escancarada num trabalho onde pinceladas fortes e agressivas são suavizadas pelas cores e movimentos, gerando a beleza harmônica incontestável de suas telas.

Obra de Vanderlei Zalochi.

Vanderlei Zalochi, médico campinense, generoso com os amigos e os artistas. No auge dos seus 79 anos e mais de 50 anos contribuindo com as artes na cidade de Campinas. Sempre com quadros densos de elementos e cores, agora, feito o desprendimento dos sábios vira (a mesa) as telas e caminha para o minimalismo reinventando uma série com linhas retas que nunca se cruzam, valorizando a ideia. Harmonia e cores que atraem o expectador a penetrar nesse universo. Seguindo o minimalismo, podemos descrever esse complexo com uma única palavra: Zalochi.

Glória, Márcio e Zalochi apresentam na Unicamp telas inéditas e vale a pena conferir esse universo.

(Fonte: Marcio Roberto Rodrigues)

Nova exposição coletiva da OMA Galeria, “Instabilidade Fundamental” propõe tratado político de convivência

São Paulo, por Kleber Patricio

“Apoio”, série encaixes, obra de Marina Rodrigues. Imagem: divulgação/OMA Galeria.

No dia 26 de agosto, a OMA Galeria abre a exposição coletiva “Instabilidade Fundamental”, com curadoria de Alice Granada, Ana Carla Soler e Lucas Dilacerda. A mostra conta com produções de 26 artistas envolvendo questões sobre paisagem, arquitetura, corporeidade e materialidade em diferentes meios e técnicas. A exposição ainda conta com recursos de acessibilidade, como audiodescrição e obras interativas, sonoras e táteis.

A partir da diversidade dos trabalhos abrangendo a relação entre similaridades e diferenças, a equipe curatorial propôs o título da mostra: “Instabilidade Fundamental”. A frase faz referência ao psicanalista francês Jacques Lacan (1901–1981), que afirmou que todo “equilíbrio” é na verdade sustentado por uma base de instabilidade. A exposição foi pensada como um tratado político de convivência, mostrando a produção de artistas de territórios e trajetórias distintas, constituindo zonas de contato e de fricção entre as obras apresentadas.

“De que são os restos?”, obra de Ana Mundim.

Dividida entre os dois andares da galeria, a mostra conta com três núcleos: “Arquiteturas intensivas”, discutindo a relação conflituosa entre as construções humanas, a natureza e as materialidades; “Corporeidades afetivas”, tratando das tensões dos limites entre o corpo, o mundo e o tempo, e “Paisagens sociais”, abordando a subjetividade, o ambiente e a sociedade, compreendendo a percepção também como algo político. Os três eixos da mostra tensionam a relação entre o passado, presente e o futuro, as relações com as tecnologias e a percepção do mundo com tempos dilatados e sobrepostos.

O mote do conceito curatorial partiu da noção de deslocamento apresentada pelos próprios artistas participantes do projeto, que fizeram uma caminhada entre as sedes de São Paulo e São Bernardo da OMA Galeria para pensar e desenvolver a exposição.

A exposição coletiva faz parte do processo de discussões e vivências propostas pela 8ª Edição do Laboratório OMA de Artes Visuais e mediadas pelo galerista Thomaz Pacheco. O Laboratório faz parte das ações da galeria que visam à discussão sobre circuito de arte, a profissionalização e a elaboração de projetos culturais.

“Retratos de nôa” (filhote de camarão), 2012 – André Tietzmann – 30,5cm x 42,5cm – acrílica sobre papel – André Tietzmann (foto da tríade).

A produção da mostra foi realizada pelos artistas participantes do projeto, selecionados por um edital no início de 2023. O grupo se dividiu em quatro frentes: produção, comunicação, educativo e comercial, para trabalhar na execução das diferentes etapas do projeto. Além da elaboração da exposição e da sua divulgação, o grupo também irá realizar a comercialização das obras junto à galeria e fará ações de mediação em formato on-line (em datas a serem divulgadas) e presencial na galeria e em escolas.

A mostra segue até o dia 23 de setembro com entrada gratuita.

Cronograma de Atividades:

2/9 – Visita mediada na OMA Galeria

16/9 – Visita mediada na OMA Galeria

23/9 – Encerramento da exposição com conversa com a curadoria

Instagram do projeto: @oma.laboratorio

Participantes da 8ª. Edição do Laboratório OMA de Artes Visuais: Ana Mundim, Ana Rorras, André Tietzmann, Anny Lemos, Camila Alcântara, Carla Duncan, Caroline Westt, Consuelo Veszaro, Danilo Kato, Diego Rufino, Fábio Masami, Felipe Diniz Sanguin, Fernanda Corsini, Francis Rodrigues, Ieva Martinaitis, João Paulo Paixão, Juliana Brandão, Laura Reis, Lucas Ferreira, Mari Sperandio, Marina Rodrigues, Mirla Fernandes, R. Trompaz, Vitor Mazon, Vitor Pádua e Vitória Barreiros.

Sobre a OMA Galeria | A OMA Galeria foi fundada em 2013 como o primeiro e único espaço privado de artes visuais do ABC, sob os cuidados do galerista Thomaz Pacheco. Em 2022, a galeria inaugurou sua segunda unidade, expandindo suas atividades para o bairro dos Jardins, em São Paulo. Em pouco tempo, a OMA tornou-se referência, destacando-se no circuito das artes visuais por seus projetos culturais promovidos pelo OMA Educação e OMA Cultural. Atualmente, a galeria representa os artistas Andrey Rossi, Fernanda Figueiredo, Fernando Velázquez, Júlio Vieira, Mônica Ventura, MOOLA, Nario Barbosa, Paulo Nenflidio e Renan Marcondes.

Serviço:   

Instabilidade Fundamental

Exposição: de 26/8/2023 a 23/9/2023

Visitação: terça–sexta-feira: 14h às 19h e, sábados, 10h às 15h

Local: OMA Galeria

Endereço: Rua Pamplona, 1197, casa 4 – Jardins – São Paulo, SP

Entrada gratuita.

(Fonte: OMA Galeria)

Theatro Municipal de São Paulo celebra mês de aniversário com três grandes óperas que mesclam tecnologia e tradição

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Stig Lavor.

O mês de setembro será intenso para os amantes de ópera no Theatro Municipal de São Paulo, que poderão conferir um repertório de obras que vão do dodecafonismo do século XX a questões contemporâneas do século XXI. A Sala de Espetáculos recebe a double bill “Isolda/Tristão”, de Clarice Assad, e “Ainadamar”, de Osvaldo Golijov, entre os dias 15/9 e 23/9. Enquanto isso, a Cúpula do Municipal estará efervescente com a Ópera Fora da Caixa – “De Hoje para Amanhã”, de Arnold Schönberg, com libreto de Max Blonda (pseudônimo de Gertrude Kolish), entre os dias 21/9 e 29/9.

“No mês de aniversário de 112 anos do Theatro Municipal temos a honra de apresentar três óperas, incluindo uma obra comissionada, e realizar um encontro para, justamente, discutir a produção de novas obras operísticas. A ópera ‘Isolda/Tristão’, encomenda para Clarice Assad, com libreto de Márcia Zanelatto, terá sua estreia mundial em uma noite de double bill, juntamente com ‘Ainadamar’, de Osvaldo Golijov, que foi um marco da ópera mundial do início do século XXI. Enquanto isso, na cúpula do Theatro, dentro da projeto Ópera Fora da Caixa, apresentaremos ‘De Hoje para Amanhã’, de Schoenberg, uma obra que vai no cerne de uma questão do século XX, mas que nos atravessa até os dias de hoje, com a questão: o que é ser moderno?”, explica Andrea Caruso Saturnino, diretora do Theatro Municipal de São Paulo.

“Isolda/Tristão” reinterpreta mito medieval para novos tempos

Abrindo o double bill estará a ópera inédita “Isolda/Tristão”, de Clarice Assad, com libreto de Marcia Zanelatto. A apresentação contará com Alessandro Sangiorgi na direção musical e regência, Guilherme Leme Garcia na direção cênica, Mira Andrade na cenografia, Aline Santini no design de luz, Rogério Velloso na direção de arte, João Pimenta nos figurinos e Renata Melo na coreografia. A montagem também conta com participação do Coral Paulistano, sob regência da maestra Maíra Ferreira.

Guilherme Leme.

Profícua compositora contemporânea, Assad atuou profissionalmente desde os sete anos de idade com formação na Universidade Roosevelt em Chicago e na Universidade de Michigan. Suas obras foram publicadas e realizadas na Europa, América do Sul, Estados Unidos e Japão. Clarice também recebeu uma indicação ao Grammy em 2009.

O mito de Tristão e Isolda vem sendo contado e recontado desde seu surgimento, no século XI. Tornou-se uma obra de arte relevante e definitiva após o compositor alemão Richard Wagner tomá-lo como inspiração, já no século XIX, para escrever o libreto da sua inesquecível ópera “Tristan und Isolde”.

Nesta nova versão, o mito do cenário medieval celta será trocado para os tempos atuais, numa região de fronteira onde acompanhamos o drama de um grupo de refugiados vivendo uma situação limite: eles não são autorizados a atravessar a fronteira e adentrar o novo país, mas, também, não podem voltar ao país de origem. “Tem muitas versões da lenda, nós lemos algumas e procuramos diferenciar o que era essencial e o que era cultural, o que estava dando conta de um mundo que já ficou para trás”, explica Marcia Zanelatto, libretista da ópera.

“Encontramos como essencial a questão geopolítica e a questão amorosa, ambas contornadas pelos princípios patriarcais. Se na versão da Idade Média os princípios patriarcais eram validados pela lenda, poderíamos fazer uma versão contemporânea que confrontasse esses princípios, ou seja, fazer algo próprio do nosso tempo”, finaliza Zanelatto.

Clarice Assad.

“Por conta da adaptação do mito, combinar a fantasia do mito e a narrativa verdadeira do mundo, que é muito urgente, eu quis que a música pertencesse a todo mundo. Que fosse familiar e desconhecida ao mesmo tempo. Tem um toque de música do povo romani, alguns elementos associados à música africana e do Oriente Médio. Eu acredito no poder da música e da narrativa de trazer temas importantes à tona”, pontua Clarice Assad.

Ancorada no minimalismo e nas projeções cênicas, a reinterpretação do mito original abraça as questões contemporâneas em seus temas e em sua linguagem cênica. “Essa abordagem estética minimalista permite que a história seja contada de forma mais focada e intimista. Ao reduzir os elementos visuais e cênicos ao essencial, a atenção é direcionada para a narrativa e para as emoções dos personagens. Isso pode criar uma experiência mais imersiva e intensa para o público, permitindo que eles se conectem de maneira mais profunda com a história e com o tema abordado”, explica Guilherme Leme, diretor cênico da ópera.

Como diretor, ator e produtor Guilherme Leme Garcia realizou nos seus 30 anos de carreira mais de 40 espetáculos teatrais entre os quais se destacam “Decadência”, “Quartett”, “Medea Material”, “Trágica.3”, “O Estrangeiro”, “Romeu e Julieta” e “Merlin”. Atuou em várias novelas, minisséries e filmes e desenvolveu também trabalhos e pesquisas na área das artes visuais.

Segundo ele, o desafio foi falar de um tema tão importante e focar num contexto de crise humanitária tão urgente no nosso processo civilizatório. “Essa ópera pode questionar a natureza do amor, da identidade e da moralidade em meio a circunstâncias extremas”, pontua. A partir do questionamento acerca da capacidade humana de amar e se conectar em meio à adversidade, “Isolda/Tristão” promete ser um marco para a produção contemporânea da ópera brasileira.

“Ainadamar” investiga tramas da vida do escritor Federico García Lorca sob o olhar feminino

Maestro Alessandro Sangiorgi.

Nas mesmas noites de “Isolda/Tristão”, em formato double bill, acontecem as apresentações de “Ainadamar”, ópera composta em 2003 pelo argentino Osvaldo Golijov, com libreto do norte-americano David Henry Hwang, que retorna ao Theatro após grande sucesso de sua primeira montagem. Ela conta a história da atriz catalã Margarita Xirgu (1888–1969), exilada da Espanha pela ditadura franquista e naturalizada uruguaia. No derradeiro dia de sua vida, em Montevidéu, Xirgu relembra a amizade com o dramaturgo e poeta Federico García Lorca, fuzilado durante a Guerra Civil Espanhola. Ainadamar, em árabe, significa fonte de lágrimas e é também o nome do lugar em que ocorreu a execução do poeta, em Granada, na Espanha.

Lorca acaba sendo um pivô da história, com personagens femininas e atrizes à frente da montagem, incluindo Denise de Freitas, que estará caracterizada no palco como mulher ao encenar Lorca, que também será interpretado por uma criança em cena, representando a juventude do poeta. “Há um flashback dividido em três quadros: as recordações de Mariana, Lorca e Margarita Xirgu. Cenograficamente teremos um tablado de flamenco e uma presença muito marcante, ora do luar, sob o qual acontecem muitas cenas, ora do sol, com uma marcante presença feminina à frente da montagem”, conta Ronaldo Zero.

A regência da Orquestra Sinfônica Municipal e a direção musical também são de Alessandro Sangiorgi. O espetáculo tem direção cênica de Ronaldo Zero, participação do Coro Lírico Municipal com regência de Mário Zaccaro, cenografia é de Nicolás Boni, figurinos de Olintho Malaquias e design de luz, de Wagner Antonio. A coreografia, que inclui bailarinas flamencas, é de Fábio Rodrigues. Entre as solistas, Marisú Pavón interpreta Margarita Xirgu, Lina Mendes é Núria e Denise de Freitas, como Lorca. A classificação indicativa é 12 anos.

Ópera Fora da Caixa – De Hoje para Amanhã lança olhar para o moderno

Alvise Camozzi.

Já a terceira ópera faz parte do projeto Ópera Fora da Caixa, que leva récitas para fora dos espaços cênicos habituais. Inédito no Brasil, “De Hoje para Amanhã (Von Heute Auf Morgen)”, de autoria do austríaco Arnold Schoenberg e libreto de Max Blonda, pseudônimo de sua então esposa Greta Kolisch, tem concepção e direção cênica de Alvise Camozzi e será encenada nos dias 21, 22 e 23/9 (quinta, sexta e sábado), e 27, 28 e 29/9 (quarta, quinta e sexta), sempre às 21h, na Cúpula do Theatro Municipal. A direção musical e a regência dos músicos da Orquestra Experimental de Repertório são de Marcos Arakaki.

Marcos Arakaki tem sua trajetória artística marcada por prêmios como o I Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes (2001) e o I Prêmio Camargo Guarnieri (2009). Arakaki tem regularmente sido convidado pelas principais orquestras sinfônicas brasileiras. Conduziu também orquestras nos Estados Unidos, México, Argentina, República Tcheca e Ucrânia. Atualmente é o maestro da Orquestra Parassinfônica de São Paulo.

O espetáculo originalmente estreou numa sala de ensaios com direção do maestro William Steinberg e, desta vez, é encenado na cúpula e é antecedido pela apresentação dos DJS Fractal Mood, duo composto pelos produtores Guilherme Picorelli e Henrique D’Marte, que trarão um set de techno house a partir das 19h.

“A crise de um casal frente à possibilidade de fazer um jogo amoroso a quatro, uma troca de casais, se torna pelo compositor Arnold Schönberg e por Gertrude Kolish, sua esposa, que assina o libreto com o pseudônimo de Max Blonda, o pretexto para nos fazer refletir sobre os tempos modernos, nos quais tudo muda, de uma hora para outra, de hoje para amanhã”, diz

Marcos Arakaki.

Alvise dirigiu numerosos espetáculos, entre os quais “Só” (Prêmio Shell para João Miguel como melhor ator em 2009); “Babel”, de Letizia Russo (2010); “O Bosque”, de David Mamet (2011); “O Feio”, de Marius Von Mayenburg (2013) e “Lela & C”, de Cordelia Lynn (2019), entre outros. Em Veneza, entre o ano de 2022 e 2023, dirigiu e atuou em “Alburno” (de Fernando Marchiori), “El Pessecán”, e “Anima Buona” (os dois trabalhos a partir das obras didáticas de Bertolt Brecht).

Na história, a quebra constante de paradigmas também no âmbito do comportamento e costumes relacionado a relações conjugais, tabus sexuais e a moralidade vigente acabam sendo discutidas juntamente aos padrões artístico-musicais, o que se soma ao fato de se tratar de uma ópera dodecafônica – a primeira escrita nesse esquema de composição – , uma base lírica repleta de experimentações atonais.

Tradição e traição, comicidade e crítica acabam sendo duplas também centrais na história, que conta a volta de uma festa de O Marido e A Esposa. Eles comentam neste itinerário sobre duas pessoas que lá encontraram, O Cantor e A Amiga. Provocativamente, insinuam que flertes cruzados aconteceram durante a noite. O jogo chega ao ápice quando A Amiga e O Cantor aparecem na casa do Marido e da Esposa propondo uma diversão a quatro.

O espectador inicia seu percurso no espetáculo justamente numa festa, como a que o casal inicia o jogo cruzado de flertes, sob a condução dos DJs Fractal Mood tocando um set de música techno house. Na sequência, quem assiste ao espetáculo vem à cena, quando tudo se mostra e se revela. A cenografia, a luz e a atuação são propositadamente expostas e exibidas, enquanto os vídeos mostram o que presencialmente não pode ser visto, criando novos desdobramentos entre o que se vê e o que se deseja ver.

A contaminação de linguagens e gêneros, em uma configuração minimalista, sobrepõe-se ao estilo da dramaturgia, que alterna verossimilhança e estranhamento, ora apontando para fragmentos cômicos, ora surreais, para sustentar as múltiplas transformações da protagonista da trama: a Esposa que, uma vez provocada e ofendida pelo Marido, decide lhe provar sua extraordinária capacidade em interpretar mulheres muito diversas entre si, exibindo-se no papel de novas personagens, mostrando quão diferente e livremente moderna ela poderá ser, e será, de hoje para amanhã.

“O conflito entre o ser, o aparecer e o querer ser, que reconhecemos nesta dramaturgia do começo do século XX, continua urgentemente atual, também justaposto aos diversos paradigmas que caracterizam a pós-modernidade”, afirma Camozzi, que encena uma reflexão sobre a arte e sobre o amor, em tempos de guerra e crises, buscando, em meio à leveza temática, apontar a fragilidade do ser.

Municipal realiza 1º Encontro Ópera Presente | Futuro

Nos dias 14 e 16 de setembro, como parte das comemorações dos 112 anos do Teatro Municipal, o Núcleo de Formação, Acervo e Memória realiza encontros e rodas de conversa sobre a importância da criação de novas óperas e as relações entre o gênero e a sociedade contemporânea. Diálogos possíveis, processos de criação e o papel dos profissionais neles envolvidos também serão debatidos no encontro, que terá a coordenação do jornalista João Luiz Sampaio. Aberto a estudantes e profissionais de música e teatro.

Para mais informações sobre os espetáculos e o encontro, confira a programação completa abaixo, ou acesse o site oficial do Theatro.

Serviço:

Óperas “Isolda/Tristão”, de Clarice Assad e “Ainadamar”, de Osvaldo Golijov

15 set sexta-feira 20h00

17 set domingo 17h00

19 set terça-feira 20h00

20 set quarta-feira 20h00

22 set sexta-feira 20h00

23 set sábado 17h00

Sala de Espetáculos do Theatro Municipal

Duração: 180 minutos com intervalo

Classificação: 12 anos

Ingresso de R$12 a R$158 (inteira)

Ópera Fora da Caixa – “De Hoje Para Amanhã” (Von Heute Auf Morgen)

21 set, quinta-feira, 21h00

22 set, sexta-feira, 21h00

23 set, sábado, 21h00

27 set, quarta-feira, 21h00

28 set, quinta-feira, 21h00

29 set, sexta-feira, 21h00

Cúpula – Theatro Municipal

Ingressos: R$25 (meia) a R$50 (inteira)

Classificação: 16 anos

Duração total: aproximadamente 80 minutos, sem intervalo

Municipal realiza 1º Encontro Ópera Presente | Futuro

14/9, 20h e 16/9, 20h

Theatro Municipal

Praça Ramos de Azevedo, s/nº – Sé – São Paulo, SP

Praça das Artes

Avenida São João, 281 – Sé – São Paulo, SP

(Fonte: Theatro Municipal de São Paulo)